Plano que amplia área agrícola peruana começa a sair do papel

Publicado em 27/06/2011 07:28
Quase nove décadas depois de vislumbrado e oito anos após os primeiros passos concretos para mais uma retomada, o Projeto Olmos, que tem por objetivo ampliar a fronteira agrícola peruana, começa efetivamente a tomar forma. Conduzido pela brasileira Odebrecht, o projeto contempla a execução de um intrincado planejamento que permitirá a irrigação de cerca de 43,5 mil hectares em uma região desértica do país e um leilão de terras para atrair empresas agrícolas interessadas, além da geração hidrelétrica de energia.

A ideia de tornar viável a transposição de águas da bacia do Atlântico para a árida região de Olmos, no departamento de Lambayeque, noroeste peruano, foi visualizada pela primeira vez em 1924. Nas três últimas décadas diferentes atores deram início a obras nesse sentido, sempre sem continuidade. Na primeira metade da década passada, a Odebrecht venceu a concorrência para realizar a transposição de águas em si, e em abril de 2009 teve o sinal verde do governo local para tocar a parte da irrigação, incluindo construção, operação e manutenção da infraestrutura hidráulica. Com essa concessão, a empresa ficou responsável pelo leilão das terras, aprovado em janeiro deste ano.

Juan Andrés Marsano, diretor da Odebrecht no Peru, lembra que as obras da transposição tiveram início em março de 2006, a cargo da concessionária Trasvase Olmos. Um túnel de 20 quilômetros sob a Cordilheira dos Andes está sendo construído, e quando os últimos 1,4 mil metros forem escavados, até o primeiro trimestre de 2012, 400 milhões de metros cúbicos de água por ano chegarão à região, localizada a 900 quilômetros ao norte de Lima, a capital do país. Segundo a empresa, mais de 200 mil pessoas serão beneficiadas.

A própria Odebrecht tem ligações com o Projeto Olmos há décadas. Em 1970, fechou contrato para desenvolvê-lo, o primeiro no país. Na época, diz Marsano, os investimentos foram considerados elevados demais e o planejamento não foi adiante. Pequenas etapas das obras do túnel transandino foram realizadas na década de 80, mas o orçamento era magro e novamente não houve continuidade. Até 2006. Com a irrigação, o aporte no projeto está calculado hoje em cerca de cerca de US$ 275 milhões.

Conforme o executivo, a fonte mais importante de financiamento do projeto será justamente o leilão para atrair empresas interessadas em produzir na região que será beneficiada pela transposição de águas. Dos 43,5 mil hectares que serão irrigados, 5,5 mil são de uma área conhecida como "Vale Velho", têm proprietários e não serão leiloadas. Os demais 38 mil serão disputados por empresas nacionais ou estrangeiras que estiverem interessadas nas condições favoráveis ao plantio de culturas como cana, algodão, pimenta, pimentão, aspargos, legumes e frutas.

Até o dia 8 os interessados têm de se qualificar para participar da concorrência e apresentar seus projetos. Já são mais de 300 empresas registradas, conforme Marsano. No dia 27 de julho serão conhecidos os vencedores. Pelas regras definidas, serão leiloados 51 lotes e o valor total a ser arrecadado deverá atingir US$ 117 milhões. A diferença (US$ 143 milhões) será financiada pela Odebrecht. Os vencedores farão contratarão os serviços de água e, assim, a empresa brasileira terá o retorno de parte dos aportes que vai financiar.

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Fonte:
Correio do Povo

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