VEJA revela que irmão de Romero Jucá sacou irregularmente R$ 8 milhões na Conab

Publicado em 22/07/2011 06:05
Escândalo na Agricultura: Reportagem de VEJA revelou que Oscar Jucá Neto fez um pagamento de 8 milhões de reais de forma irregular. Pressionado, irmão de Romero Jucá deixa Conab.


O diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, pediu demissão na tarde desta quinta-feira ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi. A solicitação foi feita após uma série de reuniões ao longo da semana com a cúpula do PMDB, inclusive com a presença do vice-presidente, Michel Temer. Oscar Jucá Neto é irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Jucazinho não teve tempo nem de esquentar a cadeira: sua demissão ocorreu logo depois que ele completou um mês no cargo. E cinco dias após VEJA ter revelado que ele autorizou, por conta própria, o pagamento de uma dívida de 8 milhões de reais a uma empresa de armazenagem chamada Renascença. Havia, porém, um empecilho legal para pôr um ponto final no litígio: o dinheiro para saldar a dívida não existia no orçamento, o que levou a Conab a ter a área de um estacionamento penhorada pela Justiça como garantia de pagamento.

Pressa - Apenas duas semanas depois de assumir o cargo, Jucazinho aproveitou que o presidente da Conab, Evangevaldo Moreira, estava fora, numa reunião de trabalho com o ministro da Agricultura, e decidiu resolver o caso. Como diretor financeiro, ele tem a senha da conta da Conab. Sem avisar nada a ninguém, ele verificou que havia dinheiro em caixa e fez a transferência. Jucazinho tinha tanta pressa que não atentou para o fato de que estava sacando dinheiro de um fundo que só pode ser usado para comprar alimentos. Dois dias depois, o presidente da Conab descobriu a fraude e levou o assunto ao conhecimento do ministro Wagner Rossi.

Chamado a se explicar na frente do ministro, Jucazinho desafiou seus superiores. Disse que pagou porque era preciso pagar - e pronto. Não se deu ao trabalho de explicar o porquê da pressa, do descuido com os procedimentos administrativos, de ter feito tudo na surdina. Diante do enfrentamento, Rossi, um cacique menor se comparado ao senador Jucá, decidiu demitir Jucazinho.

Ao tomar conhecimento das intenções do ministro, o senador Jucá procurou Michel Temer para defender o irmão. O vice-presidente ficou numa situação delicada. De um lado, seu afilhado político, Wagner Rossi, que foi desautorizado. Do outro, Jucazão, o homem de confiança, artífice de todas as tarefas sujas do partido. Diante do impasse, Temer lavou as mãos - e combinou com os correligionários que o problema seria resolvido sem alarde para evitar desgastes. Em tempo: o agora milionário dono da Renascença integra uma lista de pessoas carentes candidatas a receber uma casa popular do governo.

Escândalo na Agricultura:

Quiproquó no PMDB

Caciques do partido se confrontam por causa de um pagamento irregular de 8 milhões de reais feito a uma empresa cujo dono é um sem-teto de Brasília

Rodrigo Rangel

Lula Marques/Folhapress

O senador Romero Jucá e o vice Michel Temer: tentativas de pôr panos quentes na confusão que envolve Jucazinho

 

Um peemedebista qualquer de posse da chave de um cofre público cheio de dinheiro é um convite à confusão. Se esse peemedebista tiver alguma ligação com o notório senador Romero Jucá, confusão é uma possibilidade real. E se esse pemedebista for parente do senador... Bingo! O tempo fechou na semana passada entre os caciques do PMDB a ponto de colocar em lados opostos o vice-presidente da República, Michel Temer, e o líder do governo no Senado, Romero Jucá. O problema atende pelo nome de Oscar Jucá Neto. Irmão do senador, ele é diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal subordinada ao Ministério da Agricultura. Sem consultar seus superiores, Jucazinho resolveu autorizar por conta própria um pagamento de uma dívida de 8 milhões de reais a uma empresa de armazenagem chamada Renascença. Havia, porém, um empecilho legal para pôr um ponto final no litígio: o dinheiro para saldar a dívida não existia no orçamento, o que levou a Conab a ter a área de um estacionamento penhorado pela Justiça como garantia de pagamento.

Havia na Conab um intenso lobby político para tentar viabilizar o pagamento ao armazém, o que quase aconteceu no início do ano. O aperto fiscal determinado pela presidente Dilma Rousseff, porém, sepultou a possibilidade. Sepultou. No dia 1º de julho, apenas duas semanas depois de assumir o cargo, Jucazinho aproveitou que o presidente da Conab, Evangevaldo Moreira, estava fora, numa reunião de trabalho com o ministro da Agricultura, e decidiu resolver o caso. Como diretor financeiro, ele tem a senha da conta da Conab. Sem avisar nada a ninguém, ele verificou que havia dinheiro em caixa e fez a transferência. Jucazinho tinha tanta pressa que não atentou para o fato de que estava sacando dinheiro de um fundo que só pode ser usado para comprar alimentos. Dois dias depois, o presidente da Conab descobriu a fraude e levou o assunto ao conhecimento do ministro Wagner Rossi, da Agricultura. Chamado a se explicar na frente do ministro, Jucazinho desafiou seus superiores. Disse que pagou porque era preciso pagar — e pronto. Não se deu ao trabalho de explicar o porquê da pressa, do descuido com os procedimentos administrativos, de ter feito tudo na surdina. Diante do enfrentamento, Rossi, um cacique menor se comparado ao senador Jucá, decidiu demitir Jucazinho.

Ao tomar conhecimento das intenções do ministro, o senador Jucá procurou Michel Temer para defender o irmão. O vice-presidente ficou numa situação delicada. De um lado, seu afilhado político, Wagner Rossi, que foi desautorizado. Do outro, Jucazão, o homem de confiança, artífice de todas as tarefas sujas do partido. Diante do impasse, Temer lavou as mãos — e combinou com os correligionários que o problema seria resolvido sem alarde para evitar desgastes. “O caso é grave e, se nada acontecer, levarei ao conhecimento da ministra Gleisi”, disse o presidente da Conab, quebrando o pacto de silêncio. Em tempo: o agora milionário dono da Renascença integra uma lista de pessoas carentes candidatas a receber uma casa popular do governo.

Fonte: veja.com.br

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