Parlamento grego inicia nesta segunda-feira debates sobre o pacote de austeridade econômica imposto pelo FMI

Publicado em 27/06/2011 07:08
Sob protestos, país decide se aprova a adoção de medidas impopulares para receber ajuda financeira do FMI


O Parlamento grego inicia nesta segunda-feira uma série de debates sobre o pacote de austeridade econômica, imposto pelo FMI como condição para a liberação de um aporte financeiro de 120 bilhões de euros no começo do próximo mês. Na próxima quarta-feira, após apreciarem o caso, o Parlamento afinal votará se aprova ou não a medida.

Altamente impopular, o plano prevê a redução de custos governamentais na ordem de 78 bilhões de euros em um prazo de cinco anos. 

Yorgos Papandreou, primeiro-ministro grego, conta com 155 dos 300 votos no Parlamento, o que lhe garantiria uma maioria apertada, mas suficiente para aprovar a moção. 

Na semana passada, o Parlamento grego deu um voto de confiança ao governo. O placar da votação para que o primeiro-ministro permaneça no cargo ficou em 155 votos a favor, ante 143 contra e duas abstenções. Todos os deputados do Partido Socialista de Papandreou votaram junto com o governo. "Se ficarmos com medo, se jogarmos fora essa oportunidade, então a história vai nos julgar muito duramente", disse Papandreou num apelo final antes da votação.

A conquista é um passo necessário para que o poder executivo dê continuidade às negociações para evitar um calote de sua dívida soberana. Com a decisão, Papandreou ganha tempo para tentar obter apoio à implementação de medidas impopulares de austeridade fiscal que evitem a moratória da dívida do país, como, por exemplo, cortes nos gastos sociais, aumentos de impostos e privatizações.

Hora da verdade - O presidente da Comissão Europeia, Manuel Barroso, ampliou a pressão a Atenas antes da votação, dizendo que o país enfrenta um "momento da verdade" e precisa mostrar que está verdadeiramente comprometido com as reformas. "Ninguém pode ser ajudado contra sua vontade", afirmou Barroso em Bruxelas, acrescentando que o apoio da oposição - que rejeitara o pacote e pedira novas eleições - é importante.

O diretor-gerente interino do Fundo Monetário Internacional (FMI), John Lipsky, mandou um recado parecido, afirmando que os credores internacionais estão querendo ajudar as economias da periferia da zona do euro, contanto que elas adotem reformas. Segundo Lipsky, o sistema fiscal grego está quebrado, mas pode ser reparado com boa vontade política.

Diretor-geral da OMC avalia que Europa pode evitar contágio de crise grega

Pascal Lamy minimiza extensão do colapso econômico grego a outros países da União Europeia

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, considerou nesta segunda-feira que "ainda não é tarde demais" para evitar que a crise da dívida grega se transforme em "uma crise da Europa".

"É preciso uma dose de disciplina e de solidariedade", ressaltou Lamy em entrevista à emissora de rádio France Info. Segundo ele, o que ocorreu com a Grécia demonstra que "não havia suficiente disciplina comum" entre os países da zona do euro.

Ele explicou que o problema é que a Grécia assumiu dívidas maiores do que poderia pagar graças às baixas taxas de juros permitidas pelo mercado por estar integrada na zona do euro.

Para o diretor-geral da OMC, faltou fiscalização das finanças gregas por parte das autoridades da União Europeia (UE).

Lamy, que participa nesta segunda-feira de uma reunião em Paris com responsáveis da política comercial do Grupo dos 20 (G20, grupo dos principais países desenvolvidos e emergentes), também falou na entrevista sobre o impasse da Rodada de Doha, iniciada em 2002 para avançar na liberalização do comércio mundial.

Em sua opinião, a estagnação da rodada se deve mais a motivos de ordem geopolítica do que mercantil. Ele citou a postura dos Estados Unidos, que desejam equiparar os países emergentes aos países desenvolvidos para tirar daqueles as preferências comerciais estabelecidas pela OMC. Washington argumenta que, entre os emergentes, há grandes potências comerciais, como Brasil e Índia.

Lamy minimizou os temores de superaquecimento da economia das nações emergentes ao ser questionado sobre uma eventual bolha econômica de crédito em países como o Brasil. "No conjunto, estas economias foram melhor administradas que as dos países ricos", resumiu.

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Veja.com.br

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