Agronegócio lidera exportações em Campo Mourão/PR
O trigo respondeu por 80% das exportações do município de janeiro a maio, com R$ 76 milhões. No mesmo período do ano passado havia sido apenas 2%. A soja, este ano ficou responsável por 10% das exportações, contra 20% nos primeiros cinco meses de 2010.
O analista da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Maffioletti, explicou que essa foi a maior safra de todos os tempos. “Tivemos um recorde na produção”, comenta ao relatar que o resultado só não foi maior pela valorização do real frente ao dólar.
“Os preços internacionais também ajudaram, o cenário poderia ser ainda melhor se a taxa de cambio fosse maior.” Para exemplificar, ele citou o bushel - medida internacional que equivale a aproximadamente meia saca de 60 Kg. “Hoje, com o bushel de soja a 13 dólares, e o dólar a R$ 1,60, na conversão o bushel fica por R$ 21,00. Agora se o cambio estivesse a R$2, daria R$ 26. O que salvou foi que no ano passado, o mesmo bushel estava na casa dos US$ 9,50.”
O mesmo se deu com o milho, que no ano passado foi vendido a 13, 14 reais a saca e agora está negociado por até R$ 24,00. “Isso somado à safra cheia, sempre deixa o produtor satisfeito.” Segundo ele, no interior do Estado, o agronegócio tem um peso muito grande. “Isso se repete na maioria dos municípios e Campo Mourão é uma referência no setor”, acrescenta.
O analista comentou o bom desempenho da Coamo Agroindústrial Cooperativa no último levantamento. “Tivemos a satisfação da Coamo estar liderando as maiores empresas exportadoras, com mais de 410 milhões de dólares, é a maior cooperativa da América Latina. Isso é o resultado dos investimentos dos cooperados na industrialização e melhorias no campo, o que reflete em todos os setores.” Segundo ele, outras cinco cooperativas estão na lista das 40 maiores. “Isso é sinal que o agronegócio está bem. No país, ele representa 40% de tudo o que é exportado e no Paraná 73%”, afirma Maffioletti.
Além da cooperativa mourãoense, outras cinco estão entre as 40 maiores empresas de exportação. Entre os setores que mais exportam, primeiro é sempre a soja, depois as carnes e por fim o setor automobilístico.
Sem previsões
Sobre as previsões para a estabilização dos preços na próxima safra, Maffioletti, explicou que para alguns setores não deve haver uma queda muito grande. “Manter esses preços é sempre uma incógnita. A princípio, temos condições de manter, soja e milho. O trigo já é uma cultura mais complexa, tem muita coisa envolvida.”
Ele explicou que o mercado internacional está em fase de finalização do plantio da safra americana e também europeia. “A China já sinalizou que deve estar reduzindo a demanda. Há um bom tempo eles aumentavam a demanda ano a ano e agora deram uma seguradinha. Mesmo assim ainda é positivo.” Outro fator é a crise americana, que segundo ele, parece que está séria novamente.
“Tínhamos aquela situação de 2010 e do início de 2011, de sempre os mercados serem guiados pela demanda. Mesmo com super safra, a oferta ia junto. Agora se eles tiverem uma super safra nos Estados Unidos e Europa, esses preços não terão sustentação nesse patamar”, prevê.
PR também tem resultados positivos
De janeiro a maio as exportações do agronegócio paranaense cresceram 31% sobre igual período de 2010, passaram de US$ 3,59 para US$ 4,73 bilhões. O Paraná também foi responsável por 13,8% das exportações do agronegócio brasileiro. Os complexos soja (grão, farelo e óleo), carnes, e sucroenergético (açúcar e álcool) respondem por 73% da receita das exportações do agronegócio paranaense.
As exportações totais do Estado apontam uma elevação de 24% no período analisado. Elas passaram de US$ 5,22 para US$ 6,48 bilhões. No período em análise, o complexo soja (grão, farelo, óleo bruto e óleo refinado), apontou uma elevação na receita de 38%. A soja em grão aponta queda do volume exportado, mas os preços foram 23% superiores, colaborando para o aumento da receita. No farelo de soja, a receita foi 98% maior, resultado da combinação de maior quantidade exportada (56%) e preços internacionais. O segmento de óleo bruto também registrou crescimento sobre mesmo período de 2010.
O agregado carnes cresceu 17%, passando de US$ 668 milhões em janeiro/maio de 2010 para US$ 788 milhões em janeiro/maio 2011. O agregado sucroenergético registrou exportações de US$ 373 milhões contra US$ 281 milhões em igual período de 2010, um crescimento de 33%, resultante do aumento dos preços do açúcar e da quantidade embarcada.
As exportações de trigo pularam de US$ 101 para 188 milhões, sustentadas pelo quadro de preços no mercado internacional, enquanto o volume exportado caiu de 663 para 646 mil toneladas. As exportações de trigo via Porto de Paranaguá participam com 29% das exportações brasileiras do cereal. Já as exportações de milho em grão, apontam uma evolução de 47% relativamente a igual período de 2010.