Destruição de restos culturais do algodoeiro reduz a população de insetos em 70%

Publicado em 04/10/2013 08:36

Terminada a colheita do algodão, é tempo de destruir os restos da cultura como medida profilática para reduzir a população de pragas, especialmente o bicudo, a lagarta rosada e a broca-da-raiz. Essas pragas permanecem alojadas nos restos culturais ou se desenvolvem nas plantas rebrotadas, o que pode comprometer a produção do algodão no Brasil no próximo cultivo. Estudos constataram que a destruição de restos culturais reduz em mais de 70% a população de insetos que sobreviveriam no período de entressafra e, conseqüentemente, infestariam a cultura precocemente, na safra seguinte. A prática também controla doenças como a ramulose, mancha angular e doença azul, que ocorrem na cultura do algodão.

Na maioria dos estados produtores de algodão, existem leis que regulamentam a obrigatoriedade desta prática. Após a destruição dos restos culturais inicia-se o vazio sanitário, período de, no mínimo, 60 dias em que é proibida a presença de plantas vivas nas áreas agricultáveis. O produtor que não destruir os restos culturais do algodoeiro após a colheita poderá sofrer penalidades como multa e isenção de incentivos fiscais durante a comercialização da fibra.

A destruição mecânica é a forma mais tradicional de eliminar os restos culturais, também chamados de soqueiras. “Uma das práticas mais usadas pelo produtor para destruição das soqueiras é a que utiliza uma roçadeira ou o triturador dos restos culturais com o objetivo de cortar e estraçalhar a parte área das plantas e facilitar a incorporação dos restos culturais ao solo na operação seguinte, que utiliza a grade aradora para incorporar ao solo toda a vegetação existente na superfície”, afirma o pesquisador da Embrapa Algodão e especialista em mecanização agrícola, Odilon Reny Ribeiro.

No entanto, dependendo do tipo de solo, podem ser necessárias até três passadas da grade aradora e outra com a niveladora para a completa destruição das soqueiras. “Esta operação pode provocar a formação de uma camada compactada logo abaixo da região de ação dos discos, além de deixar a superfície desprovida de vegetação e suscetível a erosão”, alerta Ribeiro.

Destruição mecânica

Conforme o pesquisador, fabricantes nacionais desenvolveram equipamentos com a finalidade específica de fazer a destruição dos restos culturais do algodão. Entre os principais estão arrancadores de discos e o cortadores de plantas que são fabricados por diversos fornecedores de máquinas.

O arrancador de discos é acoplado no hidráulico do trator e seus discos lisos côncavos atuam aos pares, desalinhados sobre a fileira do algodão, na profundidade de 8 a 15 cm. Apresenta alta eficiência de arranquio das plantas previamente roçadas e seu efeito sobre a superfície do solo consiste na formação de pequenos sulcos. A regulagem da profundidade é feita pelo hidráulico do trator.

Os cortadores de plantas possuem dois discos para cada fileira de algodão, que atuam aos pares cortando as plantas um pouco abaixo do solo (3 a 5 cm). Alguns modelos dispõem de rotação própria nos discos por meio de motores hidráulicos. Em outros modelos o disco se movimenta devido ao seu contato com o solo a semelhança de uma grade de discos. Os discos apresentam certa angulação em relação ao plano horizontal para favorecer a sua penetração no solo e manter sempre a mesma profundidade de trabalho. As plantas são cortadas na região do colo, de forma a evitar a rebrota. “Além de apresentar excelente eficiência na destruição da soqueira, o equipamento mobiliza pouco o terreno adequando-se, aos métodos conservacionistas de manejo do solo”, avalia o pesquisador.

Destruição química

Outra alternativa que o produtor tem é a destruição química com o uso de herbicidas para o controle da rebrota dos restos culturais do algodoeiro. “Entre os herbicidas disponíveis, o 2,4 D e o glifosato aplicados isoladamente e principalmente em mistura são os mais eficientes para o controle da rebrota em cultivares convencionais”, informa Ribeiro. “Em cultivares resistentes ao herbicida glifosato (RR e RRFlex) o uso do glifosato não é efetivo”, acrescenta.

Segundo ele, para ser eficiente, a destruição dos restos culturais do algodoeiro deve integrar os métodos mecânico, químico (herbicidas) e ainda a rotação com culturas, que proporcionem supressão do rebrote tendo em vista que os herbicidas usados nesta cultura proporcionam controle do algodoeiro.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Embrapa Algodão

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário