Falta de chuva frustra a safrinha de algodão
A colheita de algodão no Brasil começou com uma perspectiva boa e outra ruim. A positiva é que a safra principal deve ter produtividade elevada, acima da temporada passada. A ruim é que a safrinha, que responde por 38% do cultivo total no Brasil, não recebeu as chuva esperadas e deve ter redução de, pelo menos, 20% na produtividade. No fim das contas, a oferta brasileira da pluma deve continuar apertada em relação à demanda.
Haroldo Cunha, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), diz que a produção da pluma será de 1,274 milhões de toneladas, ante as 1,27 milhão da safra passada. O volume poderia ter superado os 1,3 milhão de toneladas não fosse o excesso de otimismo do produtor que cultivou a segunda safra e o adensado fora da "janela" de plantio indicada e não teve a ajuda do clima.
A quebra da segunda safra, cuja área foi de 250 mil hectares, vai ser de, no mínimo, 20%, segundo Cunha. "Não temos ainda uma média geral, pois há áreas que perderam tudo, outras, tiveram 'apenas' 20% de quebra", diz. No caso do adensado, que foi de 75 mil hectares neste ciclo, o prejuízo, segundo Cunha, será de pelo menos de 30%.
Conforme o presidente da Abrapa, uma parte da segunda safra e da de algodão adensado foi cultivada fora da época correta de plantio. Ele explica que o ideal é que a safrinha seja plantada até o dia 20 de janeiro e o adensado, até 10 de fevereiro. "Mas há relatos de produtores que plantaram até o fim de fevereiro e, alguns, até no começo de março. Muitos acreditaram que não ia parar de chover".
Ele pondera que o problema deste ano não deve resultar em área menor de safrinha ou adensado nas safras que virão. "O que vai ocorrer é um ajuste na janela de plantio". Isso porque, mesmo com a quebra, a margem da safrinha ainda está no azul. O mesmo não se pode dizer do adensado. "Em algumas áreas, sequer compensa colher o adensado".
O Estado mais afetado deve ser Mato Grosso, que tem 233 mil hectares do total de 250 mil hectares de safrinha cultivados no Brasil e 52 mil hectares de adensado. A colheita começou por volta de 5 de maio. A cultura de segunda safra e o adensado foram prejudicados porque precisavam de, pelo menos, três boas chuvas (20 milímetros) em abril, o que não ocorre na maior parte das regiões, segundo Cunha.
Com uma produção de 1,274 milhão de toneladas de pluma, o Brasil terá uma oferta apertada. O mercado interno, segundo a Abrapa, consome 950 mil toneladas de algodão. Os contratos externos devem ficar entre 350 mil e 400 mil toneladas, mas, parte deles tem cláusula que permite às tradings redirecionarem o produto ao mercado interno, caso os preços estejam mais convidativos. De olho nessa escassez, as indústrias importaram até abril mais algodão do que no ano passado.
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