Algodão: Diante de preços recordes, momento é de euforia no MT
Mas nem todos vão poder se beneficiar desse bom momento. Levantamento da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) aponta que 60% de toda a safra de algodão no Estado (cerca de 540 mil toneladas) já está vendida. E, desse total, 50% dos contratos foram negociados ao peço de US$ 0,75/libra-peso, o que ainda chega a ser remunerador para o produtor.
“Estamos vivendo um momento muito especial. Esperamos que este cenário perdure por um longo tempo”, afirma o presidente recém empossado da Ampa, Carlos Augustin, lembrando a volatilidade dos preços da commodity nos últimos anos e a baixa do dólar. “Para se ter uma idéia, nas últimas safras tivemos preços do algodão variando entre US$ 0,30 e US$ 1,20 e, o dólar, entre R$ 3,50 e R$ 1,60. O risco ainda é muito grande”.
A opinião é endossada pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o produtor mato-grossense Sérgio De Marco, descartando qualquer aplicação nos próximos meses, alegando que a volatilidade dos preços não traz segurança aos cotonicultores de que a procura pela fibra continuará forte como agora. Para ele, as perspectivas de investimentos apenas serão feitas a partir de julho, quando a produção, que está começando a ser plantada em dezembro, estiver encerrada.
Do total de 1,8 milhão de toneladas de pluma no Brasil – produção estimada pelo Conab para o próximo ano - cerca de 1 milhão já foi vendido. A maior parte - perto de 700 mil toneladas - foi comercializada ao preço de US$ 0,75 por libra-peso. Aproximadamente 300 mil toneladas, a US$ 1/libra-peso. As vendas foram feitas em um momento em que os cotonicultores acreditavam ser esse já um preço bastante compensador. Mas, atualmente, o algodão está sendo vendido ao dobro desse valor no mercado internacional. Mato Grosso, maior produtor nacional da fibra ofertará 51% do volume nacional, contra 48% na safra passada (08/09).
O extraordinário avanço se deu, basicamente, devido à queda da produção e ao aumento da demanda para a fabricação de roupas. China e Índia respondem pela maior demanda da fibra. “Os preços realmente são fantásticos e o produtor tem de tirar proveito deste momento”, afirma o conselheiro consultivo da Ampa, João Luiz Ribas Pessa, lembrando que a produção não respondeu ao aumento do consumo.
Na avaliação de Carlos Augustin, a situação foi motivada pela decisão dos países emergentes em distribuir melhor suas riquezas, favorecendo o consumo das classes sociais mais baixas e gerando maior demanda por alimentos e roupas. “Foi o bastante para os estoques mundiais ficarem reduzidos”, salientou.
RENTABILIDADE – Os custos de produção do algodão ainda continuam elevados – cerca de US$ 2,2 mil por hectare. “Será o melhor ano para a história da cotonicultura brasileira”, afirma Augustin, lembrando que o mercado – tanto interno quanto externo – deverá se manter aquecido porque a matéria-prima continuará em falta. “O momento é de euforia, sim, mas precisamos ficar atentos aos movimentos do mercado para nada dar errado. Só não será melhor pela fragilidade do dólar”, diz o produtor mato-grossense Celso Griesang.