Numa democracia, lei e ordem são princípios libertadores...

Publicado em 13/01/2012 22:07 e atualizado em 29/08/2013 14:05
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Ao contrário do que anteviu o Estadão, quem recuou foi o MP, não a PM. Ou: Numa democracia, lei e ordem são princípios libertadores

Faça um teste, leitor. Peça a seu amigo e vizinho que proceda da mesma forma. Fora os militantes petistas, que querem usar até os pobres desgraçados do crack na sua luta político-eleitoral, tente encontrar alguém que seja contra a RETOMADA - e não a “ocupação” - da região conhecida como cracolândia. Não existe! As pessoas razoáveis, a esmagadora maioria, são favoráveis ao triunfo da lei e da ordem, que não são reacionárias. Ao contrário: NUMA DEMOCRACIA, LEI E ORDEM SÃO PRINCÍPIOS LIBERTADORES.

Sem eles, a sociedade degringola; temos a luta de todos contra todos, e, acreditem, triunfará sempre o pior. E, claro!, como vimos, membros da Defensoria Pública e do Ministério Público decidiram, infelizmente, se alinhar com a desordem e com a ilegalidade sob o pretexto de proteger os direitos humanos. Saibam, leitores: sempre que alguém decidir que existe uma contradição entre uma área e outra, vocês estão diante de mistificadores, de gente que está disposta a transgredir a lei para, supostamente, fazer justiça. E acabará provocando ainda mais injustiça, mais sofrimento, mais dissabores.

O comando da Polícia Militar se reuniu nesta sexta com representantes do Ministério Público Estadual na sede do órgão. O encontro durou cinco horas. Ao contrário do que previu reportagem do Estadão, não houve recuo nenhum do governo e da Polícia Militar. Se houve mudança de posição, foi do Ministério Público, que, certamente informado do que pensa a maioria dos paulistas e dos paulistanos, resolveu recobrar a razão.

“Não estamos mudando de estratégia. O nosso objetivo é quebrar a logística do tráfico. Até agora, 70 pessoas foram presas por tráfico de drogas, e 37 mandados de prisão, cumpridos. A partir do próximo mês, vamos instalar naquela região três bases de policiamento comunitário para que se mantenha a segurança pública no local”, disse o coronel Álvaro Camilo, comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

É o certo. Prestem agora atenção a esta fala:
“Hoje tivemos dados oficiais que mostraram a verdadeira dimensão da operação. Foi decidido que a PM continuará na Cracolândia. Nunca quisemos que de lá saíssem. A justificativa é de que havia necessidade de atuação por conta dos traficantes.” A fala é de Eduardo Valério, um dos quatro promotores que assinaram a abertura de inquérito civil público para apurar eventuais transgressões legais na apuração. Nota: quem DECIDIU que a PM fica foi o governador Geraldo Alckmin, não o Ministério Público, que não tem poder para isso. Valério disse mais: “Os esclarecimentos mostraram que não foi uma operação do nada. Havia um propósito. A área da saúde nos apresentou dados interessantes”.

É mesmo, é?

Valério e seus três companheiros decidiram abrir o inquérito faz dois dias. Redigiram um libelo acusatório contra a Prefeitura, o governo do Estado e a Polícia Militar. Mais do que isso: concederam uma entrevista coletiva em que, ora vejam!, evidenciava-se a desnecessidade de qualquer investigação. Afinal de contas, assumindo a condição de juízes, já tinham a sentença condenatória.

Os quatro promotores, Valério inclusive, não dispunham dessas informações? Tenham paciência! Ele afirma: “A justificativa [do governo e da polícia] é de que havia necessidade de atuação por conta dos traficantes”. Não me diga! Ele não havia conseguido intuir isso antes?

Valério faz outra afirmação que dá o que pensar: “Ficou acertado que o Ministério Público será informado de cada passo, para evitar o que aconteceu nesta semana, quando não sabíamos de nada por não termos sido informados sobre o que estava acontecendo”. Entendi errado, ou parece que há aí a expressão, ainda que na fase de recuperação, da vaidade ferida? Pergunta óbvia: o Ministério Público foi eleito pelo povo para governar São Paulo? Tudo aquilo de que não é previamente avisado será, então, em princípio, ruim e objeto de inquérito civil? O MP do Estado deu um golpe nas constituições estadual e federal, e só agora somos avisados?

Bem-vindo ao bom senso, promotor Valério! Não serei eu a rejeitá-lo no grupo, claro!, mas sempre digo tudo, ainda que alguns tantos se aborreçam. O senhor tenta me enganar que as informações que conseguiu agora lhe foram antes sonegadas??? Dou-me o direito de não acreditar nisso! Parece-me que Ministério Público, Defensoria Pública, a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e setores da imprensa decidiram encostar o governo do estado e a polícia contra a parede. PERDERAM! PERDERAM PORQUE A POPULAÇÃO DE SÃO PAULO NÃO QUER SER SITIADA PELO CRIME!

Há pelo menos 15 anos a polícia deste estado apanha sistematicamente das mesmas forças organizadas. No período, o número de homicídios no Estado por 100 mil habitantes caiu quase 80%. QUEM SUSTENTOU A AÇÃO DA POLÍCIA NESSE TEMPO FOI O HOMEM COMUM, O CIDADÃO PAGADOR DE IMPOSTOS, NÃO ESSES ENTES QUE, REGIAMENTE PAGOS PELOS PAULISTAS, ATUAM ABERTAMENTE CONTRA SEUS INTERESSES, FLERTANDO CONSTANTEMENTE COM O CRIME SOB O PRETEXTO DE DEFENDER OS DIREITOS HUMANOS. POUCAS COISAS SÃO TÃO HUMANAS QUANTO METER UM TRAFICANTE NA CADEIA, GRANDE OU PEQUENO!

Saibam os homens de bem - sim, eles existem! Quem recuou foi o Ministério Público, não a Polícia Militar ou o governo do Estado.

E ainda temos, sim!, um defensor como Carlos Weis. Ele agora passou a defender que se peça um habeas corpus coletivo preventivo para que a Polícia Militar, calculem!, seja impedida de prender pessoas na Cracolândia. Até as forças que fazem oposição ao governo Alckmin em São Paulo acharam que ele está exagerando.

A população de São Paulo está tendo uma aula e tanto; está aprendendo o que promotores e defensores fazem de seu estupendo salário, pagos justamente por aqueles que ficam sitiados em suas casas, cercados por viciados e traficantes. Eu ainda não entendi por que alguns que se dizem “defensores dos direitos humanos” odeiam tanto o cidadão comum, o indivíduo que trabalha, que estuda, que se esforça para ter uma vida digna e espera do estado que lhe seja garantido ao menos o direito de ir e vir.

Aliás, a defesa desse direito é o mínimo que um leitor pode esperar também da imprensa, não é, Estadão?

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 18:59

Por que o Estadão decidiu liderar a cruzada contra a ação da PM na Cracolândia? Não sei! Mas que, ao menos, o faça com os fatos!

Por que o Estadão decidiu liderar uma espécie de cruzada contra a ação da Polícia Militar na Cracolândia? Não sei! O fato é que a coisa está em curso. Agora, fico com a impressão de que tudo tem de dar errado para que a opção editorial se justifique, mesmo quando dá certo. O jornal já escreveu um editorial confuso a respeito, o que é uma pena - aquela é uma página que costuma ter idéias claras, mesmo quando se discorda delas. A tese de fundo, se pode ser resumida, é a seguinte: até que não haja as condições ideais para a polícia agir, nada pode ser feito. Imaginem se a tese valesse para todos os casos. O Brasil seria o único país do mundo sem polícia repressiva; ela seria sempre preventiva. Esse debate renderia especulações interessantes: um país que precisasse apenas de polícia preventiva seria certamente uma tirania; basta pensar um pouquinho para descobrir por quê. Mas não vou especular sobre motivações. O jornal tem o direito de fazer as suas escolhas, desde que não distorça os fatos.

O Estadão chegou a noticiar em manchete que o governo federal teria pronto um plano para interferir na cracolândia. Até mesmo as funções da Polícia Militar estariam devidamente especificadas. Engraçado! Geraldo Alckmin, governador do Estado, nunca teve acesso à proposta, tampouco a Secretaria de Justiça, a de Segurança ou a Prefeitura de São Paulo. A razão é simples: o governo federal confessou depois que, de fato, não tem plano nenhum. Aquilo só existiu, infelizmente, numa reportagem de Bruno Paes Manso - a menos que a Secretaria Nacional de Direitos Humanos tenha decidido contar seu plano primeiro ao repórter e só depois a Alckmin… Seria um furo e tanto - se existisse…

Volta à carga
Hoje, Manso, em parceria com William Cardoso, volta à carga. Reitero: cada um faça a abordagem que bem entender e pense sobre o fato o que achar melhor. Veículos de comunicação têm o direito, e até o dever, de ter uma linha editorial. A do Estadão, em muitos temas, também é a minha. MAS OS FATOS SÃO OS FATOS SÃO OS FATOS. Seguem Manso e Cardoso em vermelho; comento em azul.

O desgaste da Polícia Militar nos dez primeiros dias de operação na cracolândia levou o comando da corporação a mudar a estratégia de ação na região. Como resultado, mais de 200 consumidores voltaram no fim da tarde de ontem a se aglomerar na Rua Helvétia, a 50 metros do local que concentrava usuários antes do começo da operação. Dezenas fumavam crack ao ar livre. O comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, disse que, ao contrário do que vinha ocorrendo nos primeiros dias de operação, ontem a ordem era não intervir nos aglomerados, mesmo quando estivessem bloqueando a rua.
Infelizmente, a narrativa dos dois jornalistas resolveu jogar o lead no pé, e o que vai relatado acima não corresponde aos fatos. Houve, sim, um aglomerado de viciados na cracolândia, mas tinham sido reunidos por defensores públicos, que resolveram distribuir panfletos listando os “direitos” dos viciados, organizando uma espécie de resistência à ação da polícia. Essa era a notícia. Nunca antes na história do Brasil se viu algo assim. Só por isso os viciados estavam por ali. Não havia mudança de estratégia da polícia coisa nenhuma.
Mais: Manso e Cardoso ou o Estadão - ou todos eles - parecem achar “desgastante” tudo aquilo de que não gostam. Não há desgaste nenhum! Perguntem a qualquer pessoa da rua se ela é contra ou a favor a operação na cracolândia. As ruas até podem estar erradas, mas são elas que decidem o “desgaste” de uma determinada política.

Segundo ele, como as ruas da cracolândia são estreitas e de pouco movimento, não há necessidade de intervenção urgente. “Ali é diferente das Marginais, por exemplo, onde a polícia não pode deixar de atuar se fecharem o trânsito.”
Camilo disse que o plano a partir de agora é conversar e explicar aos usuários que eles não devem impedir o trânsito. Policiais foram orientados a só agir para impedir a ação daqueles que estiverem consumindo drogas em público e prender quem estiver traficando. “São pessoas que estão fragilizadas, que têm o direito de permanecer na rua se não estiverem cometendo nenhum tipo de crime”, disse o comandante-geral.

É mais uma peça do jornalismo que merece uma investigação acadêmica. Vamos ver. A operação sempre pretendeu, olhem que estupendo!, impedir o bloqueio das ruas, inibir o consumo aberto de drogas e prender traficantes. E isso está sendo feito, como todos sabem. Os números o comprovam. Manso e Cardoso, no entanto, dizem que houve uma mudança de estratégia. Ah, é? Qual? A polícia, agora, impede o bloqueio das ruas, inibe o consumo e prende traficantes. Ah, bom!!! Há um esforço brutal para caracterizar o insucesso de uma operação que não está dado pelos fatos.

A tolerância da PM com os aglomerados acabou desinibindo o consumo. Com dezenas de pessoas consumindo crack, sem o apoio do Policiamento de Choque e sem autorização para dar tiros borracha e usar bombas de efeito moral, não havia policial que se arriscasse a entrar no meio dos dependentes à noite para fazer cessar o consumo. “Sabe como eu me senti quando vim trabalhar? Algemada”, afirmou uma policial ao Estado, reclamando dos limites impostos pelo comando.
Isso aconteceu, sim! E se deu justamente no período em que os defensores públicos lideraram “a resistência” à polícia, conforme informei aqui ontem, em primeira mão.  Manso e Cardoso têm certa razão: com a PM impedida de fazer um trabalho mais firme de repressão, é claro que os consumidores se sentem mais à vontade, o que é bom para os traficantes. Sempre que, numa democracia, a polícia encontra limites para fazer seu trabalho LEGAL, quem ganha é o crime. De todo modo, não havia mudança de estratégia nenhuma. Os defensores decidiram liderar o fechamento da rua Helvétia, até que o governador Alckmin avisou: MANDARIA DESOBSTRUIR E PRONTO! Aí eles recuaram.

O agrupamento começou a crescer já por volta das 17 horas. E, pelo menos até a meia-noite, os viciados ainda não haviam sido incomodados pelos policiais. Nesse horário, era possível ver dezenas de brasas de cachimbo queimando em plena rua. E até o chamado “samba da pedra” - roda de pagode de usuários do local - já havia voltado às Ruas Dino Bueno e Barão de Piracicaba. Ao passar pelo local, um morador do bairro comentou em voz alta: “É a vitória dos noias”. Policiais assistiam a tudo de braços cruzados.
Vejam que espetáculo! Manso e o Estadão, críticos contumazes da operação, caracterizam, neste parágrafo, a polícia como omissa e derrotada.

Estado acompanhou a reclamação feita por um motorista de táxi aos policiais de uma viatura estacionada na Rua Dino Bueno. Ele avisava que às 20 horas os consumidores de crack já haviam bloqueado a Rua Helvétia. Duas mulheres e um homem da PM ouviram a reclamação e nada fizeram.
Nas grades da antiga rodoviária, barraquinhas de lona voltaram a ser formadas para abrigar os dependentes de drogas da fina garoa que caía na noite de ontem. O clima era de festa e alguns “noias” passavam gritando, como se celebrassem o retorno ao local.

Reitero: essa manifestação ainda era parte do circo armado pelos doutores da Defensoria.

Segundo os PMs que estavam na região, era importante evitar que os dependentes voltassem aos antigos esconderijos na Dino Bueno. Já na Barão de Piracicaba, 50 metros adiante, a ordem era não intervir. “Se você me disser que há alguém fumando e fizer essa denúncia, eu vou lá e prendo”, disse um sargento da PM quando a reportagem perguntou por que eles não estavam abordando os usuários.
Sempre destacando que repórteres e jornal já se manifestaram contra a ação da polícia, que fique claro!

Motivos
Autoridades culpavam principalmente os defensores públicos pela dificuldade de atuar na cracolândia. O secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, por exemplo, reclamou que grupos de defensores públicos passaram o dia incentivando consumidores de crack a permanecer no local. “Alguns são meus amigos, mas eles estão exagerando e dificultando o trabalho da PM”, criticou.
Já Camilo afirmou que no começo da tarde foi informado por policiais de que um grupo de quatro a cinco defensores havia se reunido na Helvétia para conversar com usuários de drogas. E até uma barraquinha teria sido montada para atendê-los, o que a Defensoria nega. Essa conversa com os defensores, segundo o comandante-geral da PM, pode ter sido o motivo do grande reagrupamento de viciados na rua.

Aqui serei um pouquinho mais duro: “Pode ter sido” uma ova! Foi!!! Defensores, liderados por Carlos Weis, estavam lá. Uma barraquinha “não teria sido montada” coisa nenhuma! Foi montada!!! Está tudo devidamente documentado. Lamento: o texto dos repórteres parece uma foto retocada! Repórteres e jornal têm todo o direito de achar que a operação é desastrada. Mas não têm o direito de tratar o fato como boato (a resistência dos defensores e a armação da barraca) e o boato como fato (o inexistente plano do governo federal).

A defensora pública Daniela Skromov, do Núcleo de Direitos Humanos da entidade, afirmou que defensores realmente “dialogaram” com usuários de droga. E explicaram a eles sobre direitos, incluindo o de ir e vir. Policiais também foram procurados para ouvir as mesmas explicações. “Conversamos sobre direitos. Não estamos estimulando ninguém a ficar lá”, disse ela.
Infelizmente, doutora, não é verdade! Se o seu objetivo é outro, então é o caso de conciliar intenção e gesto. Os panfletos distribuídos aos viciados são uma espécie de minimanual de resistência à polícia. Lendo-os, resta evidente a sugestão de que a polícia é uma potencial criminosa, e os viciados, apenas vítimas. O fato de o porte de droga para consumo não ser exatamente um crime não implica que o consumo esteja liberado

Hoje, a pressão sobre a atuação da PM na cracolândia deve continuar. Camilo vai ao Ministério Público conversar com os promotores que na terça-feira abriram inquérito para justamente investigar a operação policial na região.
Depois que os defensores desistiram da “resistência”, os grupos se desfizeram, embora existam sinais de que há pessoas -  é preciso identificar quem são esses agentes -  estimulando a “reocupação” da cracolândia por, como chamarei?, supostos viciados, que já articulam um discurso político. A polícia identificou a presença de um novo público tentando tomar conta da área. Estes seriam, deixem-me procurar as palavras, usuários de drogas conscientes!

Os traficantes aguardam ansiosamente para saber quem vai vencer a parada: a PM ou a Defensoria Pública. Adivinhem para quem eles estão torcendo.

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 17:53

A “coitadinha” da cracolândia tinha 16 mil pedras de crack, uma pistola 380, 3,6 kg de cocaína, 3 kg de maconha e outras porcarias…

Vamos voltar à cracolândia, onde a Defensoria Pública escreve certamente as páginas mais abjetas de sua história. Informei ontem à noite que uma das principais traficantes que operam na área tinha sido presa com 12 mil pedras de crack. Era bem mais do que isso: 16 mil. Para se ter uma idéia do flagelo, é a quantidade, estima-se, que se consumia por lá em um único dia!

Jéssica Helena Martins Silva, de 25 anos, está longe de ser aquela coitadinha do proselitismo vigarista de alguns. Com ela, foram encontrados ainda uma pistola calibre 380,  3,6 quilos de cocaína, 3 quilos de maconha e 5 quilos de outras substâncias, até cafeína, utilizadas na preparação do crack.

Jéssica foi presa em seu carro, um Fiat Siena, em frente à sua casa, na Travessa Araçá de Coroa, na Vila Leme, região da Água Rasa, Zona Leste de São Paulo. Para não despertar suspeitas, ela sempre levava para o “trabalho”  - o seu “direito de ir e vir”, entenderam? - a filha de apenas um ano. Até o começo da manhã de hoje, a operação da PM na cracolândia já havia prendido 70 pessoas; 37 eram foragidas da Justiça.

Entenderam o ponto? Recuperar aquele território significa levar o estado a uma área que abriga bem mais do que desgraçados pelo vício: bandidos condenados se escondem entre os andrajos humanos e contribuem para manter sitiados os moradores da região central.

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 16:55

Uma boa candidata para o PSDB em 2014: Dilma!

No post abaixo, comento as, por assim dizer, relações entre PSDB, ou parte dele, e o PT - ou parte dele. O Globo de ontem trouxe informações significativas. Alberto Goldman, ex-vice-governador de São Paulo e vice-presidente do PSDB, escreveu um texto de análise sobre o governo Dilma para ser assinado pelo partido. A análise passou por uma cirurgia plástica quando submetida à direção nacional, comandada por Sérgio Guerra, sob a supervisão da ala mineira.

Goldman havia classificado o governo Dilma de “medíocre, amorfo e insípido”. Os adjetivos foram vetados. É um sinal de que os tucanos - os que mudaram o texto ao menos - discordam. Acham que o governo Dilma não é medíocre, amorfo ou insípido.

O vice-presidente do PSDB se referiu à gestão da presidente como “nono ano do governo Lula”, numa crítica à sua, segundo ele, falta de identidade política. Nem pensar! Os que mudaram o texto discordaram e devem achar, pois, que a presidente tem, sim, sua própria marca, daí porque rejeitaram também a caracterização, para Dilma, de “fantoche”. Goldman lembrou as palavras da própria petista, segundo quem Palocci, por exemplo, deixou o governo porque quis, e a classificou de “tolerante com a corrupção”. Isso também não passou.

Goldman fez o elenco de insucessos do governo, chamando-os de “constrangedora sucessão de fracassos”. De jeito nenhum! Depois de submetido à linguagem tucanamente correta, o texto identificou  apenas “sérios problemas em diversas áreas”.

Excelente!

Vejam bem: todo mundo tem o direito de achar o que bem entender do governo Dilma, inclusive o PSDB, principal partido de oposição - por enquanto ao menos. O texto de Goldman pode ter sido reescrito ou porque os tucanos realmente não compartilham daquela visão crítica ou porque, o que é até mais provável, acham que é besteira ser duro com um governo popular, ainda que discorde dele.

Eis um problema interessante: se a oposição, mesmo discordando, não discorda nem quando discorda, quem haverá de fazê-lo? Em tese, não será a situação, né? O Brasil, no entanto, é tão, vamos dizer, esquisito, que o PMDB acaba criando mais dificuldades ao governo do que o próprio PSDB… Era assim na gestão Lula.

Depois de tantos cuidados, os tucanos deveriam considerar seriamente a hipótese de uma coligação com Dilma em 2014. O duro vai ser convencer o PT. Se não lhe for permitido malhar o Judas bicudo e de vôo pesado, sobra o quê?

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 15:23

Ai, ai, lá vem aquela conversa de sofá entre PSDB e PT de Minas…

Tudo vai se desenhando para que PSDB e PT continuem amorosamente embolados em Belo Horizonte. Quem dá a liga é Márcio Lacerda, o prefeito do PSB, que concorre à reeleição. Segundo aquela metafísica em que alguns mineiros ainda insistem, oposição é coisa de gente atrasada. Uma parte considerável do PT, o comando, aposta que, estando enlaçado com os tucanos em Minas, diminui o teor de oposicionismo do PSDB, o que é verdade. O PSDB, por sua vez, afirma que, em Minas, conseguiu neutralizar o PT. É aquela situação surrealista em que duas pessoas estabelecem uma parceria para, supostamente, uma anular a outra. O dado engraçado é que ambas cantam vitória.  Quem está certo? Se não me engano, o PT caminha para 12 anos de poder na esfera federal, com chances estupendas de ficar pelo menos 16 e possibilidade razoável de que, com uma oposição como a que temos, não saia de lá nunca mais. Afinal, oposição é coisa de gente atrasada! Se e quando Aécio Neves for o candidato à Presidência da República pelo PSDB em 2014, será interessante indagar por que o PT é um bom parceiro para governar Belo Horizonte, mas ruim para continuar governando o Brasil. Segue texto do Estadão Online.
*
PT pró-Lacerda prepara ato em Belo Horizonte

Por Marcelo Portela:
A ala do PT mineiro favorável a uma coligação com o PSDB em torno da reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), conseguiu uma vitória em cima dos correligionários que defendem a candidatura própria para disputar as eleições de outubro. O grupo pró-Lacerda marcou ato na sede municipal do partido nesta sexta-feira, 13, para apresentar as assinaturas necessárias para que a proposta de apoio ao socialista seja apresentada aos filiados.

A apresentação das assinaturas ocorre dois dias antes do prazo final para a apresentação de propostas para o pleito de outubro, definido pela direção nacional petista em 15 de janeiro para as capitais e cidades acima de 150 mil habitantes. No caso de Belo Horizonte, eram necessárias ao menos 15 assinaturas de integrantes da Executiva local para que a tese seja votada pelos integrantes do partido em 3 de março.

O aval para a apresentação da proposta de apoio é uma vitória sobre o grupo liderado pelo vice-prefeito Roberto Carvalho (PT), que defende candidatura própria e alianças apenas com partidos da base da presidente Dilma Rousseff, sem participação do PSDB, DEM ou PPS. O grupo chegou a fazer um abaixo-assinado que, segundo Carvalho, já tem mais de 2,5 mil assinaturas de filiados, integrantes de movimentos sociais e simpatizantes.

O vice-prefeito, porém, não considera ter sido derrotado e afirmou ser favorável aos debates que vão ocorrer até que as propostas sejam votadas. “Estou impressionado com a adesão maciça (ao abaixo-assinado), apesar da pressão que estão fazendo”, disse Carvalho, que garante não ter participação direta na iniciativa. “Mas o debate tem que ocorrer mesmo. A discussão é válida”, acrescentou Carvalho, que se disse confiante na vitória da proposta de candidatura própria em março.

A aliança em torno de Lacerda é defendida pela direção estadual do PT, com apoio da presidente Dilma, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. O presidente do diretório mineiro do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, ressaltou ainda que a coligação “tem mais força política do que em 2008″. Na ocasião, Pimentel e o então governador Aécio Neves (PSDB) foram os principais articuladores da aliança, que foi rejeitada pelo grupo petista ligado ao ex-ministro Patrus Ananias. “Não conseguimos juntar tanto apoio quanto agora. Até o Patrus é favorável”, disse Lopes.

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 14:57

Primos de Bezerra receberam R$ 1 milhão por terreno

Na VEJA Online:
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ligada ao Ministério da Integração Nacional, pagou 1 milhão de reais pela desapropriação de terras que pertenciam a primos do ministro Fernando Bezerra Coelho, informa reportagem publicada na edição desta sexta-feira do jornal O Estado de S.Paulo.

Os três pagamentos pela compra dos terrenos no interior da Bahia foram feitos em abril de 2011, quando o presidente interino da Codevasf era Clementino de Souza Coelho, irmão do ministro. Coelho foi exonerado do cargo nessa semana, após a denúncia de nepotismo ter vindo à tona. As terras pertenciam a primos de primeiro grau do ministro. Nilo Augusto Moraes Coelho e Silvio Roberto de Moraes Coelho receberam, cada um, 233.619,16 de reais. A empresa Imobiliária de Terrenos Rurais e Urbanos Ltda. (Itrul), que pertence a outros primos do ministro, foi remunerada, com 506.174,86 reais.

Os pagamentos pela desapropriação dos terrenos ocorreram três meses depois de Clementino de Souza Coelho assumir a presidência do órgão interinamente, em janeiro do ano passado. A companhia é subordinada ao Ministério da Integração Nacional, pasta assumida por Fernando Bezerra também em janeiro, após indicação do governador Eduardo Campos (PSB-PE).

De acordo com a Codevasf, os terrenos serão usados para a implementação de um programa de agricultura irrigável no Baixio de Irecê, no Vale do Médio São Francisco. O projeto prevê a irrigação de uma área de 59.375 hectares. Além dos familiares do ministro, há outros beneficiários da desapropriação.

Nilo Bezerra afirmou que sua família adquiriu parte das terras há mais de trinta anos e que falta receber uma parte do pagamento pela desapropriação. Ele argumentou ainda que a decisão do pagamento pelo terreno foi judicial. “Quem mandou pagar não foi o Clementino. Foi um juiz federal de Feira de Santana.”   O outro primo, Rafael de Souza Coelho, representante da Itrul, disse que a desapropriação prejudicou a família, que teve de questionar os valores na Justiça. Ele afirmou ainda não ter proximidade com o ministro nem com o ex-presidente interino da Codevasf.

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 6:21

LEIAM ABAIXO

— Todos os erros na carta de um dos analfabetos prepotentes de Haddad. Ou: Enem já é caso de polícia, não de política!;
— Alckmin avisou a defensores que legalidade democrática seria mantida, e eles desarmaram o circo asqueroso montado na cracolândia;
— Polícia prende uma das maiores traficantes de crack da cudade; em sua casa, havia 12 mil pedras;

— Mais um pouco do embate Mario Sabino-Paulo Coelho. Tem um quê de divertido!;
— Um senador petista e a verdade como categoria inútil;
— Coaf aponta operações atípicas de R$ 855 milhões de juízes e servidores;

— Exploração dos desgraçados - Defensores cercam rua, armam tenda e tentam, na prática, recriar a cracolândia com um grupo de viciados, que estão consumindo crack; uma das defensoras levava no bolso convite para churrasco no local;
— A vingança tardia do “mago”. Ou: Seja fiel aos amigos, mas preserve a literatura!;
— Para o governo federal, homem comum é bandido. Vai ver o bandido é um santo…;
— Adivinhem! Há muito mais homicídios nos estados que prendem menos bandidos;
— Hora de reagir: O Enem se transformou no maior vestibular do mundo, orientado por critérios ideológicos e gerido por incompetentes;
— Corretor do Enem desabafa: “Vejo meu trabalho ir por água abaixo”

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 6:09

Todos os erros na carta de um dos analfabetos prepotentes de Haddad. Ou: Enem já é caso de polícia, não de política!

Quem vai dar umas chicotadas em praça pública em Fernando Haddad, o ministro da falta de educação brasileira? Daqui a pouco, vocês lerão uma carta enviada pela organização do Enem a um aluno que contestou a sua nota de redação. Verão do que é capaz a arrogância burocrática quando somada à incompetência e ao analfabetismo propositivo. Antes, algumas palavrinhas sobre o Enem.

Quando Haddad decidiu fazer dessa prova um mecanismo de seleção para as universidades federais, estufou o peito: seu objetivo era, dizia, acabar com a angústia do vestibular e coisa e tal. Hoje, os estudantes não têm a menor noção, reitero, de por que tiram nota A, B ou C. O sistema da Teoria da Resposta ao Item (TRI) transformou-se num instrumento de discricionariedade. Mais: aluno que entrega gabarito em branco recebe a nota média da área, que é o mínimo atribuído a cada candidato. Alguns leitores afirmam: “Ora, Reinaldo, considere que essa nota mínima é o “zero” do sistema. Eu fui um bom aluno de matemática. O ponto é outro: quem entregou a prova em branco tirou o zero clássico. Trata-se de mera questão de processamento de dados. Não lhe cabe nem mesmo a média da área como nota mínima porque ele não participou. Mas esse está longe de ser o maior problema do Enem.

Já sabemos que as redações são corrigidas de um modo, como direi?, porco! Já sabemos que são verdadeiros testes ideológicos. Já sabemos que o aluno é compelido a fazer proselitismo político para declarar suas boas intenções… Constata-se agora que os corretores também não sabem fazer conta. Qual é o caso? Há cinco quesitos para a correção da redação. Cada um deles vale 200 pontos. Pois bem: um aluno que teve acesso à correção constatou que a soma da sua prova dava 520, embora os corretores lhe tenham atribuído 500. Fez o óbvio: recorreu.

Acreditem: ele recebeu um relatório do consórcio Cespe/UNB, que realizou a prova - escolha milionária feita por Fernando Haddad sem licitação - tentando justificar a nota. As pessoas que redigiram o texto explicitam a sua pontuação em cada item, como vocês verão. A soma dá 520 pontos! Não obstante, a organização do exame nega-se a fazer revisão. Para o Cespe/UNB, 120 +100 +100+100+100 = 500.

Ainda não é o fundo do poço. A carta recebida pelo aluno foi redigida por um analfabeto prepotente. Para começo de conversa, a palavra “participante(s)” aparece no texto 25 vezes!!! Abaixo, marco em vermelho os erros gramaticais, em verde os de sintaxe e organização e em lilás as repetições e bobagens. Eis aí: é essa gente que está avaliando os estudantes brasileiros e que responde hoje pela prova que seleciona os candidatos às vagas nas universidades federais. O Enem de 2011 custou quase R$ 500 milhões. Fernando Haddad escolheu a empresa que elaborou a prova, repito, sem licitação. Alegou urgência e notória especialização. Urgência? Salvo engano, há Enem todo ano… A única coisa urgente é moralizar a esculhambação a que Haddad submeteu o exame. Segue a carta analfabeta. Comento em azul.
*
Em atenção ao recurso administrativo interposto pelo participante XXXXXXXXXX, inscrito do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM 2011, informamos o que segue.
Apareceu o primeiro “participante”. Faltam outros 24! O certo é inscrito “no” e não “do”.

Na prova de redação do ENEM 2011, esperava-se que o participante, com base na leitura dos textos motivadores trazidos na proposta, bem como nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, escrevesse a respeito do tema da redação, quer seja, “VIVER EM REDE NO SÉCULO XXI: OS LIMITES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO”, apresentando proposta de conscientização social que respeitasse os direitos humanos. Nesse caso, o participante deveria redigir texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa, devendo, para tanto, selecionar, organizar e relacionar, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
- O “bem como” torna o trecho ambíguo. O redator quis dizer que o aluno deve escrever a sua redação “bem como” nos textos motivadores e nos conhecimentos que já tem. Para tanto, bastaria o “e” no lugar daquele horroroso “com base”, pecado típico do fácil falar difícil…
“Redigir texto em norma culta escrita” é só uma tautologia meio boçal, dada a impossibilidade de redigi-lo “em norma culta oral”…

Considere-se que, entre os textos motivadores, constava, além de uma tirinha do cartunista André Dahmer, da série “Quadrinhos dos anos 10″, excertos de dois artigos: “Liberdade sem fio”, da revista Galileu, e “A internet tem ouvidos e memória”, do portal Terra, todos trazendo referências ao tema a ser abordado.
Ai, ai, meu Jesus Cristinho!, como evocava Bandeira. Para começo de conversa, há um erro de concordância. Nem preciso explicar ao leitor por que o correto é “constavam”. E não constavam “entre”, mas “dos” - admite-se também o “nos”.

Segundo definição do INEP, devidamente estabelecida no subitem 6.7.6 do edital de abertura do ENEM 2011 - disponível no endereço eletrônico https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/edital/2011/edital_n07_18_05_2011_2.pdf - e amplamente divulgada pelos meios de comunicação, o texto de cada participante foi avaliado/corrigido, de maneira completamente independente, por dois corretores capacitados especificamente para correção das redações do ENEM 2011 e que seguiram rigorosamente todos os critérios editalícios previstos para esse fim. O mesmo edital também estabeleceu que a nota final na redação dos participantes corresponderia à média aritmética simples das notas atribuídas por esses dois corretores. Ressalte-se, nesse ponto, que os referidos critérios foram igualmente observados na correção das redações de todos os participantes. No caso em comento, na nota final atribuída ao participante - 500,00 pontos - foi resultado da média das notas atribuídas por dois corretores.
Falta o artigo “a” no texto original. “Avaliado/corrigido” não é uma construção nem da norma culta nem da inculta… Observem a exasperante repetição daquela palavra…

No caso em referência, a começar pelo título, o participante direciona seu texto, focando em outro aspecto que não o do precipuamente tema proposto, qual seja, “Em busca da fita isolante”, quando é límpido e cristalino que o participante deveria abordar tema acerca dos limites entre o que é público (que pode ou deve ser divulgado) e o que é privado (que não pode ou não deve ser divulgado) no âmbito da rede mundial de computadores (Internet) no século XXI. A partir dessa constatação, prosseguiremos à fundamentação das notas atribuídas pelos corretores à redação do participante em referência, cujo texto, com 28 linhas efetivamente escritas (título não é contado para esse efeito), recebeu as seguintes médias: na competência I (demonstrar domínio da norma culta da língua escrita), a nota atribuída foi 120,00 pontos porque o texto, a despeito do julgamento feito por sua professora trazido em seu recurso, apresentou estrutura sintática esperada para o grau de escolaridade exigido, porém apresentou, em seu texto, alguns desvios gramaticais de pontuação, de grafia e de convenções da escrita em relação à norma padrão escrita, como os exemplificados a seguir: uso inapropriado de reflexividade do verbo na linha 3, falha na retomada do referente na linha 5, impropriedade vocabular na linha 8, uso inadequado de hífen na linha 11, falha vocabular na linha 22. Apesar de não usar gírias em seu texto, como defende seu recurso, o participante não poderia ser avaliado com nota diferente da que recebeu já que, para isso, deveria apresentar boa estrutura sintática, ou seja, acima da média esperada para o grau de escolaridade exigido, com poucos desvios gramaticais, de pontuação, de ortografia e no emprego do registro adequado ao gênero.
Esse é um dos parágrafos do balacobaco!
- Não se deve “focar em”, mas “focar o”. É um verbo transitivo direto. Isso na hipótese de que alguém deva “focar” alguma coisa. Fará muito melhor se “focalizar”, “salientar” ou mesmo “se fixar”.
“precipuamente tema proposto”??? Que estrovenga é essa? É provável que tenha querido dizer, e já não seria grande coisa, “tema precipuamente proposto”. Uma redação, convenham, não tem um “tema precípuo”. Tem um tema. Ponto.
- “prosseguiremos à fundamentação” - O “prosseguir” pode até ser transitivo indireto, mas não com a preposição “a”. Prosseguirei no meu trabalho demonstrando que o redator, coitado!, tentou escrever, na verdade,“procederemos à fundamentação” - a sua fundamentação a que faltam… fundamentos!
- Prestem atenção a esta construção: “porque o texto (…) apresentou estrutura sintática esperada para o grau de escolaridade exigido, porém apresentou, em seu texto (…)” Perceberam? O sujeito da oração era “o texto”; de repente, sem mais nem aquela, percebe-se que o redator está se referindo ao aluno…
- O missivista omitiu aquela vírgula depois de “isso”.
- O redator omitiu as vírgulas que separam “para isso”.
- Escreve o bruto: “o participante não poderia ser avaliado com nota diferente da que recebeu já que, para isso, deveria apresentar boa estrutura sintática” Heeeinnn? O participante deveria apresentar boa estrutura sintática? Não seria o texto?
Não é mesmo impressionante que seja esta a voz do EXAMINADOR explicando por que a sintaxe do candidato é ruim?
É um espetáculo vergonhoso!

Na competência II (compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo), a nota do participante foi de 100,00 pontos. Para receber nota superior a que foi atribuída nessa competência, esperava-se que o participante elaborasse texto bem desenvolvido, com evidentes indícios de autoria e certa distância do senso comum, elementos não identificados na redação do participante em questão. Observa-se que ele desenvolveu seu texto a partir de considerações muito próximas ao senso comum e de maneira totalmente previsível. Percebe-se, também, apesar do domínio adequado do tipo textual exigido, qual seja, texto dissertativo-argumentivo, o foco do texto se limitou apenas ao problema da segurança na rede, na mera constatação da importância da internet para a pesquisa na deficiência das autoridades brasileiras em reprimir crimes virtuais. Percebe-se, também, que não foi explorado adequadamente os múltiplos aspectos inerentes ao contexto da vida em rede e os conflitos entre os espaços públicos e privados decorrentes dela. Portanto, nada há que se alterar na nota adequadamente atribuída pelos avaliadores.
-”nota superior a que foi” - O certo é “superior à que foi”.
“Percebe-se (…) o foco do texto se limitou” - faltou a conjunção integrante “que” da Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta…
-”adequado do” - O certo é “adequado ao“.
- Não sei, e ninguém sabe, o que é “tipo textual”; trata-se de uma categoria nova.
- Aquele “apenas” é absolutamente ocioso.
- Suponho que falte um “e” entre “pesquisa” e “na deficiência”
“Não foi explorado adequadamente os múltiplos” é erro grosseiro de concordância. O sujeito é “os múltiplos”. O correto é “não foram”.
- O redator omitiu aquele “e” que aparece em vermelho.
- Notem a aflitiva repetição da palavra “texto”.

Na competência III (selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista), a nota do participante foi de 100,00 pontos, dado que o texto por ele desenvolvido apresentou informações, fatos, opiniões e argumentos pouco organizados e pouco articulados, além de relacionados de forma pouco consistente ao ponto de vista por ele defendido. Constata-se, também, que o participante trata, em seu texto, do tema “crimes virtuais”, que, apesar de ter certa conexão com o tema proposto, é abordado por meio de informações aleatórias e desconectadas entre si. Cumpre esclarecer, também, que, para receber a nota máxima nessa competência, toda a argumentação apresentada no texto deveria estar organizada de acordo com o projeto de texto proposto, o que não foi o caso. Conclui-se, portanto, que a nota atribuída nessa competência está adequada ao grau de organização do texto do participante.
- “Consistente ao ponto” - O correto é consistente “com”.
- O autor do texto omitiu uma  vírgula depois de “virtuais” e outra antes de “para receber”.
- O redator omitiu o artigo “a” antes de “nota”.

Na competência IV (demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação), a nota do participante foi de 100,00 pontos, decorrente do fato de o texto do participante possuir certa organização, conforme o nível de escolarização exigido. No entanto, se observa inadequações no nível dos parágrafos, em que o participante demonstra pouco domínio no que se refere à utilização dos recursos coesivos. Constata-se tal imaturidade linguística na desconexão entre o primeiro e o início do segundo parágrafos; no conteúdo da linha 17, que não se conecta, por exemplo, com o que foi escrito anteriormente; entre outros desvios referentes à organização do texto. Assim sendo, verifica-se que a nota atribuída a essa competência está condizente com a desenvoltura do participante ao construir sua argumentação na produção de seu texto.
“se observa inadequações” - O redator espanca a colocação pronominal e a concordância da voz passiva sintética. O certo: “observam-se inadequações”. Notem que o missivista fala, Deus Meu!, em “maturidade lingüística.
- Aquele ponto-e-vírgula é impróprio.
- o redator omitiu o artigo “a” antes de nota.

Na competência V (elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos), a nota do participante foi de 100,00 pontos. Tal nota é considerada nota mediana entre os cinco níveis de avaliação. Para ter nível de excelência nessa competência, a proposta de intervenção deveria ser inovadora, relacionada ao tema proposto, bem articulada ao projeto de texto e em que se identificasse, ainda, sugestão de viabilização da proposta. Decerto não é o que se vislumbra no texto doparticipante. Além de a proposta ser quase tangencial ao tema proposto, já que o participante focou nos crimes virtuais, foi apresentada de forma precária, sem relação com o projeto de texto limitada à citação ações inviáveis como, por exemplo, medidas aumentar a fiscalização do governo na Internet. Ademais, a discussão sobre a necessidade da legislação tipifique os crimes virtuais é totalmente previsível, fato que comprova a total falta de originalidade da proposta de conscientização apresentada no texto do participante. Por fim, destaque-se que a conclusão final do texto desenvolvido pelo participante demonstra, de maneira cabal, que ele fixou sua argumentação de modo evidentemente tangencial ao tema proposto. Portanto, a nota atribuída à redação doparticipante está de acordo com os parâmetros utilizados nas correções das provas de todos os participantes avaliados, de maneira que não comporta qualquer reparo, uma vez que todos foram tratados em igualdade de condições nas correções, efetuadas por profissionais competentes e preparados para esse trabalho.
Vamos lá.
- “Tal nota é considerada nota mediana” - repetição desnecessária.
- “Para ter nível de excelência (…) a proposta de intervenção deveria ser inovadora”. Erro de correlação de tempos. O correto: “Para que tivesse, a intervenção deveria”.
- “bem articulada ao projeto” - O certo é “com” o projeto.
- O que quer dizer “quase tangencial” nesse caso? Seria um tangencial de dentro pra fora?
- “focou nos” de novo!
- “com o projeto de texto limitada à citação ações inviáveis como, por exemplo,medidas aumentar a fiscalização do governo na Internet. Não entendi nada. Alguém entendeu? Talvez tenha querido dizer isto: “com o projeto de texto LIMITADO à citação DE ações inviáveis como, por exemplo, medidas PARA aumentar a fiscalização do governo na Internet.”
- “a discussão sobre a necessidade da legislação tipifique”. O certo: “de que a legislação tipifique“.
- Faltou o artigo “a” antes de conclusão.

Encerro
Depois desse descalabro, o Inep(to) veio a público para afirmar que a Cespe/UNB errou ao afirmar que o aluno tirou 100 pontos no quesito V; seriam apenas 80. Sobre o analfabetismo da carta, nada disse.

É essa gente que está elaborando e corrigindo provas e que dá as explicações aos alunos. Há muito tempo o Enem deixou de ser um caso de política para ser um caso de polícia! Estivesse no poder um governo tucano, os sindicatos de professores e entidades estudantis estariam nas ruas. Como isso tudo é coisa da “companheirada”, mamam em silêncio nas tetas analfabetas do poder.

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 6:05

Alckmin avisou a defensores que legalidade democrática seria mantida, e eles desarmaram o circo asqueroso montado na cracolândia

A delinqüência intelectual e política atingiu alturas inéditas ontem em São Paulo, como noticiei aqui. Alguns defensores públicos, REGIAMENTE PAGOS COM O DINHEIRO DOS PAULISTAS, LIDERADOS POR CARLOS WEIS, decidiram fechar uma das ruas da Cracolândia, a Helvetia, para, como diziam, garantir o direito de ir e vir dos viciados em crack. Uma tenda chegou a ser armada no local, sob a qual se abrigaram umas oitenta pessoas. Atenção! No mesmo ambiente em que estavam defensores públicos, elas consumiam drogas abertamente.

Nunca se viu nada igual. Lembro que a decisão do STF, que liberou marchas em defesa da descriminação das drogas, deixa claro que o consumo de entorpecentes e a apologia do vício não estão liberados. É preciso saber quantas leis os tais defensores desrespeitaram e fazê-los responder por isso. Ou eles servem ao estado democrático ou servem à ditadura com a qual eventualmente sonham. Era uma tentativa de vergar a coluna do governo do Estado.

O governador Geraldo Alckmin não se intimidou. Enviou um interlocutor à representante dos defensores e deixou claro: a legalidade seria mantida, e a Constituição, respeitada. O direito de ir e vir seria, sim, assegurado, mas para todos, não apenas para os viciados, e a rua seria desobstruída por bem ou por bem, isto é, com ou sem o auxílio da Polícia Militar - que é, como sabemos, nas sociedades democráticas, o povo de farda!

A lei seria mantida, pouco importando quem estivesse no caminho. Os defensores decidiram, então, desarmar o circo. Só para que vocês não se esqueçam: uma das defensoras deixou cair do bolso, sem querer, um convite para uma churrascada no local, prometida por um grupo que defende a descriminação das drogas. Manifestações que obstruam vias públicas precisam de prévia autorização. Sem ela, que o povo de farda faça valer o regime democrático.

Se vocês querem saber a que ponto chega a abjeção política e humana, basta ter isto em vista: há gente explorando os pobres desgraçados do crack para fazer campanha eleitoral antecipada e para emplacar suas supostas teses libertárias.

Eu não tenho dúvida de que a população de São Paulo já escolheu de que lado está. Está com a lei, com o estado democrático de direito, com o direito de ir e vir. E há, como ficou claro, quem prefira fazer a política dos traficantes, já que os viciados não podem mais fazer escolhas.

Fico aqui a imaginar as fotos das senhoras e dos senhores defensores a defender “os direitos humanos” ao lado de pobres zumbis do crack, em sua viagem rumo à morte. Pode haver algo mais abjeto?

Por Reinaldo Azevedo

 

13/01/2012 às 6:03

Polícia prende uma das maiores traficantes de crack da cidade; em sua casa, havia 12 mil pedras

A Polícia prendeu no fim da noite de ontem uma das maiores traficantes de crack de São Paulo, que atua na cracolândia. Ela estava exercendo o seu “direito de ir e vir” (enquanto vendia a sua porcaria) na Barra Funda, bairro vizinho, mas já um pouco distante, do centro nervoso da droga. Em sua casa, que fica na avenida Salim Farah Maluf, na Zona Leste -  bem longe do seu principal mercado consumidor -, foram encontradas mais de 12 mil pedras de crack.

Atenção! Essa traficante só foi presa porque não existe mais o quadrilátero fechado da droga. Antes, os emissários da morte atuavam livremente. Com a desarticulação do mercado consumidor, à diferença do que sustentam defensores e promotores, fica mais fácil caçar os traficantes, obrigados a sair de sua zona de conforto.

Há duas opções; prender traficantes ou lhes entregar vidas humanas na cracolândia. O governo do estado, este blog e a esmagadora maioria dos paulistas já fizeram a sua escolha. Alguns defensores e alguns promotores também!

Por Reinaldo Azevedo

 

12/01/2012 às 21:51

Mais um pouco do embate Mario Sabino-Paulo Coelho. Tem um quê de divertido!

Para entender o que vai abaixo, o leitor precisa ler o primeiro post sobre o embate Mario Sabino-Paulo Coelho, que está aqui. Sabino respondeu a um ataque de Coelho, que decidiu retrucar - ou se explicar. A resposta do “Mago”, que reproduzo na língua em que foi redigida, não deixa de ser divertida e, a seu modo, instrutiva.

Escreve Paulo Coelho
Não é vingança, Mario. É minha opinião sobre o “Vicio do Amor”.
Não sou ingênuo. Gostei de “A boca da verdade” e escrevi o email. Teria o maior prazer em endossar o livro no exterior, como disse antes.
Não tenho memória curta. Sabia que você tinha esse email, e o usaria - como está fazendo agora. Mas detestei “O vício do amor” e escrevi o tweet.
Vejo que foi interpretada como vingança e tenho minha dose de culpa por esta interpretação, porque infelizmente usei o blog do Nassif, coisa que não farei mais. Tenho minhas próprias armas para lutar pelas minhas convicções, da mesma maneira como voce tem as suas. Deletei o post em questão (Nassif) quando me alertaram sobre o processo, que desconhecia por completo.
Mas deixei a referência ao “insuportável” livro.
Não ao “insuportável” autor - não tenho a menor razão para dizer isso, sobretudo porque, como diz acima, nossa relaçao se resume à conversas cordiais.
Repito portanto o post para não deixar espaço aberto à mal-entendidos:

Paulo Coelho @paulocoelho 9 Jan
Raramente uso Twitter p/criticar, mas o novo ivro do Mário Sabino, que a @veja adorou, é simplesmente insuportável
P.S. - por favor, evite ameaças. Como disse em outro tweet, “Só um tolo ameaça. E só outro tolo sente-se ameaçado”.

Ainda Paulo Coelho
(Mario, se puder, acrescente no post acima, mudando o P.S.)
Tampouco me lembro de alguma vez ter lido qualquer crítica sua a respeito de um livro meu.

Resposta de Mario Sabino
Prezado Paulo Coelho,
você não fez apenas “crítica literária”. Você usou de uma arma suja para me atacar, ao remeter os leitores de seu twitter para o blog de um desclassificado - e agora, percebendo a besteira, tenta retroceder, de acordo com o previsto por mim, visto que, apesar de tudo, você tem bom senso. Você não é tolo, nem eu. Eu não represento uma ameaça a você, nem você a mim. Inclusive porque já enfrentei (e enfrento) gente bem mais poderosa do que você. Como o seu amigo José Dirceu,  por exemplo.  Ah, sim, para a sua informação, dei uma entrevista ao programa de rádio do jornalista Daniel Piza, no início de dezembro, a convite do próprio. Piza não achou meu livro “insuportável”. Nem a Folha, nem o Estadão, nem a Gazeta do Povo, nem O Globo, nem a revista Alfa, nem o portal Exame, nem a Mônica Waldvogel, nem o Edney Silvestre, nem o Jô Soares, nem o Manuel Costa Pinto. Quanto ao Piza, é uma vergonha a exploração política da morte de um jovem como ele. Muito feio.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/01/2012 às 21:17

Um senador petista e a verdade como categoria inútil

Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado, decidiu contar um fato mentiroso no Congresso, ainda que, claro!, ele seja um homem que não mente jamais. E, ora vejam!, aproveitou para secretar seu ódio contra São Paulo, prática muito corriqueira hoje em dia. Tenho a certeza de que São Paulo é o estado com o segundo maior número de pernambucanos do país, como é, se não me engano, o segundo com o maior número de nordestinos, só perdendo para a Bahia. Mesmo assim, tudo indica, este valente acredita que eventuais verbas federais enviadas ao estado só beneficiam… paulistas! São Paulo, se não me engano, é a terra onde um ilustre conterrâneo de Costa, um certo Luiz Inácio Lula da Silva, fez carreira política, elegendo-se presidente da República…

Costa, diga-se, me processa. Não vou ficar aqui fazendo proselitismo sobre questões judiciais, não! É só para que o leitor saiba. Adiante.

Segundo este valente senador, o ministro Fernando Bezerra, da Integração, só está sendo criticado porque é nordestino. Diz ele que, se as verbas para as enchentes tivessem sido enviadas quase todas para São Paulo (seguiram para Pernambuco), ninguém estaria dizendo nada. Logo, tudo não passaria de preconceito antinordestino. Costa é um homem sem dúvida corajoso, mas a acusação é covarde porque ele sabe que há algumas franjas do eleitorado que acabam acreditando nessa mentira. Ao acusar discriminação regional e preconceito, é evidente que está apelando ao… preconceito antipaulista! Esse tipo de procedimento, entendo, é asqueroso.

Vamos lá. Já caíram, sob a suspeita de corrupção, os seguintes ministros: Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Pedro Novais, Wagner Rossi, Orlando Silva e Carlos Lupi. Há nesse grupo nada menos de três… PAULISTAS: Palocci, Rossi e Lupi. Alguém ouviu, por acaso, a menor menção de que se tratava de preconceito contra… São Paulo???

Fator Eduardo Campos
Costa está desesperado porque o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, líder inconteste do PSB, estrela ascendente da política (não é do meu gosto, mas há quem aprecie), detectou as pegadas do PT no que considera campanha contra Bezerra. Bem, existe, sim, é o bom o PSB saber. Isso é verdade. Ocorre que, é raro, mas acontece, o PT, às vezes, conta verdades sobre os outros, ainda que seja para esconder as verdades sobre si mesmo. Bezerra, até agora, não conseguiu dar uma explicação convincente.

Dilma Rousseff decidiu blindar o ministro quando sentiu cheio de carne queimada. O PSB começou a dar piscadelas para a oposição na formação de palanques da eleição municipal. Não é segredo pra ninguém que Campos, em seu segundo mandato, anseia bem mais do que o governo de Pernambuco.  Eu o chamei aqui, dia desses, de “o Aécio Neves que deu certo” porque ele, de fato, está conseguindo criar uma rede de influências no Congresso e fora dele que, imaginavam muitos, seria criada pelo político mineiro. Conseguiu até nomear a mãe para o Tribunal de Contas da União.

Costa inventa um problema que não existe para criar uma cortina de fumaça no problema que existe: boa parte do PSB está convicta de que é o PT quem municia a imprensa com informações contra Bezerra, ainda que verdadeiras.

Costa tem de dizer se a demissão de três ministros paulistas é ou não preconceito contra São Paulo. Mas ele não vai responder. Há pessoas para as quais a verdade não é nem boa nem má; é apenas inútil.

Mas sempre será útil para os leitores.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/01/2012 às 19:04

Coaf aponta operações atípicas de R$ 855 milhões de juízes e servidores

Por Felipe Seligman e Rubens Valente, na Folha Online:
Um relatório do Coaf (órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda) revela que 3.426 magistrados e servidores do Judiciário fizeram movimentações consideradas “atípicas” no valor de R$ 855 milhões entre 2000 e 2010. O documento ressaltou algumas situações consideradas suspeitas, como o fato de três pessoas, duas delas vinculadas ao Tribunal da Justiça Militar de São Paulo e uma do Tribunal de Justiça da Bahia, terem movimentado R$ 116,5 milhões em um único ano, 2008. Segundo o relatório, 81,7% das comunicações consideradas atípicas estão concentradas no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro), Tribunal de Justiça da Bahia e o Tribunal de Justiça Militar de São Paulo.

Sem apontar nomes ou separar entre servidores e juízes, os dados também mostram que ocorreram depósitos, em espécie, no total de R$ 77,1 milhões realizados nas contas dessas pessoas. O documento de 13 páginas, ao qual aFolha teve acesso, foi encaminhado na tarde desta quinta-feira ao STF (Supremo Tribunal Federal) pela corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Eliana Calmon. Ela disse ao STF não ter havido quebra de sigilo para se chegar às informações.

“Atipicidade” nas movimentações não significa crime ou irregularidade, mas apenas que aquela operação financeira fugiu aos padrões da norma bancária e do sistema nacional de prevenção à lavagem de dinheiro. O Coaf apurou uma relação de 216 mil servidores do Poder Judiciário. Deste universo, 5.160 pessoas figuraram em 18.437 comunicações de operações financeiras encaminhadas ao Coaf por diversos setores econômicos, como bancos e cartórios de registro de imóveis.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

12/01/2012 às 18:53

Exploração dos desgraçados - Defensores cercam rua, armam tenda e tentam, na prática, recriar a cracolândia com um grupo de viciados, que estão consumindo crack; uma das defensoras levava no bolso convite para churrasco no local

Nunca antes na história destepaiz, como diria aquele, na história de São Paulo e, quero crer, na história de qualquer outro país, aconteceu algo como o que está em curso, neste momento, na região conhecida como cracolândia.

Defensores públicos, ACREDITEM, liderados por Carlos Weis, SIMPLESMENTE FECHARAM A RUA HELVETIA, que compõe o quadrilátero da morte, e, apoiados por viciados, impedem a ação da polícia. E o fazem, dizem eles, em nome do “direito de ir e vir”.

DO BOLSO DE UMA DAS DEFENSORAS, HÁ O TESTEMUNHO OCULAR DE ALGUÉM QUE ESTAVA LÁ, CAIU UM CONVITE PARA A TAL “CHURRASCADA” ANUNCIADA POR UM GRUPO QUE PEDE A LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS.

Os defensores querem criar um confronto físico com a polícia. Atenção! Eles não têm o direito de fazer isso; essa ação não está entre as suas prerrogativas. Se a PM agir, sairão gritando aos quatro ventos que o Estado de São Paulo está reprimindo os defensores públicos. Pior: parte da imprensa vai vocalizar essa denúncia estúpida.

Qual é a conseqüência prática da ação dos defensores? Ora, eles estão simplesmente recriando a Cracolândia. Pergunto: vão impedir também o tráfico de drogas do local? Se os consumidores estão ali reunidos, a tarefa dos vendedores será facilitada. Os defensores revistarão todas as pessoas que por ali perambulam para saber se levam consigo a droga para vender? Não! Tanto é assim que, atenção, uma tenda foi armada na rua. Debaixo dela, neste momento, há uns 80 viciados consumindo a droga!

A ação dos defensores, ao recriar a cracolândia, condena os viciados à desgraça e, é forçoso admitir, facilita a vida dos traficantes.

Estamos diante de um acinte e de uma óbvia transgressão legal e constitucional. Um defensor não tem o direito de criar obstáculos à ação legal da polícia. Mais: isso que estão chamando de “direito de ir e vir” de traficantes e viciados, é evidente, corresponde à cassação do direito de ir e vir de quem não é nem traficante nem viciado.

É preciso deixar claro à população de São Paulo quem quer o quê na cracolândia. E, evidentemente, é preciso apelar à Justiça para que estes senhores sejam processados por abuso de poder.

Denuncie este escárnio!

A Defensoria se tornou o braço de um partido político, o PT, que comanda, de Brasília, a resistência à ação correta da polícia.

Atenção, governador Alckmin! Já que o senhor não pode convocar uma rede estadual de TV, reaja de maneira inusitada ao inusitado: vá à televisão, em anúncio pago se preciso, e denuncie a impostura e a violência promovidas neste momento em São Paulo. Converse com a população do seu estado. Eu tenho a certeza de que a esmagadora maioria apóia a democracia, a Constituição Estadual e a Constituição Federal. E não hesite em recorrer à Justiça para punir os que promovem a baderna e a crime.

Leitores, entrem na Rede da Legalidade!

Por Reinaldo Azevedo

 

12/01/2012 às 16:45

A vingança tardia do “mago”. Ou: Seja fiel aos amigos, mas preserve a literatura!

Eu, hein… Reproduzo abaixo um post que está no blog do escritor e jornalista Mario Sabino. Acho que ele diz um tantinho de certa cultura da violência que se espalha na rede. O jornalista Juan Arias, do El País, conheceu isso de perto, como vocês viram. Vale a pena ler o texto que está no site de Sabino. Vejam como a admiração, em alguns casos, pode ser fluida… Volto depois.

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Paulo Coelho e a vingança

Caros amigos que acompanham meu trabalho literário,em 1990, quando era editor de Cultura da revista Istoé, exerci meu direito de crítica ao escrever que um dos livros de Paulo Coelho era muito, muito ruim. Para vocês terem uma ideia, eu nem me lembro do título. Mas, aparentemente, Coelho jamais conseguiu superar esse fato irrelevante na sua trajetória de sucesso. Como editor-executivo de Veja, pautei matérias (de capa, inclusive) para comentar o êxito do mago no exterior, sem deixar que minha opinião pessoal sobre seus livros se impusesse. De lá para cá, tivemos alguns contatos telefônicos e por email, todos muito simpáticos. Por isso, surpreendi-me com os tweets virulentos que ele postou contra mim, afirmando que eu era um escritor “insuportável” e também um sujeito “vingativo”. Para reforçar essa última, digamos, opinião, ele colocou um link para a página de um blogueiro que está sendo processado por mim, por calúnia e difamação. Coelho talvez não saiba que, por causa do link, eu também poderia processá-lo, coisa que não farei. Só gostaria de dizer que, talvez por eu não fazer mais parte da direção de Veja, Coelho se sentiu à vontade para atacar-me, no que só posso interpretar como uma vingança à longínqua resenha escrita por mim em 1990. O vingativo, pois, é ele. Não importa, continuo a defender que haja espaço para os livros de Coelho, mesmo que não goste deles. E apenas posso lamentar que ele me ache um escritor “insuportável”. Coelho tem o direito de mudar de opinião. Em maio de 2010, como escreveu a mim, a avaliação dele sobre o meu trabalho literário era oposta, como pode ser visto na troca de emails que reproduzo abaixo. Na ocasião, o elogio foi a meu segundo livro de contos, “A Boca da Verdade”, o último publicado antes do meu último romance, “O vício do amor”. Apesar de tudo, mando o meu abraço a Coelho, que se deixou tragar pela vingança, mas com certeza já deve ter recobrado o bom senso.
Mario Sabino

Email de Paulo Coelho a Mario Sabino, com a respectiva resposta:

–Mensagem original–

De: Paulo Coelho
Enviada em: segunda-feira, 31 de maio de 2010 17:28
Para: Mario Sabino
Assunto: A boca da verdade

Boa tarde Mario:
comprei apenas por obrigação, porque costumo ler quase tudo que posso, e seu
livro estava na minha lista.
Acontece que - para minha supresa, devo confessar - gostei muito.
Imagino que a Record deve vende-lo na Feira de Frankfurt. Importante, porque
seu trabalho merecia ser lido na Europa. Eu pessoalmente não posso ajudar
muito, mas me ofereço, se voce quiser, escrever uma “quote” quando o livro
estiver publicado.
Estou anexando a foto do livro, justamente no dia (hoje) que terminei a
leitura.
Abraços
Paulo

De: Mario Sabino
Enviada em: sexta-feira, 4 de junho de 2010 16:33
Para: ‘Paulo Coelho’
Assunto: RES: A boca da verdade

Paulo,
You may be right.
Um abraço,
Mario

Voltei
Acho que Mario se esqueceu de lembrar, mas me ocorre aqui. Tenho a certeza de que vi Paulo Coelho ao lado de José Dirceu depois daquele maio de 2010, data do seu e-mail. É bonito ser mais fiel aos amigos do que à literatura, né?

Huuummm… Para falar a verdade, acho que as coisas estão no seu devido lugar é agora. Não vejo uma só boa razão para Paulo Coelho apreciar a literatura de Mario Sabino.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/01/2012 às 16:30

Para o governo federal, homem comum é bandido. Vai ver o bandido é um santo…

O Brasil está entre os países que mais matam no mundo em números relativos: saltou de 11,7 homicídios por 100 mil habitantes em 1980 para 26,2 em 2010. Em números absolutos, com mais de 50 mil mortes por ano, lidera o ranking. Importa-me menos, para ser franco, o lugar que o país ocupa na lista, sempre imperfeita (duvido que alguns países africanos que mal têm estado organizado forneçam dados precisos), do que o fato em si. A ONU considera que um país está abaixo do que chama “violência epidêmica” quando apresenta menos de 10 mortos por 100 mil. Isso dá uma medida da carnificina nativa. Há mais mortos por aqui do que em países em guerra.

Mais de uma vez, como lembro no post abaixo, destaquei neste blog que uma das razões da fantástica queda de homicídios em São Paulo está no fato de o estado prender muito mais do que os outros. Com algo em torno de 22% da população, tem mais de 40% dos presos. Será que há mais bandidos nesta unidade da federação do que nas outras? A resposta é esta: há mais bandidos PRESOS.  Prender, como sabem, é caro, dá trabalho, requer construção de presídios, empenho de verba do orçamento; a segurança se torna, como deve ser, um assunto do poder público. Deixar o bandido na rua não onera os cofres, mas o cidadão fica por sua conta. E a violência explode. Reproduzo, na íntegra, em preto, texto publicado no Globo Online. E comento em azul. Vocês verão por que o Brasil é, com efeito, um dos países do mundo em que mais se mata.

Estados brasileiros que prenderam mais registraram menos homicídios. Levantamento feito pelo GLOBO com base nos dados do Sistema Nacional de Informação Penitenciária (InfoPen) do Ministério da Justiça e do Mapa da Violência 2012, do Instituto Sangari, revela que as unidades da Federação em que há menos presos por homicídio do que a média nacional viram, na década passada, a taxa de assassinatos aumentar 16 vezes mais em comparação aos estados com população carcerária maior.
Já reproduzi esse parágrafo no post abaixo. Fala por si mesmo.

Em 12 estados do grupo que tem menos presos houve aumento no número de assassinatos, incluindo a Bahia, que teve uma explosão no índice de homicídios, passando de 9,4 por 100 mil habitantes para 37,7 por 100 mil habitantes entre 2000 e 2010. Alagoas, o estado mais violento do Brasil, também tem menos presos pelo crime do que a média nacional. Lá, em dez anos, o índice de assassinatos subiu de 25,6 para 66,8 por 100 mil habitantes.
Já havia chamado a atenção de vocês para o caso da Bahia, onde a elevação do índice de homicídios é assustadora. O Mapa da Violência, diga-se, evidencia que essa é uma realidade de quase todos os estados nordestinos. Mais um mito caiu: aquele segundo o qual o baixo crescimento econômico induz a violência. O Nordeste cresceu mais do que a média do Brasil nos últimos anos e muito mais do que a própria média histórica.

A única exceção no quadro é o Rio de Janeiro. Segundo os dados do InfoPen, o estado tem o menor número de presos por assassinatos do Brasil e, ainda assim, conseguiu reduzir o número de homicídios de 51 para 26,2 por 100 mil habitantes.
O dado precisa ser visto com cuidado. Havia no estado, como se tornou público, um problema de subnotificação. Mas isso é o menos relevante agora. Bem ou mal, o Rio decidiu enfrentar o crime organizado. O índice é ainda brutal. Se quiser chegar ao número que a ONU considera aceitável,  terá de prender mais.

Na outra ponta, em cinco dos 14 estados com mais presos (Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Roraima e Pernambuco, além do Distrito Federal) houve queda nas taxas de assassinatos. O estado que mais reduziu o crime é São Paulo. Passou de 42,2 para 13,9 homicídios por 100 mi habitantes. Em outros dois (Rondônia e Acre), os indicadores mantiveram-se estáveis.
Bem, os dados estão aí. Pode-se tentar entendê-los; pode-se ignorá-los, como, vocês verão, farão um “especialista” e uma representante do governo. No caso dela, pesam certamente dois fatores: a ideologia e a zona do conforto.

A taxa de detentos cumprindo pena por homicídios simples, qualificado e latrocínio no Brasil é de 36,9 presos por 100 mil habitantes. Em 13 estados as populações carcerárias de homicidas estão abaixo desse total. Na média, os assassinatos nesses estados cresceram 62,9% na década passada ante 3,8% dos 14 estados que têm mais detentos.
Alguma dúvida sobe o que vai acima?

Coincidência divide especialistas
Para o coordenador do Mapa da Violência, o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, os números mostram como o encarceramento é um fator fundamental para a diminuição das taxas de assassinato. “Mostra que a força policial, o Ministério Público e o Judiciário estão funcionando. Tirar o criminoso da rua é diminuir a impunidade e diminuir a impunidade é desestimular a violência”, diz Waiselfisz.
Waiselfisz é hoje um dos mais respeitados estudiosos da área. O Mapa da Violência é a fonte mais confiável de que dispomos, embora muitos estados ainda soneguem informações.

O sociólogo Luiz Flávio Sapori, professor da PUC-MG e ex-secretário de Segurança de Minas Gerais, concorda que há relação entre o aprisionamento e a taxa de homicídio. “O estado que aprisiona pouco tende a ser fomentador de impunidade e isso alimenta a violência”, garante. Segundo ele, porém, é preciso relativizar a conexão estabelecida pelos números. “Primeiro que prender muito não é prender bem. É importante equipar as defensorias públicas para garantir acesso dos mais pobres à Justiça. Além disso você pode gerar mais criminalidade misturando presos de baixa periculosidade com presos violentos e perigosos. Por isso, é necessário ter prisões e medidas diferenciadas para as populações carcerárias.”
Ninguém discorda do óbvio. É evidente que é preciso prender direito e que nem todos os criminosos são iguais porque diferentes os seus crimes. O importante é constatar, afinal de contas, o peso da impunidade.

Para o jurista e professor Luiz Flávio Gomes, a redução no número de homicídios não está diretamente relacionada ao aumento no número de prisões. “Existe a questão da qualidade da investigação, que passa por uma polícia técnica e científica eficiente. Temos de observar as políticas de educação e conscientização da população. E existem fatores como a migração dos grupos criminosos para áreas em desenvolvimento, como o Nordeste. A questão é complexa - diz. Ainda assim, para Gomes, o aumento no número de prisões é um sinal de ‘reação do poder público à criminalidade. Mostra que em alguma medida houve esforço do Poder Público. Mas é preciso outras ações, porque não se pode aumentar esse encarceramento eternamente. Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do planeta e nem por isso crimes relacionados ao tráfico, por exemplo, estão diminuindo.
Vênia máxima, a “qualidade da investigação” - que tem de melhorar, claro! - é uma outra etapa do processo. O mesmo se diga da educação, da conscientização etc. O doutor precisa tomar cuidado, ou ainda acaba oferecendo escola para quem precisa de cadeia e cadeia para quem precisa de escola. Seu juízo está contaminado por uma praga moral, e eu o convido a rever seu ponto de vista: o de que a violência é determinada por fatores econômicos.

Vamos ver. Até outro dia, todos vocês sabem, a crença politicamente correta sustentava que a violência decorria da pobreza. Não é preciso ser especialista, basta o bom senso, para desmentir a tese. A maioria dos brasileiros é pobre - e, no entanto, só uma minoria é delinqüente. Como costumo dizer, pobre também faz escolhas morais; delinqüir é uma escolha. O fato de toda comunidade violenta ser pobre não quer dizer que toda comunidade pobre seja violenta. É importante não confundir correlação com relação de causa e efeito.

Muito bem! A explosão de violência no Nordeste desmentiu a “determinação econômica”. A região raramente cresceu tanto e nunca foi tão violenta. Aí, então, os engenheiros sociais decidiram inverter a fórmula. A criminalidade teria crescimento justamente por causa da pujança econômica. Santo Deus! A criminalidade despencou em São Paulo mesmo num período em que o Estado continuava a ser um pólo de atração de imigrantes. Se é razoável supor que, sei lá, os bandidos procuram o dinheiro (e, por isso, estariam buscando o Nordeste), é forçoso reconhecer que eles recuam ou fogem se percebem um ambiente hostil ao seu “trabalho”. Ademais, doutor, Pernambuco é um dos estados mais que cresceram nos últimos anos, e a violência teve queda significativa, embora continue estúpida. Mas é agora que a coisa vai ficar séria.

Na visão da coordenadora geral da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, Cristina Neme, não é possível estabelecer causalidade entre os dois fatores sem levar em conta outras variáveis. “O número reflete um desempenho da atividade policial, mas não dá pra estabelecer essa conexão sem levar diversos outros fatores que aí não aparecem”, explica.
Não? Por que não??? A propósito, dona Cristina: se  “o desempenho da atividade policial” não pode ser apontado como fator relevante na queda da violência, ele serve para medir exatamente o quê?

Segundo ela, boa parte dos homicídios surge a partir de conflitos interpessoais sobre os quais o encarceramento tem pouca efetividade. “São discussões do dia a dia que devido à presença da arma de fogo viram homicídios”, diz Cristina.
É UMA MENTIRA FACTUAL. Quero saber qual é a base de dados que esta senhora usa para fazer essa afirmação. Ela não vai apontar porque não existe. Se for verdade, então, que a maioria dos mais de 50 mil homicídios do Brasil decorre de conflitos pessoais, será preciso pôr uma coleira no brasileiro comum, que não é bandido. Vai ver somos um povo, então, congenitamente violento. Dona Cristina está dando a sua imodesta contribuição ao constante trabalho de difamação da polícia - e, o que é pior, da polícia eficiente.

Segundo ela, a retirada de armas de fogo de circulação e a adoção de políticas de prevenção são fatores mais confiáveis para explicar a redução no total de assassinatos.
Por que são “fatores mais confiáveis”? Diga-me, minha senhora: por que o suposto desarmamento teria feito despencar o índice de homicídios em São Paulo, mas não na Bahia? Por que as ditas “políticas de prevenção” - a quais a senhora se refere? - foram efetivas num estado, mas não em outro?

Vejam que coisa estupenda: dados inequívocos demonstram que os estados que tiveram uma significativa queda na taxa de homicídios são os que mais prendem. E dona Cristina manda bala (ooops!): “Isso não tem importância”. Sem ter dados em mãos, na base da pura invencionice, ela sustenta que a maioria dos homicídios decorre de conflitos pessoais e da alta circulação de armas de fogo. Bem, ela precisa explicar por que, então, esse brasileiro comum, tão disposto a matar, deixaria de exercer a sua vocação só porque lhe faltaria um revólver…

De resto, dona Cristina, ainda que fosse verdade que a maioria dos homicídios decorre de problemas interpessoais (é mentira!), o que isso tem a ver com prender menos ou mais? Os homicidas “interpessoais” deveriam, por acaso, ficar soltos?

O fato é o seguinte: enquanto o governo federal negar a importância da impunidade na escandalosa violência brasileira, pode continuar com o traseiro na cadeira, sem mover uma palha. Ao contrário: hoje, parte de Brasília, como já afirmei aqui, um trabalho organizado de difamação da polícia paulista, a mais eficiente do Brasil. Além de não fazer o que lhes é devido, os petistas tentam sabotar os esforços de quem trabalha.

No fim das contas, Dona Cristina quer mesmo é desarmar o cidadão comum, o que não é bandido, porque ela acredita que é ele o responsável pela violência no Brasil. Já os marginais continuariam com o seu arsenal. Afinal, aprendemos que são homens de bem.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/01/2012 às 14:58

Adivinhem! Há muito mais homicídios nos estados que prendem menos bandidos

Vocês sabem que há muito tempo sustento aqui uma tese óbvia, mas nunca reconhecida pela tolice politicamente correta e pelo direito achado na rua: uma das razões de a taxa de homicídios de São Paulo ter caído quase 80% em 15 anos - é hoje o antepenúltimo em mortes por 100 mil, e a capital, a última - é o fato de o estado ser o que mais prende bandidos.

Até entrei certa feita numa polêmica com um professor de Direito da USP, segundo quem não fazia sentido São Paulo ser o estado que mais prende se tem uma das menores taxas de homicídio. Ora, havia uma relação de causa e efeito onde ele via uma contradição. Pois bem. Reproduzo o primeiro parágrafo de uma reportagem do Globo:

“Estados brasileiros que prenderam mais registraram menos homicídios. Levantamento feito pelo GLOBO com base nos dados do Sistema Nacional de Informação Penitenciária (InfoPen) do Ministério da Justiça e do Mapa da Violência 2012, do Instituto Sangari, revela que as unidades da Federação em que há menos presos por homicídio do que a média nacional viram, na década passada, a taxa de assassinatos aumentar 16 vezes mais em comparação aos estados com população carcerária maior.”

No próximo post, vocês verão a reação de uma representante do governo à evidência. É o fim da picada!

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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