Variação cambial gera prejuízos ao produtor de algodão
Esta antecipação das vendas no mercado externo, além de ser uma garantia para os empresários, é também uma exigência dos fornecedores de insumos para disponibilizar crédito e comercializar fertilizantes e defensivos. O produtor da região Sul doEstado, Alexandre De Marco, explica que as vendas futuras no mercado internacional asseguram a comercialização do que será investido e ainda previne de possíveis perdas. "Os fornecedores fazem exigências também como uma forma de evitar que os clientes fiquem reféns das oscilações do mercado, como valorizações ou de desvalorizações em virtude de câmbio ou perdas de produção".
O presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Gilson Pinesso, afirma que atualmente os preços na bolsa estão por volta de US$ 65 a arroba, mas que esta valorização internacional só é lucrativa quando o dólar é cotado acima de R$ 1,70. "Fizemos nosso planejamento com o dólar em R$ 1,75, com as quedas que tiveram, a receita do produtor na próxima safra estava comprometida. Foi muito importante a intervenção do governo federal para conter a valorização do real frente à moeda estrangeira". Os investimentos a serem feitos para as safras seguintes são de acordo com a previsão de rentabilidade da safra anterior. Ou seja, se um investimento não tem o retorno previsto compromete os demais.
Para o ano que vem, a previsão é que Mato Grosso, maior produtor de algodão do país, produza 750 mil toneladas da fibra em uma área de 540 mil hectares. A safra 09/10 tinha uma expectativa de 650 mil (t), porém, com a quebra de 25% influenciada pelo clima, apenas 480 mil (t) foram colhidas. Alexandre De Marco lembra o ocorrido, ressaltando a dificuldade de assegurar o volume de produção. "Prevíamos uma quantidade e fomos pegos de surpresa com a redução. E foi justamente isso que desencadeou está alta no preço interno e externo".
Custo de Produção - Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado nesta quinta-feira (28) mostra o custo da produção do algodão no Estado no valor médio de R$ 4.885,99, sendo que a região Sudeste a tem os maiores custos, calculados em R$ 5.135,97. O valor médio está 15% superior ao levantado pelo Imea há um ano, quando o custo era de R$ 4.264,29. Com relação ao milho, a elevação dos preços foi menor, sendo de 3,4% para a produção de baixa tecnologia que em 1 ano saltou de R$ 814,78 para R$ 843,09. A cultura com uso de média tecnologia variou 3,1% neste período de R$ 1.054,92 em outubro do ano passado passou para R$ 1.087,80. A alta de tecnologia variou apenas 1,4% e os custos foram fechados em R$ 1.224,49.