Com forte demanda, país depende mais de adubo importado

Publicado em 22/06/2011 08:16
Uma demanda recorde por fertilizantes no Brasil aumentará a dependência nacional do produto importado em 2011 e pelo menos nos próximos três anos, pois a indústria local já está perto do limite de produção e os grandes projetos da Vale e Petrobras no país só entrarão em operação no segundo semestre de 2014.

Na média dos últimos cinco anos, o Brasil importou 65 por cento da matéria-prima utilizada na fabricação dos fertilizantes consumidos no país, contra uma relação de 85 por cento no acumulado de 2011 até maio, de acordo com dados da indústria, que se apronta para o período de maior demanda, no segundo semestre.

"Se forem atingidas as projeções de consumo recorde..., este percentual (histórico) pode ficar ainda maior. O mercado está muito aquecido", disse o diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama-Brasil), Carlos Eduardo Florence.

Diante do consumo elevado no Brasil, na esteira da alta das commodities e com produtores investindo mais nas lavouras para otimizar a produtividade, as importações de fertilizantes nos primeiros cinco meses do ano subiram quase 60 por cento, para 7,3 milhões de toneladas, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

"A indústria (nacional) está rodando a 100 por cento e não dá conta", disse um trader de uma grande importadora de matérias-primas de fertilizantes, justificando a necessidade de se importar maiores volumes.

"O Brasil sempre foi um país de 40 por cento (de produção) nacional e 60 por cento (de produto) importado. Se a demanda cresce 5 por cento ao ano, esse 5 por cento só vem do importado, não tem nenhum investimento da indústria nacional (para começar a operar neste ano)", afirmou o trader, que pediu para não ser identificado.

Consultorias trabalham com projeções de consumo recorde neste ano, para cerca de 26 milhões de toneladas, alta de 6 por cento ante 2010. . Em maio, o setor teve recorde de entregas para o mês: .

"Está se entregando muito bem e nem tudo é antecipação (para a próxima safra de verão). Muito deste adubo foi para o solo, para safrinha de milho, trigo e cobertura de outras lavouras", afirmou Florence.

O executivo da Ama-Brasil concordou com o trader sobre a produção, mas observou que as misturadoras contam com espaço para atender o pico da demanda, que deve ser atingido entre setembro e novembro, quando se planta a safra de verão.

MAIOR PRODUÇÃO EM 2014

De acordo com o trader, a dependência brasileira do produto importado tende a aumentar, já que os investimentos anunciados por Vale e Petrobras ainda levarão tempo para entrar em produção --em 2014, segundo preveem as empresas--, ao mesmo tempo em que a demanda continuará crescente nos próximos anos.

"O que aconteceu é que o preço do grão explodiu, o produtor está cheio de dinheiro e saiu comprando adubo... Todas as culturas continuam demandando, o café está espetacular... a cana está espetacular... e os investimentos no setor demoram tempo, são investimentos grandes", comentou o trader da importadora.

Ele se referia aos projetos da Petrobras e Vale, praticamente as duas únicas empresas com investimentos relevantes no setor.

A Vale, que busca ser um player global e ter o fertilizante como o seu segundo produto, atrás do minério de ferro, prevê inaugurar em Sergipe, em 2014, o que será a maior unidade de extração de potássio do Brasil, com produção de 1,2 milhão de toneladas.

A mineradora ainda tem o projeto Salitre, em Minas Gerais, composto de uma mina de rocha fosfática com capacidade estimada de 2,2 milhões de toneladas, com operação prevista para o segundo semestre de 2014, segundo a assessoria de imprensa.

Já a Petrobras prevê iniciar a produção de ureia e amônia em Mato Grosso do Sul --no que será a sua terceira fábrica de nitrogenados e a maior do tipo da América Latina-- também no segundo semestre de 2014. A unidade deverá dobrar a produção nacional de ureia, para mais de 2 milhões de toneladas.

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Fonte:
Reuters

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