Perseguida por lanchas inúteis, Ideli deixa seminário pela porta dos fundos e evita imprensa

Publicado em 30/03/2012 17:02 e atualizado em 02/08/2013 15:09
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Por Thais Arbex, na VEJA Online. Volto depois:

“Um beijo no coração”, disse Ideli Salvatti nesta sexta-feira ao encerrar sua participação no seminário “Governança Metropolitana - Desafios, Tendências e Perspectivas”, antes de sair sorrateiramente pela porta dos fundos, sem falar com a imprensa. Tudo isso para não comentar as denúncias de que a empresa Intech Boating foi procurada para doar 150 000 reais ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina depois de ser contratada para construir lanchas-patrulha de mais de 1 milhão de reais cada para o Ministério da Pesca.

De acordo com as acusações, publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo, o comitê financeiro do PT catarinense bancou 81% dos custos da campanha a governador em 2010. A candidata do partido era justamente Ideli, atual secretária de Relações Institucionais da Presidência da República e ex-ministra da Pesca. Pela manhã, a assessoria de comunicação da Secretaria de Relações Institucionais divulgou nota oficial afirmando que “não há qualquer ligação entre a ministra Ideli Salvatti e a empresa Intech Boating”.

Também presente no seminário, promovido na capital paulista pelo Instituto Lula e pela Fundação Perseu Abramo, Rui Falcão, presidente do PT, saiu em defesa da ministra. “Ideli não tem nada a ver com o caso, porque ela não era ministra naquela epoca”, afirmou. “Ela teve sua campanha em grande parte bancada pelo diretório estadual, o que é natural, mas não tem culpa pelas doações nem responsabilidade pelo destino desse dinheiro. Não foi ela que pediu”.

Leia a íntegra da nota divulgada pela Secretaria de Relações Institucionais:

“A respeito de reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo, no dia de hoje, sob o título ‘Pesca contrata empresa e cobra doação ao PT’, a assessoria de comunicação da SRI tem a informar:

1 - A doação no valor de R$ 150 mil registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) feita pela empresa Intech Boating foi destinada ao Comitê Financeiro do Partido dos Trabalhadores (PT) em Santa Catarina e não à candidata Ideli Salvatti;

2 - A candidatura de Ideli Salvatti ao Governo de Santa Catarina conforme consta no site do TSE recebeu em doações R$ 3.572.376,65 e a maioria dos recursos foi repassada pelo Comitê Financeiro do Partido dos Trabalhadores (PT). É importante ressaltar que as contas da campanha foram aprovadas pelo TSE;

3 - A competência jurídica pela prestação de contas dos recursos arrecadados pelo Comitê Financeiro do Partido dos Trabalhadores durante o pleito de 2010 e apresentada ao TRE/SC e ao TSE é de responsabilidade do presidente estadual do PT;

4 - Não há qualquer ligação entre a ministra Ideli Salvatti e a empresa Intech Boating, pois a doação questionada pelo jornal O Estado de S. Paulo não foi feita para a candidatura de Ideli Salvatti ao Governo do Estado;

5 - É preciso esclarecer ainda que o contrato firmado entre a empresa Intech Boating e o Ministério da Pesca para a aquisição de lanchas, que está sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), foi assinado em 2009, ano em que Ideli Salvatti era senadora da República e não ministra da pasta”.

Voltei
Faltou a agora ministra Ideli Salvatti explicar que a empresa que forneceu as lanchas inúteis, sem licitação, doou dinheiro para a campanha eleitoral do PT de Santa Catarina em 2010. E a candidata ao governo era… Ideli. Também poderia explicar o que ela fazia em uma das solenidades em que se celebrou a compra das lanchas, conforme atesta foto (ver post desta manhã).

Uma ministra das Relações Institucionais que tem de deixar um evento pela porta dos fundos para evitar a imprensa está pronta para cuidar de assuntos não-institucionais.

Por Reinaldo Azevedo

 

30/03/2012 às 15:17

Blatter volta a dar pito no Brasil e diz que Valcke, aquele do pé no traseiro, continua a representar a entidade e volta ao país em maio

Acreditem no Tio Rei!

Vocês se lembram de Jérôme Valcke, aquele que mandou o governo brasileiro dar um pontapé nas próprias nádegas — “un coup de pied aux fesses” (se virar, fazer alguma coisa, acordar pra realidade,  parar de pisar no saco…) — e tocar a Copa do Mundo? Então…

Vocês se lembram que, logo depois de vir ao Brasil e se encontrar com Dilma Rousseff — chegou com batedores e pose de chefe de estado e foi recebido por uma chefe de estado, de igual pra igual (!) —, ele concedeu uma entrevista afirmando que muitos citavam a Inglaterra como alternativa para a Copa do Mundo de 2014, mas que ele achava que o Brasil tinha plenas condições de realizar o evento? Então… Era, obviamente, uma ameaça.

Em Banânia, noticiou-se que o Brasil tinha falado grosso e vencido o embate. Não aqui! O post do dia 16 de março era este: Blatter se encontra com Dilma e, em entrevista, deixa claro que entidade pode dar um pé no traseiro do Brasil e fazer a Copa na Inglaterra

Pois é… Leiam o que informa a VEJA Online:
Blatter: “Esperamos atos do Brasil e não apenas palavras”

Depois de dizer na quarta-feira, no início da uma reunião do Comitê Organizador do Mundial, em Zurique, na Suíça, que o Brasil fará “uma Copa excepcional”, Joseph Blatter mudou o tom e deixou de lado elogios e afagos. Nesta sexta, cobrou o governo brasileiro: “Esperamos atos e não apenas palavras.”

Para mostrar sua posição, Blatter disse ainda que a Copa é no Brasil, mas quem ainda representa a entidade é o secretário geral, Jérôme Valcke, que deve vir ao país em maio. “Ele é o responsável pela de Copa de 2014 e as seguintes.” Valcke foi o responsável pelo mal-estar criado depois de dizer que o país precisava de “um chute no traseiro” para acelerar as obras para o Mundial.

Blatter afirmou ainda que está otimista quanto à capacidade hoteleira do Brasil. “Ainda há alguns problemas, a situação não é perfeita. É como na África do Sul, em algumas cidades será preciso se deslocar de localidades próximas, mas isso não vai impedir que os torcedores viajem ao Brasil. São apenas alguns obstáculos logísticos.”

Mudança no comitê
Blatter confirmou também nesta sexta a decisão de mudar a maneira como a Fifa investiga casos de corrupção ao publicar em seu perfil no Twitter que o comitê executivo da entidade aprovou a divisão do seu comitê de ética em dois órgãos, um para investigar casos e outro para julgá-los.

A decisão acontece após o Comitê de Ética da Fifa não conseguir obter provas suficientes para abrir processos sobre supostos pagamentos de subornos durante a escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022. “Dia histórico para o processo de reforma da Fifa”, escreveu Blatter sobre a proposta de mudança no comitê, que deve ser votado pelos 208 membros da entidade durante seu congresso, 25 de maio, em Budapeste, na Hungria.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Os fascistoides estão nas ruas. Ou: Dilma saiu da VAR-Palmares; precisa agora deixar claro que a VAR-Palmares saiu de Dilma

 

 

Fogo no estado de direito: embora se queiram a encarnação do bem, eles é que estão desrespeitando a democracia e o estado de direito (Foto: Fábio Motta/AE)

Fogo no estado de direito: embora se queiram a encarnação do bem, eles é que estão desrespeitando a democracia e o estado de direito (Foto: Fábio Motta/AE)

 

Ontem, o PC do B, que tem um ministério no governo Dilma Rousseff — e sou justo: Aldo Rebello (Esportes) fez um excelente trabalho quando relator do Código Florestal na Câmara —, levou ao ar trechos do seu programa no horário político gratuito. É uma peça patética, que não resistiria a uma abordagem minimamente objetiva. O programa inteiro vai ao ar hoje.  Segundo a versão tornada pública, o partido está, desde sempre, comprometido com a democracia. Explorou-se até a figura de Luiz Carlos Prestes. Não sei se houve algum entendimento com a família do líder comunista. O fato é que o PC do B que está aí hoje deriva justamente da linha que havia rompido com… Prestes! Assistiu-se a uma soma formidável de mentiras, de retórica oca, de vigarices intelectuais. O pior momento, certamente, é aquele em que o PC do B tenta afetar sua pureza e rigidez ideológicas. Se estivesse agarrado a seu credo original, seria péssimo. Mas isso também é mentira. É hoje um partido fisiológico de esquerda, como qualquer outro, que vai se alimentando de carguinhos e de dinheiro público. O escândalo das ONGs, no ano passado, ilustra bem o que quero dizer. Mas não vou me me perder nesse particular porque o objeto deste texto é outro.

Lembrei o caso do PC do B porque foi o partido que protagonizou a guerrilha do Araguaia. Jamais teve compromisso com a democracia. É de tal sorte admirador da ditadura comunista que, atenção!, até hoje não reconhece o processo de desestalinização da União Soviética. Krushev segue sendo, para eles, um algoz do socialismo. Gostam mesmo é de Stálin e seus métodos. Nota: a URSS acabou, como vocês sabem, mas o amor do PC do B pela tirania permanece. Não obstante, O PARTIDO É LIVRE PARA RECONSTITUIR A HISTÓRIA COMO QUISER. Como o comunismo perdeu a batalha no país, temos democracia e liberdade.

A própria presidente Dilma Rousseff é beneficiária desses valores. Ex-membro de dois grupos terroristas, o Colina (Comando de Libertação Nacional) e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), também ela, aqui e ali, em seus discursos, reconta o passado como lhe dá na telha e exalta aquela juventude — qual mesmo??? — que teria lutado por democracia. Falso! Tão falso quanto afirmar que ela cumpriu a promessa de construir 1.700 creches em 2011. No livro “Combate nas Trevas”, o historiador comunista Jacob Gorender cita justamente o Colina como um grupo que assumia claramente uma perspectiva terrorista. E o mesmo se diga da VAR-Palmares, que surgiu justamente da fusão daquela primeira organização a que pertenceu Dilma com a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), de Carlos Lamarca. Juntos e em associação com outros, os três grupos mataram dezenas de pessoas que nem sequer tinham ligação com a luta política. Consta que Dilma, pessoalmente, não matou ninguém. Mas pertencia ao comando — inclusive cuidando de parte da grana — de grupos que mataram. Isso é inequívoco. Como é inequívoco que Colina, VPR ou VAR-Palmares jamais quiseram democracia.

Não obstante, Dilma tem a liberdade, que ela não ajudou a construir, de contar a história como lhe dá na telha. Mais: deu força à criação de uma tal Comissão da Verdade que, vejam vocês!, para escândalo de qualquer acadêmico honesto da área (ainda que crítico ferrenho do regime militar), vai definir uma “verdade histórica oficial”, uma verdade de estado. Isso é autoritário em sua própria natureza. Dilma não só mistifica o próprio passado como nomeia pessoas que seguem a sua trilha, a exemplo de Eleonora Menicucci, ministra das Mulheres. Ex-membro do POC (Partido Operário Comunista), também ela — assaltante confessa, no passado, para financiar “a revolução” — afirmou no discurso de posse ter sido uma jovem empenhada na construção da democracia.

A democracia, no Brasil, virou a água benta do pecador compulsivo que entra numa igreja. Todo mundo pode meter a mão lá e se persignar, o que não quer dizer que esteja com a alma e com o passado limpos. Não mesmo! Mas a democracia permite a Dilma, a Eleonora e ao PC do B contar a sua própria versão da história. Não deveria permitir, mas está sendo feito, que essa história distorcida virasse história oficial. Então vamos ao ponto.

Por que o Clube Militar não pode fazer um seminário sobre 1964? O objetivo não era exatamente “comemorar” o golpe, como se está dizendo por aí, mas abordar o período segundo uma ótica, estou certo, que não é exatamente a da esquerda. O Clube Militar é, como o nome diz, um clube, uma entidade associativa. Mais ainda: já vimos que a lei garante aos militares da reserva o direito de se posicionar sobre temas políticos. Não há qualquer restrição. Ademais, ninguém estava lá incentivando o golpismo.

Mas quê… Desde o governo Lula, MAS DE FORMA MAIS ACENTUADA SOB A GESTÃO DILMA, os revanchistas estão tentando criar confusão e trazer o passado a valor presente, mas com uma particularidade: UM DOS LADOS, A ESQUERDA, PODE DIZER DE SEUS ADVERSÁRIOS O QUE BEM ENTENDER, MAS SEUS ADVERSÁRIOS ESTARIAM PROIBIDOS DE DAR A SUA VERSÃO ATÉ SOBRE SI MESMOS. Entenderam qual é o busílis? Não só a “verdade” se tornou monopólio de um dos lados como o próprio direito de se manifestar.

“Ah, mas onde já se viu falar sobre 1964???” Ora… Onde já se viu Dilma e o PC do B afirmarem que queriam democracia? O tema debatido lá nesta quinta, de todo modo,  é irrelevante. Sei do que falo. Esse mesmo Clube Militar promoveu, em setembro de 2010, um debate sobre, pasmem!, “Liberdade de expressão”. Os convidados a falar éramos eu, Merval Pereira, Paulo Uebel (Instituto Millenium) e Rodolgo Machado Moura, representante da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão). Ninguém nem sequer tocou em 1964 ou coisa parecida. Atenção! Ao mesmo tempo em que debatíamos ali liberdade de expressão, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo abria suas portas para uma manifestação das centrais sindicais, que pediam “controle da mídia”. Isto mesmo: no Clube Militar, falávamos de liberdade de expressão; no Sindicato dos Jornalistas, defendiam a censura. Pois bem: também naquele caso, adivinhem quem apareceu para protestar… A Juventude Socialista! Contei a história aqui.

Há três dias, hordas sob o comando do MST — evidência omitida pelos jornais — saíram perseguindo pessoas por aí e pichando suas casas e local de trabalho sob o pretexto de pedir a instalação da Comissão da Verdade. Isso é “justiça de rua”, é fascismo. Agora, um bando decide agredir e xingar os militares da reserva, que têm o direito legal de debater o que lhes der na telha. Ninguém estava lá conspirando contra a ordem e pregando golpe de estado. Tais ações estão sendo claramente incentivadas, instigadas e, na prática, apoiadas pelo governo federal. Consta que havia 350 baderneiros por lá. Não será difícil, a persistir esse estado de coisas, encontrar outras 350 dispostas a defender os que estão sendo caçados e cassados ao arrepio da lei.

O que quer Maria do Rosário?
O que quer Dilma Rousseff?
O confronto de rua?

Dilma já tem problemas demais para resolver e está, lentamente, dando comida para alguns monstrinhos que estavam guardados na gaveta. Uma intervenção militar hoje em dia seria, felizmente, impensável! Nem por isso as forças que odeiam a democracia hoje, como a odiavam no passado, estão livres para promover seus “justiçamentos” ao arrepio da lei. Se a instituições estiverem tão corroídas a ponto de não poderem reagir, não tenham dúvida de que a sociedade, um pedaço dela ao menos, reage.

A presidente tem de fazer a escolha entre a democracia e a guerra de todos contra todos. Ela já saiu da VAR-Palmares faz tempo — por isso não permito que seja chamada de “terrorista” aqui. Falta agora demonstrar que a VAR-Palmares também saiu de Dilma. Há hoje um claro incentivo à baderna que emana do Palácio do Planalto. E isso tem de acabar. Em nome da lei e da Constituição!

É com elas que Dilma governa, não com seu passado supostamente glorioso. Até porque ele é controverso. Os familiares das vítimas do Colina e da VAR-Palmares sabem disso muito bem.

Texto publicado originamente às 20h15 desta quinta

Por Reinaldo Azevedo

 

30/03/2012 às 5:33

Pesca encomendou lanchas inúteis, e empresa fornecedora doou dinheiro para campanha de Ideli, que pagou a encomenda quando virou ministra da… Pesca! E tudo sem Polícia Federal para atrapalhar…

O Estadão noticiou ontem que o Ministério da Pesca encomendou lanchas de fiscalização que jamais usaria. Gastou uma bolada. Pois bem! Hoje, vocês ficarão sabendo que a empresa contratada, sem licitação, para construí-las pertencia a um petista. No mesmo ano, ele doou R$ 150 mil para a campanha de Ideli Salvatti ao governo de Santa Catarina. Mais bonitinho ainda: ela participou, em 2010, da solenidade de contratação da empresa. Ainda mais comovente: derrotada na disputa pelo governo, tornou-se ministra da Pesca e foi quem mandou pagar a conta!

É o jeito petista de fazer as coisas. E sem Polícia Federal para atrapalhar os companheiros.

Por Marta Salomon, no Estadão:
Após ser contratada para construir lanchas-patrulha de mais de R$ 1 milhão cada para o Ministério da Pesca - que não tinha competência para usar tais embarcações -, a empresa Intech Boating foi procurada para doar ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina R$ 150 mil. O comitê financeiro do PT catarinense bancou 81% dos custos da campanha a governador, cuja candidata foi a atual coordenadora política do governo, ministra Ideli Salvatti, em 2010.

Ex-militante do PT, o dono da empresa, José Antônio Galízio Neto, afirmou em entrevista ao Estado nesta quinta-feira, 29, que a doação não foi feita por afinidade política, embora se defina como filiado da época de fundação do partido em São Bernardo do Campo (SP).

“O partido era o partido do governo. A solicitação de doação veio pelo Ministério da Pesca, é óbvio. E eu não achei nada demais. Eu estava faturando R$ 23 milhões, 24 milhões, não havia nenhum tipo de irregularidade. E acho até hoje que, se precisasse fazer novamente, eu faria”, disse o ex-publicitário paulista. Logo em seguida, na entrevista, ele passou a atribuir o pedido de doação a um político local.

Derrotada na eleição, Ideli preencheu a cota do PT de Santa Catarina no ministério de Dilma Rousseff, justamente na pasta da Pesca. Em cinco meses no cargo, antes de mudar de gabinete para o Planalto, a ministra pagou o restante R$ 5,2 milhões que a empresa doadora à campanha petista ainda tinha a receber dos cofres públicos.

Nesta quinta-feira, a assessoria da ministra negou “qualquer ligação” entre Ideli e a Intech Boating, alegando que a doação não foi feita diretamente à campanha, mas ao comitê financeiro do PT. Em nota, a assessoria da ministra destaca que as contas da campanha foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ideli teve reiterados recentemente os poderes de articulação política do governo, em meio a sinais de rebelião da base de apoio de Dilma no Congresso.

Na quarta-feira, 28, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades na compra das lanchas-patrulha, em contratos com a Intech Boating, que somaram R$ 31 milhões. O prejuízo ao contribuinte, que autoridades e a empresa serão cobrados a devolver, ainda não foi calculado. O TCU critica sobretudo o fato de o ministério ter comprado lanchas sem ter o que fazer com elas. O relatório diz que 22 das 28 lanchas ficaram guardadas na própria fabricante, pois não tinham onde ser entregues.
(…)

Em 2010, Ideli participou do ato de assinatura da compra das lanchas-patrulha (Arquivo: Revista Náutica)

Em 2010, Ideli participou do ato de assinatura da compra das lanchas-patrulha (Arquivo: Revista Náutica)

Por Reinaldo Azevedo

 

30/03/2012 às 5:29

Lula me dá razão e deixa claro que antecipação da “cura” é mesmo para proteger Haddad. Ou: um jornalismo como nunca houve na história “destepaiz”

Depois de algum tempo nesta profissão, sei mais ou menos como são as coisas. Anteontem, quando os médicos anunciaram que o câncer de Lula havia sumido e quando veio a público um vídeo em que ele se dizia curado, escrevi aqui o texto Anúncio da “cura” do câncer de Lula e vídeo fazem parte da “Operação Salva Gugu-Haddad. Leitores, alguns deles admiradores do blog, comentaram: “Reinaldo, acho que você está exagerando um pouco”. Pois é… Eu sei como esses caras funcionam. Já os vi de bem perto, nunca se esqueçam disso.

Eis que, no Estadão Online (e talvez o texto esteja na versão impressa desta sexta), leio um texto de Daiene Cardoso cujo título é este: Lula se prepara para embate eleitoral e escolhe Serra como alvo. Bingo! Quem aí está surpreso? O único objetivo de antecipar o espetáculo da cura foi mesmo dar um gás na candidatura de Fernando Haddad. E o texto de Daiene não perde a viagem, não! Serra já começou a apanhar de Lula. Haddad ainda não sabe se defender sozinho. Precisa do irmão mais forte, precisa chamar a mãe — no caso, o pai.

O jornalismo brasileiro passa por uma fase inédita também. Se vocês lerem a reportagem, ficarão sabendo que Lula recebeu no hospital Sírio-Libanês as visitas do governador do Rio, Sérgio Cabral, e do prefeito da Capital, Eduardo Paes (PMDB). No Instituto Lula, falou com os senadores petistas Jorge Viana (AC) e Walter Pinheiro (BA). Muito bem! Seu estado de ânimo é excelente; ele não vê a hora de viajar pelo Brasil; nunca antes na história destepaiz houve um Lula que se “curou” do câncer como ele e coisa e tal etc ao quadrado…

Mas atenção! Essa matéria já foi dada umas 300 vezes, não? O lead é outro. Daiene informa que Lula afirmou o seguinte, entre aspas: “Serra é um político de ontem com ideias de anteontem”. Certo! E para quem ele disse isso? Cabral, Paes, Viana ou Pinheiro? A repórter não conta. Foi para “interlocutores”. Se é contra Serra, vale até fala entre aspas dita pra ninguém. Anteontem, a mensagem do Babalorixá de Banânia era outra: “Se bem explorada, a renúncia de Serra em 2006 pode render frutos ao PT”. O Apedeuta pode ficar tranquilo. Os “companheiros” jornalistas se encarregam disso!

No jornalismo do diz-que-diz-que, Lula pode, se quiser, ficar em casa, sentado como um paxá, disparando aspas contra Serra, seu alvo fixo.

Se não me engano, foi no Estadão que li a análise de três “cientistas políticos” que afirmavam, ora vejam!, que Fernando Haddad é a renovação. Nem diga! Esse rapaz inova de tal sorte que sua campanha foi terceirizada. É Lula quem está disputando a eleição por ele.

Nunca antes na história destepaiz nem da imprensa!!! O jornalismo está com saudade de Assis Chateaubriand e Samuel Wainer. Estes, ao menos, nunca fingiram uma isenção que não tinham.

Por Reinaldo Azevedo

 

30/03/2012 às 5:27

Cristo e o Red Bull. Ou: Maomé jamais apareceria tomando um energético

É… Eu adoro esses assuntos que lidam com temas como costumes, tolerância, preconceito etc — e melhor ainda quando eles tocam em temas religiosos.

O Conar, vocês já leram, pediu que o Red Bull suspendesse uma propaganda que afirmava que Jesus Cristo tomava o energético. Abaixo, publico um vídeo que está no Youtube. Um outro já foi retirado pela empresa. Caso este também saia, narro a cena.

Jesus Cristo está pescando, num barco, em companhia de Pedro e de outro apóstolo. Entediado porque os peixes não aparecem, decide ir embora e sai caminhando sobre as águas. Pedro se espanta: “Como você faz isso?” O que está no barco responde: “É que ele toma Red Bull”. Jesus então desmente: não é nada disso. É só saber pisar onde estão as pedras. Vejam o filme (que traz, advirto, interpretações e comentários que nada têm a ver com este blog).

Não é uma propaganda feita no Brasil. Ela já tinha ido ao ar na África do Sul e igualmente suspensa. Na Itália, no fim do ano passado, Jesus também foi parar na campanha do Red Bull, como vocês verão, de modo um pouco mais sóbrio. Já falo sobre o assunto. Fiquemos no caso do Brasil. O Conar recebeu mais de 200 reclamações e concluiu que, de fato, a propaganda “fere a respeitabilidade religiosa”. Vamos ver. Cristo é aquele que multiplica os peixes. No comercial, ele não consegue nem pescá-los. Também é o que anda sobre as águas. Não no filminho. Era só um truque. Como ele faz essa revelação quando se fala nos milagres, fica subentendido que os demais também eram só artimanhas. Sim, é uma peça bem-humorada e coisa e tal, mas é desrespeitosa com a crença de milhões de pessoas.

Muitos babacas por aí estão criticando a chamada “intolerância dos cristãos”. Que intolerância? Onde? Reclamar ao Conar é um direito de qualquer um — inclusive dos cristãos. Inaceitável seria que o estado censurasse o filme. Não foi o que aconteceu. Tampouco os cristãos ameaçaram sair por aí matando os que foram jocosos com a sua crença. Noto, ademais, que seria até possível fazer a propaganda usando Cristo como tema — acho uma desnecessidade, dada a vastidão de referências disponíveis —, sem, no entanto, ofender elementos da crença.

Que fique claro: reclamar é um direito! No limite, os cristãos ofendidos podem simplesmente não tomar a bebida e pronto.

Itália
Na Itália, os publicitários que fazem a propaganda do Red Bull também decidiram apelar a uma cena cristã. Quatro Reis Magos, não três, chegam para visitar o Menino Jesus. Diante do espanto de Maria com o número, o “quarto” rei explica que ele é o que traz o Red Bull. E diz à mãe de Jesus: “Maria, Red Bull é um energético que dá asas. Como você acha que os anjinhos fazem para voar?” Vejam o filme. Volto depois.

Voltei
Atenção! Embora o filme italiano seja mais brando, também foi retirado do ar. Assim, os que trouxeram a peça publicitária para o Brasil, estou certo, esperavam reação idêntica —« e é bem possível que contassem com isso. A área de publicidade e marketing tem dessas coisas. Já há alguns anos lida com a antipropaganda. Mais ainda com a massificação da Internet. O que se proíbe na TV costuma virar febre na rede.

Levar ou não a propaganda ao ar? Comecemos do começo: censura oficial jamais! Não cabe! Já a manifestação dos cristãos é absolutamente legítima — desde que nos padrões aceitáveis de civilidade. Mas eu fico cá me perguntando se os publicitários não conseguem vender seu peixe sem apelar a temas sensíveis a muita gente porque mexem com suas crenças e convicções. O legal não é necessariamente decoroso.

De resto, não ocorreria a ninguém sugerir que Maomé tomou um Red Bull antes de ter as suas revelações, não é? Os extremistas islâmicos, o que seria condenável, sairiam por aí botando fogo no planeta. A mansidão de espírito dos cristãos, no entanto, não lhes tira o direito de protestar. E foi só o que fizeram. Democraticamente.

Por Reinaldo Azevedo

 

30/03/2012 às 5:25

E não é que o TJ-RS, que baniu os crucifixos, resolveu ampliar o seu feriado da Semana Santa? Como diria aquela apresentadora de TV, “que deselegante!”

Como vocês se lembram, o Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, atendendo a uma representação de uma entidade de lésbicas, resolveu banir os crucifixos dos tribunais gaúchos. Em nome do laicismo! Escrevi muito a respeito da estupidez dessa decisão. Pois bem! Enviam-me o seguinte comunicado emitido por aquele tribunal. Volto em seguida.

Justiça Estadual terá expediente diferenciado na próxima quinta-feira
No próximo dia 5/4, quinta-feira, a Justiça Estadual irá funcionar em horário diferenciado.
O expediente será das 9h às 13h no Tribunal de Justiça e no 1º Grau de jurisdição, de forma ininterrupta, mantendo-se os respectivos serviços jurisdicionais sob regime de plantão. Ficará a critério dos magistrados definição com relação à realização das audiências já designadas.
A determinação é do Presidente do TJRS, Desembargador Marcelo Bandeira Pereira, e consta na Ordem de Serviço nº 003/2012-P.
Na sexta-feira (6/4), feriado nacional, haverá regime de plantão para atendimento das medidas urgentes.
EXPEDIENTE
Texto: Ana Cristina Rosa
Assessora-Coordenadora de Imprensa: Adriana Arend

Voltei
Vocês devem se lembrar que sou contra esse negócio de laicismo pela metade. Quem se sente oprimido por um crucifixo não pode, evidentemente, folgar com um num feriado cristão. Ampliá-lo, então, nem se diga!

A chamada “Quinta-feira Santa” não é mais feriado há muito tempo. Como sabem todos os advogados gaúchos, o expediente sempre foi das 9h às 18h nesse dia. Não desta vez. O desembargador Marcelo Bandeira Pereira, que presidente o TJ-RS, resolveu dar um meio dia a mais para a moçada. Vai ver é para estimular as orações! Em tempo: foi ele quem presidiu o Conselho da Magistratura na sessão que decidiu caçar e cassar os crucifixos.

O cristianismo parece bem-vindo na hora de ficar de pernas por ar. Em vez de o doutor defender a extinção do feriado cristão em nome do laicismo e da coerência, ele decidiu antecipar a sua vigência.

Como diria uma apresentdora de TV, “que deselegante!”

Por Reinaldo Azevedo

 

30/03/2012 às 5:18

Demóstenes procurou a Anvisa para tratar de assunto ligado a empresa de Cachoeira

Por Lauro Jardim, no Radar, da VEJA Online:
Demóstenes Torres ainda era um respeitado e influente senador da República quando solicitou à Anvisa, no começo de setembro do ano passado, um encontro com seu diretor-presidente, Dirceu Barbano. A conversa, dizia o pedido de audiência, serviria para tratar de um certo “protocolo de câncer de próstata”. Diante do pedido de um senador e da relevância do tema, Barbano encaminhou a solicitação com prioridade, marcando a conversa para 21 de setembro.

Com a audiência confirmada, Demóstenes apresentou então o real motivo da conversa com o comandante da Anvisa: discutir a liberação de registros da agência para medicamentos genéricos e similares do laboratório Vitapan, um dos braços de Carlinhos Cachoeira na indústria farmacêutica, localizado na cidade do bicheiro, Anápolis (GO).

A inclusão do tema foi realizada a partir de um e-mail enviado na véspera do encontro pela assessoria de Demóstenes à Anvisa. No dia 21, às 14h, como registra a ata do encontro, Demóstenes apareceu na Anvisa acompanhado de dois representantes do Vitapan para conversar com Barbano e deixou que eles apresentassem os pleitos de Cachoeira.

A mediação do encontro dos representantes do Vitapan com o chefe da Anvisa é uma das primeiras evidências diretas de que Demóstenes usava a influência do mandato para tratar dos interesses de Cachoeira junto a órgãos do governo. Sem a interferência de Demóstenes, os representantes do Vitapan dificilmente teriam conseguido uma audiência fechada com o comandante da Anvisa para tratar de interesses comerciais do laboratório.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 22:00

ESTA É A DEMOCRACIA DELES

Abaixo, mais uma foto (de Fábio Motta/AE)  de uma representante da democracia e do estado de direito perseguindo um militar da reserva. Aquele rapaz, com ar e procedimento civiizados, é um dos comandados espirituais de Maria do Rosário, a ministra dos Direitos Humanos nomeada por Dilma Rousseff. Esta é a democracia deles.

militares-perseguidos-fabio-motta-ae

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 21:51

Comentários

Não se aflijam. Sabemos que há quase 350 comentários na fila. Chegaremos lá!

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 21:49

Oiqui, jênti! Oceis pári de ficar inventânu crísi!

Sei não…

Acho que a presidente Dilma Rousseff está seguindo maus conselhos. Mas também não espero que siga os meus, não é? Como diria a revista Serafina, sou “opositor”…  Então que prossiga.

Eu perdi alguma coisa dos bons ensinamentos da política nos últimos, deixem-me ver, 35 anos, ou a Índia não é exatamente um bom lugar para a presidente do Brasil anunciar a disposição de baixar um pacote para beneficiar o setor privado, com digressões sobre a reforma tributária? Na entrevista à VEJA, já estava claro que o tema frequenta as preocupações do governo e tal. Mas esse negócio de “vou fazer isso ou aquilo quando voltar ao Brasil” é absolutamente heterodoxo.
“Nós pretendemos divulgar um conjunto de medidas logo depois que eu voltar pro Brasil. Elas têm por objetivo justamente assegurar, através de questões tributárias e financeiras, maior capacidade de investimento para o setor privado. (…) Dentro do meu período governamental, eu farei o possível para reduzir [a carga tributária]. Eu sei perfeitamente que, devido ao fato de que tem vários interesses envolvidos na questão de uma reforma tributária, eu até julgo que pode ter um momento no futuro que seja possível encaminhar uma reforma global. Agora, o que é que eu tenho feito é tomado medidas pontuais que permitam que, no conjunto, se crie uma desoneração maior dos tributos no país”.

Entendi. Quer dizer, mais ou menos.

Os jornalistas também lhe fizeram perguntas sobre a crise com o Congresso. Leiam a resposta:
“Eu não venci guerra nenhuma! Posso falar por quê? Porque uma parte dissoocês ["ocês" quer dizer "vocês" em português] criam, né, gente? Ocês criam! O que é que eu posso fazer? Vocês chegam à conclusão que tem uma crise; depois que tem a crise, vocês têm de resolver como ela desapareceu”.

Então tá!

Ocês parem de inventar crise, viu, gente?

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 20:51

STF abre inquérito e quebra sigilo de Demóstenes

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu oficialmente nesta quinta-feira inquérito contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O relator do caso, Ricardo Lewandowski, solicitou ao Banco Central (BC) dados de movimentações financeiras do parlamentar.

O ministro também deferiu outros três pedidos do procurador-Geral da República, Roberto Gurgel: um pede acesso a informações sobre contratos celebrados por órgãos públicos com empresas privadas - não há detalhes sobre quais são. Além disso, Lewandowski pediu ao Senado a relação de emendas parlamentares apresentadas pelo senador Demóstenes - o que traz indícios de que os investigadores lançam suspeitas também sobre a aplicação desses recursos pelo senador. Por fim, o ministro do STF solicitou à Polícia Federal a degravação de 19 conversas telefônicas envolvendo Demóstenes. 

O ministro negou, por outro lado, outros pedidos feitos por Gurgel, entre eles, o acesso automático a movimentações financeiras do senador e a autorização para que Demóstenes prestasse depoimento ao procurador. O relator do caso considerou que ainda é cedo para realizar a oitiva.

Acusações
O senador Demóstenes Torres foi flagrado pela Polícia Federal em conversas telefônicas com o empresário Carlinhos Cachoeira, chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás. Nas conversas, o parlamentar revela uma constrangedora proximidade com o criminoso.

O democrata trata de valores financeiros e negocia o uso de um avião de Cachoeira. Segundo o Jornal Nacional desta quinta-feira, o empresário também foi gravado tratando da divisão de recursos com comparsas. Em um dos trechos, ele faz menção ao “um milhão do Demóstenes”. O senador, que tem mantido o silêncio, disse em carta aos colegas estar sendo vítima de “ataques” e prometeu responder às acusações.

Calvário
O senador Demóstenes Torres foi atingido pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal. As autoridades desmontaram uma extensa rede criminosa comandada por Carlinhos Cachoeira, empresário e controlador da máfia dos caça-níqueis no estado de Goiás. Foram presos policiais militares, civis e federais que tinham participação no esquema. Mas a maior surpresa veio de conversas entre Demóstenes Torres e Cachoeira, interceptadas pelos policiais. Além de ter recebido do criminoso um presente de casamento no valor de 30 000 dólares, o senador foi flagrado pedindo auxílio financeiro e negociando o uso de um jatinho de Cachoeira.

Novas conversas de Cachoeira reveladas pelo Jornal Nacional desta quinta-feira tornaram a situação do senador ainda mais complicada. O chefe da quadrilha aparece negociando recursos com comparsas e, em vários trechos, cita o nome do parlamentar. Carlinhos Cachoeira chega a falar em “um milhão do Demóstenes”. Horas antes, o PSOL entregou ao Conselho de Ética do Senado um pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. E o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o parlamentar.

Esperava-se que Demóstenes, sempre ágil para cobrar esclarecimentos do governo, se dispussesse a responder às denúncias publicamente. Em vez disso, tem evitado a imprensa e, desde que as denúncias se agravaram, só se comunicou por uma carta evasiva enviada aos colegas.

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 18:37

Eis a grande obra de Maria do Rosário até aqui: Militares da reserva são agredidos e chamados de “porcos” e “assassinos”

Militares da reserva são hostilizados por baderneiros, que exibem, como se nota, a sua grande coragem (Foto: Fábio Motta/AE)

Militares da reserva são hostilizados por baderneiros, que exibem, como se nota, a sua grande coragem (Foto: Fábio Motta/AE)

 

Maria do Rosário, a ministra dos Direitos Humanos, e Dilma Rousseff, a presidente que a nomeou para a pasta, estão começando a colher os frutos, quem sabe esperados, de suas ações.

O Brasil passou os últimos 33 anos — desde a Lei da Anistia, em 1979 — construindo a democracia e o estado de direito. Agora, há grupos firmemente empenhados em fazer o país marchar para trás. Ou para o lado: aquele da revanche, do pega pra capar, da violência. Questões que haviam sido superadas, ou que estavam justamente adormecidas, são reavivadas com paixão cruenta.

O incentivo à revanche está em toda parte. Se Dilma acha que está no bom caminho, que continue a dar corda a seus radicais. Leiam o que informam Wilson Tosta e Heloísa Aruth Sturm, no Estadão. Volto no próximo post.

Dezenas de militares da reserva que assistiram ao debate “1964 - A Verdade” ficaram sitiados no prédio do Clube Militar, na Cinelândia, no centro do Rio, na tarde desta quinta-feira, 29. O prédio foi cercado por manifestantes que impediram o trânsito pelas duas entradas do imóvel.

O evento marcou o aniversário do golpe militar de 1964 e reuniu militares contrários à Comissão da Verdade. Ao fim do evento, eles tentaram sair, mas foram impedidos por militantes do PC do B, do PT, do PDT e de outros movimentos organizados que protestavam contra o evento.

“Tortura, assassinato, não esquecemos 64″, gritavam os manifestantes. “Milico, covarde, queremos a verdade”, diziam outros. Velas foram acesas na frente da entrada lateral do centenário do Clube Militar, na Avenida Rio Branco, representando mortos e desaparecidos durante a ditadura militar. Homens que saíam do prédio foram hostilizados com gritos de “assassino”. Tinta vermelha e ovos foram jogados na calçada, sem atingir ninguém.

Homens do Batalhão de Choque foram ao local e lançaram spray de pimenta e bombas de efeito moral contra o grupo, que revidou com ovos. Um dos manifestantes foi imobilizado por policiais e liberado em seguida após ser atingido supostamente por uma pistola de choque, e outro foi detido e algemado.

Os militares foram orientados a sair em pequenos grupos por uma porta lateral, na rua Santa Luzia, mas tiveram que recuar por conta do forte cheiro de gás de pimenta que tomou o térreo do clube. A Polícia Militar tenta conter os manifestantes e chegou a liberar a saída de algumas pessoas pela porta principal, mas por medida de segurança voltou a impedir a saída.

Um grupo que saiu sob proteção do Batalhão de Choque da Polícia Militar foi alvo de xingamentos. Os manifestantes também chamaram os militares de “assassinos” e “porcos”. Mais tarde, a saída dos militares da reserva foi liberada por meio de um corredor criado por PMs entre o prédio até a entrada do metrô, na estação Cinelândia, a poucos metros do Clube Militar.

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 18:05

Dirceu, o “chefe de quadrilha” (segundo a PGR) é mesmo um profissional! Ou: Desconstruindo a salsicha. Ou: Dirceu, Brad Pitt e eu

José Dirceu, o chefe de quadrilha (segundo a Procuradoria Geral da República), é mesmo um profissional. Na coluna de Mônica Bergamo, na Folha, leem-se estas três notas, digamos, espantosas. Volto depois.

NO PALCO DO MUNDO
O ex-ministro José Dirceu (PT-SP) pode recorrer a organismos internacionais, como a OEA (Organização dos Estados Americanos), caso seja condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no caso do mensalão.

ENCONTROS
Ele falou sobre a possibilidade em mais de um encontro que tem tido com personalidades para conversar sobre o processo. Dois interlocutores recentes de Dirceu relataram a ideia à coluna, ressalvando que o petista sempre diz ter certeza de que será absolvido.

EU INSISTO
Dirceu nega com veemência. “Isso são advogados que propõem. Tenho convicção de que vou ser absolvido. Como vou falar uma coisa dessas?”, afirma. “Sempre falei que sou inocente e confio no Supremo. E agora vou recorrer a órgãos internacionais?” O ex-ministro diz ainda que gostaria que o caso fosse logo apreciado. “Nunca atrasei o processo, abri mão de testemunhas no exterior, não quero prescrição do caso. Insisto em ser julgado.

Entendendo…
Vamos entender como se fazem as salsichas, como não disse Birmarck.

Fica-se com a impressão de que algum amigo do Zé, gente fanática mesmo, “vazou” a intenção para a coluna. Notem que há quase um tom de zangada indignação quando ele é supostamente confrontado com o suposto vazamento. Não! De jeito nenhum! Ele nem pensa em recorrer à OEA porque está certo da absolvição!  E quer ser julgado logo! Ele deveria cobrar isso publicamente do companheiro Ricardo Lewandowski! Quem sabe…

O que interessa nas três notas é a informação: o Zé agora está plantando que, se for condenado, pretende ser, assim, um mártir latino-americano, entenderam?

Haver três notas para negar que Dirceu pretenda recorrer à OEA caso condenado corresponde, leitora amiga, leitor invejoso, a eu escrever três notas dizendo ser mentira a história de que as mulheres são mais loucas por mim do que por, sei lá, quem é o bonitão da hora?, Brad Pitt (ainda?)…. Ou eu escrever três notas negando que pretenda concorrer ao Nobel de Literatura.

Tenham paciência!

Sim, claro! A mulherada é louca por mim, mas nem tanto. A pressão em favor do Nobel é grande, mas tenho resistido.  Há momentos em que as pessoas perdem mesmo o senso do ridículo.

Por que Dirceu recorreria à OEA se condenado? Estaria sendo vítima de arbítrio? De um estado de exceção? De alguma ilegalidade? Há negativas que não precisam ser feitas sem que traia ou a loucura ou a pretensão de quem nega.

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 17:32

UMA NOVA ERA - Tio Rei foi citado numa reportagem da revista Serafina, da Folha. Um trechinho de nada, bem pequeno! Mas vejam quanta coisa eu descobri lá!

Um leitor me envia o link, eu não a havia lido, da reportagem-perfil que a revista “Serafina”, da Folha, fez com Luciana Villas-Boas no domingo passado, assinada por Raquel Cozer. Luciana era diretora editorial do grupo Record, o maior do país dedicado à publicação de livros (e que me edita), mas decidiu sair e criar a sua própria agência literária. Ficará baseada em Atlanta, nos EUA.

Muito bem. Num dado momento, este escriba é citado no texto. Reproduzo o trecho em vermelho.
O período na Record marcou uma transição ideológica de Luciana, que as fotos ajudam a ilustrar. Numa imagem de 1981, ela aparece sorridente ao lado de Fidel Castro. “Emir Sader me seduziu com uma viagem a Cuba”, acha graça, referindo-se ao ex-marido, cientista político e pai de seus dois filhos, Maria Isabel, 22, e Miguel, 20.
O que mudou tudo foi o governo Lula, em quem votou em 2002. “A ferocidade com que o partido se aferrou ao poder me chocou. Não era o que pregávamos.”
A guinada de Luciana coincidiu com a da editora. A casa, que já publicou a bíblia esquerdista “New Left Review”, passou a ter entre seus autores opositores ao governo Lula, como Fernando Henrique Cardoso e os jornalistas Reinaldo Azevedo, Merval Pereira e o ex-redator-chefe da “Veja” Mario Sabino - que era namorado de Luciana.

Epa, epa, epa! Aí não! E por várias razões!

Conheço Luciana Villas-Boas desde 1996. À época, eu era crítico do governo FHC — sou crítico de todos os governos desde, deixem-me ver, Ernesto Geisel! Isto mesmo: foi quando comecei a me interessar por política e me liguei à Convergência Socialista. De Fidel Castro, nunca fui admirador, mas fiz outras bobagens. Vocês já conhecem essa história. Gente mais esperta, ou espertalhona, do que eu é governo desde Geisel… Muito bem: por amizade, Luciana teria me publicado antes. Por afinidade ideológica, dado o contexto, também.

Desconheço que a Record tenha dado uma “guinada editorial” do modo como está no texto, especialmente como fruto da eventual conversão pessoal da diretora editorial. As coisas não funcionam dessa maneira, devo esclarecer em benefício de Luciana, da Record e da verdade (provo depois).

Nem eu nem os demais autores passamos a ser publicados pela Record porque “opositores ao governo Lula”, como diz o texto. Dos citados,  creio que o único que merece essa denominação é FHC. Mas a motivação obviamente não foi essa. Que editora do país, a não ser num estado policial petista (estamos quase lá, mas ainda não!), recusaria um livro seu? E notem que fica parecendo que a Record “era de esquerda” (falso!) quando o PT era oposição e mudou de lado (também falso!) quando o partido virou governo. Ora, se a referência do grupo para assumir uma postura ideológica fosse levar em conta quem está ou não no poder, das duas uma: ou todos por lá são loucos ou são candidatos a heróis.

O fato e o óbvio estão em outro lugar: o maior grupo editorial do país deve ter um compromisso, e tem, com a pluralidade e com a democracia. Publicar autores CRÍTICOS do governo Lula não deveria ter importância nenhuma, não deveria ser notícia. E deveria ser assim ainda que fossem, de fato, “opositores”.

Há mais correções a fazer em trecho tão curto. Os meus livros e o de Merval, publicados pela Record, reúnem artigos sobre política, boa parte deles com críticas ao governo — UMA OBRIGAÇÃO DO JORNALISMO. Um “opositor” tem um programa de ação e está ligado a um grupo para chegar ao poder. Nem eu nem Merval estamos nessa. Quanto a Mario Sabino, a referência consegue ser ainda mais impertinente. Ele é romancista e contista, publicado hoje em 10 países. Não há uma só linha em sua literatura que possa caracterizá-lo como “opositor ao governo Lula”.

Musil
Em “O Homem Sem Qualidades”, o grande Musil detecta o momento em que se pode dizer que se está diante de uma nova era. Assim (em azul) - volto depois:
 “Algo imponderável. Um presságio. Uma ilusão. Como quando um ímã larga a limalha, e esta se mistura toda outra vez. Como quando fios de novelos se desmancham. Quando um cortejo se dispersa. Quando uma orquestra começa a desafinar. (…) Ideias que antes possuíam um magro valor engordavam. Pessoas antigamente ignoradas tornavam-se famosas. O grosseiro se suaviza. (…) havia apenas um pouco de ruindade demais misturada ao que era bom, engano demais na verdade, flexibilidade demais nos significados (…)”

Voltei
O grosseiro se suaviza… É isto! Os que são considerados “opositores ao governo Lula” só podem ser publicados pelo maior grupo editorial do país (voltado para livros) como um ato de generosidade e ou de conversão pessoal de quem decide — não se pense jamais em merecimento!, nem mesmo aquele que nasce de uma visão, vá lá, instrumental: “O País dos Petralhas”, por exemplo, vendeu 50 mil exemplares, marca excelente no Brasil.

Estamos diante de uma nova era. Há “ruindade demais misturada ao que era bom”. Ainda que as coisas sejam ditas de modo sutil, quase imperceptível, está em curso uma espécie de criminalização da divergência. Todo mundo sabe que chamo as pessoas pelo nome. Não estou acusando Raquel Cozer de ser  mal intencionada, não! Se achasse, vocês sabem que diria. É possível que ela própria não tenha se dado conta do que escreveu.

Enquanto o selo Record publicava Reinaldo Azevedo e Merval Pereira (excluo Sabino dessa porque não escreve sobre política), a editora Civilização Brasileira, que pertence ao grupo, continuava a publicar “Cadernos do Cárcere”, de Gramsci; “O Capital”, de Karl Marx; “Formação do Império Americano”, de Moniz Bandeira. Não são exatamente autores “de direita”, não é? O catálogo da Civilização fala por si mesmo.

Estamos diante de uma nova era. Há “flexibilidade demais nos significados”. Especialmente no significado da palavra “tolerância”. Publicar autores que são “opositores ao governo Lula” constitui uma espécie de sestro pessoal, de concessão, de tolerância, sim, mas uma outra: aquela que o gerente do restaurante dispensa ao cão que espera na porta as migalhas do dia.

A jornalista Raque Cozer não tem culpa de nada. Seu texto é articulado, correto, encadeado, muito adaptado ao estilo “perfil”. Não a estou demonizando aqui, não. Eu a estou localizando numa nova era, reitero. Eu estou demonstrando como a intolerância está se tornando o ar que repiramos, uma jeito de ver o mundo, uma banalidade, mais ou menos como quem diz “hoje é quinta feira”, para citar Musil outra vez.

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 15:54

VEJAM ESTE FILME, SENHORES DEPUTADOS! Às vésperas da votação do Código Florestal, por que não ouvir quem vive da terra?

Boa parte ecologismo radical deve achar que comida nasce nas gôndolas do Pão de Açúcar e do Carrefour. Não nasce, não! Tem de ser plantada. Já conversei com amigos da natureza que não saberiam distinguir um pé de alface de capim. Abaixo, segue um depoimento de Almerita Francisca da Silva. É uma agricultora de Igarapé Preto, no Amazonas. Seu depoimento foi colhido em Boca do Acre (AM). Por favor, vejam até o fim.

Eis aí. Volto a uma questão muitas vezes tratada aqui. Aquilo a que chamam “agronegócio” — as grandes empresas, especialmente papeleiras e o setor sucroalcooleiro — já têm a sua situação regularizada segundo o Código Florestal em vigência ou o que está para ser votado. Quem está em situação considerada ilegal e precisa ter sua vida regularizada é o pequeno, é o agricultor pobre.

Essa gente não mobiliza os “amigos da natureza” e os caridosos ecologistas. O jornalismo também lhes vira as costas porque prefere pensar que estamos numa luta do bem (os preservacionistas) contra o mal (os desmatadores). Ignora-se o Brasil real. Dona Almerita é do Acre, conterrânea de Marina Silva. Mas essa porta-voz da “nova política” não lhe dá bola.

Acho que o que vai acima explica, em boa parte, o fato de a então candidatado PV à Presidência (ela já deixou o partido) ter ficado em terceiro lugar no seu próprio estado na eleição presidencial de 2010. Obteve 23,58% dos votos, contra 52,18% de José Serra e 23,74% de Dilma Rousseff.

Dona Almerita quer plantar. Mas o onguismo verde e a Fundação Ford a querem pendurada no Bolsa Família!

Por Reinaldo Azevedo

 

29/03/2012 às 14:56

Brasil crescerá menos do que o esperado pelo governo, segundo o Banco Central

Na VEJA Online:
O país vai crescer este ano menos que o esperado pela equipe econômica. Isso é o que mostra o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC). A autoridade monetária manteve a projeção de crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 - a mesma estimativa divulgada no relatório de dezembro.

A projeção mostra que será mais difícil para equipe econômica alcançar a meta de crescimento de pelo menos 4% desejada pela presidente Dilma Rousseff. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem prometido um crescimento ainda maior, de 4,5%. Para atingi-lo, planeja lançar na semana que vem novas medidas econômicas. Para o BC, porém, o crescimento de 3,5% é compatível com o equilíbrio interno e externo e consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta de 2012, de 4,5%.

Inflação
O BC já projeta a inflação para abaixo do centro da meta no fim deste ano. Pelos dados do Relatório Trimestral de Inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pelo cenário de referência fechará 2012 em 4,4%. O documento mostra um recuo de 0,3 ponto porcentual na projeção do IPCA para este ano, já que a estimativa anterior era de 4,7%. A meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 4,5%.

Pelo cenário de referência, a projeção para inflação acumulada em 12 meses se posiciona acima do valor central de 4,5% ao longo do primeiro semestre de 2012, deslocando-se em direção à trajetória da meta nos dois trimestres seguintes. A inflação acumulada em 12 meses parte de 5,5% no primeiro trimestre de 2012, reduz-se para 5,0% no segundo e para 4,4% no terceiro, encerrando o ano neste patamar, conforme o BC.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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