Só 15% da safra de fumo já foi vendida

Publicado em 16/03/2011 08:00
Apenas 15% da safra de fumo deste ano já foi entregue nas empresas de Santa Cruz do Sul, onde se localiza o maior parque de beneficiamento do produto no Brasil. O atraso na venda está sendo sentido pelo comércio e também por muitos trabalhadores, que aguardam pelas vagas temporárias abertas nas fábricas.

De acordo com o secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Romeu Schneider, os plantadores estão mantendo a safra nos galpões, esperando por uma reação no preço. O produto subiu 10%, mas isso não está se refletindo nas vendas. Na classificação das folhas, feita nas esteiras, as fábricas estariam sendo muito rigorosas e rebaixando as classes. Com isso, a média por arroba, que no ano passado chegou a R$ 100,00, em 2011 está ficando na faixa dos R$ 80,00.

Schneider destacou que em 2010, nesta época, 30% do fumo já estava vendido. Mesmo apoiando a iniciativa dos produtores de não entregar, frisa que o fato preocupa a entidade. “A gente nunca sabe como vai se comportar o clima. Se tivermos alguns dias úmidos daqui para frente, o mofo pode causar problemas.” Na segunda-feira, os plantadores farão manifestações em Santa Cruz. “Nossa expectativa é de que as indústrias se sensibilizem e que a entrega seja agilizada.”

Ao menos três fatores estariam contribuindo para que as empresas não paguem mais pela safra. Um deles é o câmbio desfavorável às exportações. Hoje o dólar está cotado a R$ 1,66. Como 85% do fumo produzido no Brasil é destinado à exportação, as indústrias alegam que não podem pagar mais no mercado interno sob pena de perderem os clientes no exterior.

Também avaliam que a qualidade do fumo está inferior ao ano passado, o que está puxando a classificação para baixo. O terceiro fator seria o excesso de fumo. Em 2010 foram colhidas 689 mil toneladas e, este ano, 760 mil. “Quando a oferta é abundante, geralmente o preço cai”, lamenta Schneider.

Estoque em Linha Seival

Com 50 mil pés de fumo plantados, um produtor de Linha Seival, no interior de Santa Cruz do Sul, lamenta o baixo preço pago pelas indústrias. “O BO1 custava R$ 116,00 na safra passada. Este ano, só se vende a R$ 81,00.” Segundo ele, que pediu para não ser identificado, das 700 arrobas produzidas, apenas 200 foram vendidas até o momento.

De acordo com o agricultor, cada arroba deveria ser vendida, no mínimo, a R$ 100,00. “Sendo R$ 75,00 ou R$ 80,00, não consigo pagar ninguém. Então fico em casa”, desabafa.

Um dos problemas também está na classificação do tabaco. O que antes era considerado BO1 – ou seja, o de melhor qualidade – é pago como BO3 pelas empresas do setor. A tendência é que, na próxima safra, sua plantação sofra redução de 50%.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Gazeta do Sul

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário