Falta de fumo nas indústrias causa redução de postos de trabalho no RS
Em anos anteriores, a safrista Selma Ramos, de Santa Cruz do Sul, na região central do Rio Grande do Sul, já estaria trabalhando numa indústria de fumo. Mas a safra começou há cinco meses e o chamado para cumprir mais um contrato temporário ainda não veio.
Segundo um levantamento do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Fumo, quarenta por cento dos safristas da região que já estariam contratados estão sem emprego.
O motivo da preocupação por parte dos safristas está relacionado à insatisfação no campo. Os produtores reclamam do baixo preço pago pelo fumo. Por isso, até agora apenas 30% da safra foram vendidos para as indústrias. Pouco fumo a ser processado significa menos trabalhadores em atividade.
Em 2010, as empresas fumageiras da região central do estado contrataram cerca de nove mil safristas. O presidente do sindicato da categoria estima que, este ano, os números serão menores.
“Se todo mundo entregasse normalmente o tabaco e tivesse havido o acerto, as empresas estariam produzindo a pleno vapor, em três turnos. Hoje, elas estão em dois turnos. A maioria não vai fazer o terceiro turno”, explica Sérgio Pacheco, presidente do Sindicado dos Trabalhadores da Indústria de Fumo.
Enquanto isso, os produtores seguem à espera de melhores preços para o fumo. A agricultora Salete de Oliveira vendeu metade dos 200 mil pés que colheu e recebeu uma média de R$ 60 pela arroba. São R$ 30 a menos em comparação ao ano passado. Mas ela sabe que não vai poder segurar por mais tempo o produto no galpão. “A gente tentou ver se o preço melhorava, mas não está querendo melhorar. O pessoal está pagando para produzir”, avalia.
Noventa e seis por cento da produção nacional de fumo está concentrada nos três estados da região Sul.