Mataboi se iguala aos demais frigoríficos
Para o superintendente da Acrimat - Associação dos Criadores de Mato Grosso – Luciano Vacari, o Mataboi entrou para vala comum dos frigoríficos que utilizam do mecanismo injusto da recuperação judicial, “pois essa lei só beneficia o credor e os grandes bancos, que querem ganhar tempo para acertar suas contas”. Vacari ressalta que alguns itens foram pontos preponderantes para essa situação. “Isso só acontece por problema de gestão e porque não foram atendidos pelo BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – que continua com a política de só beneficiar as grandes empresas como JBS e Marfrig”, disse. Vacari falou ainda que “volto a bater na tecla para que o pecuarista só venda seu gado à vista, pois o calote é sempre anunciado e hoje chega a 300 milhões de reais só com as recuperações judiciais em Mato Grosso”.
O representante da Acrimat em Rondonópolis, Marco Túlio Soares, disse que a notícia é péssima e que vai refletir no comportamento do produtor e no mercado. “O pecuarista vai vender somente à vista a partir de agora, o que já era uma tendência, e o preço da arroba deve baixa, já que a concorrência vai diminuir”, salientou. Soares lembra ainda que “com o capital de giro nas mãos do Mataboi, o pecuarista terá que rever seu planejamento e encontrar outra fonte de receita para cobrir o que se foi ”.
“Agora começa a correr prazos e quem tem crédito deve receber um comunicado oficial do administrador judicial nos próximos dias da abertura do processo de recuperação judicial”, advertiu o assessor jurídico da Acrimat, Armando Biancardini Candia. Ele avisa que o pecuarista credor do Mataboi deve ficar atento ao prazo de 60 dias após o deferimento do processo feito pelo juiz da Comarca de Araguari-MG, para se habilitar e participar das AGC – Assembleia Feral de Credores. “O produtor deve ser preparar, e separar toda papelada, pois a espera é grande e incerta”, pondera. A Acrimat vai se habitar como interessado do processo “para acompanhar de perto cada passo dos tramites, como aconteceu com os demais frigoríficos”.
Além da planta de Rondonópolis (MT), onde 300 funcionários foram demitidos, o Mataboi tem sua matriz em Araguari (MG), com 250 funcionários, em Três Lagoas (MS), com 500 funcionários, e em Santa Fé de Goiás (GO), com cerca de 700 funcionários.