Acordo com a Rússia sobre embargo às carnes pode penalizar trigo
O grande problema alegado pelos produtores é que o trigo russo é um forte concorrente em qualidade e ainda tem preços competitivos. Atualmente, a entrada do produto no Brasil está autorizada somente por portos do Nordeste, região onde não há produção e, desta forma, não há risco de contaminação com doenças que podem vir no grão russo. Anunciada em maio, a intenção do Mapa é de revisar a análise de risco para importação pelo Brasil e, com isso, autorizar novos portos para entrada do cereal. "Queremos que o Brasil tenha cautela e que se estabeleça um volume para não prejudicar ainda mais os produtores", pondera Polidoro Pinto.
O presidente do Sindicato das Indústrias do Trigo do RS (Sinditrigo), Gerson Pretto, acredita que os portos devem ser abertos até o Sudeste e que isso realmente deve ser mais problemático para os produtores gaúchos que vendem para aqueles estados. A indústria gaúcha é atendida pela produção do Rio Grande do Sul, dos estados do Sul e pelo Mercosul. "O trigo russo é barato. Quando eles anunciaram a retomada das exportações, houve queda das cotações em Chicago", argumentou o dirigente, lembrando que a Rússia havia suspendido as exportações desde agosto de 2010 devido à seca que assolou o país. Com a retomada dos embarques anunciada em 28 de maio, as vendas devem ser operacionalizadas em julho.
A Rússia espera uma safra entre 85 milhões e 90 milhões de toneladas de grãos neste ano, depois da severa seca que cortou a produção em mais de um terço em 2010, para 61 milhões toneladas, ante 97 milhões de toneladas em 2009. No Brasil, o consumo médio anual é de 10 milhões de toneladas, conforme a Conab. A produção em 2011/2012 está projetada em 5,4 milhões de t, redução de 7,7% sobre a safra passada, de 5,8 milhões de t.