Nova Aralco consegue liminar e já está distribuindo etanol direto aos postos

Publicado em 29/05/2018 10:25

As quatro unidades da Nova Aralco, na região de Araçatuba (SP) obtiveram liminar para venda direta de etanol hidratado aos posto e há cerca de duas horas começaram a distribuição. O grupo, contudo, ainda não detalhou número de cidades, quantidade de postos e tamanho da frota, se escoltada ou não. A empresa entrou com uma ação conta a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a 1ª Vara Cível Federal de São Paulo acatou o pedido.

Na manhã desta terça (29) até 15hs a empresa ainda estava estudando a melhor estratégia para sair para o mercado varejista.

A ação da empresa e o acatamento do pedido na primeira instância põe pressão sobre o governo e a ANP, que só liberam a venda ao varejo desde que as empresas montem redes de distribuição, no momento no qual se intensifica o movimento do setor produtivo de biocombustíveis no País para que mudem as regras estabelecidas.

Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar Pernambuco, um dos mais críticos, disse há pouco ao Notícias Agrícolas que ele e outras lideranças nacionais estão em Brasília na manhã desta terça (29), ao menos para que haja uma flexibilização emergencial. “Agora é o momento, não há mais o que esperar para mudar esse modelo”, disse Cunha, que sempre defendeu essa liberdade de venda direta para baratear o etanol na bomba, já que eliminaria a distribuição e o “passeio do biocombustível”.

No despacho da 1ª Vara Federal de São Paulo à Nova Aralco, foi destacado que a “impetrante (Figueira Indústria e Comércio, CNPJ do grupo) tem razão ao afirmar que é notório que há um verdadeiro caos no País (...), bem como deveria ser facilitada a distribuição de combustíveis”.

Ao deferir o pedido de liminar, a primeira instância ainda completa “determinar à autoridade impetrada (ANP) que se abstenha de aplicar qualquer penalidade decorrente das normas descritas”.

Deputado propõe fim da intermediação do etanol (em O Antagonista)

Mendonça Filho, que deixou o Ministério da Educação e voltou à Câmara para se candidatar em outubro, apresentou um projeto de lei que libera a venda direta do etanol hidratado das usinas para os postos de combustíveis.

“Não faz sentido a legislação brasileira obrigar intermediação das distribuidoras, que hoje detém o monopólio da compra e venda do álcool”, disse o deputado.

Segundo ele, a medida poderá representar uma redução de até 10% do preço final.

Unica defende o RenovaBio

A presidente daUnica, Elizabeth Farina, afirmou há pouco que oetanolcontribui para reduzir o preço dagasolina, e que sua contribuição será ainda mais firme como a implementação total doRenova Bio, o programa do governo que incentiva o uso decombustíveis renováveis. Ela pediu aos parlamentares que participam agora da Comissão Geral que ocorre no plenário da Câmara dos Deputados que não desmantelem a "arquitetura tributária" que tornou o etanol competitivo e permitiu seu desenvolvimento. Autor do requerimento que originou a reunião, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) avaliou que o comércio de combustíveis sofre com uma “concorrência imperfeita.”(Lu Aiko Otta,ESTADÃO).

O fim da era diesel, por MARCELO LEITE, na FOLHA

No caminho de Bento Gonçalves para Porto Alegre no fim de semana, perto de Novo Hamburgo um bloqueio de caminhoneirospedia preço tabelado para o diesel e intervenção militar já. As reivindicações não poderiam ser mais retrógradas, sobretudo em comparação com a Hamburgo original, na Alemanha.

Nesta quinta-feira (31) 214 mil veículos movidos a esse combustível serão banidos de duas avenidas importantes da cidade portuária alemã. São caminhões, ônibus e carros a diesel mais velhos, os 2/3 da frota desse tipo na cidade que poluem o ar acima de padrões mais exigentes.

A fração diesel extraída do petróleo é um combustível muito eficiente, que não exige a produção de faíscas por velas para entrar em combustão, principal diferença entre motores do ciclo Diesel e Otto (gasolina e etanol).

A queima do diesel, no entanto, tem a desvantagem de emitir grande quantidade de compostos de nitrogênio (NOx) e enxofre (SOx), que causam danos à saúde humana e ambiental. No centro dos problemas está o material particulado fino (PM2,5), que penetra fundo em nossos pulmões.

A União Europeia fixou um limite de 40 microgramas de enxofre por metro cúbico no ar das cidades, e Hamburgo está entre as 80 cidades alemãs que não conseguem cumprir tal padrão. Parece provável que outros municípios do país e do continente a sigam nas restrições ao diesel.

O assunto tornou-se particularmente sensível depois do chamado Dieselgate, escândalo de fraudes na medição das emissões de motores que pôs a Volkswagen na berlinda e logo engolfou a indústria automobilística na Europa e nos Estados Unidos.

Só a VW está desembolsando US$ 25 bilhões em multas nos EUA. Um engenheiro seu naquele país, Oliver Schmidt, foi sentenciado a sete anos de prisão pelo papel no engodo que fazia motores testados em bancada produzirem menos emissões do que nas condições de rodagem.

 A Toyota anunciou que vai abandonar neste ano o mercado de motores a diesel na Europa. A Nissan divulgou que vai pelo mesmo caminho nos próximos anos.

Não é só a poluição do ar que condena o futuro do diesel. Assim como outros combustíveis fósseis (carvão, gasolina, gás natural) cuja queima produz gases do efeito estufa, ele também está na mira das metas para redução de emissões fixadas pelo Acordo de Paris (2015) contra o aquecimento global.

A saída para combater uma perigosa mudança do clima, no médio e longo prazos, está na eletrificação da frota, que avança a passos rápidos na Europa. Enquanto as vendas de carros a diesel caíam 17% no primeiro trimestre deste ano no continente, as de veículos elétricos aumentaram 25%.

Estados Unidos e Brasil, felizmente, nunca aderiram ao frenesi europeu com carros de passeio a diesel (à parte o fascínio com pseudo-utilitários de luxo, os SUVs), agora em queda livre. Mas ambos se tornaram dependentes dos caminhões.

Cerca de dois terços das cargas entre EUA, México e Canadá circulam por esse modal. Uma proporção similar à do Brasil, onde a Confederação Nacional de Transportes (CNT) estima que 60% do movimento se faz por rodovias.

Deu no que deu. Filhos e netos de caminhoneiros viciados em diesel, no entanto, terão muito mais com que se preocupar, no futuro, além do preço na bomba.(por Marcelo Leite,  repórter especial da Folha). 

Por: Giovanni Lorenzon
Fonte: Notícias Agrícolas/O Antagonista

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