Mataboi planeja retomar abates no país

Publicado em 31/03/2011 07:38 e atualizado em 31/03/2011 09:11
Depois de paralisar as atividades de suas unidades de abate de bovinos na última semana, o Mataboi, que pediu recuperação judicial na terça-feira, planeja retomar "paulatinamente" as operações. Segundo Rubens Vicente, diretor administrativo e de marketing da companhia, a planta de Araguari (MG) voltou a abater animais ontem. O Mataboi tem ainda fábricas nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Além de suspender abates por falta de capital de giro, a empresa demitiu 900 de seus 3 mil funcionários na última semana.

Com dívidas de cerca de R$ 360 milhões - principalmente com bancos -, o frigorífico se juntou à lista de outras 10 empresas do segmento que pediram recuperação judicial no país desde 2009. Entre as principais que tiveram o pedido de recuperação aprovado estão Independência, Frialto, Quatro Marcos, Arantes Alimentos e Frigol.

No pedido de recuperação, apresentado à comarca de Araguari, o Mataboi afirma que solicita a proteção contra a falência "para viabilizar a superação de sua passageira crise econômico-financeira". Como outros frigoríficos de carne bovina que recorreram ao instrumento, o Mataboi responsabiliza também a crise financeira mundial de 2008 - que secou o crédito para vários setores - e a redução da oferta de bovinos para abate pelas dificuldades que levaram ao pedido de recuperação.

Mas, segundo o Mataboi, nada "foi mais nocivo à empresa e ao ramo frigorífico como um todo quanto a ação agressiva da concorrência", referindo-se, sem citar nomes, a frigoríficos como JBS e Marfrig. Júlio Mandel, advogado que representa a empresa, afirma que grandes grupos frigoríficos receberam dinheiro público para investir em suas operações, o que não ocorreu com o Mataboi.

De acordo com a empresa, fundada há 60 anos, bloqueios de recursos - por instituições financeiras - em sua conta bancária recentemente agravaram a situação.

Com capacidade de abate de 2.800 animais por dia em suas unidades, o Mataboi faturou R$ 1,158 bilhão ano passado. Além de atuar com venda de carne bovina no mercado doméstico, a companhia também exporta para países da Europa, Oriente Médio, Ásia e África.

Diante do pedido de recuperação do Mataboi, Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), voltou a defender que os pecuaristas só vendam gado à vista para evitar calote. "Isso [pedido de recuperação] só acontece por problema de gestão e porque não foram atendidos pelo BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - que continua com a política de só beneficiar as grandes empresas como JBS e Marfrig", disse o superintendente da Acrimat em nota.

Fonte: Valor Econômico

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Número de mortos por chuvas no RS sobe para 95; ainda há 131 desaparecidos
Senado aprova projeto de calamidade no RS que facilita repasses federais ao Estado
FPA propõe medidas emergenciais para ajudar na reconstrução do Rio Grande do Sul
Soja e milho e café arabica tem ajuste positivo no mercado. Dólar cai antes dos juros no Brasil
Ibovespa fecha em alta com balanços; Itaú sobe 2%