Mercado de açúcar: BOLAS DE CRISTAL

Publicado em 27/11/2011 09:27
por Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting


E o mercado de açúcar em NY continua com sua trajetória ladeira abaixo, influenciado por notícias baixistas de todo calibre, e alarmado pela profusão de bolas de cristal que trabalham a todo vapor vomitando previsões de preço apocalípticas. Horrores para todos os gostos. Escolha como você prefere morrer: 18 centavos, 20 centavos. Se as previsões se efetivarem vai ser um festival de “eu avisei”, “só não viu quem não quis”, “estava na cara que isso ia acontecer” e por aí afora.

A queda na semana foi de 24 dólares por tonelada no vencimento março/2012 que encerrou a curta semana em 22,90 centavos de dólar por libra-peso. Os demais meses fecharam com baixa entre 49 e 96 pontos, 8 e 21 dólares por tonelada. No ano, o vencimento março/2012 já caiu 3,6%. Em compensação, o março/2013, no mesmo período, subiu 12,6%.

Um importante executivo do setor ironizou os gurus de plantão: ”Passaram a semana toda tentando me convencer de que Deus havia se mudado para a Rússia e que havia se tornado plantador de beterrabas e eu tenho minhas dúvidas”. Também tenho as minhas e acredito que o mercado exagerou na baixa por outros fatores que não o açúcar, como o câmbio, para citar apenar um.

Prever preços no mercado de commodities demanda obrigatoriamente a análise da trajetória do câmbio senão a coisa se perde. Em geral, mais sentindo falar sobre preços em reais. Desvalorização do real frente ao dólar derruba o preço do açúcar no mercado internacional, mas encarece a importação de gasolina para atender à demanda não atendida pelo etanol; se o real se valoriza, o custo de produção do açúcar em dólares sobre. Qual o preço mais baixo que vimos do açúcar equivalente em reais nos últimos meses? Continue lendo.

Em 31/10 o mercado encerrou-se a 25,77 centavos de dólar por libra-peso e o dólar a 1,6938; na quarta-feira dia 23/11 o mercado fechou a 23,09 centavos de dólar por libra-peso e o dólar a 1,8650. A queda real foi menor do que parece. Mantida a mesma taxa de dólar é como se os 25,77 tivessem virado 25,42, apenas.

Façamos ou outro exercício. Qual foi a última vez que o mercado em NY negociou abaixo de 23 centavos de dólar por libra-peso? Dia 1º de junho deste ano, NY fechou a 22,46 centavos de dólar por libra-peso. E o dólar naquele dia estava a 1,5961. Ou seja, comparativamente ao dólar de hoje, o valor negociado em 1º de junho equivaleria hoje a 19,18 centavos de dólar por libra-peso! Tranque a janela.

Nos últimos 12 meses o preço mais baixo em reais (cotação de NY em centavos de dólar por libra-peso vezes taxa de câmbio do dia) foi alcançado em 6 de maio deste ano, NY a 20,47 centavos de dólar por libra-peso e dólar a 1,6169. Aquele valor, ao câmbio de hoje, seria 17,74 centavos de dólar por libra-peso. Calma.

Quando o mercado negociou os valores acima, não se sabia ainda o tamanho ridículo da safra do Centro-Sul, tinha-se já uma ideia da safra indiana, embora não se soubesse então do superávit russo. Uma coisa acaba compensando a outra, pendendo mais para o excesso de oferta olhando em retrospecto. 

E de lá para cá o que ocorreu? O agravamento do cenário macroeconômico, com Grécia, Itália e Espanha no olho do furacão. Um voo para a qualidade por parte dos investidores abandonando os mercados de riscos (ações e commodities) e atracando seus navios em portos seguros. A safra do CS abaixo dos 490 milhões de toneladas do lado altista. Do lado baixista estão: o crescimento na produção da Tailândia para 100 milhões de toneladas de cana; a Índia podendo produzir 26,5 milhões de toneladas de açúcar, Rússia crescendo, UE aprovando 700 mil toneladas fora da quota, quebrando as regras comerciais (Brasil e Austrália protestam). Se o cenário macro continuar a recrudescer, é evidente que veremos as commodities despencando enquanto o dólar se valoriza. Nesse caso, menores valores em centavos de dólar por libra-peso podem ser vistos, sim, mas, não quer dizer que serão os menores valores em reais. Para piorar o cenário, adicione ao bolo a vexatória situação ocorrida com o MF Global, com o sumiço de 600 milhões de dólares, que afugenta o investidor/especulador. 

O acumulado de exportação de açúcar pelo Brasil neste ano, até setembro, é de 21,03 milhões de toneladas de açúcar e 1,511 bilhão de litros de etanol. Em doze meses, o acumulado é de 26,109 milhões de toneladas e 1,871 bilhão de litros.

O Modelo desenvolvido pela Archer Consulting que estima as fixações de preço contra NY para a safra 2012/2013 aponta um volume entre 6,17 e 7,63 milhões de toneladas fixadas ao preço médio de 25,15 centavos de dólar por libra-peso. 

Uma pergunta importante que você deve fazer a sua corretora: se ela tem posição proprietária, ou, no popular, se ela especula no mercado como parte de sua atividade regular. Corretoras que não negociam por conta própria, em tese, são mais seguras do que aquelas que apostam com o dinheiro do cliente.

A Top Hint Solutions, em parceria com a Archer Consulting está disponibilizando no YouTube um vídeo que demonstra o funcionamento do software para gestão de posições em futuros, opções e derivativos que é muito fácil de usar. Verifique no link a seguir e contate-nos se tiver dúvidas: https://www.tophint.com.br/tophintarcher/thss.html .

O Sugar Dinner a bordo do navio foi um clamoroso sucesso. Grande parte dos participantes disse que o evento superou as expectativas mais otimistas. O clima foi de total descontração. Parabéns à diretoria do Sugar Club. Não há notícias de que alguém tenha se atirado da prancha em virtude dos preços baixos do açúcar, como se falou. Ô gente, viu.

Tenham um bom final de semana

Arnaldo Luiz Corrêa 

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Fonte:
Archer Consulting

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