Lula compara mensalão a caso Escola Base

Publicado em 25/12/2010 01:04
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou o escândalo do mensalão, responsável pela maior crise de seus oito anos de governo, ao caso Escola Base, quando, na década de 90, donos de uma escola paulista foram acusados injustamente de abuso sexual contra crianças.
Em entrevista ao site do produtor Celso Athayde, Lula sugeriu inocência dos acusados. O Supremo Tribunal Federal aceitou denúncia contra 40 réus acusados de envolvimento no escândalo.
"Comparo também com o caso da Escola Base, em que os donos foram acusados de molestar sexualmente as crianças. Eram absolutamente inocentes, mas começaram a ser bombardeados e a ser conhecidos como "os monstros da Escola Base"."
O presidente questionou o fato de que o processo contra os acusados continuou mesmo sem apresentação de provas pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ).
"O que mais me intriga é que o deputado que fez a acusação [do mensalão] foi cassado porque não apresentou prova. Mesmo assim, o processo contra os acusados continuou", disse.
Na noite de quarta, no último jantar com seus ministros e ex-ministros, Lula pediu que os aliados não "subestimem" a oposição.
Ao afirmar que o senador eleito Aécio Neves já se apresenta como candidato à Presidência pelo PSDB em 2014, disse que a oposição deve ser "respeitada e vigiada".
O recado foi dado pelo presidente no Palácio da Alvorada, em rápido discurso durante o jantar.
Depois de Lula, a presidente eleita Dilma Rousseff pegou o microfone para falar em nome dos ex-ministros.
Ela usou um tom informal para agradecer ao presidente por ter dado a chance de os ministros de mostrarem trabalho no governo. Dilma chorou ao abraçar Lula e Marisa Letícia.

Em despedida, Lula infla dados do governo na TV 

Presidente diz que mínimo subiu 67%, quando na verdade alta foi de 53,5%

Em fala de 11 minutos em rede nacional, petista diz que criou 14 universidades federais, mas apenas 5 são novas

ANGELA PINHO
GUSTAVO PATU

DE BRASÍLIA 

No seu último e mais longo pronunciamento em rede nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se despediu dos brasileiros elencando uma série de dados inflados sobre a sua gestão.
O discurso, de 11 minutos, foi ao ar ontem às 20h. Nele, o petista afirma que o salário mínimo no seu governo teve ganho real de 67%, cifra mais modesta do que os 74% citados pela presidente eleita Dilma Rousseff durante a campanha para o Planalto, mas também enganosa.
De 2003 a 2010, o mínimo teve oito reajustes, que ao todo chegaram a 53,5% acima da inflação acumulada.
Na campanha de 2002, Lula havia prometido duplicar o poder de compra do mínimo em quatro anos.
Ao falar sobre educação, o presidente também citou dados distorcidos sobre o Orçamento, afirmando que o gasto na área triplicou. Para chegar a esse resultado, o presidente ignorou a inflação acumulada no período.
O presidente também repetiu discurso propalado pelo Ministério da Educação segundo o qual foram criadas 14 universidades federais em seu governo. Dessas, apenas cinco são de fato novas. As demais são resultado de ampliação, fusão ou desmembramento de instituições de ensino que já existiam.
Ao falar sobre pobreza, o presidente disse ter promovido "a maior ascensão social de todos os tempos".
Não há estatísticas que compreendam períodos mais remotos, mas estudo de Sonia Rocha publicado em 2000 pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) calculou que a proporção de pobres na década de 1970 caiu praticamente à metade, de 68,3% para 35,3%.
Com outra metodologia, o pesquisador Marcelo Néri, da FGV, estimou a queda da participação das classes D e E na população de 55% em 2003 para 39% em 2009.

"ONDA DE FRACASSO"
Além de elencar feitos do governo, Lula afirmou que os brasileiros conseguiram afugentar "a onda de fracasso que pairava sobre o país".
"Se governamos bem foi, principalmente, porque conseguimos nos livrar da maldição elitista que fazia com que os dirigentes políticos deste grande país governassem apenas para um terço da população", afirmou, criticando seus antecessores.
Lula também pediu que os brasileiros apoiem Dilma como o apoiaram e que não perguntem sobre o futuro dele. Em tom emocional, diz que vai viver "a vida das ruas".
O pronunciamento foi gravado na segunda-feira na biblioteca do Palácio da Alvorada. A fala foi escrita pelo publicitário João Santana, que fez a campanha de Dilma, e revisada pelo ministro Franklin Martins (Comunicação) e pelo próprio Lula, que também deram sugestões.



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Fonte:
Folha de S. Paulo

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