Dilma dá liderança no Congresso ao PMDB para conter rebelião na base
Um dia depois de o PMDB aproveitar a negociação do Código Florestal para mandar recados ao Palácio do Planalto sobre a insatisfação com o preenchimento de cargos, o PT perdeu a queda de braço com o partido em torno da liderança do governo no Congresso. A presidente Dilma Rousseff decidiu que o novo líder será o deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS). Com a decisão, Dilma evita abrir novo foco de conflito com o PMDB num momento delicado.
Quem articulava para ganhar o cargo era o senador José Pimentel (PT-CE). O nome de Mendes Ribeiro já era cogitado desde fevereiro. Inconformados, petistas se movimentam para reverter a indicação. Enquanto não houver um anúncio oficial do Planalto, o PT vai manter seu pleito na mesa de negociações. O líder do governo no Congresso comanda sobretudo as articulações para a votação do Orçamento Geral da União.
No início da noite, o líder petista no Senado, Humberto Costa (PE), confirmou que havia um pedido antigo da bancada para que liderança no Congresso ficasse com seu partido, uma vez que o PMDB já comanda a liderança do governo no Senado. A liderança do governo na Câmara é ocupada pelo PT, com Cândido Vaccarezza (SP).
Costa lembrou, também, que o cargo estava com seu partido ao longo do último ano e meio do governo Lula, quando a atual ministra da Pesca, Ideli Salvatti, assumiu a cadeira de líder. "Além disso, o PT cresceu de lá para cá", destacou Costa, para arrematar: "Ainda estamos na expectativa para saber como vai ser".
Na Câmara, nem os petistas se entendem
Líder do governo na Casa, Vaccarezza tromba com o líder do PT, Paulo Teixeira; falta de sintonia se reflete em votações
Nos bastidores, Teixeira chegou a ser acusado de trabalhar para obstruir o avanço das negociações em busca de um acordo entre governo, ruralistas e ambientalistas. A atuação do líder do PT na sessão de quarta-feira à noite serviu para pôr mais combustível no clima tenso da votação do Código. Teixeira disse que o texto apresentado pelo relator no plenário era diferente do que tinha sido entregue a ele. Momentos depois, Vaccarezza subiu à tribuna e defendeu o relatório apresentado por Rebelo.
Não é de hoje que Teixeira e Vaccarezza vivem às turras. A relação entre os dois estão azedas desde o processo de escolha do candidato à presidência da Câmara. Na época, Vaccarezza foi derrotado com a ajuda do grupo de Teixeira, que apoiou a candidatura de Marco Maia (PT-RS) para comandar a Câmara.
Com a eleição de Maia, o grupo de Teixeira passou a trabalhar para tirar Vaccarezza da liderança do governo. Em conversas reservadas, os petistas da Mensagem ao Partido enumeravam "erros" cometidos por Vaccarezza em 2010, quando foi líder do governo no último ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O "fogo amigo" não surtiu efeito e a presidente Dilma Rousseff manteve Vaccarezza no posto.