Mendes Ribeiro: Setor agrícola vê com cautela novo ministro; laço político ajuda

Publicado em 18/08/2011 12:40 e atualizado em 18/08/2011 16:13
Entidades agropecuárias receberam com cautela a nomeação do novo ministro da Agricultura, o deputado Mendes Ribeiro, que não tem um perfil técnico, mas ponderam que sua proximidade com a presidente Dilma Rousseff pode ser favorável ao setor.

Líder do governo no Congresso, o deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS) foi confirmado nesta quinta-feira pela Casa Civil como novo ministro da pasta.

Mendes Ribeiro substitui Wagner Rossi, que pediu demissão do cargo após recentes denúncias de irregularidades envolvendo auxiliares próximos além dele mesmo. Rossi é o quarto ministro a deixar o governo em meio a denúncias.

"Nós, o setor, estamos perplexos porque foi nomeado um ministro que não é da área... Não o conheço. O perfil dele não vem da produção rural", disse Rui Prado, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Estado que está entre os maiores produtores do setor agropecuário do país.

Prado afirmou que primeiro será preciso conhecer e conversar com o novo ministro. "A gente vai ver depois... quando ele tomar as primeiras medidas, depois que ele começar", afirmou.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho, também expressou preocupação. "Do ponto de vista da agricultura, (a mudança) é uma tragédia. A Agricultura vai sofrer muito até que ele conheça mais o setor", afirmou.

Na avaliação de Ramalho, o ex-ministro Rossi, que também não tinha um perfil técnico, chegou ao cargo após quase dois anos na Companhia Nacional do Abastecimento, onde pôde tomar conhecimento dos temas.

Sobre Mendes Ribeiro, o presidente da SRB afirmou que uma vantagem é sua proximidade do Planalto.

"Do ponto de vista político é muito bom, porque ele está muito perto da estrutura do governo".
O presidente da Abipecs, do setor de carnes, Pedro de Camargo Neto, também se referiu aos laços do novo ministro com a presidente.

"É um deputado muito próximo à Dilma e de um Estado agrícola... O currículo dele é de ser próximo à Dilma, o que ajuda porque fortalece o ministério. Vamos ver o que ele traz."

O tom de cautela fez com que algumas entidades preferissem não fazer comentários sobre o novo ministro.

A Abiove, entidade que reúne a indústria nacional de óleos vegetais, declinou comentar a mudança por não conhecer o ministro "que não vem do setor agrícola".

O Departamento do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também não quis comentar.

Já o presidente da Associação dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, que estava nesta quinta-feira em Brasília, observou que o "importante para nós (da agricultura) é que o novo ministro seja um bom cobrador... que faça o ministério funcionar, especialmente quando se tem problemas na exportação, porque estes não podem esperar".

Mendes Ribeiro teve atuação destacada na votação do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados.

Na Veja:

Planalto confirma Mendes Ribeiro como Ministro da Agricultura

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, divulgou nota oficial nesta quinta-feira, 18 de agosto, na qual informa que o deputado federal Mendes Ribeiro foi convidado para assumir o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A formalização se deu hoje pela manhã  numa conversa da presidenta Dilma com o parlamentar. Amanhã (19/8), quando retornará a Brasília, Dilma Rousseff terá o primeiro encontro com o novo ministro.
 
A seguir a íntegra da nota oficial:

“Por solicitação da presidenta da República, Dilma Rousseff, que está em viagem, informo que o deputado federal Mendes Ribeiro assumirá o cargo de ministro da Agricultura. A oficialização do convite ocorreu nesta manhã, em conversa da presidenta com o deputado. Ao retornar de viagem, amanhã à tarde, em Brasília, a presidenta terá sua primeira reunião com o novo ministro.
 
Gleisi Hoffmann
Ministra-chefe da Casa Civil” .

Em Veja.com.br:

Mendes Ribeiro, o fiel aliado de Dilma

Indicado para o ministério da Agricultura é amigo da presidente há 30 anos. Exoneração de Wagner Rossi não saiu no Diário Oficial desta quinta-feira.

mendes ribeiro

O deputado federal Mendes Ribeiro Filho pode não saber distinguir um pé de alface de um pé de couve, mas tem um ponto forte para assumir o Ministério da Agricultura: uma relação de lealdade com a presidente Dilma Rousseff. O gaúcho de 57 anos comprou briga com o PMDB do Rio Grande do Sul nas eleições presidenciais de 2010, por fazer campanha para a presidenciável petista. No estado, o PMDB apoiava o tucano José Serra.
 
Dilma e Mendes Ribeiro se conhecem há trinta anos. A relação entre os dois se estreitou em 1980, quando o hoje deputado federal, formado em Direito, trabalhou na elaboração da Constituição gaúcha, ao lado do então marido de Dilma, Carlos Araújo. A presidente, nascida em Minas Gerais, construiu sua carreira política no Rio Grande do Sul.
 
A saída de Mendes Ribeiro da Câmara para assumir o ministério provoca mal-estar com o PT, mas resolve um problema com o PMDB. O suplente de Mendes Ribeiro é Eliseu Padilha, também do PMDB gaúcho – desafeto do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, mas amigo do vice-presidente da República, Michel Temer. Atualmente, Padilha preside a Fundação Ulysses Guimarães, em Brasília.
 
Mendes Ribeiro deixa vago também o cargo de líder do governo no Congresso – e os senadores do PMDB já articulam para ocupar o espaço. Assim, ao fim e ao cabo, o PMDB conseguiu manter o ministério, a vaga na Câmara e a liderança no Congresso. Dilma Rousseff, como se vê, também teve participação na escolha – ao contrário do que Temer esforçou-se em divulgar na noite de quarta-feira: que a indicação do substituto de Wagner Rossi seria uma decisão exclusiva do PMDB.
 
Mendes Ribeiro Filho nasceu em Porto Alegre e começou na política aos 28 anos, quando foi eleito vereador pela cidade. Exerceu dois mandatos de deputado estadual e, quando indicado para o ministério de Dilma, ocupava seu quinto mandato na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Sem exoneração - O Diário Oficial da União desta quinta-feira não traz a exoneração do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi. Nos casos de outros ministros que deixaram o governo, a publicação foi feita no dia seguinte à queda. Após sucessivos escândalos, mostrados por VEJA, Rossi entregou na quarta, por volta das 19 horas sua carta de demissão a Dilma. Como a demissão foi pedida no início da noite, haveria tempo para que a decisão entrasse no Diário Oficial – onde são publicados todos os atos públicos do governo e dos órgãos públicos.
 
A Imprensa Nacional, no entanto, não recebeu qualquer ofício da Presidência pedindo a publicação da exoneração. Também não está prevista a publicação de uma edição extra doDiário com a notícia. O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou oficialmente sobre a nomeação de Mendes Ribeiro como titular da Agricultura, mas o anúncio deve ser feito ainda hoje. Nesta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff está em São Paulo, para o lançamento regional do Programa Brasil Sem Miséria.

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Fonte:
Reuters + Mapa + Veja.com.br

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1 comentário

  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Para ocupar cargos politicos, nada melhor do que politicos profissionais. Sabe, aquelas mensagens que o pessoal te envia dizendo assim, a escolaridade minima para ser garí é tal e para ser candidato a isto ou aquilo, nenhuma exigência? Pois é, eu mesmo sou um que não gosta destas mensagens, assim como não gosto de limitações estatuárias em clubes e associações restringindo a reeleição. Nestes locais você tem que deixar assumir quem tem vontade, assim como nos cargos politicos tem mais merecimento quem é politico profissional, os "tais" hábeis de fala... pois é assim que o povo gosta: Ter estímulo aos seus sonhos...

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