Biodiesel sai à caça de novas matérias-primas para crescer

Publicado em 01/02/2010 09:57 e atualizado em 01/02/2010 11:36

O avanço do biodiesel no Brasil deve impulsionar o apoio a pesquisas de novas matérias-primas para a ampliação do abastecimento no País. Segundo José Manuel Cabral de Sousa Dias, chefe adjunto de Comunicação e Negócios de Agroenergia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o assunto é prioridade no governo federal. O potencial de produção de óleo das plantas em estudo - macaúba, inajá, pinhão manso e tucumã - pode ultrapassar em até 793% o produto oriundo da soja, que atualmente responde por 85% da produção de biodiesel do País, de acordo com Dias. Em seguida aparecem sebo bovino, algodão e mamona.

Levantamento do Mapa aponta que a soja rende, em média, 560 quilos de óleo por hectare e o pinhão manso 1,9 mil. Já o dendê e a macaúba, nos números da Embrapa, podem atingir 5 mil. "O Brasil é um dos poucos países que tem matéria-prima em diferentes regiões. O que oferece segurança biológica maior", disse Dias.

Para Miguel Biegai, analista de bioenergia da Safras & Mercado, a soja como fonte de biodiesel, além da baixa produtividade, da competitividade com o setor de alimentos e da necessidade de plantio anual, não é interessante para as usinas por se tratar de uma commodity.

Ainda de acordo com Dias, editais de apoio a pequenos projetos já foram aprovados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) executa, este ano, uma linha de pesquisa das culturas das oleaginosas tucumã e inajá. Uma parceria da Embrapa com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) desenvolve estudos para melhorar a prospecção de informações acerca da palmeira macaúba. Outro trabalho é desenvolvido pela Embrapa em conjunto com a Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão Manso (ABPPM) na implantação de seis unidades de observação da cultura nos estados do Maranhão, Mato Grosso, Pará en de Minas Gerais. A semeadura sincronizada para a produção de mudas foi realizada no último dia 27.

"A tendência tanto do governo quanto da iniciativa privada é incentivar cada vez mais estudos de culturas que possuem maior potencial de produção de óleo por hectare", afirma Dias.

A evolução do biodiesel brasileiro, segundo Dias, foi intensa nos últimos tempos. "Há cinco anos, não tínhamos quase nada, hoje, está em prática o B5 (mistura de 5% de biodiesel em diesel) e estima-se para 2010 uma produção de dois bilhões de litros. É muita coisa", considera.

Biegai explicou que a palma (dendê) é a mais pesquisada até agora, pois já existiam estudos avançados na Malásia e Indonésia que serviram como fonte de conhecimento para o Brasil. A macaúba, que leva de cinco a sete anos para começar a produzir óleo e depois se torna perene, com manutenção de baixo custo, e o pinhão manso, que pode produzir em dois anos e apesar de ter liberada a comercialização de sementes, de acordo com o analista ainda necessitam de mais estudos sobre pragas, linhagem ideal e período de colheita.

Dias informou que as sementes do pinhão são importadas da Índia por empresas particulares e que o manejo, o solo e o clima diferentes, aqui, no Brasil muitas vezes não proporcionam ao produtor o resultado esperado. "Ainda não temos dados sobre as necessidades de adubos e fertilizantes."

Em 2009, a Vale, deu seu primeiro passo em busca do óleo de palma como matéria-prima para o biodiesel. Uma parceria da usina com a Biopalma da Amazônia espera obter a matriz energética a partir de 2014. O investimento total previsto para obtenção estimada de 500 mil toneladas, por ano, do combustível é de US$ 500 milhões, destes US$ 305 milhões serão injetados pela Vale. O objetivo é abastecer as 216 locomotivas do Sistema Norte. A colheita dos primeiros frutos e a produção de óleo deve começar em 2011.

A Brasil Ecodiesel segue o mesmo rumo com pinhão manso: a empresa pesquisa e desenvolve a cultura no nordeste, norte e em Minas Gerais. Além de possuir três laboratórios de certificação no Ceará, Rio Grande do Sul e em Tocantins. Segundo Biegai, o setor aguarda para fevereiro anúncio sobre o preço referência do litro. O último foi fixado em R$ 2,35.

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Fonte:
DCI

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3 comentários

  • David Navarro Apucarana - PR

    Pensar em BIODIESEL sem escala de produção (Matéria prima e Unidades Fabris) é puro sonho, concordo em genero número e grau com Sr. Telmo Heinen, com um esclarecimento o ÓLEO de SOJA, é sub-produto na cadeia de produção da soja o que estimula a escala de produção da soja é a demanda mundial por " PROTEÍNA VEGETAL " vulgo FARELO, se não houvesse essa demanda nem óleo nem Lecetina teriam suporte de volume e preços para estimular a evolução da produção de soja como ocorreu ao longo de 30 anos.

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  • Climaco Cézar de Souza Taguatinga - DF

    Sei não, depois de minha recente viagem a India em Conferência sobre biocombustíveis estou vendo que precisaremos ser bem mais humildes e estudar mais. Além de pinhão-manso adubado altamente produtivo, com até 3 metros de altura e reproduzido por gemas clonais e não sementes(cultivo em Costa Rica) e também de produção de biodiesel a partir de lixo orgânico, esgotos e até pneus (petroalgea e outras dos EUA) percebo que muitas mudanças ocorremo rapidamente em pesquisas, melhoramentos e soluções para combustíveis, mas que o Brasil não participa ou não tem interesse. Só fomos 3 do Brasil (eu e mais 01 engenheiro ambiental e 01 quimico) e nada havia de Empresas do Brasil, embora presentes os pesquisadores das maiores empresas de combustíveis e outras interessadas do Mundo (Exxon Mobil, BP, Penzoil, Yanmar Japão, Petroalgae, Rockwel, Nasa, cientistas de toda a Asia e de Berkeley etc). Nesta semana, profirei entrevista acerca no Canal Rural e vou escrever artigo exclusiva para este site.

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    O melhor óleo para se fazer biodiesel é o óleo mais barato. Desde 2005 vendo escrevendo e dizendo isto aos 4 ventos. O embrapiano da reportagem é mais um poeta do assunto. No momento o óleo mais barato que tem é o óleo de soja... por isto ele é o mais usado. Mas barato do que ele, só com produção a partir de culturas PERENES que as nossas "otoridades politicas" não gostam porque leva anos para começar a produzir... Se tivessemos começado plantar em 2006.. já estaríamos chegando lá. Mas com os politicos NUNCA fazem nada tecnicamente lógico, a penúria e o abobalhamento através de jornalistas ignóbeis neste assunto continuarão anos a fio ainda.

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