Inflação: governo anuncia truques, mas cesta básica já bateu em dois dígitos em Porto Alegre
O governo continua flertando com a inflação, conforme demonstram estas duas medidas adotadas pelo ministério da Fazenda, ambas aparentemente destinadas a combater as altas de preços: 1) O corte da Cide, atenuando os efeitos de aumentos nos preços da gasolina e do diesel. 2) Adiamento da alta do IPI sobre os preços dos cigarros. . São velhos truques. . Ambos foram denunciados no editorial desta quinta pelo Estadão. . O governo teima em não ir às causas do problema, contendo os gastos e os investimentos, reduzindo os desembolsos com a dívida pública. . Nem isto tem evitado alta dos preços. . Nesta quinta-feira, por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas informou que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal da cidade de Porto Alegre (IPC-S/Porto Alegre) registrou variação de 0,53%, na apuração realizada na quarta semana de outubro de 20111. O resultado foi 0,06 ponto percentual (p.p.) superior ao divulgado na terceira semana de outubro, que foi de 0,47%. A Alimentação teve um dos aumentos mais significativos. De janeiro a outubro, esse grupo de pesquisa teve uma alta de 5,68% e em doze meses, de 8,18%. . Estes números podem até não parecer dramáticos, mas o exame dos aumentos dos valores da cesta básica em Porto Alegre são mais eloquentes. No ano, a cesta acumula alta de 9,99% e nos últimos 12 meses está 12,19% mais cara. . Este índice anualizado de dois dígitos é assustador. . A Cesta Básica de Porto Alegre, medida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) registrou um aumento de 1,93% em outubro de 2011, passando para R$ 277,34. Em setembro, o valor era de R$ 272,09. A taxa verificada em igual mês de 2010 foi de 1,43%. CLIQUE AQUI para ler "A virada inflacionista", página A3, Estadão desta quinta. DIEESE: CESTA BÁSICA DE PORTO ALEGRE É A MAIS CARA DO BRASIL
A capital gaúcha continua na liderança entre as cestas básicas mais caras do País, conforme mostra a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, divulgada hoje pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O preço médio do conjunto de produtos alimentícios essenciais subiu 1,93% em outubro em relação a setembro e atingiu R$ 277,34.
São Paulo ocupa o segundo lugar entre as cestas mais caras das 17 capitais que fazem parte do levantamento do Dieese. No mês passado, o conjunto de produtos em São Paulo custou, em média, R$ 266,97, o que representa leve recuo de 0,08% em relação a setembro.
Na terceira posição está Florianópolis, onde o valor médio dos itens básicos registrou em outubro queda de 2,22% na comparação mensal, ficando em R$ 260,99. Na sequência, com preços abaixo de R$ 200, estão as cestas básicas de Belo Horizonte (R$ 252,20), Aracaju (R$ 182,68), João Pessoa (R$ 195,14) e Fortaleza (R$ 198,68). DIEESE: SALÁRIO MÍNIMO DEVERIA SER DE R$ 2.329,94 EM OUTUBRO
O trabalhador brasileiro deveria ter recebido um salário mínimo de R$ 2.329,94 em outubro, ou seja, 4,27 vezes acima do piso em vigor, de R$ 545. A estimativa foi divulgada hoje pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O cálculo leva em conta o maior valor apurado da cesta básica (R$ 277,34 em Porto Alegre) e também o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência.
Em setembro, o Dieese constatou que o salário mínimo necessário era de R$ 2.285,83 (4,19 vezes o piso em vigor). Em outubro de 2010, os brasileiros deveriam ter recebido um mínimo de R$ 2.132,09, o correspondente a 4,18 vezes o mínimo daquele período, de R$ 510.
Segundo a instituição, o tempo médio necessário para que o trabalhador que ganha salário mínimo pudesse adquirir, em outubro, o conjunto de bens essenciais aumentou em comparação com setembro, mas ficou praticamente inalterado ante outubro de 2010. No mês passado, a jornada exigida na média das 17 capitais brasileiras pesquisadas foi de 94 horas e 4 minutos, enquanto em setembro eram necessárias 93 horas e 58 minutos. Em outubro do ano passado, no entanto, a jornada exigida para o trabalhador realizar a mesma compra foi parecida à do mês passado, ficando em 94 horas e 11 minutos. |