Agronegócio teme ingerência do governo

Publicado em 20/05/2011 07:31
Instituto Ícone diz que ameaça de taxar exportação de açúcar e restrição a estrangeiros sinalizam intenção de controle do setor. Agronegócio se une em torno de "rede de conhecimento", a ser lançada em junho.

A ameaça recente de taxar as exportações de açúcar, em reação à alta do preço do álcool, e as restrições impostas à compra de terras por estrangeiros podem ser interpretadas como sinais de maior ingerência política sobre o agronegócio.
A avaliação é de André Nassar, diretor-geral do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais), coordenador de uma "rede de conhecimento" sobre o agronegócio que será lançada em 9 de junho.
Representantes de vários segmentos do agronegócio, da celulose à soja, também integrarão o grupo, que mantém o nome em sigilo.
Além da possibilidade de o governo aumentar a sua presença no agronegócio em uma fase de valorização dos produtos agrícolas, o movimento pretende levantar outras discussões pertinentes ao setor, como conservação ambiental, aumento da produção, investimentos e questões trabalhistas e indígenas.
Veja os principais trechos de entrevista àFolha.

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Brasil, celeiro do mundo? 
Acho que há gente dentro do governo que considera que não é necessária uma grande expansão do setor agrícola para atender à demanda mundial (por alimentos).
A avaliação é que, para a economia brasileira, o benefício é pequeno. Para o ambiente, é ruim, e, para a geração de empregos, não é o setor mais empregador.

Restrição a estrangeiros 
Segurar o capital estrangeiro pode ser uma forma de frear a expansão agrícola. É problema para o fabricante de celulose, por exemplo, em que o plantio é parte do negócio.
Se houver restrição ao investimento, o crescimento será menor e ainda seria bom para o país, porque o ideal é que quem se aproprie do recurso natural brasileiro seja o capital nacional. Acho que tem essa lógica por trás. Esse é um debate para enxergar.

Ingerência política 
Se a expansão agrícola for muito forte nos próximos anos, o governo vai querer taxar exportação, pela motivação arrecadatória e pela soberania e agregação de valor.
O discurso pode ser que o setor está crescendo demais, gerando impacto ambiental, ou que ele está com uma margem de lucro enorme.
Então, faria sentido abocanhar um pedaço. Falou-se naquela história do açúcar... Há setores que são energéticos. O pré-sal não é todo regulado? O governo pode dizer isso também.

Inflação 
Veja qual é a justificativa para a inflação, hoje, do Ministério da Fazenda: commodities. Então pode-se taxar exportação, para fazer o preço cair. São temas que formam um novo debate, e é um debate sofisticado.
Por isso, é preciso ter uma iniciativa global do agronegócio. E isso está no coração das coisas que vamos fazer.
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Fonte:
Folha de S. Paulo

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