‘Financial Times’: ‘Milagre brasileiro’ perde brilho
A avaliação geral é de que “os mercados não estão convencidos” de que o governo realmente controlará os gastos, uma vez que a presidente eleita decidiu manter Guido Mantega no Ministério da Fazenda.
“Visto por muitos como um desenvolvimentista que taxa e gasta, ele [Mantega] acertadamente acelerou as despesas em 2009 durante a crise e equivocadamente manteve o ritmo em 2010, quando a economia brasileira começou a ficar superaquecida”, afirma o editorial.
O diário vê problemas nos três pilares que sustentam a estabilidade econômica do País – a responsabilidade fiscal, o sistema de metas de inflação e o câmbio flutuante.
Em relação ao primeiro pilar, falta a equipe econômica de Dilma mostrar ao mercado que é capaz de controlar os gastos, na opinião do jornal. Sobre as metas de inflação, o editorial aponta que as estimativas são de que ela fique em 6,5% no ano, o limite de tolerância da meta. A respeito do câmbio, o texto considera que ele nem é mais tão flutuante assim, uma vez que o governo adota meios de controle de entrada de capital, como a taxa sobre entrada de divisas, que no segundo semestre foi triplicada.
Para manter o controle da inflação, opina o jornal, o governo teria que cortar gastos ou elevar os juros – ou provavelmente fazer as duas coisas. Se só aumentar o juro básico, atrairá mais capital estrangeiro ainda, provocando maior valorização do real.