O apartamento de R$ 7 milhões, por Eliane Cantanhede

Publicado em 15/05/2011 19:53
Articulista da Folha de S. Paulo

Antonio Palocci é realmente um cara muito especial. Além de principal ministro do governo Dilma, é amado pela esquerda, pelo centro, pela direita e vê-se agora que é também um gênio das finanças. Comprar um apartamento de quase R$ 7 milhões à vista, ou praticamente à vista, não é para qualquer um, não...

Em 2006, apenas cinco anos atrás, Palocci declarou à Justiça Eleitoral que tinha uma casa de R$ 56 mil em Ribeirão Preto, onde fora prefeito junto com aquela turma da pesada que ele e o amigo, depois ex-amigo e agora amigo novamente Rogério Buratti lideravam.

Além disso, tinha um terreno e três carros, entre outros bens, num total de R$ 375 mil. Convenhamos que, nesse tempo, o patrimônio se multiplicou que foi uma beleza. De classe média, o homem pulou para a categoria dos ricaços --aquela que, aliás, tanto o apoia. Ele, enfim, está em casa. Ou melhor, no seu apartamento...

Palocci também aprende rápido. Como viu a dor de cabeça que dá ter uma casa esquisitona em Brasília, desta vez preferiu comprar um apartamentão em São Paulo, cidade muitas vezes maior, mais diluída, mais anônima, sem nenhum caseiro abelhudo para dar com a língua nos dentes.

O azar do é que esses repórteres da Folha são mesmo de amargar. Os craques Andreza Matais e José Ernesto Credendio estavam de olho, puxaram o fio da meada eentregaram o novelo na edição da Folha deste domingo. Imperdível.

Oposição cobra que Palocci explique o aumento de seu patrimônio


Reportagem publicada hoje pela Folha mostra que o patrimônio do titular da pasta cresceu 20 vezes nos quatro anos em que ele esteve na Câmara dos Deputados --período imediatamente posterior à passagem dele pelo Ministério da Fazenda, no governo Lula.A oposição pediu esclarecimentos ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, sobre sua evolução patrimonial desde 2006.

Em 2010, Palocci comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões; um ano antes, um escritório de R$ 882 mil. Ambos os imóveis ficam na região da avenida Paulista, área nobre de São Paulo, e foram adquiridos por meio de uma empresa da qual o ministro é sócio principal (ele tem 99,9% do capital).

Em 2006, quando se elegeu deputado federal, Palocci havia declarado à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 375 mil, em valores corrigidos pela inflação.

Como deputado, entre 2007 e 2010, Palocci recebeu em salários R$ 974 mil, brutos.

O PPS prometeu acionar o Conselho de Ética da Câmara para apurar a conduta do ex-parlamentar. O PSDB pediu que o chefe da Casa Civil preste esclarecimentos à sociedade. Já o Democratas instou a Receita Federal a se pronunciar sobre o caso.

"É melhor o ministro esclarecer qual a renda da sua empresa, quais os serviços prestados e qual o lucro que obteve com ela. Como homem público, não tem razão para não dar explicações", disse o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).

Já o senador José Agripino Maia (DEM-RN) afirmou que "a Receita deve se pronunciar a respeito". "Palocci precisa explicar a origem desse dinheiro", afirmou Rubens Bueno, líder da bancada do PPS na Câmara.

NOTA OFICIAL

Na tarde deste domingo, a Casa Civil soltou uma nota. Diz que a evolução de Palocci, pessoa física, consta de sua declaração de renda e que as atividades da empresa foram reportadas à Comissão de Ética da Presidência da República quando da posse do ministro.

A assessoria de imprensa afirma que a empresa de Palocci, a Projeto, prestou serviços para a iniciativa privada e que os dois imóveis foram comprados com recursos próprios.

A Casa Civil não informou para quem a Projeto trabalhou, quem entrava em contato com clientes, qual foi o faturamento do negócio, como era a rotina de Palocci na empresa e se o ministro relatou à Presidência a compra do apartamento e da sala comercial.

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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