União Européia articula estratégia para acalmar mercado

Publicado em 27/11/2010 07:33
Preocupação com Portugal e Espanha leva Bruxelas a sugerir dobrar contribuição ao fundo de emergência dos atuais € 440 bi para € 880 bi

A União Europeia (UE) lançou na sexta-feira uma série de reuniões bilaterais entre chefes de Estado e de governo e de encontros entre ministros das Finanças para traçar uma estratégia de contingência da crise de confiança nos mercados. 

Líderes políticos da Alemanha, França, Espanha e Portugal, além do presidente da Comissão Europeia, vieram a público reiterar que o euro não sucumbirá à especulação nas bolsas de valores. Para conter o efeito dominó da crise, as autoridades cogitaram dobrar os aportes do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FESF). 

A avalanche de declarações e reuniões tem como objetivo dissipar as dúvidas quanto à capacidade da UE de socorrer Portugal e Espanha, caso os países ibéricos sejam contagiados pela crise que já atingiu a Grécia e a Irlanda. Para tanto, o FESF, que hoje dispõe de € 750 bilhões, entre empréstimos e garantias da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI), pode ser reforçado. A injeção de recursos engrossaria a contribuição da UE, hoje de € 440 bilhões, podendo chegar a € 880 bilhões – que se somariam aos € 250 bilhões do FMI e aos € 60 bilhões do caixa europeu já disponíveis.

A necessidade de reforço do caixa do FESF se cristalizou porque nos mercados financeiros cresceram especulações sobre a situação de Portugal e da Espanha. O medo se justifica porque a economia espanhola é três vezes maior do que a soma de Irlanda, Grécia e Portugal, e estimativas apontam que o socorro à Espanha poderia custar entre € 400 bilhões e € 500 bilhões.

Em Madri, o primeiro-ministro, José Luis Rodriguez Zapatero, negou que o país vá pedir ajuda a Bruxelas. Durante o dia, líderes políticos e o Banco Central Espanhol repetiram o discurso de que um resgate não era nem necessário, nem estava sendo debatido. "Os investidores que atuarem no curto prazo vão se equivocar", advertiu Zapatero. "Aviso aos que estão apostando contra a Espanha que eles estão errados."

Contra as especulações, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico e (OCDE) a UE saíram em defesa da Espanha, lembrando que as medidas de ajustes já estão sendo tomadas.

Pressão

Em Lisboa, o governo de José Sócrates foi na mesma linha da Espanha depois de notícia vinculada na edição alemã do Financial Times. Segundo o jornal, a UE estaria pressionando Portugal para aceitar um pacote de resgate. O objetivo seria fechar as portas aos ataques que as economias periféricas da zona euro estariam sofrendo e, principalmente, evitar o contágio da Espanha. "A UE não nos pode forçar um pacote", afirmou o ministro de Finanças de Portugal, Fernando Teixeira. "Há entre nossos parceiros europeus os que acham que a melhor forma de garantir a estabilidade do euro é forçar países a aceitar ajuda."

A informação sobre uma suposta pressão foi prontamente desmentida pela UE. Bruxelas afirma apenas que está conversando para que Portugal esclareça suas políticas de consolidação da dívida e suas reformas estruturais. No mercado, o sentimento é de que Portugal apenas está ganhando tempo para a adoção do pacote. O risco-país se manteve perto dos níveis mais altos já atingidos.

Mercados

Enquanto isso, as bolsas europeias fecharam em ligeira baixa ( -0,53% em Londres, -0,84% em Paris e -0,45% em Frankfurt) e o euro terminou a semana próximo a seu nível mais baixo em dois meses. Na Espanha, o risco-país atingiu o nível mais elevado da história na sexta, depois de nove dias de recordes sendo superados. A Bolsa de Madri fechou a semana com uma queda acumulada de 7%, a pior desde maio, quando a crise grega assolava a região.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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