Mercado de Açúcar: A VANGUARDA DO ATRASO

Publicado em 27/08/2011 09:27
Comentário Semanal – de 22 a 26 de agosto de 2011., por Arnaldo Luiz Corrêa
O mercado de açúcar em NY fechou a semana com pressão nos primeiros meses de vencimento, empurrando para baixo o outubro/2011 que encerrou a semana a 30,22 centavos de dólar por libra-peso, queda de 74 pontos, pouco mais de 16 dólares por tonelada. Março e maio também fecharam mais fracos perdendo, respectivamente, 8 e 3 dólares por tonelada na semana. Os meses com vencimento mais longo (após outubro de 2012) fecharam a semana com ganhos de até 12 dólares por tonelada na semana, indicando que a percepção de que a situação de oferta por parte do principal país exportador (Brasil) continuará a pesar sobre o mercado internacional, antecipando assim hedges de compra para aquele período. 

Como pano de fundo do velho padrão petista de fazer as coisas e piorar tudo (vide Correio, Infraero, ANEEL), a ANP (Agência Nacional do Petróleo) divulgou na semana passada uma minuta que disciplina a produção de etanol no país. Segundo a agência, a minuta é resultado de consulta pública (sei, sei). Mas no fundo no fundo, a ideia é deixar o setor de joelhos e ressuscitar o anacrônico Instituto do Açúcar e do Álcool. Esse pessoal é o que há de mais moderno em termos de atraso.

Se for aprovada a tal minuta, construir, ampliar a capacidade, modificar e operar planta de etanol dependerá de autorização prévia da agência, caso a caso. Aqui o leitor já percebe nas entrelinhas do que se trata. Um truque da burocracia paquidérmica e boçal que mina o Brasil que trabalha, para poder botar a mão no bolso do empresariado, sem pedir licença. Até para aumentar a capacidade de armazenamento de etanol, as usinas terão que pedir benção aos cardeais da agência. Depois de recebida a solicitação, a agência terá até 60 dias, para analisar o pedido de autorização para construção. Depois de concluída a obra, a empresa deverá então solicitar à agência nova autorização, desta vez para operar a usina. Imagine o custo que essa insanidade toda vai acarretar.

O pior não é isso. Estamos assistindo ao renascimento do controle do Estado e, como sói acontecer, para desestruturar um setor que já tem de sobra problemas estruturais para resolver sozinho. Veja algumas simulações a seguir.

A Archer Consulting estima (com dados obtidos da ANFAVEA, Bioagência e Sindipeças e da própria Archer) que a frota de veículos leves no Brasil em 2016, vai alcançar 41,6 milhões de unidades dos quais 65% serão flex. Assumindo que 45% dos proprietários de carros flex optem por etanol no momento de encher o tanque e que a mistura de anidro na gasolina caia para 18% nos próximos anos, o consumo total de combustível para 2016 será de 72,3 bilhões de litros, 39,5 bilhões de etanol e 32,8 de gasolina A.

Para atender a essa demanda conservadora e assumindo que a participação do Brasil no mercado internacional de açúcar mantenha-se nos níveis atuais, o país terá que moer em 5 anos, pelo menos 830 milhões de toneladas de cana, ou seja, crescer anualmente algo como 10,67%, construindo pelo menos 50 novas usinas e investindo quase US$ 40 bilhões.

Poucos acreditam que existam condições de crescimento nesse ritmo, ainda mais levando em consideração o sumiço provável dos investidores com os disparates praticados pelo governo, com a falta de transparência com a qual a indústria pode encarar com a intervenção esdrúxula desse pessoal de Brasilia. O setor corre o risco de empacar seu crescimento se o empresário não bater o pé firme e fizer ver à opinião pública da importância que o etanol tem na matriz energética nacional, na melhora das condições de saúde pela utilização de energia renovável e sensivelmente menos poluente, etc.

Se o setor conseguir crescer apenas 5% ao mês, e o total disponível de cana moída daqui a 5 anos for, por exemplo, de apenas 650 milhões de toneladas, o percentual de proprietários de carros flex que poderão (pela falta de disponibilidade) encher o tanque com etanol seria de irrisórios 13%. E o consumo de combustível no país passaria a ser de 66,9 bilhões de litros (queda de 5 bilhões de litros), dos quais 24,7 de etanol e 42,2 de gasolina A. Ou seja, o país terá que estar pronto para produzir/importar quase 10 bilhões a mais de gasolina A, ou terá que importar etanol dos EUA, ou mesmo uma combinação entre as duas estratégias. Todas, certamente, mais nocivas do ponto de vista econômico financeiro. Durma-se com um barulho desses.

Resgata-se, em tristes episódios como esse que estamos prestes a assistir, a máxima que circulava há anos nos meios acadêmicos de que o PT é mesmo um partido orientado por intelectuais que estudam e não trabalham, formado por militantes que trabalham e não estudam e comandado por socialistas que não estudam e não trabalham.

No Fundo administrado pela Archer Consulting, agora verdadeiro, desde o final de março de 2011, apresenta rentabilidade acumulada para o investidor de 51,5316% ao ano líquido.

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Archer Consulting

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