Para combater inflação, China estimulará produção de alimentos

Publicado em 07/03/2011 17:16
China cortará impostos de importação, dará subsídios aos pobres e aumentará o estímulo à produção de alimentos, disse ministro das Finanças

A China cortará impostos de importação, dará subsídios aos pobres e aumentará o estímulo à produção de alimentos, disse na segunda-feira o ministro das Finanças chinês, Xie Xuren, indicando como o governo planeja empregar sua vasta riqueza para refrear a inflação. 

Mas uma taxa cambial mais forte terá um papel menor nos esforços de estabilizar os preços, porque a valorização é uma faca de dois gumes, afirmou o ministro do Comércio chinês, Chen Deming. 

Os comentários feitos pelos dois ministros numa entrevista coletiva durante a sessão anual do Parlamento da China lançou luz sobre como o país trabalha para controlar a inflação, que sobe no ritmo mais rápido dos dois últimos anos. 

Embora os investidores estejam se concentrado no papel de uma política monetária mais dura e no potencial para uma moeda mais forte, Pequim parece dar importância igual aos enormes gastos estatais.

"Colocaremos uma ênfase maior na manutenção da estabilidade geral dos preços", disse Xie, ecoando o primeiro-ministro Wen Jinbao, que disse em seu relatório de trabalho no sábado que o controle da inflação era a principal prioridade do governo este ano.

Enquanto o banco central passou a uma política monetária mais apertada, o Ministério das Finanças foi incumbido de implementar uma política fiscal proativa, algo que se refere a gastos para estímulo - o que normalmente aumentaria a pressão sobre os preços.

Xie disse que o Ministério das Finanças garantirá o direcionamento de seus gastos para apoiar a luta contra a inflação.

"De acordo com a exigência de tornar a estabilidade de preços nossa prioridade principal, quando implementarmos nossas políticas fiscais, precisaremos apoiar ativamente a produção e oferta das necessidades básicas, tais como grãos, algodão, verduras, açúcar, carne, ovos e leite", afirmou ele.

Outros pontos da estratégia do governo serão a expansão do suprimento dos insumos necessários para a produção agrícola, como fertilizantes e pesticidas, e o incremento de reservas estatais de commodities chave para manter os preços estáveis, disse Xie.

"Também vamos melhorar ainda mais o sistema de segurança social, aumentando os subsídios às famílias pobres em áreas urbanas e rurais para garantir que a vida delas não seja afetada pela alta e preços."

Valorização da moeda

Em um comunicado separado, o ministro do Comércio Chen disse que a China tentará ampliar os canais para as importações de grãos e de algodão a fim de responder à demanda crescente.

Embora a demanda chinesa cada vez maior possa elevar os preços globais para essas commodities, o acesso a um suprimento maior é essencial para conter os custos de alimentos dentro da China.

A inflação dos preços ao consumidor da China subiu a um ritmo anual de 4,9% em janeiro, perto do seu maior índice em mais de dois anos. O custo dos alimentos foi o principal motivo, subindo 10,3% ano a ano.

Uma moeda mais forte ajudaria a reduzir os custos de importação para a China, mas o governo está relutante em deixar o iuan aumentar de valor muito rapidamente. Embora ele tenha atingido seus picos de alta contra o dólar na segunda-feira, ele ganhou apenas 4% desde a desvalorização frente ao dólar em junho passado.

Chen disse que não havia razão para que a moeda se valorizasse mais rápido.

"No longo prazo, o iuan está numa tendência gradual de alta. Agora, precisamos adotar uma abordagem gradual e controlada", afirmou.

Questão social vira prioridade na China

Nova orientação foi aprovada no Congresso Nacional do Povo que começou no sábado


por Cláudia Trevisan - O Estado de S.Paulo

"Crescimento inclusivo" será o grande tema do Plano Quinquenal que dará as linhas do desenvolvimento chinês entre 2011 e 2015, quando Pequim promete dar menos ênfase aos números do PIB (Produto Interno Bruto)e mais atenção às questões sociais negligenciadas nas últimas três décadas de reforma e abertura.

A nova orientação é aprovada no momento em que a insatisfação popular com a inflação alcança o maior patamar em 11 anos, o preço dos imóveis atinge níveis estratosféricos e o ressentimento em relação à desigualdade e aos privilégios se acentua.

O aumento do poder aquisitivo da população ocupa lugar de destaque no plano, que será aprovado na reunião anual do Congresso Nacional do Povo, iniciada sábado em Pequim.

Pela primeira vez, o documento prevê que a renda terá que crescer em termos reais na mesma proporção do PIB, disse ontem o ministro da poderosa Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, Zhang Ping, em entrevista coletiva sobre o plano. A meta para os dois indicadores foi fixada em 7% ao ano até 2015.

A obsessão pelo crescimento econômico será amenizada, enquanto os temas sociais ganharão relevância. A mudança de tom ficou clara na pergunta feita pela repórter da agência estatal de notícias Xinhua, que atua estritamente dentro dos limites oficiais.

Descompasso. A jornalista observou que tornou-se lugar comum entre os chineses dizer que cada ponto de crescimento do PIB ou cada aumento na arrecadação do governo raramente é acompanhado de melhoria na qualidade de vida da população.

O aumento da renda e dos recursos destinados à área social faz parte do esforço mais amplo de Pequim de mudar o padrão de desenvolvimento do país, com redução da dependência das exportações e dos investimentos e elevação do consumo doméstico como motores do crescimento.

Essa reestruturação é essencial para a correção dos desequilíbrios da economia global que estiveram na origem da crise financeira iniciada em 2008, dos quais o principal exemplo é o excesso de poupança da China e de consumo dos Estados Unidos.

Para consumir mais, a população chinesa precisa não apenas ter salários mais altos, mas também contar com uma rede de proteção social que diminua a necessidade de poupar. Atualmente, a maioria dos chineses tem que guardar dinheiro para pagar despesas médicas, gastos com educação dos filhos e a aposentadoria. A intenção do governo é aumentar a cobertura dos serviços públicos nessas três áreas.

"Se você morar no campo ou na cidade, na região leste ou oeste do país, terá direito aos mesmos serviços públicos básicos", afirmou Zhang, tocando em outra fonte de insatisfação entre os chineses, que é o tratamento diferenciado entre os habitantes das zonas rural e urbana.

Inquietação. O ministro ressaltou que o governo "reduziu deliberadamente a natureza vinculante das metas de crescimento". O mais importante agora serão a "eficiência e a qualidade" do aumento do PIB. Pesquisa realizada pela Xinhua e pelo portal Sina com 1 milhão de internautas pouco antes da abertura do Congresso indicou que os principais tópicos de preocupação da população são o alto preço dos imóveis, a má distribuição de renda, inflação, combate à corrupção e oportunidades iguais de emprego.

Na tentativa de enfrentar o primeiro problema, o governo anunciou que irá construir 36 milhões de casas populares no período de 2011 a 2015. Serão 10 milhões por ano em 2011 e 2012, e 16 milhões nos três seguintes.

A inflação foi elevada à prioridade número um deste ano, lugar que, nos últimos anos, era ocupado pelo crescimento econômico, ressaltou o ministro.

Segundo ele, além de melhorar a oferta de alimentos e suas redes de distribuição, o governo tentará controlar os preços com a diminuição da quantidade de dinheiro em circulação na economia e dos empréstimos concedidos pelos bancos.

A base monetária chinesa teve expansão de 50% nos últimos dois anos, período no qual os novos financiamentos alcançaram a espetacular soma de US$ 2,5 trilhões (quase metade do PIB do país no ano passado).

Como faz todos os anos, o primeiro-ministro Wen Jiabao prometeu combater de maneira implacável a corrupção, que classificou de "desmedida" em algumas áreas.

O líder chinês prometeu ainda criar um sistema "equitativo, aberto e competitivo", de seleção de trabalhadores e um "ambiente social" no qual as pessoas sejam escolhidas por seus méritos - referência velada ao peso desempenhado hoje pelas "conexões" com o poder, especialmente no Partido Comunista. 

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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1 comentário

  • Vilson Ambrozi Chapadinha - MA

    Depois dos ultimos conflitos em paises com ditaduras,parece que governos antidemocraticos se preocupam mais com o povo que os nossos,pseudodemocraticos.Prova disso é a preocupação da china em incentivar a produção local de alimentos.Tenham a certeza que direetores de ONGs que atuam no Brasil seriam FUSILADOS,se estivessem pregando na china a redução de área para recompor reservas.Bem estou torcendo que eles consigam alimentar seus habitantes com suas forças,porque ,se acham que seus COMPANHEIROS MELANCIAS daqui ,vão ajuda-los passarão fome.Quem sabe se o Stadile se conpadeça e resolve mandar os seus SEM VERGONHA plantar alguma coisa para mandar para seus irmãos MAOÍSTAS.

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