Oeste da Bahia conclui plantio de algodão

Publicado em 12/01/2009 20:11

Com mais de 98% das lavouras plantadas, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) já dá por concluída a etapa de plantio na região Oeste da Bahia, que responde por 96% do algodão produzido no estado. Nesta safra, as lavouras de algodão estão ocupando 282 mil hectares na região, contra 293 mil hectares da safra 2007/08. A redução de 3,9% é resultado direto da crise americana detonada em setembro último, que levou muitos produtores de algodão a migrar para commodities com menor custo de produção, como o milho e a soja. A produção também deve sofrer redução, de 3 a 5%, em função, principalmente, do excesso de chuvas no período do plantio, que atrasou o cronograma dos produtores. A expectativa é que sejam colhidas 430 mil toneladas no cerrado da Bahia.


Ao contrário de outras culturas da região, como soja e milho, a maioria dos cotonicultores do Oeste optou por reduzir a área plantada ao invés de diminuir o pacote tecnológico. “O algodão não nos dá outra alternativa. Quem persistiu na atividade sabe que não se produz algodão sem tecnologia, e que os fertilizantes e a escolha de boas variedades são a espinha dorsal dessa cultura”, diz o presidente da Abapa, João Carlos Jacobsen. O executivo explica que a matriz produtiva diversificada dos produtores do Oeste permite o balanceamento das lavouras nas propriedades. Pode-se aumentar a área de soja e milho, por exemplo, commodities com custos relativamente mais baixos, e reduzir as áreas de algodão.

 

Dois fatores amenizaram o impacto da crise na área plantada. A expressiva aquisição de terras de duas empresas na região, que, somadas, representam cerca de 20 mil hectares a mais de lavouras algodoeiras e a confiança do produtor no apoio do Governo Federal à comercialização.

 

 

“O Pepro é uma segurança para o produtor, e o ministro Reinhold Stephanes tem sido um grande parceiro. Ele, melhor que ninguém, sabe que o Brasil depende da agricultura e estamos enfrentando grandes obstáculos neste momento”, afirma Jacobsen.

 

Esperança

 

Fertilizantes, combustíveis e mão-de-obra foram as variáveis mais influentes nos altos custos de produção do algodão nesta safra. Os fertilizantes chegaram a custar duas vezes mais que na safra anterior (2007/08). Em contrapartida, os preços do produto estão cerca de metade dos registrados antes de setembro, saindo de 80 centavos de dólar por libra-peso para 45 centavos de dólar por libra-peso. Ainda assim, João Carlos Jacobsen mantém o otimismo. “Os preços devem melhorar até o início da colheita”, acredita. Segundo a Abapa, no Oeste da Bahia, cerca de 36% da produção desta safra já foram comercializados e os produtores podem diminuir os prejuízos na comercialização do restante.

 

“No primeiro momento da crise, pensamos que os problemas seriam maiores por falta de comprador. Mas isso não aconteceu. A sede de consumo não acabou. Ela mudou de perfil. O consumidor pensa duas vezes antes de comprar um carro, ou um eletrodoméstico caro, mas não resiste a uma camisa, a um lençol. Da mesma forma, ninguém deixa de comprar comida. A diminuição das compras é mais resultado da apreensão, da insegurança, que da falta de recursos de fato”, diz.

 

Para que a cultura do algodão se sustente também na próxima safra, a Abapa conta com a manutenção do apoio do Governo. “Mas o produtor também tem de se ajudar, honrando seus compromissos, mantendo a credibilidade, administrando bem suas dificuldades e avaliando tecnicamente suas lavouras para garantir a boa produtividade”, conclui.


Fonte: Abapa

Fonte: Abapa

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