Mataboi se iguala aos demais frigoríficos

Publicado em 31/03/2011 15:22
O frigorifico com o CNPJ mais antigo do Brasil entra com pedido de recuperação judicial e deixa um rombo de até R$ 20 milhões só com pecuaristas de Mato Grosso.
O anúncio do frigorifico Mataboi S/A do pedido de recuperação judicial foi feito através de seu site, sem alarde e com a explicação de sempre: a crise. “O Frigorífico Mataboi ingressou com pedido de recuperação judicial em Araguari-MG, visando a rápida superação de sua passageira crise financeira, frente à maior crise da história do setor”, diz a nota postada ontem(29). Fundada em 1946 e com uma gestão familiar, não resistiu à falta de capital e entrou para o rol das recuperações, deixando de abater, desde semana passada, cerca 800 cabeças/dia na unidade de Rondonópolis (MT) e uma dívida que pode chegar a R$ 20 milhões com os produtores de Mato Grosso.

Para o superintendente da Acrimat - Associação dos Criadores de Mato Grosso – Luciano Vacari, o Mataboi entrou para vala comum dos frigoríficos que utilizam do mecanismo injusto da recuperação judicial, “pois essa lei só beneficia o credor e os grandes bancos, que querem ganhar tempo para acertar suas contas”. Vacari ressalta que alguns itens foram pontos preponderantes para essa situação. “Isso só acontece por problema de gestão e porque não foram atendidos pelo BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – que continua com a política de só beneficiar as grandes empresas como JBS e Marfrig”, disse. Vacari falou ainda que “volto a bater na tecla para que o pecuarista só venda seu gado à vista, pois o calote é sempre anunciado e hoje chega a 300 milhões de reais só com as recuperações judiciais em Mato Grosso”.

O representante da Acrimat em Rondonópolis, Marco Túlio Soares, disse que a notícia é péssima e que vai refletir no comportamento do produtor e no mercado. “O pecuarista vai vender somente à vista a partir de agora, o que já era uma tendência, e o preço da arroba deve baixa, já que a concorrência vai diminuir”, salientou. Soares lembra ainda que “com o capital de giro nas mãos do Mataboi, o pecuarista terá que rever seu planejamento e encontrar outra fonte de receita para cobrir o que se foi ”.

“Agora começa a correr prazos e quem tem crédito deve receber um comunicado oficial do administrador judicial nos próximos dias da abertura do processo de recuperação judicial”, advertiu o assessor jurídico da Acrimat, Armando Biancardini Candia. Ele avisa que o pecuarista credor do Mataboi deve ficar atento ao prazo de 60 dias após o deferimento do processo feito pelo juiz da Comarca de Araguari-MG, para se habilitar e participar das AGC – Assembleia Feral de Credores. “O produtor deve ser preparar, e separar toda papelada, pois a espera é grande e incerta”, pondera. A Acrimat vai se habitar como interessado do processo “para acompanhar de perto cada passo dos tramites, como aconteceu com os demais frigoríficos”.

Além da planta de Rondonópolis (MT), onde 300 funcionários foram demitidos, o Mataboi tem sua matriz em Araguari (MG), com 250 funcionários, em Três Lagoas (MS), com 500 funcionários, e em Santa Fé de Goiás (GO), com cerca de 700 funcionários.

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Acrimat

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