No sábado, como vocês sabem, morreu um amigão meu, o Cotó, um cachorro.Escrevi a respeito. Fiquei realmente muito triste. Volta e meia, pego o celular para ver algumas fotos. Fico ainda emocionado, com um nó na garganta. Eu sou assim, ué. Esta é uma página que trata principalmente de política, mas é, como todo blog, uma página pessoal. Às vezes, divido com os meus parceiros, vocês!, algumas aflições. O número de comentários e a acolhida do post Internet afora demonstram que falei a muita gente.
Pois acreditem: recebi e recebo ainda dezenas de ofensas, vindas de uma gente estúpida, obscurantista, burra, asquerosa, afirmando que eu estava dando “uma indireta” no Lula. Como e por quê, confesso, não entendi até agora. Outros ainda sustentam que eu estava sugerindo que preferia sofrer por causa de um cachorro a me condoer com a doença do ex-presidente. Um imbecil, escrevendo com certo sotaque acadêmico (ou pseudo-acadêmico), resolveu caçar no meu texto supostas alusões ao chefão do PT. Uma coisa verdadeiramente assustadora! Deve ser daquela laia que acredita que super-heróis americanos são racistas “estadunidenses”…
“Isso está realmente acontecendo?”, perguntei a Dona Reinalda, não menos triste do que eu com a morte de Cotó. Sim, chegamos, finalmente, à Coréia do Norte! Lula, definitivamente, é o nosso Kim Jong-Il. Se ele sofre, a nação sofre. E todas as dores privadas são menores, mesquinhas, indecorosas. Ou, então, Lula é o nosso Alá. Teremos sempre de evocá-lo.
Nem nas minhas piores antevisões sobre o triunfo do petismo achei que se poderia chegar tão longe. A corrente que tentaram fazer contra o meu texto sobre o… Cotó (Santo Deus!), associando-o a uma suposta crítica velada a Lula, é coisa não de sociedades abertas, onde tudo pode ser dito, mas de sociedades totalitárias. Os sentimentos particulares, as intimidades, as dores de todos nós, tudo isso perde sentido diante de uma causa. Pior: na prática, alguns ditos “colunistas” de jornais — a safra nunca foi tão miserável (essa gente não lê nem bula de remédio!), com as exceções de sempre — engrossam esse caldo de cultura ao chamarem de “ataque” toda e qualquer crítica a Lula. Que dias estes! Fazer o quê? O ódio que esses vagabundos têm ao pensamento só pode ser combatido com mais pensamento. Então vamos lá.
O PT tem vocação para partido único. Está na sua origem e na sua história. Denuncio isso há muito tempo. Não, os petistas não pretendem dar um golpe ou coisa assim. Não há mais lugar no mundo para essas viradas de mesa ou para a luta armada. A tática hoje em dia, e já é assim há bastante tempo, é outra. Os grupos que querem romper “com a velha ordem” aprenderam a usar os instrumentos da democracia contra ela própria. Há sólida teoria a respeito. O que os petistas querem? Socialismo? Não! Pretendem um país que esteja sob o seu comando. E sem oposição. Quando e se lograrem o seu intento, já avançaram bastante, a primeira vítima será a liberdade.
Os mais jovens não sabem, mas é fato: o país já foi mais livre, meus queridos! Acreditem! O debate era mais divertido no começo e meados da década de 80, estendendo-se ao período pós-Constituinte. Os petistas estavam na oposição e, vejam só!, eram ardorosos defensores da liberdade de imprensa. Os jornais estavam coalhados de ex-militantes de esquerda que tinham se cansado um tantinho da ortodoxia ou daquelas caricaturas criadas pelos “companheiros” e “camaradas” para “mobilizar as massas”, e tanto “a direita” como “a esquerda” mereciam um tratamento crítico, meio debochado às vezes, mas quase sempre inteligente.
A chegada do PT ao poder marcou uma virada. Houve um movimento geral de emburrecimento. Não porque petistas sejam burros. Ao contrário: eles são até bastante espertos. É que eles conservaram, mesmo no comando do estado, o charme da “resistência”, e a imprensa, na média, perdeu o saudável “espírito de porco”. Em seu lugar, vão me desculpar o trocadilho até óbvio, entrou o “espírito de corpo”. Muita gente decidiu “colaborar” com “a construção de um novo país”, abandonando alguns fundamentos da sociedade democrática. O direito à crítica é um deles. E, é evidente, muitagente que estava à venda foi comprada.
Ainda que eu antevisse tempos nada bons quando “eles” chegassem ao poder, confesso que até eu me surpreendo. A quantidade de textos que li sugerindo simplesmente censura aos críticos de Lula é uma coisa espantosa. Ainda que, visivelmente, use a sua doença para fazer política, essa passa a ser mais uma licença especial que se lhe concede.
Não, bando de cretinos! O meu texto sobre Cotó passava a léguas de Lula. Eu tenho outros assuntos com os quais me ocupar. Falo sobre o que eu bem entender, emociono-me com o que me der na telha, choro por aquilo que eu quiser. Se decidir me comover porque uma linha reta se transforma, de repente, numa curva, o que é vocês têm com isso? Vão lá pressionar os colunistas impressionáveis, que adoram fazer o joguinho nem-nem. Mais vocês esperneiam, mais me sinto fazendo a coisa certa.
Vão patrulhar a Coréia do Norte que os pariu, salafrários!