Sem margem da distribuidora, etanol poderia ficar até 15% mais barato na bomba

Publicado em 01/06/2018 15:37

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Uma forma de diminuir consideravelmente os preços dos combustiveis no Brasil seria liberar a distribuição direta do Etanol aos postos de abastecimentos. Um exemplo é a  usina da Coaf, de Pernambuco, que  tem um crédito presumido do ICMS no Estado pernambucano de 18,5%, portanto paga ao governo do estado apenas 4%. Se estivesse autorizada a vender etanol direto aos postos já estaria carregando menos custos às bombas locais. Esse é só um exemplo de uma situação real da qual o consumidor poderia se beneficiar de um combustível mais barato e reverter na forma de aumento de demanda para produtor, que possivelmente com mais mercado produziria mais.

Mas como  isso não acontece, a Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, que encampou a massa falida da Cruangi em 2015, entrega o etanol para as distribuidoras, que o leva para a tancagem em Suape, 100 km de Timbaúba (Zona da Mata Norte), para depois ser vendido no varejo.

-- “Esse passeio não é concebível,  especialmente depois dessa greve dos caminhoneiros, quando vimos o colapso do sistema, e ainda assim há resistências contra a nossa defesa de venda direta aos postos”, argumenta Alexandre Lima, presidente da cooperativa, com 315 produtores.

"Etanol turista", como é jocosamente classifcada a viagem do produto extraído da cana.

Extinta a exigência de que as unidades produtoras estabeleçam redes de distribuição, não haveria perda de arrecadação aos governos, já que o PIS/Cofins e ICMS continuariam sendo recolhidos. Haveria apenas um intermediário a menos, cuja margem vai de 10 a 15%, a depender da região. “Margem sempre maior que das usinas, que muitas vezes vende abaixo do valor de mercado nas safras”, lembra o presidente da Coaf, igualmente presidente da AFCP (fornecedores de cana de Pernambuco) e da Feplana (federação nacional).

A conta é aritmética: 10 a 15% a menos no preço final para os brasileiros que têm carros flex e gostariam de rodar mais com etanol.

O grupo Nova Aralco, de Araçatuba (SP), com quatro unidades, conseguiu uma liminar esses dias garantindo a venda direta para os postos da região, mas a Agência Nacional do Petróleo (ANP) deverá recorrer até que a situação geral do País se normalize. A empresa, que havia anunciado ao Notícias Agrícolas o deferimento da liminar, não quer se pronunciar mais, inclusive dando números das operações. Apenas garantiu que está a todo vapor, através da assessoria da direção.

“A pressão contra é muito grande, briga da David contra Golias”, diz Lima, lembrando das grandes distribuidoras (Raízen, Petrobras e Ipiranga), e o comodismo do governo e da ANP, já que, segundo ele, para os duas entidades govrnamentais é mais fácil fiscalizar poucos, do que muitos – no caso, as usinas. O interesse dos governos federal e estaduais na arrecadação de impostos e a agência reguladora em questões como qualidade do etanol, por exemplo.

Com apoio generalizado no Nordeste, muito maior que no Sudeste, a pressão feita junto ao governo e à ANP - como inclusive já defendeu aqui no Notícias Agrícolas o presidente do Sindaçúcar PE, Renato Cunha, e Edmundo Barbosa, do Sindálcool PB -, agora tem apoio constitucional do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), até há pouco Ministro da Educação, que abriu projeto de lei propondo a venda direta de etanol às redes varejistas.

Mas para Alexandre Lima a tarefa é árdua. Até dias atrás, o deputado JHC (PSB –Al) tinha um Projeto de Decreto Legislativo que se votado e aprovado, imediatamente a ANP teria que abrir da exigência e não teria como o Executivo vetar. “Mas Rodrigo Maia (DEM-RJ e presidente da Câmara), que apoiava, engavetou”, lamenta o produtor pernambucano. E engavetado por presidente da Câmara, ninguém mais o desengaveta, somente o próprio, cumpre reforçar.

“Tem até gente dizendo que se vendermos direto acaba o RenovaBio”, mostra o empresário. Outra rematada inverdade, porque simplesmente os postos passam a ser detentores dos CBios, os certificados que garantem o retorno financeiro ao sistema gerador de biocombustível que está na raiz do novo programa nacional para o setor, que deverá entrar em vigor em 2020.

Enquanto mais esse desafio a um setor produtivo do agronegócio brasileiro está sendo debatido, a Coaf vai para sua quarta safra, a partir de agosto, depois de duas fracas e a última melhor, quando produziu em torno de 43 milhões de litros de etanol (não produziu açúcar) extraídos de aproximadamente 700 mil toneladas. Vai sair melhor na próxima.

E faturou R$ 95 milhões com a comercialização do bicombustível e deve ir para a próxima temporada esperando R$ 115 milhões. E poderia ser mais, se vendesse direto aos postos, enquanto a diretoria estuda entrar também com liminar na ANP, caso o órgão não abra o mercado de vez, como adverte seu presidente.

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Por:
Giovanni Lorenzon
Fonte:
Notícias Agrícolas

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5 comentários

  • Tiago Silva Potim - SP

    Mesmo assim o melhor protesto que o povo pode fazer é ir na bomba e abastecer somente etanol ! como consequência a falta do etanol, o preço vai subir por demanda, é normal , porém se continuar abastecendo somente etanol o produtor vai sim aumentar sua produção para suprir esta falta! mas se este tipo de protesto continua vai ocorrer falta de lucro nos caixas da Petrobras pois milhões de litros não são vendidos, aonde o próximo passo sera o governo aumentar os imposto no etanol para compensar esta falta de lucro , porem a gasolina tem validade o que aconteceria com milhões de litros estocados vencendo e mais alguns milhões nos posto vencendo também, vai desencadear um colapso no governo e na Petrobras aonde o próximo passo é o governo baixar a gasolina radicalmente , mesmo assim, sei que é difícil se continuar abastecendo apenas com etanol vai faltar , mas mostra que este tipo de protesto dará força as usina de etanol que passara investir mas na cana e no milho pois esta produção irá dobrar para suprir tal falta aonde ocorre o fortalecimento do setor do álcool e surgirá o único setor capaz de concorrer com a Petrobras tendo mais poder para gesticular na politica e no mercado as regras, pois o monopólio de apenas uma unica empresa ditando as regra vai cair !! e para os carros a gasolina, apenas tentem economizar o máximo, sei que e difícil mas se isso acontecer mostra que o povo sabe boicotar e sabe dar força a quem precisa ! mas acho difícil pois como o cenário mostra, independentemente, o povo prefere abastecer com gasolina mesmo se o litro dela estiver 5 ou 6 até mesmo 10 reais do que abastecer com etanol custando menos , isso é questão de cultura, a gasolina é melhor que etanol e sempre vou abastecer independentemente do seu preço, por isso as coisas estão assim ,por que a população quer assim .

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Tiago, as plantas que produzem álcool não têm tanta elasticidade na produção, o mesmo ocorre com as plantas que produzem açúcar e álcool. Ou seja, para que as mesmas aumentem a produção, necessita mais matéria prima (cana-de-açúcar), no caso se quiser alternar com o milho é necessário o investimento em maquinário que vai "preparar" o milho, fazendo que este se transforme em açúcares, pois é essa a matéria-prima da usina de transformação (Açúcar ... EM ...Álcool)... São as leveduras nas dornas de fermentação que fazem essa transformação, o restante da indústria é extrativa, ou seja, a destilação separa o álcool da água do vinho, que é o mosto (garapa) fermentado.

      O que vai ocorrer é a Petrobrás exportar gasolina e importar o álcool dos EUA, como tem ocorrido por vários anos na entre-safra do Sul/Sudeste.

      A produção de álcool de milho dos EUA, está na casa dos 18 Bilhões de litros/ano e, o Brasil não chegou a esse número, apesar de todos os barulhos dos governos em tornar o etanol uma commodity. Lembra da vinda do Bush ao Brasil em 2007? ... Pois é, ainda dá para escutar o barulho dos tambores... &... A QUEBRA DAQUELES QUE ACREDITARAM !!!

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  • Carlos Roberto Manceira Manceira Ibiá - MG

    LINHA DIRETA JÁ FOI ABERTA , NÃO VAMOS ABRIR MÃO , VENDA DE Álcool SEM PASSAR PELA PETROBRAS

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  • elcio sakai vianópolis - GO

    vocês acham que a Petrobras aceitaria perder seu monopólio???, lembro uma situação de alguns anos atras, que um senador da republica atual, foi visitar o presidente da Petrobras e só saiu de sua sala com uma venda de Álcool num valor muito acima do praticado no mercado. Noticia esta que foi noticiada nos nossos meios de comunicação. Portanto, sendo o governo o dono da Petrobras (a Petrobras não é do povo, na verdade é dos políticos que estão no poder), jamais abriria uma linha direta entre a usina e os postos de abastecimento..., se abrisse, a livre concorrência baixaria o preço ao consumidor e ela não teria como justificar o preço que cobra na mistura de nossa gasolina batizada... A Petrobras é uma empresa que tem margens elevadíssimas nos seus produtos, tanto que hoje é mais barato importar gasolina dos outros países do que refinar aqui mesmo. Já ouvi comentários que os postos de combustíveis só não importam mais combustíveis com medo de retaliação da Petrobras, porque numa hora que houver uma desvalorização muito grande no nosso real em relação ao dolar, a Petrobras pode cortar o abastecimento desses postos.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Exatamente Sr. Elcio, parabéns pelo comentário.

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Não é só a economia "da margem" da Distribuidora que reduziria o preço do etanol, mas principalmente o passeio que é obrigado a dar da Usina para a Distribuidora, e da Distribuidora para o Posto da cidade da Usina... Já basta o passeio do Álcool Anidro que é misturada na gasolina, obviamente num Terminal apropriado.

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  • Cassiano aozane Vila nova do sul - RS

    Buenas, é toda uma cadeia predatória em cima de quem produz e espoliatória de quem consome, conheci produtor de feijão que empacotava na fazenda e entregava direto nos mercados locais com marca própria e caçaram tanto que um dia ele caiu no peso de 1030 gramas, alegaram sonegação fiscal nos 30 gramas ,teve que desempacotar todo lote e matar uma baita multa. Os atravessadores sugam quem produz e quem consome.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Essa é a mais dura realidade a qual o povo brasileiro está submetido. Parabéns Sr. Cassiano.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Agora que liberaram queijo e linguiça , temos que batalhar pelo feijao... Nao vai ser facil porque ha muita gente querendo atrapalhar... Mas sempre que possivel devemos eliminar o atravessador, porque o produto e' nosso...

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