Inflação: Serviços aceleram em fevereiro e puxam alta do IPCA-15

Publicado em 22/02/2011 11:31
O IPCA-15 (índice prévio da inflação oficial, o IPCA) mostrou elevação de 0,97% no mês, influenciado por transportes e, principalmente, educação

material escolar

O item que mais contribuiu para avanço do IPCA-15 foi ‘educação’, com acréscimo de 5,88% (Jupiterimages)

O grupo dos alimentos – que por meses seguidos foi o ‘vilão’ da inflação – mostrou desaceleração no mês; analistas alertam que esta 'acomodação' é apenas pontual

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) – que tem a mesma metodologia do IPCA, indicador oficial de inflação, mas com período de coleta diferente, entre o dia 15 de um mês e o mesmo dia do mês seguinte – voltou a acelerar em fevereiro. O dado mostrou elevação de 0,97% no mês, acima do resultado de janeiro (0,76%) e semelhante ao desempenho de fevereiro do ano passado (0,94%).

O item que mais contribuiu para avanço do IPCA-15 no mês foi ‘educação’, com acréscimo de 5,88% – a maior alta entre os grupos que compõem o indicador, tendo respondido por 0,41 ponto porcentual do resultado. De acordo com o IBGE, esta elevação ainda se explica pelos reajustes típicos de início do ano letivo, com destaque para os aumentos nas mensalidades escolares, que subiram 6,41% e constituíram-se no item de maior contribuição individual do mês (0,31 ponto percentual). Nas mensalidades de cursos diversos (escolas de idiomas, de informática, etc), a variação foi de 8,22%.

Serviços preocupam – Segundo analistas ouvidos pelo site de VEJA, ainda que seja normal queo IPCA-15 incorpore com força em fevereiro os aumentos das mensalidade escolares, o desempenho deste ano preocupa. A alta em 2011 ficou cerca de um ponto porcentual acima da verificada no ano passado. Serviços de, forma geral, aceleraram significativamente. Todos os 'núcleos' – cálculo feito por economistas para excluir ou atribuir menor peso na inflação dos aumentos sazonais, isto é, típicos de uma época do ano, e circunstanciais, provocado por fatores temporários ou casuais – vieram muitos altos.

Outro grupo de serviços que contribuiu para a aceleração do IPCA-15 foi 'transportes'. Este segmento registrou incremento de 1,04% em fevereiro, puxado pelos reajuste nas tarifas de ônibus urbanos de 3,37% – o que conferiu a este item contribuição de 0,13 ponto porcentual no IPCA-15 de fevereiro, a segunda maior alta individual do mês. Além disso, entre outros aumentos, destacaram-se as tarifas dos ônibus intermunicipais (1,28%) e interestaduais (3,34%).

O grupo ‘despesas pessoais’ apresentou aumento de 1,17% ainda sob a influência dos aumentos de salários pedidos pelos empregados domésticos (0,91%), acrescentando-se os itens jogos de azar (6,37%) e cigarros (1,61%).

Acomodação de 'alimentos' é pontual – O grupo dos alimentos, que por meses seguidos foi o ‘vilão’ da inflação, mostrou desaceleração no mês. De janeiro para fevereiro, a alta destes produtos passou de 1,21% para 0,57%, respectivamente. Já os produtos não alimentícios passaram de 0,62% para 1,09%.

Em alimentos, as carnes tiveram deflação (diminuição de preço), com variação de -1,87%. Outros alimentos também ficaram mais baratos, com destaque para o feijão carioca (-11,66%), batata-inglesa (-9,15%), feijão preto (-4,43%), arroz (-1,38%) e frango (-1,17%).

Contudo, economistas ouvidos pelo site de VEJA dizem que 'não há motivo para calmaria'. O recuo verificado no mês tem tudo para ser pontual, pois as commodities agrícolas enfrentam expressiva valorização no exterior e, nos próximos meses, implicarão novos aumentos de preços generalizados no país.

Os grupos ‘habitação' (de 0,60% em janeiro para 0,28% em fevereiro), ‘vestuário’ (de 0,83% para 0,13%) e ‘artigos de residência’ (de 0,58% para -0,13%) apresentaram redução nas taxas de um mês para o outro.

Inflação

O Brasil tem uma das menores taxas de investimento no mundo: 19,4% do PIB. É pouco para acompanhar um mercado interno aquecido pelo aumento contínuo de renda e emprego. O resultado é o descompasso entre oferta e demanda, uma pressão constante sobre os preços. A isso, somam-se fatores externos, como a alta das matérias-primas e a súbita enxurrada de dólares nos mercados globais, resultado da política de estímulo econômico atualmente praticada pelos Estados Unidos. Tudo somado, a inflação acelerou nos últimos meses de 2010 e deve fechar o ano pelo menos um ponto acima do centro da meta do governo. É o primeiro desafio da equipe econômica de Dilma Rousseff.

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Fonte:
Veja.com.br

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