Integrados denunciam Doux ao Ministério Público
O promotor Paulo da Silva Cirne informou por meio de sua assessoria que, embora se trate de uma relação contratual privada, o MPE está analisando o caso porque ele envolve um contingente significativo de pequenos produtores. A Doux tem quase 60 integrados em Passo Fundo, conforme o presidente do sindicato local dos trabalhadores rurais, Alberi Ceolin, mas em todo o Estado o número sobe para 2,2 mil. "Muitos já falam em entrar com ações de cobrança na Justiça", reforçou o presidente do sindicato de Encantado, Gilberto Zanatta.
Em novembro, a empresa descumpriu pela quarta vez, desde 2009, a promessa de colocar em dia os pagamentos pelos lotes de animais, apesar de ter tomado um empréstimo bancário de R$ 20 milhões com essa finalidade. "A maioria recebeu pagamento por apenas um lote e já está com três para receber novamente", disse a presidente do sindicato de Brochier, Marlise Keller. Segundo o vice-presidente da Fetag-RS, que reúne os sindicatos de trabalhadores rurais, Sérgio de Miranda, os atrasos seguem entre 70 e 80 dias além do prazo normal de 30 dias.
A crise se agravou na semana passada, com a falta de ração durante períodos que variaram de dois a seis dias em vários municípios. Sem alimentação, milhares de aves morreram ou mataram umas as outras num processo de "canibalismo", disse Miranda.
A companhia, que faturou R$ 1,7 bilhão no país em 2009, informou em nota que "está empenhada em regularizar os prazos (de pagamento) com os integrados no menor tempo possível". Conforme a nota, a falta de ração deveu-se a "problemas de produção" na fábrica de Nova Bassano, mas a situação foi resolvida e a empresa "está fazendo todos os esforços" para normalizar o fornecimento até o fim desta semana.