Dinheiro público vai financiar encontro de militantes governistas da Internet. Adivinhem quem é convidado de honra…

Publicado em 07/04/2012 17:22 e atualizado em 26/06/2013 15:25
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Posts abaixo, contesto dois articulistas na abordagem que fazem sobre a corrupção brasileira. De certo modo, têm a mesma tese: o problema do Brasil é “a direita”. É mesmo, é?  Lá vou eu excitar a fúria daquele gente simpática…, que depois sai me satanizando por aí na esgotosfera, na esperança de que eu responda para que recebam alguns leitores, que por lá não ficam, é claro!

Entre os dias 13 e 15 deste mês, no próximo fim de semana, ocorre em Fortaleza um troço chamado “2º WebFor - Fórum de Comunicação Social”. São três dias de seminário, com debates, palestras, eventos etc. reunindo os que se intitulam “blogueiros progressistas” - o que quer dizer “governistas”.

Os que mais ascenderam na “organização” já contam hoje com patrocínio do governo federal e de estatais, como sabem. São regiamente pagos com dinheiro público para atacar lideranças da oposição, ministros do Supremo que não sejam do seu agrado e veículos da grande imprensa. É, em suma, o JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista).

Agora eles vão fazer seu segundo encontro. Quem patrocina? Ora, o dinheiro público de novo: Banco do Nordeste, Governo do Estado do Ceará, Assembleia Legislativa do Ceará e Câmara Municipal de Fortaleza. Uma das críticas que faz esse bando de Schopenhaures à grande imprensa diz respeito à sua suposta falta de independência. Como se nota, a independência do tal evento já está garantida…

Ah… O “2º WebFor” tem um convidado de honra, que vai abrir o trabalhos; é o grande herói do encontro: o chefe de quadrilha (segundo a PGR) José Dirceu!

Entenderam por que decidi fazer picadinho, com a educação habitual, dos textos de Elio Gaspari e Eugênio Bucci? Direita? Ora… Quantos dos antigos admiradores restaram ao lado do senador Demóstenes Torres depois do que foi tornado público? Já a turma de Dirceu ama nele justamente uma das cabeças da hidra, como diria “Egogênio Bucci”.

Gaspari deveria aproveitar esse encontro e incluí-lo na sua prefiguração. Imaginemos só um país em que um banco público, um governo do estado, uma assembleia legislativa e uma câmara de vereadores financiam um evento de militantes políticos que têm o declarado propósito de defender o governo, atacar a oposição e agredir a imprensa livre. Pior: o grande homem da patuscada é ninguém menos do que um ex-deputado cassado por corrupção e chefão do maior escândalo político havido no país.

Esse país já existe em 2012, senhor Elio Gaspari!

Por Reinaldo Azevedo

 

“Heloooou”!!! É “chique no úrtimo!!!” Dilma deve propor brinde a Obama com cachaça de garrafa cravejada de diamantes

Na Folha Online. Volto em seguida:
Dilma Rousseff deve propor um brinde hoje ao presidente americano Barack Obama com uma garrafa de cachaça brasileira (Velho Barreiro) cravejada de diamantes, informa a coluna “Mônica Bergamo”, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

A empresa que produz a bebida diz que levou para essa confraternização uma garrafa, da edição limitada da Velho Barreiro Diamond, que custa em torno de R$ 212 mil. O brinde propõe o reconhecimento da cachaça, pelos americanos, como um produto genuinamente brasileiro.

Dilma chegou a Washington no fim da tarde de domingo (8) e foi direto para uma reunião com um grupo de 20 empresários brasileiros que atuam nos EUA organizada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

Indagada sobre sua expectativa para a reunião com Obama, o terceiro encontro como presidente dos EUA,que ocorre no final da manhã de hoje e será entremeada por almoço, respondeu apenas: “É ótima”.
(…)

Voltei
Uau! Uma das “mulheres ricas” deveria estar presente a esse momento solene. Por que não Val Marchiori? Depois de umas três horas de ensaio, ela diria algo assim: “Helouuuu!!! Agora chega de champanhe! Só cachaça em garrafa de diamante, amiga! Helouuuu!!!“

Por Reinaldo Azevedo

 

O combate à homofobia não pode ser “catolicofóbico”, “evangelicofóbico”, “diferentofóbico”. Ou: Movimento gay quer passar de beneficiário da liberdade de expressão à condição de censor?

Escrevi na quinta-feira um post sobre um processo a meu ver absurdo que o Ministério Público move contra o pastor Silas Malafaia. Expliquei ali o contexto. Quando, em junho do ano passado, a passeata gay caracterizou 12 modelos como santos católicos e os levou à avenida para representar situações “homoafetivas”, Malafaia, em seu programa de TV, acusou a agressão à crença de milhões de pessoas e afirmou: “É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha!” Explico naquele texto por que é absurda a afirmação de que se trata de incitamento à violência: 1) católicos, enquanto católicos, não agridem ninguém (ao contrário até: vivem sendo moralmente agredidos); 2) o pastor não é um líder daquela religião, por óbvio, e não teria como incitar aqueles que estão fora de seu campo de influência. Obviamente, falava de modo metafórico, opinava em favor de uma reação da Igreja — que, diga-se, ficou bem murchinha…

O post já tem mais de 700 comentários — e devo ter deixado de publicar outro tanto de pessoas que se manifestam com impressionante rancor. Ou, então, que deixam claro não saber como funciona a democracia. Olhem aqui: eu não dou bola para correntes da Internet, não! Zero! Não me intimido com trabalho organizado de lobbies. Penso o que penso. Se gostarem, bem; se não, a Internet conta com milhões de páginas pessoais. Por que ficar sofrendo na minha? Posso não pensar sobre a homossexualidade o que pensa Malafaia — embora, creio, façamos crítica muito parecida à tal lei que pune a homofobia: é autoritária, fere a liberdade religiosa e cria uma categorias de indivíduos acima da crítica.

Muito bem! E daí que eu não pense o mesmo? Devo silenciar diante de uma óbvia tentativa de calá-lo, ao arrepio, parece-me, da lei? Sim, a Justiça vai decidir, mas posso e devo dizer o que acho. Acho que estão recorrendo a uma óbvia linguagem metafórica com o propósito de se vingar de um notório crítico da dita Lei Anti-Homofobia. Entendo que estamos diante de um caso clássico de uso da lei para intimidar ou calar aquele que pensa de modo diferente.

Os grupos do sindicalismo gay fazem uma enorme pressão para que ele seja punido. Venham cá: que parte da cultura democrática essa gente não entendeu direito? Então eles podem pegar símbolos de uma denominação cristã, que têm valor para mais de um bilhão de pessoas, submetê-los a uma, como posso dizer?, “interpretação livre”, mudando ou mesmo invertendo seu sentido moral, mas um líder religioso deveria ser impedido de dizer o que pensa?

Calma lá! É a liberdade de expressão como um valor universal que permite hoje a essas ditas minorias, a esses grupos de pressão, falar, reivindicar etc. O que querem? Coibir a dita homofobia metendo na cadeia quem não comunga de seus valores? Já assisti, em vídeos na Internet, a algumas intervenções de Malafaia na TV. Em nenhuma delas incitava a violência — e duvido que o faça. Ninguém pode obrigá-lo a renunciar à sua fé e aos fundamentos de sua crença. Tampouco me parece decente que se recorra ao  um truque para tentar condená-lo. Querem lhe atribuir o que não disse - e que, de fato, seria ilegal - para tentarem puni-lo pelo que disse. E que nada tem de ilegal.

Isso, reitero, não quer dizer que eu concorde com ele sobre esse e outros temas. Aliás, ele é evangélico; eu sou católico. Isso significa… divergência!!! Mas não vou condescender com esses que se querem agora policiais do pensamento. Ora, de beneficiário da liberdade de expressão, o sindicalismo gay quer passar agora à condição de repressor, de censor? Não dá!

Também não vale o artifício de fazer eternamente o papel do oprimido para oprimir os outros. Estou entre aqueles que acreditam que há tantos gays hoje (percentualmente falando) como sempre houve.  Uma coisa, no entanto, é certa: a cultura gay nunca foi tão forte, e essa minoria nunca foi tão visível e influente. Virou, por exemplo, pauta obrigatória das novelas — ainda que o tratamento dispensado pelos autores varie bastante. Se notarem, são sempre personagens “do bem”. Uma malvadão gay seria “contra a causa”. Ignorando a letra explícita da Constituição, o STF reconheceu a união estável homossexual, o que praticamente garante os demais direitos — agora é só questão de ajuste da legislação infraconstitucional.

E tudo isso se deu sem uma lei para punir opiniões divergentes. A militância gay não conseguirá mudar na base do berro, da imposição e da perseguição jurídica o entendimento das igrejas a respeito do assunto. Recorrer a truques para punir desafetos, que estão amparados pela liberdade de pensamento e pela liberdade religiosa, é coisa de autoritários. O combate à homofobia não pode ser “catolicofóbico”, “evangelicofóbico”, “diferentofóbico”.

Afinal, qual é a pauta? Reivindicam direitos iguais ou direitos especiais, muito especialmente o de calar aqueles de que discordam?

Finalmente, lembro que as igrejas são pessoas jurídicas de direito privado. Isso, evidentemente, não dá a padres, pastores ou a quaisquer outros líderes religiosos o direito de cometer crimes — e entendo que não tenha havido isso no caso de Malafaia. Faço essa lembrança pensando num outro aspecto.

Líderes religiosos, ainda que possam e devam se posicionar sobre temas gerais da sociedade, sabem que falam principalmente para os fiéis de sua igreja. Daí que seja absolutamente ridículo querer impor às igrejas uma crença oficial ou um conjunto de valores definido em alguma outra esfera, que não a religiosa. Atenção! Isso vale até para a ciência. Uma igreja significa isto: um grupo de pessoas decidiu se reunir para cultivar determinados valores e cultuar aspectos do sagrado. Ponto!

Muito bem! Malafaia recorreu àquela metáfora, incorporada, convenham, à fala popular. Mas o que dizer de José Eduardo Dutra, o diretor da Petrobras que mandou um “enfia o dedo e rasga” para a oposição? A Petrobras não é uma igreja. A Petrobras tem uma dimensão pública. Este senhor foi nomeado pelo governo e está lá para atender aos interesses de todos os brasileiros: petistas e não petistas; cristãos, não-cristãos, ateus e agnósticos; corintianos e palmeirenses; botafoguenses e não-botafoguenses…

Sobre a fala de Dutra, até agora, curiosamente, o Ministério Público Federal não se manifestou.

Que regra está valendo? Seria aquela dos estados autoritários, que resumo assim: “Aos inimigos, nada, nem a lei; aos amigos tudo, menos a lei”?

Por Reinaldo Azevedo

 

O diretor da Petrobras que “enfia o dedo” na democracia e “rasga-a”. Ele ainda não foi demitido, Graça Foster?

José Eduardo Dutra, Diretor Corporativo e de Serviços da Petrobras, postou em seu perfil no Twitter, como viram, a seguinte mensagem quando se informou o resultado da pesquisa Ibope sobre a popularidade de Dilma: “Como se diz lá em Sergipe, enfia o dedo e rasga”. Escrevi um post a respeito. Em qualquer país do mundo que não estivesse moralmente corrompido, seria demitido no ato. Aqui, há o risco de o acharem espirituoso. Até cheguei a imaginar um diálogo seu com a presidente da empresa, Graça Foster, que era a musa do gás e agora é a minha musa muito além dos pélagos, como diria o poeta. Camões tinha as ninfas do Mondego; Adamastor tinha Tétis. Ulisses corria o risco de ser tragado pelas sereias e botou cera nos ouvidos. No Brasil, a gente venda os olhos e mergulha nas profundezas do pré-sal…

É um esculacho! A Petrobras é uma empresa de economia mista, com ações negociadas em Bolsa. Está servindo à politicalha. Não por acaso, o mercado deu um tombo nas ações da empresa. Percebeu que está sendo gerida por políticos, não por técnicos. Na segunda, Graça deveria pôr o autor da graça na rua. Mas não vai. Não vai porque não quer. Não vai porque, ainda que quisesse, não poderia.

Dutra resolveu escrever mais quatro tuítes, aí como reação aos meus posts. Vejam abaixo.

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Voltei
No primeiro, diz que está rindo dos seus “trolls” e dos que xingam a sua mãe. Não creio que estivessem fazendo isso. Mas, se fosse verdade, por que riria esse rapaz? A possibilidade de que ainda não tenha encontrado o remédio certo é grande.

Em seguida, estranhou a reação, já que havia postado a mensagem havia dois dias. Aí descobriu o motivo: “Ah bom! Agora entendi. Foi aquele blogueiro especialista em baixarias que determinou ordem unida aos pseudo indignados . Não vou nem dormir”. Está se referindo a mim, claro! O diretor de Assuntos Corporativos e de Serviços recomenda à oposição: “Enfia o dedo e rasga”, mas diz que sou “especialista em baixarias”.

Mesmo??? Neste blog, não se recorre a palavras de baixo calão. Muito pelo contrário! Num outro tuíte, ele diz que vai assistir à novela “Avenida Brasil”. Pois é… Baixaria? Eu poderia tratar de lixão, por exemplo, quando falo sobre as suas peripécias, mas recorro a Castro Alves, a Camões, a Homero… Só nomes superiores, mesmo quando o assunto é inferior. Os meus leitores merecem o melhor.

Aí se nota o tom de desdém: “Nem vou dormir”. Tudo muito adequado ao perfil e à história desse gigante, que conheço faz tempo. Não conciliair o sono, de fato, não é para qualquer um… Ele não se lembra, mas eu sim! Em 1996, almoçamos juntos no restaurante do Senado. Uma jornalista nos acompanhava. Dutra fazia a linha “amigão da imprensa”, papel que os petistas representavam à perfeição quando na oposição. Ali, no bandejão — um petista entre o povo —, fiquei espantado com a sua capacidade de fazer fofoca e com sua vocação para a maledicência, muito especialmente contra seus colegas. Um especialista em baixaria!

Eu era coordenador de política da Sucursal de Brasília da Folha e tinha de ir à Casa de vez em quando dar as caras, fazer os tais contatos e coisa e tal. Vida de jornalista não é fácil. Enquanto tentava vencer um bife duro e frio e uma comida notavelmente salgada — nada estraga mais um prato do que o excesso de sal! —, pensava: “Santo Deus! Isso vai ser poder um dia!” Eis aí.

Não! Não há baixaria neste blog, como sabem os leitores decentes e todos os petralhas. Digamos que houvesse, uma coisa ao menos se deveria dizer em favor da página: não seria financiada com dinheiro público. Eu jamais usei uma estatal para fazer carreira, para fazer proselitismo político, para me eleger e depois para arrumar um empregão. Ao contrário até: ajudei a fundar, quando era “criança”, um sindicato de professores da rede privada de ensino. Não só não me aproveitei disso como mudei de área pouco tempo depois. Acredito em ganhar o pão com o suor do próprio rosto — não com o do alheio.

Eu quero ver é o “geólogo” José Eduardo Dutra ganhar a vida com a sua expertise, com o seu talento, com o seu conhecimento técnico,  não como esbirro de um partido. Mas isso eu não verei. Baixaria é ser regiamente pago para servir a uma empresa que, em boa parte, pertence a todos os brasileiros e usar tal condição para fazer proselitismo político de baixo calão. Corresponde a enfiar o dedo na democracia e rasgá-la. É o que ele seus companheiros fazem todos os dias.

Só eles? Não! A lambança, já disse, como evidencia o esquema de Carlinhos Cachoeira — acreditem: ele só é um amador atrevido; os profissionais mesmo estão nas sombras —, é ecumênica. Mas só os petistas transformaram o mau-caratismo numa categoria de pensamento, numa teoria do poder e numa herança que pretendem virtuosa, a ser seguida pelos pósteros.

Por Reinaldo Azevedo

 

Aiatoelio Gaspari assina a ficha de filiação ao PT. Ou: Uma caricatura da história que faz inveja ao pior stalinismo

Aiatoelio Gaspari, o Ali Khamenei de alguns colunistas do jornalismo, escreveu aquele que deve ser o pior texto de sua carreira. E não que fosse tarefa fácil, dada a produção dos últimos anos. Obrigo-me a apontar isso aqui porque já escrevi sobre uma forma de patrulha ideológica que está em curso, que consiste em associar alguns valores em nome dos quais falava o senador Demóstenes Torres (GO) às suas peripécias com Carlinhos Cachoeira, como se houvesse entre uma coisa e outra uma relação de causa e efeito ou, ao menos uma linha de coerência. Seria, em suma, tudo “coisa da direita moralista”. A verdade está justamente no avesso, já demonstrei aqui. A carreira política de Demóstenes, pouco importa o que aconteça com o seu mandato, acabou. Seu eleitorado não o perdoa. Já os mensaleiros petistas, a exemplo do “chefe de quadrilha” (segundo a PGR) José Dirceu, estão mais poderosos do que nunca. João Paulo Cunha (PT-SP) é, para escárnio da moral e do bom senso, nada menos que presidente do Conselho de Ética da Câmara. Dirceu, além de “consultor de empresas privadas”, está montando a equipe de campanha de Fernando Haddad. Aiatoelio deve achar normal, já que não escreve a respeito.

Quem conhece a história do jornalismo brasileiro sabe que Gaspari entende de “direita moralista”. É mais um que o regime democrático encontra hoje junto com a esquerda, como direi?, de exultação. Eu sempre me comovo muito com aqueles que se tornam esquerdistas quando pode. Como eu fui de esquerda quando não podia, não me obrigo a reverenciar esses corajosos. Acho que foi Ferreira Gullar que escreveu algo assim (a procurar os termos exatos): “Fui de esquerda quando dava cadeia; hoje, ser de esquerda dá emprego”.

Reproduzo, abaixo, em vermelho o texto de Aiatoelio publicado neste domingo e comento em azul. Ele imagina uma situação no futuro em que Demóstenes fosse presidente da República.

Setembro de 2015: eleito presidente da República, em novembro do ano passado, Demóstenes Torres chegou ontem a Nova York para abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas. Reuniu-se com o presidente Barack Obama, de quem cobrou uma política mais agressiva contra os governos da Bolívia, Equador e Venezuela, “controlados por aparelhos partidários que sonham em transformar a América Latina numa nova Cuba”. Antes de embarcar, Demóstenes abriu uma crise diplomática com o Paraguai, anunciando sua intenção de rever o tratado da hidrelétrica de Itaipu.
Vamos ver. Aiatoelio transforma numa caricatura as críticas sensatas e justas que qualquer amante da democracia faz aos governos da Bolívia, Equador e Venezuela. De fato, e isso não é conversa, inexiste, por exemplo, imprensa livre nesses três países. As forças políticas que estão no poder integram o Fórum de São Paulo — onde tinham assento, até outro dia, as Farc (oficialmente, e só oficialmente!, estão fora da organização). Para maiores informações, procurem os relatos da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) sobre a situação do jornalismo nos países citados — filiam-se à SIP, diga-se, os dois jornais que publicam a coluna de Gaspari: O Globo e a Folha. Quanto ao Paraguai, a caricatura de Gaspari é não só deformada (como todas), mas mentirosa também, invertendo os fatos. Foi o Paraguai que rasgou o tratado de Itaipu, como é público e notório.

O “direitista quando jovem” empresta seu pensamento à esquerda, agora que sua inteligência experimenta o climatério. Esse tipo de ironia grotesca, rombuda, ecoa algumas das piores práticas do stalinismo, que consistia justamente em transformar em caricatura as críticas que lhe eram feitas. Seu artigo ainda vai piorar muito. Acompanhem.

O presidente brasileiro assumiu prometendo fazer “a faxina ética que o país precisa”.
Eu, por exemplo, nunca gostei da expressão “faxina ética”. Não porque não a considere necessária, mas porque a considero falsa. Escrevi aqui há dias que setores da imprensa estavam prestes a satanizar a própria ética. Eis aí.

Para isso, criou um ministério com superpoderes, entregue ao ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.
Trata-se de um ataque covarde, numa tentativa — mais uma! — de agredir a reputação de um ministro do Supremo que nem sempre atua segundo a vontade de Aiatoelio e seus novos amigos.

Numa reviravolta em relação a suas posições anteriores, o presidente apoiou um projeto que legaliza o jogo no país.
É a única referência do texto que traz uma ironia pertinente.

Ele reestruturou o programa Bolsa Família, reduzindo-lhe as verbas e criando obstáculos para o acesso aos seus benefícios.
Não me consta que Demóstenes — ou “a direita” — tenha ameaçado o Bolsa Família alguma vez. De todo modo, associar a parceria de Demóstenes com Cachoeira a críticas ao Bolsa Família é vigarice intelectual. O que uma coisa tem a ver com a outra? Só é possível ser crítico desse programa sendo um falso moralista, um pilantra? Por quê?

Patrocinou projetos reduzindo a maioridade penal para 16 anos, e autorizando a internação compulsória de drogados.
Começo pela internação compulsória de drogados. Em alguns casos, daqueles que estão nas ruas, sem ter quem deles tome conta, tratados como lixo, ela é só matéria de bom senso. Aliás, é o que pensa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de quem Gaspari não fez caricatura.

Quanto à maioridade penal, o autor junta seu ódio a Demóstenes — muito anterior a qualquer informação sobre Carlinhos Cachoeira — à desinformação. Faz crer a seus leitores, com a sua fama de sabido e rigoroso, que só “direitistas tomados pelo falso moralismo” defendem a redução. Já tratei deste assunto aqui faz tempo. Então vamos ver.

Nas “ditaduras fascistas” na Nova Zelândia, Grã-Bretanha e Irlanda, a idade mínima é 10 anos — em Luxemburgo, inexiste idade mínima! Os bárbaros australianos e irlandeses fizeram por menos: 7. Já as ditaduras da Suécia, da Finlândia e da Noruega escolheram 15. Os regimes discricionários de pocilgas como Canadá, Espanha ou Holanda optaram por 12 — no Canadá, em casos excepcionais, pode descer a 10. A Alemanha e o Japão, notórios por submeter seus jovens a um regime de contínua violência e degradação, preferiram 14. Junto com o Brasil, 18 anos, estão Colômbia, Equador, Guiné e Venezuela, exemplos de bem-estar social todos eles, não é mesmo? Ah, sim: o paraíso cubano, que foi objeto da “caricatura a favor” de Aiatoelio, estabeleceu 16. O regime sandinista da Nicarágua, 13. Vai uma tabela para Gaspari guardar em arquivo e como incentivo à responsabilidade.
Sem idade mínima
- Luxemburgo
7 anos
- Austrália
- Irlanda
10 anos
- Nova Zelândia
- Grã-Bretanha
12 anos
- Canadá
- Espanha
- Israel
- Holanda
14 anos
- Alemanha
- Japão
15 anos
- Finlândia
- Suécia
- Dinamarca
16 anos
- Bélgica
- Chile
- Portugal

Determinou que uma comissão especial expurgue o catálogo de livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação.
Há livros didáticos, e não são poucos, que são mesmo vergonhosos, pautados pelo proselitismo mais descarado. Ao tratar da questão num texto em que aborda a moral como discurso da mentira, este senhor está endossado os crimes de lesa educação cometidos por uma canalha (e os bons autores não se sintam ofendidos) que, de resto, não precisa nem disputar mercado. Basta puxar o saco do petismo para estar com a vida ganha e ter sua obra “adotada” pelo MEC.

Atualmente, percorre o país pedindo a convocação de uma Assembleia Constituinte.
Sabem que chegou a defender uma Assembleia Constituinte? Lula!!! Aiatoelio se calou.

A oposição do Partido dos Trabalhadores denuncia a existência de uma aliança entre o presidente e quase todos os grandes meios de comunicação do país.
ATENÇÃO AGORA! Bem, meus caros, como o Demóstenes da fábula gaspariana é o falso bem que é mal, o PT, como seu contraponto, é, então o bem ele mesmo! Se tudo o que Demóstenes faz deve ser lido pelo avesso, sendo o PT seu avesso, tudo o que os companheiros dizem é mesmo sensato. Ou seja: o colunista do Globo e da Folha está afirmando que os meios de comunicação estariam — porque, então, assim já seria hoje — alinhados com “a direita”. É… Gaspari escreve com uma mentalidade de Carta Capital, mas prefere ganhar salário de Globo e Folha… Os fiéis de Mino Carta têm de ter aula de esperteza com Gaspari…

Ao desembarcar no aeroporto Kennedy, Demóstenes ironizou as críticas à presença de uma jovem assessora na sua comitiva: “Lamentavelmente, ela não é minha amante, porque é linda”. À noite o presidente compareceu a um jantar no restaurante Four Seasons, organizado pelo empresário Claudio Abreu, que até março de 2012 dirigia um escritório regional de relações corporativas da empreiteira Delta. Abreu é o atual secretário-executivo da Comissão de Revisão dos Contratos de Grande Obras, presidida pelo ex-procurador geral Roberto Gurgel. Chamou a atenção na comitiva do presidente o fato de alguns integrantes carregarem celulares habilitados numa loja da rua 46. Eles são chamados de “Clube do Nextel”.
Bem, nesse trecho, ele faz algumas ironias óbvias, que não mereceriam maiores considerações não fosse por um particular: a Delta é a maior tocadora de obras do governo federal. Seu proprietário, Fernando Cavendish, é amigo dos petistas — de um em particular: José Dirceu, que já prestou consultoria à empresa. Por coincidência, depois disso, a expansão do grupo é notável. Ainda voltarei a este tema. O Rio de Sérgio Cabral é um grande canteiro de obras da Delta, boa parte delas sem licitação.

Em 2012 a carreira do atual presidente foi ameaçada por uma investigação que o associava ao empresário Carlos Augusto Ramos, também conhecido como “Carlinhos Cachoeira”, marido da ex-mulher do atual senador Wilder Pedro de Morais, que era suplente de Demóstenes. O trabalho da Polícia Federal foi desqualificado pela Justiça. O assunto foi esquecido quando surgiram as denúncias do BolaGate contra o governo da presidente Dilma Rousseff envolvendo contratos de serviços e engenharia de estádios para a Copa do Mundo, cancelada em 2013.
Ora, se Demóstenes é o falso moralista e se sua pregação deve ser vista sempre pelo avesso, Gaspari está sendo preventivo; está aplicando uma vacina contra as críticas às óbvias lambanças nas obras da Copa do Mundo. O que quer que se diga a respeito ecoa apenas coisa dessa direita moralista, entenderam? A Delta é a empresa que toca, por exemplo, a reforma do Aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Sem licitação! Surgir um “Bolagate” é uma questão de tempo, senhor Aiastoelio, não de conspiração da direita.

A eleição de campeões da moralidade é um fenômeno comum no Brasil. Em 1959 Jânio Quadros elegeu-se montando uma vassoura. Em 1989, triunfou Fernando Collor de Mello. O primeiro renunciou numa tentativa de golpe de Estado e terminou seus dias apoquentado por pressões familiares para que revelasse os números de suas contas bancárias no exterior. O segundo deixou o poder acusado de corrupção e viveu por algum tempo em Miami, elegeu-se senador e apoiou a candidatura de Demóstenes. O tesoureiro de sua campanha foi assassinado.
Não é verdade! Dois presidentes com essas características apontadas por Gaspari não evidenciam a existência de um “fenômeno comum”. Se bem notaram, Aiatoelio fez uma leitura irônica daquela que seria uma agenda “de direita”. Assim, qualquer um que ouse fazer propostas ou críticas fora da agenda da esquerda seria só um “falso moralista”, um “Janio”, um “Collor”, um “Demóstenes”.

Presente ao jantar do Four Seasons, o empresário Carlos Augusto Ramos não quis falar à imprensa. Ele hoje lidera o setor da indústria farmacêutica brasileira beneficiado pelos incentivos concedidos no governo anterior. Ramos chegou acompanhado pelo ministro dos Transportes, Marconi Perillo, que governou o Estado do presidente e foi o principal articulador do apoio do PSDB à sua candidatura. Uma dissidência do PT, liderada pelo deputado Rubens Otoni, também apoiou a candidatura de Demóstenes. O presidente anunciou que a BingoBrás será presidida por um ex-petista.
Abril de 2012: quem conhece o tamanho do conto do vigário moralista de Fernando Collor e Jânio Quadros sabe que tudo o que está escrito aí em cima poderia ter acontecido.

Essa crítica leve ao PT é só a homenagem que a virtude presta ao vício, coisa muito comum em certo tipo de “jornalismo isento”. A agenda petista de Gaspari está no conjunto do texto. Quisesse mesmo ser duro com o partido — como é com seus adversários —, lembraria que os petistas jogaram no lixo a Lei de Licitações para tocar as obras da Copa. Quisesse mesmo ser duro com os companheiros, teria analisado o verdadeiro espetáculo de “privataria” que foi a privatização dos aeropostos — não há um só especialista que não anteveja problemas. Quisesse mesmo ser duro com os patriotas, já teria desconstruído o “modelo Dilma” de privatização de estradas — que ele elogiou com tanto entusiasmo e cujo fiasco jamais reconheceu. Pergunta: por que Gaspari não nomeou Agnelo Queiroz ministro da Licitação e da Concorrência?

Notem que, na sua fábula, só “ex-petistas” estariam junto com Demóstenes, que ele considera o mal. Os petistas puros, os petistas genuínos, os petistas dirceus, os petistas lulas, os petistas dilmas, ah, esses se encontrariam na oposição, denunciando a grande conspiração que uniria Demóstenes à mídia. Porque, está dado, petista mesmo, petista autêntico, não faz sacanagem, não faz lambança, nunca é falso moralista!

Esse texto de Elio Gaspari é sua ficha de filiação ao PT. Faz sentido. Na ditadura, ele era uma espécie de general sem uniforme. E como os admirava!!!

PS - Os liberais autênticos, os que se apõem ao lulo-petismo — e a qualquer outra vigarice  — e os que lastimam a política tomada por ladrões devem saber: estão com os bons valores! Por isso não perdoarão Demóstenes. O que ele fez não é, ao contrário do que sugere Gaspari, a parte secreta de uma agenda de que o “moralismo” seria apenas a parte visível. Já, insisto, os admiradores de Dirceu e os eleitores de todos os outros mensaleiros endossaram suas respectivas práticas.

O texto de Gaspari é uma dessas coisas que provocam vergonha alheia. Há, admito, pessoas que fazem coisa assim porque precisam. Não é o caso de Aiatoelio. Ele faz porque quer. Porque gosta.

Por Reinaldo Azevedo

 

Diretor da Petrobras é pressionado a pedir desculpas. Mas vejam como ele o faz! Ou: Num caso aparentemente banal, revela-se por que a esquerda montou a mais formidável máquina de extermínio da história humana

Pois é… Vejam este homem. É José Eduardo Dutra.

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Ele resolveu pedir desculpar no Twitter. Desculpas à moda petista, claro!, que é um jeito diferente de reconhecer uma falha. Não adianta! Estamos falando de gente de outra natureza, a revelar, uma vez mais, num evento até besta, por que a esquerda montou a mais eficiente máquina de matar da história humana. Nunca tantos pereceram em prazo tão curto. Mas “eles” tinham uma boa causa: estavam construindo “o novo homem”, o “homem livre”!!! O evento, em si, reitero, é meio boboca, mas nele está contido uma escolha moral e um conteúdo ético que tem história. Como disse o poeta, o todo sem a parte não é todo, a parte sem o todo não é parte… Num pouco de PT sempre está o PT todo!

A maioria de vocês deve ter acompanhado o caso, mas relembro rapidamente: Dutra, ex-presidente do PT, um dos chamados “Três Porquinhos” de Dilma, ao saber do resultado da pesquisa Ibope, que apontou alta popularidade da soberana, enviou um recado à oposição no Twitter: “Enfia o dedo e rasga”. Assim mesmo, com todas essas letras. Escrevi um primeiro post a respeito. Depois,imaginei, dado o vocabulário influente no meio em que vive o bruto, um diálogo seu com Graça Foster, presidente da empresa. Dutra resolveu responder, fazendo ironias e me acusando, vejam vocês, de ser “especialista em baixarias”. Isso quer dizer que o homem não considera “enfia o dedo e rasta” uma baixaria. Escrevi sobre isso também. Num novo tuíte, vocês verão, ele pede, então, desculpas. A questão é como o faz. Já chego lá. Antes, mais algumas considerações.

Fosse ele um petralha comum, desses indigentes políticos que se arrastam na esgotosfera e fazem de graça o trabalho sistemático de depredação das instituições, vá lá. Eles dizem coisa bem pior do que isso. Mas não! Dutra é um chefão de uma empresa de capital misto. Na condição de nomeado pelo governo, encarna certa ideia de representação. Está lá por conta das ações que são públicas —  isto é, nossa: de governistas e oposicionistas; de petistas, mas também de não-petistas. Como diretor da empresa no seu conjunto, ele é uma espécie de cartão de visitas; ajuda a compor — ou a descompor — a imagem da empresa. A julgar pelo desempenho da Petrobras em Bolsa nos últimos tempos, há mais descomposição do que composição. Perde o conjunto dos brasileiros; perdem os acionistas privados. Sigamos.

Ontem, Dutra achou que poderia dar de ombros para os protestos. Chamou os que criticaram a sua mensagem de reação de “pseudoindignados” e mandou ver: “Não vou nem dormir”. Afirmou que eu havia determinado “ordem unida” na rede. Tenho, sim, milhares de leitores, mas não tenho esse poder. Até petistas decentes — na suposição de que os haja inocentes — devem repudiar seu modo de expressão, não é? Fui informado de que Dutra foi “aconselhado” por setores da Petrobras a se desculpar. Embora tenha emitido sua mensagem no seu perfil pessoal no Twitter, ele se apresenta ali como diretor da Petrobras. Caberia, diga-se, até uma ação do Ministério Público.

A natureza da desculpa
Muito bem! Dutra se desculpou. E o fez de um modo, como demonstrarei, que revela muito mais do que parece à primeira vista. Assim:

jose-eduardo-dutra-pedido-de-desculpas

Que alma! Ora, quando cometemos uma falha e a reconhecemos sinceramente, pouco importam os relevos da subjetividade do ofendido; é irrelevante saber se ele se sentiu sinceramente agravado ou não. Isso não muda a natureza da nossa ofensa. Mas esse é fundamento que vale para pessoas cuja moral (modo pessoal de agir) e cuja ética (valores que adota na relação com a coletividade) têm um compromisso com a tolerância, com o direito do “outro” de existir, com a diversidade. Dutra é um quadro do petismo. Seus valores são de outra natureza.

Ao afirmar o que vai acima, observem que ele, antes de mais nada, se coloca como um juiz dos sentimentos alheios, justamente aqueles que foram atingidos por suas palavras. Com os sinceros, ele se desculpa; com os insinceros, os “hipócritas”, os “falsamente ofendidos”, não! A estes ele devota o seu “desprezo”. A estes, em suma, o diretor da Petrobras continua a dizer: “Enfiem o dedo e rasguem”.

Isso quer dizer que Dutra só está se desculpando com aqueles que pertencem à sua grei, que são os homens sinceros. Os que não fazem parte do seu grupo são, de saída, hipócritas e insinceros — logo, nada de desagravo! Na sua concepção, é gente que merece aquelas palavras. Então começo a voltar ao início do texto.

Entendam como um episódio besta como esse traz, em si — e não é exagero retórico, não! —, a justificativa (i)moral e (a)ética para os 70 milhões de assassinatos na China ou para os 40 milhões de homicídios praticados por Stálin na União Soviética (caso se considerem os que pereceram durante a grande fome…). Eram, afinal, os “outros”, os “hipócritas”, os “falsamente ofendidos”… Dutra, como vocês podem notar, vira o dono da ofensa e do juízo sobre a reação alheia.

Este senhor jamais vai compreender — porque, para tanto, lhe faltam apuro ético e moral, mas também informação — que, no caso de se fazer uma hierarquia na fila dos desagravados, aqueles que ele chama de “hipócritas” e “falsamente ofendidos” (ou seja: os não-petistas) deveriam estar na frente. Os que comungam de suas ideias não se ofenderam, por óbvio. Ao contrário: repetiriam, como tentaram fazer na área de comentários deste blog, a sua ofensa.

Assim, tem-se que Dutra pediu desculpas àqueles que não se ofenderam porque seres de sua mesma natureza.

Há um contínuo processo de degradação do estado e das instituições no Brasil, crescentemente submetida à lógica e às necessidades, agora como nunca, de um grupo privado. Durante a campanha eleitoral de 2006 e 2010, os petistas mentiram de forma descarada, sustentando que FHC tentou privatizar a parte das ações da Petrobras que é pública. Isso nunca aconteceu.

A Petrobras, a exemplo de outras empresas e também de instituições do estado, foi privatizada, sim. Mas pelo partido de Dutra. O partido privatizou as ações que pertencem ao conjunto dos brasileiros e expropriou as que estavam nas mãos de investidores privados. Agora é tudo do PT. E quem não gostar que “enfie o dedo e rasgue”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Delta, a construtora apontada como parte do esquema de Cachoeira, é uma velha amiga de Zé Dirceu e de Sérgio Cabral. E isso é apenas… fato!

A memória seletiva de certos setores da imprensa faz lembrar, às vezes, a seletividade dos que estão vazando informações sobre a Operação Monte Carlo. A construtora Delta, a empresa que mais toca obras do PAC, aparece, segundo relatório da Polícia Federal, atuando para o esquema de Carlinhos Cachoeira.

Delta, Delta, Delta… Esse nome não nos é estranho, certo?

Como lembrei aqui no dia 2 de dezembro do ano passado, o dono da empresa, Fernando Cavendish, é um homem que tem amigos poderosos. Dois dos mais destacados são Sérgio Cabral, governador do Rio, e José Dirceu, o “chefe de quadrilha” (segundo a PGR). No Rio, a Delta toca obras de R$ 600 milhões. Pelo menos R$ 164 milhões desse total foram contratados sem licitação. Naquele trágico fim de semana de junho, em que um acidente de helicóptero matou sete pessoas no litoral baiano, incluindo a nora de Cabral, o governador integrava o grupo que estava na Bahia para comemorar o aniversário de Cavendish. Cabral viajou àquele estado no avião particular de outro potentado do setor privado: Eike Batista (se quiser mais sobre o mundo cabralino, clique aqui). Adiante.

Cavendish cresceu muito durante o governo petista. Teve um “consultor” de peso: Dirceu. No começo de maio do ano passado, VEJA publicou uma reportagem sobre a meteórica ascensão de Cavendish.

Em entrevista à revista, dois empresários, José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, acusam o ex-ministro e chefão petista de fazer tráfico de influência em favor da Delta. Segundo os dois, Dirceu foi contratado por Cavendish para facilitar seus negócios com o governo federal. E como eles sabem? Eles eram donos da Sigma Engenharia, empresa que foi incorporada pela Delta em 2008; os três se tornariam sócios. O negócio emperrou e foi parar na Justiça. Oficialmente, a Delta contratou Dirceu como consultor para negócios junto ao Mercosul. Receberia modestos R$ 20 mil mensais pelo trabalho. De fato, dizem os denunciantes, a Sigma passou a ser usada por Cavendish para fazer transferências bancárias a Dirceu.

Um trecho da reportagem informa o desempenho da empresa de Cavendish no governo petista. Seu grande salto se dá a partir de 2009, ano da contratação de Dirceu. Segue trecho daquela reportagem em azul:
Durante o governo do ex-presidente Lula, a Delta passou de empresa de porte médio a sexta maior empreiteira do país. É, hoje, a que mais recebe dinheiro da União. Sua ascensão vertiginosa chamou a atenção dos concorrentes. Em 2008, a Delta já ocupava a quarta colocação no ranking das maiores fornecedoras oficiais. Em 2009, houve um salto ainda mais impressionante: a empresa dobrou seu faturamento junto ao governo federal. Em 2011, apesar das expectativas de redução da atividade econômica, o faturamento da Delta deve bater os 3 bilhões de reais - puxado por obras estaduais e do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento.”

Comprando senadores
Informa ainda a VEJA:
“Em reunião com os sócios, no fim de 2009, quando discutia exatamente as razões do litígio, o empresário Fernando Cavendish revelou o que pensa da política e dos políticos brasileiros de maneira geral: “Se eu botar 30 milhões de reais na mão de políticos, sou convidado para coisas para ‘c…’. Pode ter certeza disso!”. E disse mais. Com alguns milhões, seria possível até comprar um senador para conseguir um bom contrato com o governo: “Estou sendo muito sincero com vocês: 6 milhões aqui, eu ia ser convidado (para fazer obras). Senador fulano de tal, se (me) convidar, eu boto o dinheiro na tua mão!”.

“Relações promíscuas”
VEJA publicou uma entrevista com os dois empresários (reproduzo trechos) e volto para encerrar.
Que tipo de consultoria o ex-ministro José Dirceu realizou para o grupo Delta? 
Romênio -
 Tráfico de influência. Com certeza, é tráfico de influência. O trabalho era aproximar o Fernando Cavendish de pessoas influentes do governo do PT. Isso, é óbvio, com o objetivo de viabilizar a realização de negócios entre a empresa e o governo federal.

E os resultados foram satisfatórios?
Romênio -
 Hoje, praticamente todo o faturamento do grupo Delta se concentra em obras e serviços prestados ao governo.

A contratação de José Dirceu foi justificada internamente de que maneira?
Romênio -
 A contratação foi feita por debaixo do pano, através da nossa empresa, sem o nosso conhecimento. Um dia apareceram notas fiscais de prestação de serviços da JD Consultoria. Como na ocasião não sabia do que se tratava, eu me recusei a autorizar o pagamento, o que acabou sendo feito por ordem do Cavendish.

O que aconteceu depois da contratação da empresa de consultoria do ex-ministro?
Quintella -
A Delta começou a receber convites de estatais para realizar obras sem ter a capacidade técnica para isso. A Petrobras é um exemplo. No Rio de Janeiro, a Delta integra um consórcio que está construindo o complexo petroquímico de Itaboraí, uma obra gigantesca. A empresa não tem histórico na área de óleo e gás, o que é uma exigência Ainda assim, conseguiu integrar o consórcio. Como? Influência política.

A Delta, por ser uma das maiores empreiteiras do país, precisa usar esse tipo de expediente?
Romênio -
 Usa. E usa em tudo. O caso da reforma do Maracanã é outro exemplo. A Delta está no consórcio que venceu a licitação por 705 milhões. A obra mal começou e já teve o preço elevado para mais de l bilhão de reais. Isso é uma vergonha. O TCU questionou a lisura do processo de licitação. E quem veio a público fazer a defesa da obra? O governador Sérgio Cabral. O Cavendish é amigo último do Sérgio Cabral. A promiscuidade é total.

Voltei
É isso aí.

Depois de tudo, em julho do ano passado, na inauguração do teleférico no Complexo do Alemão, na presença de Dilma, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, celebrou a obra e a “vitória sobre os Ministérios Públicos”, fazendo um agradecimento explícito à Delta (aqui). Em agosto, dois meses depois do acidente, Cabral voltou a celebrar acordos com a Delta sem licitação, no valor de R$ 37,6 milhões. Tudo para “obras emergenciais”.

A Delta é mesmo a preferida do Rio e de Brasília. É a empresa que mais tem obras do PAC. Parte da de Cumbica, contratada sem licitação, desabou.

Por Reinaldo Azevedo

 

Com jetons das estatais, salário de 13 ministros extrapola teto de R$ 26,7 mil; o mais alto é o de Celso Amorim

Por Eugênia Lopes, no Estadão:
Artifício largamente empregado em governos passados para proporcionar uma remuneração de mercado a integrantes do primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios, os conselhos de administração e fiscal de estatais e empresas públicas continuam a ser usados para turbinar os salários de ministros de Estado.

Levantamento feito pelo Estado nos 38 ministérios do governo da presidente Dilma Rousseff aponta que um terço dos ministros integra hoje uma elite do funcionalismo com supersalários que ultrapassam o teto salarial de R$ 26.723,15. São 13 ministros que engordam seus rendimentos com jetons por participação em conselhos de empresas.

O campeão é o ministro da Defesa, Celso Amorim, que acumula seu salário com o pró-labore de R$ 19,4 mil pagos pela participação no Conselho de Administração da Itaipu Binacional. São R$ 46,1 mil mensais brutos de remuneração.

A renda do ministro poderia ainda ser maior, se não houvesse o abate teto, mecanismo que impede Amorim de acumular na integralidade seus vencimentos de ministro da Defesa com a aposentadoria do Itamaraty. Diplomata de carreira, Amorim é aposentado do Ministério das Relações Exteriores desde 2007.

No comando da área econômica do governo, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, estão empatados na segunda posição do ranking dos mais bem pagos da Esplanada, com renda mensal bruta de R$ 41,5 mil.

Ambos são conselheiros da Petrobrás e da BR Distribuidora, com jetons que alcançam quase R$ 15 mil mensais. Miriam Belchior poderia ganhar ainda mais: como titular da pasta do Planejamento, ela é obrigada a fazer parte do Conselho de Administração do BNDES mas, segundo sua assessoria, abriu mão de receber o pró-labore de R$ 6 mil por essa participação.

O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) engorda o salário com jetons de dois conselhos: é presidente do Conselho de Administração do BNDES, onde ganha R$ 6 mil mensais brutos, e integra também o BNDESPar, recebendo R$ 5,3 mil.

Braço direito de Dilma, Pimentel usufrui de R$ 38,1 mil por mês de renda. O vencimento do ministro da Ciência e Tecnologia é inferior ao do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que acumula o salário de ministro com os jetons de duas empresas: BrasilPrev e BrasilCap, chegando a ganhar R$ 38,7 mil mensais.

Conexões
O pagamento de jetons por estatais ou empresas públicas aumenta a renda de mais oito ministros. A maioria deles participa de conselhos que têm relação com as respectivas pastas. É o caso do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que integra dos conselhos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e da Finep, elevando sua renda mensal bruta para R$ 32,6 mil.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Piada! Homem do MEC que tem a função de cobrar a prestação de contas dos bolsistas é… inadimplente e… não prestou contas!

É, colegas…

Vocês viram aqui há dias que Aloizo Mercadante nomeou para a Diretoria de Integração das Redes de Educação Profissional e Tecnológica do MEC um petista — Irailton Lima de Sousa — que está fazendo faculdade há… 21 anos!

Neste domingo, o Estadão informa que o diretor de programas de bolsas do estudo do MEC, Emídio Cantídio de Oliveira Filho, está inadimplente com o… programa de bolsas do estudo do MEC!!! Uma de suas funções é exatamente cobrar a prestação de contas!!! Parece piada, brincadeira, ironia barata, mas é isso mesmo.  É a qualidade de gestão Fernando Haddad! Leiam trecho da reportagem de Paulo Saldana.
*
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) - órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelos programas de pós-graduação no País - tem um dos seus chefes inadimplente com a própria Capes. O diretor de Programas e Bolsas da Capes, Emídio Cantídio de Oliveira Filho, aparece como inadimplente em três convênios de pesquisas, dois deles desde 2007. Juntos, eles representam um investimento de R$ 66 mil.

Os convênios foram firmados em 2006, antes de Oliveira Filho assumir o cargo na Capes - o que ocorreu em meados de 2007. Ele é professor vinculado à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), instituição da qual já foi reitor (mais informações nesta página). Os convênios tiveram os prazo de vigência expirados durante o período em que ele já estava na direção do órgão - mas até agora o responsável pelo zelo às regras da Capes não se regularizou com a instituição para qual trabalha.

A Diretoria de Programas e Bolsas da Capes, dirigida por Oliveira Filho, é responsável, entre outras coisas, pelo acompanhamento dos bolsistas e beneficiários de programas. Sob sua responsabilidade está, por exemplo, a Divisão de Acompanhamentos de Programas, que tem a responsabilidade de fazer as estatísticas sobre inadimplência de bolsistas no País. Oliveira Filho consta como inadimplente no Portal da Transparência, do governo federal. De acordo com o MEC, ele teria finalizado os três projetos e o problema seria de prestação de contas.

Após questionamento da reportagem, a pasta informou que o diretor já teria apresentado os documentos de um dos programas - os outros dois continuariam sem a regularização. A pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UFRPE informou ao Estado que não tinha condições de confirmar a realização dos projetos nem fornecer detalhes sobre eles.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

No Ministério da Piaba, caiu na rede, não é peixe!!! Mas o que rende!!!

Por Rodrigo Vizeu, na Folha:
A auditoria que levou o Tribunal de Contas da União a apontar superfaturamento e direcionamento na licitação de lanchas de patrulha não é a única que atingiu o Ministério da Pesca -criado em 2003, início da gestão Lula. Técnicos do TCU, em alguns casos sem aval posterior dos ministros, apontaram outras irregularidades na pasta. “Os gestores do ministério cometeram, na aquisição de lanchas patrulhas, as mesmas irregularidades que vêm reiteradamente praticando em diversos processos licitatórios conduzidos pelo órgão”, escreveu o TCU.

Os técnicos citam as compras de fábricas de gelo, referentes a 2007 e 2008, nas quais a Pesca licitou bens em quantidades superiores à necessidade, deixando-os sob guarda dos fabricantes, enredo similar ao das lanchas. Um caso tão milionário como o dos barcos foi a compra de 50 caminhões frigoríficos para o transporte e venda de pescado, vencido pela Iveco. Com R$ 25 milhões, ela é a 5ª empresa privada que mais recebeu da Pesca desde 2004.

A área técnica do TCU diz que o ministério chegou ao número de 50 veículos “do nada” e reclamou que os preços só foram pesquisados com um fornecedor. “Não há diagnóstico de necessidades do bem a ser adquirido. Também não há qualquer estudo sinalizando as localidades que deveriam receber os produtos”, disseram os técnicos. A mesma falta de planejamento teria ocorrido na licitação de compra de máquinas para a construção de viveiros de peixes, vencidas pelas empresas CNH e Romac.

Apesar das críticas da área técnica do TCU, os ministros do tribunal acolheram os argumentos da pasta e das empresas e aprovaram as licitações dos caminhões e das máquinas, com recomendações. Neste ano o TCU multou servidores do ministério por uma licitação de 2009 que contratou a empresa de eventos Dialog. A disputa tinha previsão de preços superestimada, com cafezinho por R$ 17 e água de 500 ml a R$ 20. “O procedimento licitatório foi eivado de irregularidades”, escreveu Ana Arraes.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

PF vê elo entre Cachoeira e construtora Delta. Ou: Chefe de gabinete de Agnelo não sabia quem era Dadá?

Por Felipe Coutinho, Fernando Mello e Leandro Colon, na Folha:
A Polícia Federal levantou suspeitas de que a empreiteira Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, fez parte do esquema montado pelo grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar uma rede de jogo ilegal.

Segundo relatórios de inteligência da PF na Operação Monte Carlo, há indícios “de que a maior parte dos valores que ‘entram’ nas contas de empresas fantasmas [ligadas ao grupo do empresário] é oriunda da empresa Delta”. Em relatório de novembro, a PF diz ter levantado “indícios de que parte de recursos da empresa Delta transferidos para empresas fantasmas são destinados a pessoas físicas e jurídicas vinculadas direta ou indiretamente à estrutura do jogo de azar”.

De acordo com as investigações, foi possível confirmar sociedade “secreta” entre Cachoeira e Claudio Abreu, então diretor regional do Centro Oeste da empreiteira, afastado depois de ser denunciado pelo Ministério Público Federal. Ninguém mais da Delta foi denunciado.  Um depósito bancário rastreado, segundo a PF, seria “possivelmente referente ao retorno dos pagamentos superfaturados que a empresa Delta ganha com os seus contratos com o poder público”. A Delta faturou, desde 2004, R$ 3,6 bilhões do governo federal. A empresa atua em diversas áreas, de construção a energia, passando pela coleta de lixo.

No Distrito Federal, o principal contrato é de coleta de lixo -recebeu R$ 140 milhões nos últimos três anos. O nome de Claudio Monteiro, chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT), é citado em gravação da PF. Monteiro admite que recebeu aliados de Cachoeira para tratar de contratos da Delta: as reuniões foram com Claudio Abreu e o sargento aposentado Idalberto Matias, o Dadá, que teria se apresentado como presidente da associação de varredores.
(…)

Voltei
Sabem o que é fabuloso? Até os gramados de Brasília sabem que o tal Idalberto Matias, o Dadá, presta serviços, vamos dizer, heterodoxos no ramo da espionagem, dos dossiês etc. Ele era, por exemplo, uma das personagens do dossiê que os subordinados de Fernando Pimentel tentaram montar contra José Serra em 2010.

Digam-me aqui: que desculpa tem Cláudio Monteiro, chefe do gabinete de Agnelo, para tratar justamente com Dadá de assuntos que digam respeito à relação do governo federal com uma empreiteira? Abreu vai dizer que não sabia em que ramo aquele senhor opera?

Por Reinaldo Azevedo

 

Investigação diz que funcionário da PF dava informações a Cachoeira

Do Portal G1:
 Portal Do G1, com informações do Jornal Nacional   As investigações sobre a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro pela Polícia Federal (PF) sob a acusação de chefiar um esquema de jogos ilegais em Goiás, revelam que a organização criminosa tinha um funcionário da PF que atuava como espião. Ele comandava a liberação de veículos para os policiais e é apontado na investigação como um contato estratégico para Cachoeira dentro da PF em Brasília. A polícia informou que o funcionário foi afastado do cargo no dia que a operação foi deflagrada.

Segundo o inquérito da operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira, o “auxiliar administrativo e chefe da Divisão de Serviços Gerais”, Anderson Aguiar Drumond, “recebia informações antecipadas sobre datas e locais de operações policiais”. O setor dele é “responsável pelo fornecimento de viaturas e caminhões”.

Segundo a PF, o servidor “repassava informações privilegiadas a um integrante da quadrilha, Idalberto Matias de Araújo, o “Dadá”. A polícia diz que Anderson Aguiar Drumond vazou informações de pelo menos três operações para combate do jogo ilegal entre dezembro de 2010 e março de 2011. Em um diálogo, em dezembro de 2010, Dadá conta a Lenine, apontado como braço direito de Cachoeira, as informações que teriam sido vazadas por Anderson Drumond:

Dadá: É, o parceiro tá dizendo que os caras estão tudo pronto, já pediram esse reforço todo pra ir pra lá pra aquela região.
Lenine Araújo: Perfeito.
Dadá: Deve ser lá pra 6 horas, 7 horas.

Em fevereiro de 2011, Carlinhos Cachoeira autoriza Lenine a fazer o pagamento do informante.

Lenine: Tem aquele amigo… Pode passar alguma coisa pra ele? Aquele lá que passa as informações.
Cachoeira: É o dos carros, né?
Lenine: Exatamente
Carlinhos: Tá bom, passa lá.

Na contabilidade do grupo, aparece o nome “Ander” com o valor de R$ 3 mil, quatro dias depois da conversa. De acordo com as investigações, Anderson Aguiar Drumond recebia pagamentos mensais do grupo do bicheiro. Além de atuar como informante, ele também providenciava, segundo a PF, a liberação de passaportes para pessoas indicadas pela quadrilha.

Por Reinaldo Azevedo

 

Senado vê com cautela abertura de CPI para investigar Carlinhos Cachoeira

Da Agência Brasil:
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara dos Deputados para investigar os negócios do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e que já tem apoio parlamentar necessário para ser aberta, ainda é vista com cautela no Senado. A postura de senadores da base aliada e da oposição é aguardar a instalação dos trabalhos do Conselho de Ética, na terça-feira (10).

Caberá ao relator de um eventual processo de cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de envolvimento em negócios ilícitos de Cachoeira, requerer à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), para análise, todo o inquérito da Polícia Federal, inclusive os anexos. Parlamentares ouvidos pela Agência Brasil disseram que só a partir da análise desse material é que se terá condição de decidir se cabe ou não a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito.

No início da semana, os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) conversaram sobre a possibilidade de iniciar logo a coleta das 27 assinaturas necessárias para a abertura de uma CPI no Senado. Taques ponderou, no entanto, que seria necessário aguardar o recebimento de todo o processo para ter uma noção exata da dimensão do esquema montado por Carlos Cachoeira e o envolvimento exato de parlamentares. Diante dessa colocação, Randolfe Rodrigues preferiu esperar o início dos trabalhos do Conselho de Ética e o recebimento da documentação.

“Para que possamos falar de CPI, temos que esperar pelos autos do processo que está no Supremo [Tribunal Federal], mesmo porque esse é um esquema pluripartidário, envolve vários partidos. Tudo vai depender do que estiver nesses autos”, disse Pedro Taques. Segundo ele, qualquer pedido de abertura de uma CPI terá que ter um objeto de investigação bem definido para que não seja barrado pela Secretaria Geral da Mesa Diretora do Senado.

Pedro Taques ressaltou que, no caso de abertura de uma comissão de inquérito, ela não terá como foco apenas as relações de Demóstenes Torres com o empresário. Ao contrário, o objetivo seria uma investigação mais ampla de todo o esquema montado por Carlos Cachoeira envolvendo empresas e parlamentares de vários partidos.

Randolfe Rodrigues disse que uma eventual CPI “será maior do que a simples investigação da contravenção e da jogatina” que teria sido montada por Carlos Cachoeira em Goiás e no Distrito Federal. O senador do PSOL lembrou que ele e Pedro Taques já encaminharam um pedido à Procuradoria Geral da República para que enviasse ao Senado o processo da PF que hoje está no Supremo Tribunal Federal, o que não foi feito até o momento. Já um pedido do Conselho de Ética, acrescentou, tanto o Supremo quanto a Procuradoria teriam que acatar.

O líder do PT, senador Walter Pinheiro (BA), concorda com essas ponderações. Segundo ele, havendo consistência no material que será encaminhado ao conselho, ele não vê motivos para que o Senado não abra uma comissão parlamentar de inquérito para investigar os negócios de Carlos Cachoeira e os envolvidos. “Aberta uma CPI, ela não pode ficar restrita ao Demóstenes [Torres]. É muito pouco. Temos que analisar todo o esquema montado e a participação dos outros”, ressaltou o petista.

Feita a análise de toda a documentação, e se houver fatos consistentes que justifiquem a abertura da comissão de inquérito, pelo Senado, o líder do PT destacou que a investigação tem que ser “rigorosa”. A seu ver, qualquer decisão neste sentido só poderá ser tomada a partir do dia 17 de abril, uma vez que, instalados os trabalhos do Conselho de Ética e requerida a documentação que está no STF, o mais provável é que o processo chegue para os senadores a partir da próxima quinta-feira (12).

Já o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), culpa o Executivo de ingerência para que não haja qualquer abertura de CPI pela Câmara ou pelo Senado. Ele também acusa a Polícia Federal e a Procuradoria de realizarem um “vazamento seletivo” das informações contidas no processo. “Houve uma orientação política nesses vazamentos, explícita para esconder outros nomes”.

Álvaro Dias disse ainda que não há qualquer possibilidade da oposição deixar de apoiar uma eventual abertura de CPI para investigar os negócios e as pessoas envolvidas no esquema comandado por Carlos Augusto Ramos. Entretanto, ele ressaltou que qualquer apoio da oposição dependerá, também, dos partidos da base aliada apoiarem uma CPI para investigar denúncias de desvios de dinheiro público praticadas em várias áreas do governo, principalmente na área da saúde. “Seria uma CPI da Corrupção”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Exclusivo: Um diálogo entre José Eduardo Dutra e a “presidenta” da Petrobras

O petista José Eduardo Dutra é, como sabem, “Diretor Corporativo e de Serviços” da Petrobras, como ele faz questão de alardear em seu perfil no Twitter. E foi também no Twitter que ele mandou um recado, dada a pesquisa do Ibope, a qualquer um que se oponha ao governo Dilma: “Enfia o dedo e rasga!” Escrevi um post   a respeito. Como é um cargo de confiança de Graça Foster e como a mensagem do “diretor corporativo e de serviços” continua lá, entende-se que a “presidenta” da Petrobras considera essa uma forma aceitável de se expressar, que traduz um bom norte para a resolução de conflitos.

Leio no organograma da Petrobras que estão subordinadas à diretoria de Dutra as seguintes áreas: “Organização, gestão e governança; recursos humanos; Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde”.

Recebi aqui um fita de uma reunião sigilosa entre ambos, que ouço no meu aparelho especial, dotado de TSI (Tecla SAP para Ironias). Transcrevo os diálogos com exclusividade:

Graça - Estão reclamando que os procedimentos da Petrobras são pouco transparentes e que a gestão da empresa é uma verdadeira caixa preta. Você já tomou providências para responder?
Dutra - Já, sim!
Graça - O que você fez?
Dutra - Presidenta, eu disse assim para os críticos: “Enfiem o dedo e rasguem”!
Graça - Muito bem!
Dutra - Obrigado, presidenta! Eu sou foda mesmo!
Graça - Há reclamações aqui e ali de que a situação dos trabalhadores nas plataformas não é tão segura quanto deveria. Você certamente tem ciência disso.
Dutra - Tenho, sim!
Graça - O que você fez?
Dutra - Presidenta, eu disse assim para os críticos: “Enfiem o dedo e rasguem”!
Graça - Muito bem!
Dutra - Obrigado, presidente! Viva o Botafogo!
Graça - Esses chatos do meio ambiente estão começando a pegar no pé da empresa, acusando a gente de não respeitar padrões internacionais de preservação do meio ambiente. Você certamente não ignora isso.
Dutra - Certamente não!
Graça - E o que você fez?
Dutra - Presidenta, eu disse assim para os críticos: “Enfiem o dedo e rasguem”!
Graça - Muito bem!
Dutra - Obrigado, presidenta! Viva a cavadinha de Loco Abreu!

Por Reinaldo Azevedo

 

Saúde: Evidências de mais uma fraude gigantesca. Contra os pobres, como sempre!

Como vocês viram na pesquisa Ibope, uma ampla maioria dos pesquisados aprova o governo Dilma, embora rejeite a política de impostos (65%), a de saúde (63%) e a de segurança (61%). Isso quer dizer que o governo é ruim, mas é bom, entenderam? Não??? Como escrevo no texto cujo link vai acima, talvez a oposição deva mais explicações sobre esse comportamento esquizofrênico do que a população. Mas sigamos! A saúde, como veem acima, está entre os pontos que os brasileiros reconhecem reprováveis. Sinal de que o povo pode até ser crédulo, mas não é idiota.

Ainda que pareça coisa de folhetim, de escritor ruim, de novela de antigamente, em que os vilões são completamente destituídos de coração, o fato é que a Saúde, justamente a área da administração que mais castiga os pobres, é a preferida para a atuação dos corruptos. Roubar dinheiro nesse setor corresponde a apostar na morte de crianças, de idosos, de pobres, das camadas, enfim, mais vulneráveis da população.

E rouba-se! Na semana passada, Edson Pereira de Oliveira, ex-petista e atual peemedebista, amigo pessoal do ministro Alexandre Padilha, confessou, em entrevista à VEJA, que recebeu R$ 200 mil de propina quando era assessor especial de seu amigão.

Na mais recente edição de VEJA, há detalhes de outro caso asqueroso, relatado por Leslie Leitão. Segue trecho. Leiam a íntegra na edição impressa da revista:

Quanto mais se explora o lamaçal da saúde pública no Brasil, mais podridão vem à tona. No Rio de Janeiro, o mau cheiro envolve agora o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (labas), uma das entidades teoricamente sem fins lucrativos que a prefeitura contratou para gerenciar o principal programa de saúde do município, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Chamadas de Organizações Sociais (OS) e regulamentadas por uma lei de maio de 2009, as treze gestoras contratadas sem licitação controlam um orçamento que, até o fim deste ano, vai ultrapassar 2,7 bilhões de reais. Desse total, uma fatia de 600 milhões de reais foi parar nas mãos do labas, que administra cinco UPAs nas zonas Norte e Oeste da cidade. Um recém-concluído relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM) mostra que a bolada, destinada a ajudar pessoas doentes e sem recursos, tem sido usada para engrossar uma vasta rede de irregularidades. De forma bastante didática, o dossiê expõe, mais uma vez, a desfaçatez com que empresas e indivíduos desviam para o próprio bolso dinheiro que serviria para melhorar o precaríssimo atendimento da saúde pública no país.

Um conjunto de documentos, aos quais VEJA teve acesso, indica que os tentáculos do esquema se esparramaram para além dos cofres fluminenses. O homem que assinou os contratos agora na mira do TCM. Ricardo José de Oliveira e Silva, então no cargo de diretor médico do Iabas, traz no currículo outra mancha, também na área da saúde. Em fevereiro de 2011, ele partiu para Natal, no Rio Grande do Noite, assessorado por outros três ex-funcionários da saúde pública do Rio. Foi gerir os 8,1 milhões de reais destinados à campanha Natal Contra a Dengue, no cargo de diretor executivo do Instituto de Tecnologia, Capacitação e Integração Social (ITCI). Acabou sendo afastado dois meses depois. A razão: irregularidades na conta¬bilidade e na contratação de serviços.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Transportes - Ministro demite os suspeitos que quiser, desde que não sejam aliados de Jaques Wagner, de Valdemar Costa Neto, de…

A VEJA que acaba de chegar aos leitores traz uma reportagem de Daniel Pereira intitulada “Sabem com quem está falando?”. O destaque do texto é este: “No Ministério dos Transportes, demitir ou afastar um funcionário não é tarefa para qualquer um - às vezes, nem para o próprio ministro”.

O texto informa que o titular da pasta, Paulo Sérgio Passos, não consegue se livrar de alguns protagonistas de lambanças. Um caso é emblemático e bate às portas, adivinhem!, do governador da Bahia, Jaques Wagner, que é do PT. Reproduzo um trecho:

(…)
No ano passado, Dilma demitiu a diretoria da Valec, a estatal que cuida das ferrovias, depois de divulgado o esquema de corrupção no Ministério dos Transportes. A presidente escalou para presidi-la um engenheiro indicado pelo PMDB, José Eduardo Castello Branco. Contratos foram suspensos, processos internos revistos, mas, ainda assim, as denúncias de irregularidades e de apadrinhamento não pararam de pulular. Recém-nomeado, Castello Branco falou a colegas que demitiria o superintendente da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), Neville Chamberlain. Invocou três motivos para dispensá-lo: incompetência, suspeita de envolvimento em irregularidades e relação de proximidade com empreiteiras. Concordando com o diagnóstico, Paulo Passos determinou a Castello Branco que assinasse a demissão de Neville, mas ela não foi oficializada porque a banca da de parlamentares da Bahia e o gover­nador do estado, Jaques Wagner (PT), não deixaram. O constrangimento foi explicitado pelo próprio ministro numa reunião com seus assessores, numa fra­se dirigida a Castello Branco: “Você não tem de atender a demandas do Ja­ques Wagner”. O fato é que os dois - o ministro e o presidente da Valec - con­tinuam atendendo às demandas do go­vernador baiano ao não conseguir de­mitir o subordinado.
(…)

Voltei
Pois é, meus caros! Leiam a íntegra na versão impressa. Não é só Wagner que manda na pasta. Os homens do mensaleiro Valdemar Costa Neto também seguem intocáveis. E isso tudo depois da dita “faxina”, entenderam?

Por Reinaldo Azevedo

 

Diretor da Petrobras, em elogio ao governo Dilma, recomenda à oposição: “Enfia o dedo e rasga!” Com a palavra, Graça Foster, a severa!

José Eduardo Dutra, como sabem, é ex-presidente do PT. Tem um perfil no Twitter. Identifica-se assim:

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A Petrobras, como todos vocês sabem, é uma empresa de capital misto, com ações negociadas em bolsa, e deve se orientar segundo as regras do mercado. No que diz respeito à política, tem de ser neutra, ainda que sua direção seja nomeada pelo governo.

Pois bem… Este que se identifica como “Diretor Corporativo e de Serviços” — é ele quem evoca a sua condição de dirigente da empresa em sua página pessoal — decidiu fazer um comentário no Twitter sobre a pesquisa CNI-Ibope. E o fez nestes termos:

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É isto: ex-senador da República, ex-presidente da Petrobras Distribuidora, ex-presidente do PT, atual diretor da empresa, Dutra houve por bem mandar, suponho, as pessoas eventualmente descontentes com o resultado da pesquisa “enfiar o dedo e rasgar”. E teve o mau gosto adicional de atribuir a sua falta de educação, a sua falta de decoro, a sua falta de limites a Sergipe!!! Não! Os sergipanos não têm qualquer responsabilidade na fala desavergonhada de Dutra — que nasceu, lembre-se por amor à precisão, no Rio. Os cariocas também não têm nada com isso. A falta de vergonha de Dutra é de sua inteira responsabilidade.

Um dos Três Porquinhos
Naquela que me pareceu, à época, uma boa definição, Dutra foi classificado, em 2010, pela então candidata Dilma Rousseff como um “dos Três Porquinhos”. Os outros dois eram José Eduardo Cardozo (atual ministro da Justiça) e Antônio Palocci, que foi defenestrado da Casa Civil. Só na fábula porquinhos não fazem… porcaria e gostam de casa limpinha.

A doença
Em abril do ano passado, Dutra deixou a presidência do PT. Estaria com uma depressão severa. Ele mesmo chegou a comentar seu estado de saúde, alegando alguns estranhos transtornos. Parece que andou tendo algumas ausências e coisa e tal. No dia 25 daquele mês, escrevi aqui:
“Dutra representa boa parte das coisas que abomino em política, o que não me impede de realmente torcer pela sua recuperação. Quero voltar a torrar a sua paciência no Twitter. Abomino o pensamento, não o pensador. Em 2006, passei por algumas poucas e boas, como sabem muitos de vocês. Chegaram ecos do mundo das sombras torcendo pelo pior. Eu, sinceramente, senti pena de quem folgava com a minha fragilidade. Que grandeza ou graça pode haver numa luta assim? Somos aqueles que apostam sempre na saúde e no bem-estar, para que as divergências restem límpidas e possam ser exercitadas com clareza.  Pretendo que  isso se espelhe nos comentários. Que Dutra volte à sua trincheira, que jamais será a minha.”

Não há menor possibilidade de este blog condescender com a desgraça alheia. Parece que Dutra recuperou a saúde, com o que, sinceramente, folgo. E também está de volta à delinquência política.

Certamente há pessoas insatisfeitas com os números da pesquisa Ibope — conheço alguns lulistas, por exemplo, e alguns peemedebistas… Digamos que a maioria delas seja de oposição. Eu lhes pergunto: cabe a um dirigente de uma empresa, nomeado pelo governo para uma função técnica (não para fazer proselitismo), manifestar-se nesses termos?

QUE OUTRA DEMOCRACIA DO MUNDO ACEITARIA COMO REGULAR UM PROCEDIMENTO COMO ESSE?

Ocorre, minhas caras e meus caros, que não há democracia no mundo em que o Estado tenha o tamanho que tem o brasileiro, com a sua consequente onipresença.

Nesta manhã, escrevi um texto indagando — e ensaiando uma resposta — por que há tanta corrupção no Brasil. Esse tuíte desbocado de Dutra explica tudo: aqueles que assumem cargos públicos, a direção de estatais, de autarquias etc. conferem a si mesmos todos os direitos. Não se sentem obrigados a seguir nem as regras mínimas do decoro e da boa educação.

Imaginem se um dirigente da oposição sugerisse ao governo federal: “Enfia o dedo e rasga”. Os petistas fariam um grande escarcéu. As feministas do oficialismo falariam em “apologia velada do estupro”, acusariam o “machismo da imagem” etc.  O Comisariado do Povo GLTBXPTOYZ emitiria um comunicado indignado… Como é um petista falando, tudo pode!

Dona Graça Foster, presidente da Petrobras, está com a palavra. É evidente que o comportamento de Dutra não está adequado ao código de conduta dos funcionários da Petrobras. Mas ele é um dos milhares de petistas que exercem cargos de confiança. Se Graça não obrigá-lo a se desculpar — E REITERO QUE SUA PÁGINA TRAZ O SEU PERFIL DE HOMEM DA PETROBRAS — e a retirar aquele tuíte, estará endossando suas palavras.

Isso significa que a presidente da Petrobras, numa eventual altercação com algum oposicionista, poderia ouvir algo semelhante e considerar que imagem tão delicada é parte da linguagem política regular, a ser exercitada, inclusive, nos corredores da Petrobras.

Se Dutra pode, na condição de homem de empresa, dizer isso, então ele pode muitas outras coisas que não constam do rol de procedimentos oficiais da Petrobras.

Agora, segundo se sabe, Dutra não está mais doente. Está curado! Esse é o Dutra normal. Esse é político que, ao se referir a eventuais oposicionistas, recorre a uma metáfora de violação e violência, ainda que num castigo autoimpingido. A imprensa também não vai pegar no seu pé porque ele está na categoria dos “amigos”. Se o deputado Jair Bolsonoro (PP-RJ), por exemplo, dissesse algo semelhante, alguém tentaria entrar com uma representação contra ele no Conselho de Ética da Câmara. E olhem que Bolsonaro foi eleito por milhares; Dutra, por uma só pessoa. De todo modo, não consta que o parlamentar tenha se manifestado de forma tão escrachada.

A corrupção de fato, aquela que rouba dinheiro público, é só a segunda etapa de uma corrupção anterior: a de valores. Antes de roubar o nosso dinheiro, eles roubam a nossa capacidade de nos indignar.

Para esse mal de Dutra, meus caros, não há remédio. A depressão é um transtorno que pode ser corrigido com um reequilíbrio neuroquímico. Não existe antidepressivo que corrija o caráter.

Por Reinaldo Azevedo

 

48 horas depois de Lewandowski cumprir a sua obrigação — estamos aguardando —, o mensalão entrará na pauta do Supremo, diz futuro presidente. Coragem, Lewandowski!

A nova edição de VEJA já está nas banca e traz uma entrevista com o ministro do STF Carlos Ayres Britto, que vai presidir o tribunal a partir do próximo dia 19. Fica até novembro, quando faz 70 anos e se aposenta. Será ele, pois, a presidir o julgamento do mensalão, que classifica de “o mais importante da história do Supremo em termos de direito penal”. Na conversa com Rodrigo Rangel, Britto deixa claro: a bola está nos pés do ministro Ricardo Lewandowski, que é o revisor. Quarenta e oito horas depois de o revisor cumprir a sua obrigação, Britto diz que põe o julgamento na pauta. Passe logo essa bola, ministro!

Sendo assim, renovo aqui meus votos de “coragem!” a Lewandowski. Não há membro do Supremo que desconheça o caso — a menos que padeça de preguiça insanável. Já passou da hora de dar um desfecho a essa novela, que se arrasta por seis anos, o que, convenham, expõe o Brasil ao ridículo. Tem mais cheiro de impunidade continuada do que de excesso de zelo.

Só para lembrar: em setembro, quem faz 70 anos é o ministro Cesar Peluzo. Terá de deixar o tribunal, e se abrirá a sempre complicada fase de indicação de um novo nome. Se, por alguma razão, não se julgar o mensalão até a sua saída, podem esquecer. Alguém dirá que evento dessa importância requer o tribunal completo, com os 11 ministros. Dois meses depois, como se informa acima, será a vez de Britto sair… Ninguém, no Supremo ou fora dele, entende por que Lewandowski, que se orgulha entre seus pares de ter o gabinete “mais organizado” da Casa, ainda não entregou o seu trabalho. Seguem trechos da entrevista de Britto.
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O senhor terá apenas sete meses no comando do Supremo, mas deve presido o julgamento mais complexo da corte, o mensalão. Como está se preparando para isso?

Eu já venho estudando o processo, como todos os demais ministros. Já tenho até uma minuta de voto. Tenho aqui um quadro separando, como fez o Ministério Público, os denunciados e os respectivos núcleos, o político, o financeiro e o publicitário. Todos os réus estão nesse quadro. Os ministros já estão estudando o processo. Tenho certeza de que cada um deles, sem exceção, está procurando cumprir seu dever com isenção. O meu papel, nesse caso, é duplo. Serei julgador, mas também presidente. Esse deverá mesmo ser o julgamento mais importante da história do Supremo em termos de direito penal.

Alguns ministros defendem a ideia de que o processo do mensalão comece a ser julgado já a partir do mês de maio. Para quando o senhor, como novo presidente da corte, pretende marcar o julgamento?
O que me cabe é marcar a data tão logo o processo seja liberado para pauta. Quem libera é o ministro-revisor, Ricardo Lewandowski. Estamos em ano eleitoral e, como a imprensa já anunciou com base em uma declaração do próprio ministro Lewandowski, há o risco de prescrição. Então, é evidente que eu, como presidente, vou agir com toda a brevidade. Uma vez disponibilizado o processo para julgamento, providenciarei sua inclusão na pauta em 48 horas.

Pela análise que o senhor Já fez, é concreta a possibilidade de prescrição dos crimes?
Em tese, se todos os réus forem condenados, e o forem pela pena máxima, não há o menor risco de prescrição. A possibilidade de prescrição existe, porém, para os réus que pegarem a pena mínima. Estamos fazendo estudos detalhados sobre essa e outras questões. Todavia, repito, estou falando em tese.

Que desafios especiais esse julgamento impõe?
É um julgamento incomum pelas circunstâncias em que o Ministério Público diz que os crimes ocorreram, pelo número de protagonistas e pela quantidade de imputações. Tudo isso concorre para tornar o processo incomum. Há uma pressão, compreensível, da imprensa e da sociedade para que os fatos sejam postos em pratos limpos e com todo o rigor. Está certa a sociedade. Mas cada um de nós tem de se afastar das pressões e estudar o processo. A fase da denúncia foi ultrapassada, vencida. Havia elementos para receber a denúncia porque a materialidade dos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro estava bem documentada. Mas isso é página virada. De lá para cá, o que incumbia ao Ministério Público era fornecer as provas daquilo que alegou, debaixo do contraditório, da ampla defesa e com robustez. A nós, ministros, agora caberá julgar.
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Leia a íntegra na edição impressa da revista

Por Reinaldo Azevedo

 

Por que o Brasil é um dos países mais corruptos do mundo?

Pois é… O que há de político em pânico a esta altura… Carlinhos Cachoeira, a gente está vendo, é como os demônios: uma legião! Políticos de uma penca de partidos aparecem se banhando em suas águas: DEM (o senador Demóstenes Torres deixou a legenda), PT, PSDB, PTB, PP, PPS… E outros podem aparecer. Escândalo sem o PMDB, por exemplo, é só um problema de apuração… Não dá para afirmar que os comandos das respectivas legendas soubessem desse envolvimento, claro! Uma coisa, no entanto, é certa: dá pra constatar como o sistema é poroso à corrupção.

Não há sistema bom que resista intacto a homens maus. A qualidade individual dos políticos certamente faz a diferença. Isso não significa, no entanto, que o nosso sistema seja virtuoso. Muito pelo contrário. Estamos assistindo à falência moral de um jeito de organização de poder. E não se enganem: será disso para pior! Ainda que o Cachoeira da hora seja tirado de circulação e que seu esquema desmorone, será substituído por outro enquanto as regras forem as que estão aí. O sistema partidário está caduco. As legendas se juntam por causa do tempo de televisão e se mantêm unidas ou se separam a depender da fatia do estado que lhes é dado controlar. No comando de áreas da administração, de estatais ou de autarquias, ocupam-se de roubar o dinheiro público para fazer caixa para o partido — sem contar, obviamente, os que se dedicam ao enriquecimento pessoal.

Por que o Brasil esta entre as nações mais corruptas do Planeta? Será o nosso sangue latino? O calor dos Trópicos? A miscigenação? A herança patrimonialista ibérica? Que determinismo sociológico, histórico ou climático ou, ainda, que teoria estupidamente racista explicariam tanta lambança? Bobagem, meus caros! O nome do desastre que aí está é um só: TAMANHO DO ESTADO, COM SEU CONSEQUENTE APARELHAMENTO PELA PISTOLAGEM POLÍTICA. Os Cachoeiras da vida estão sempre em busca de quem lhes possa franquear as portas da administração e garantir acesso aos cofres.

Há dias lembrei aqui: só o governo federal dispõe de mais de 24 mil cargos de confiança! Em 2002, quando FHC deixou o governo, eram pouco mais de 18 mil —  um número já estúpido, mas os companheiros acharam pouco. Somem-se a isso os postos que os partidos disputam nas estatais. Só para comparação: na Alemanha, são apenas 170 os cargos federais de confiança; no Reino Unido, 300. Nos EUA, 9 mil!

Veja, então, que equação explosiva: partidos sem a menor afinidade ideológica, que têm como moeda de troca o horário de TV, associam-se para disputar o poder. Querem implementar um programa? Não! O objetivo é tomar de assalto aqueles milhares de cargos de confiança e fazer, então, negócios com os Carlinhos Cachoeiras da vida, que são também os financiadores de campanha.

Só piora…
Para nossa desgraça, o Estado só aumenta em vez de diminuir. Torna-se a cada dia mais presente na economia e na vida dos cidadãos. Votem-se quantas Leis da Ficha Limpa acharem por bem, e a simples redação de um edital de licitação — quando há licitação — pode premiar a bandidagem.

Durante muito tempo, os petistas venderam a fantasia, ainda sustentada por cretinos acadêmicos, de que viria para acabar com essa lambança, para “mudar tudo”. Quem tinha ao menos dois neurônicos capazes de fazer uma sinapse desconfiou desde logo de intento tão nobre. O desmonte da corrupção organizada, profissionalizada, que toma conta do país, não haveria de ser feito com o aumento do estado, mas com a redução — para que ele pudesse, então, efetivamente cuidar das áreas que lhe são próprias. Aconteceu o óbvio: o PT não só referendou e passou a ser usuário dos esquemas tradicionais de assalto aos cofres públicos como montou o seu próprio modelo. Por isso jamais se ocupou a sério das reformas — inclusive e muito especialmente a política.

Em nove anos de poder, este é o mais imperdoável de todos os malefícios do petismo — que também tem seus homens se banhando na cachoeira: em vez de ter dado passos para diminuir o potencial de corrupção do país, caminhou justamente em sentido contrário. E ainda teve a cara de pau adicional de nos apresentar “o bom ladrão”, aquele que rouba em nome da causa, para o nosso bem.

Enquanto os governantes brasileiros tiverem à sua disposição milhares de cargos dos quais dispor livremente para acomodar os interesses e apetites dos partidos; enquanto a economia brasileira for, como é hoje, estado-dependente; enquanto tivermos um sistema eleitoral que descola o eleito do eleitor — por isso defendo o voto distrital puro; enquanto os nossos partidos forem meras agências de aluguel de tempo de TV, os Cachoeiras continuarão a assediar o estado e os políticos.

A última pesquisa Ibope, no entanto, dá conta de que os brasileiros estão satisfeitíssimos com Dilma, embora reprovem a política de segurança, a política de impostos e a política de saúde… Fazer o quê? Parece entender que ela é a flor que nasceu no pântano; é como se ela, até por força do cargo que ocupa, não fosse protagonista do enredo.

A defesa de um estado mais enxuto caiu em desuso. O nosso empresariado está de olho nas desonerações do governo — ou será liquidado pela concorrência externa — e no crédito subsidiado. Precisam do estado. E o estado é ocupado, com as exceções de sempre, por uma súcia. Vocês são muito sabidos e certamente já pararam para pensar que Cachoeira tem, sim, um poder tentacular, mas é apenas um “operador” de médio porte. Imaginem a que altitudes chegam os verdadeiramente profissionais, os “grandes”.

Enquanto o sistema brasileiro estiver organizado para que o poder de turno crie dificuldades, haverá gente disposta a comprar facilidades — porque o estado estará tomado de mercadores.

Por Reinaldo Azevedo

 

Empresa do esquema Cachoeira tem contrato sem licitação com governo Agnelo

Por Alana Rizzo, no Estadão:
Uma das empresas suspeitas de lavar dinheiro da organização comandada por Carlinhos Cachoeira mantém contratos com o governo do Distrito Federal. Investigações do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal revelam que a máfia dos caça-níqueis usava os serviços do empresário José Olímpio Queiroga Neto para movimentar o dinheiro arrecadado com jogos de azar e manter a estrutura ligada a Cachoeira. A Emprodata Administradora de Imóveis e Informática, registrada em nome dos filhos de Queiroga, assinou em 30 de dezembro de 2010 contrato com a Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão de locação de área para uma unidade da Praça do Cidadão, serviço similar ao Poupa Tempo paulista, chamado Na Hora.

O contrato foi renovado em 9 de dezembro, na gestão Agnelo Queiroz (PT), a um custo anual de R$ 494 mil. O acordo passou para a Secretaria de Justiça, comandada pelo delegado e deputado distrital Alírio Neto (PPS). A empresa também tem contrato com o Banco de Brasília (BRB) para criar serviço de autoatendimento. Todos foram feitos com dispensa de licitação. Segundo o MP, Olímpio é subordinado a Cachoeira na exploração de casas de jogos no Entorno do Distrito Federal. Ele foi denunciado, assim como seus irmãos Raimundo Washington de Sousa Queiroga, Francisco Marcelo Queiroga e Otoni Olímpio Júnior.

“Integrante da quadrilha desde 2004 era o responsável, com a permissão de Cachoeira, por escolher, consentir a presença de pessoas na região de domínio territorial do capo ou excluí-las da atividade, bem como fechar, abrir e transferir pontos de jogos para outros localidades”, define a investigação. Olímpio, segue o texto, atuava como “principal interlocutor entre os exploradores diretos, prestando contas a eles e recolhendo e repassando porcentagens sobre o faturamento bruto arrecadado as casa de jogos, como forma de pagamento pela autorização na exploração da atividade - de 25% a 30% dos rendimentos brutos”.

‘Injetada’. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram como José Olímpio usava empresas para movimentar dinheiro do grupo. Em 17 de janeiro de 2011, Rosalvo Cruz, uma espécie de contador do grupo, e Olímpio conversam sobre a necessidade de dar uma “injetada em uma das empresas do grupo”. O pedido, segundo Olímpio, veio de Cachoeira. “Não, quem me ligou foi o próprio Carlinhos, mas é porque a pendência lá tá, tá quanto a pendência, você sabe dizer mais ou menos”, questiona. O valor a que se referem é de aproximadamente R$ 130 mil, segundo a PF.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Do capítulo “Petistas são sempre impolutos” - Convênio da Pesca “não atinge imagem”, diz Ideli

Por Rafael Moraes Moura, no Estadão:
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que não tem “qualquer responsabilidade” na instalação de um projeto de criação de peixes em Brasília, assinado entre o Ministério da Pesca e a ONG Pró-Natureza. “Considero esse assunto, sob o ponto de vista de atingir a minha imagem, sem qualquer responsabilidade da minha parte”, afirmou.

No Núcleo Rural Rajadinha, onde deveria estar o projeto de criação de tilápias, crescem mandiocas. A ONG pertence a Salviano Borges, funcionário comissionado do governo de Agnelo Queiroz (PT-DF).

Na quinta-feira o Estado mostrou que, durante a gestão de Ideli no Ministério da Pesca, a pasta liberou de uma só vez R$ 769,9 mil para a organização não governamental. O projeto nunca foi concretizado.

“Nos cinco meses que eu permaneci à frente do Ministério da Pesca, não realizei, não assinei nenhum contrato, convênio novo. Eu única e exclusivamente executei o que estava já contratado, conveniado, aquilo que estava em andamento, dentro do rigor da lei, cumprindo as obrigações de honrar os contratos que estavam em vigor, sobre os quais não pairavam indícios de irregularidade”, disse a ministra. Questionada se a responsabilidade não seria de seus antecessores, Ideli respondeu: “Se houver irregularidade, obviamente quem é responsável pela irregularidade que pague.”

Doação. O Estado revelou que o Ministério da Pesca comprou 28 lanchas-patrulha por mais de R$ 1 milhão cada que nunca entraram em operação. Segundo o Tribunal de Contas da União, uma parcela de R$ 5,2 milhões foi paga durante a gestão Ideli na pasta.

Para o TCU, há suspeita de que a licitação tenha sido dirigida para beneficiar a empresa Intech Boating, que, após ser contratada para fornecer as lanchas, doou ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina R$ 150 mil. O comitê bancou 81% dos custos da campanha a governador, cuja candidata foi Ideli, em 2010. Sucessor de Ideli na Pesca, o deputado petista Luiz Sérgio classificou de “malfeito” a ação da pasta.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Governo diz que aceita trocar corretor da dívida de Estados

Por Breno Costa e Gabriela Guerreiro, na Folha:
O governo federal decidiu apoiar projetos que aliviem o caixa dos governadores e aceitou trocar o indexador usado para corrigir a dívida dos Estados com a União. As medidas foram anunciadas como contrapartida para tentar aprovar uma resolução em tramitação no Senado que unifica alíquotas do ICMS de produtos importados e pode colocar fim à chamada “guerra dos portos”. A mudança no índice usado atualmente para corrigir os valores das dívidas -IGP-DI mais juros de 6% a 9% ao ano- é um pleito antigo na lista dos governadores. O volume devido pelos Estados já ultrapassa R$ 400 bilhões.

O acordo, anunciado ontem pela ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), prevê a troca pela Selic, taxa básica de juros definida pelo Banco Central. A taxa está em 9,75%, com tendência de queda. O índice usado atualmente, o IGP-DI, varia muito e é fortemente afetado pela variação cambial e por cotações de commodities no mercado internacional. Os Estados culpam o atual índice de correção pelo aumento exponencial da dívida desde a negociação com a União, em 1999. O alívio para os governadores deve ser limitado porque a mudança no indexador terá efeito mais visível somente ao final dos contratos.

A outra medida que dará mais fôlego aos governadores envolve o apoio do Planalto à Proposta de Emenda Constitucional que estabelece novas regras para a cobrança do ICMS nas operações de compras online. Pelo acordo anunciado pela ministra, o imposto sobre essas operações será cobrado também no Estado de destino do produto, e não mais somente no de origem. A maioria dos governadores reclama que os Estados onde estão os centros de distribuição das empresas de venda on-line, como São Paulo e Rio, ficam com todo o ICMS.

O governo está disposto a fazer essas concessões para ver aprovada resolução no Senado para acabar com a chamada “guerra dos portos”. Hoje, cada unidade da federação define uma alíquota diferenciada sobre o comércio de produtos importados. Portos de Estados que oferecem incentivos fiscais se tornaram porta de entrada privilegiada para bens importados, cuja condição permite disputar, com vantagens, o mercado nacional -o que prejudica ainda mais o setor industrial do país.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

CHEGANDO PERTO DE AGNELO - PF investiga ex-assessor de governador por esquema de grampo ilegal

Por Fernando Mello, Leandro Colon e Filipe Coutinho, na Folha Online:
A Polícia Federal investiga um ex-assessor especial do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), por envolvimento na interceptação ilegal de emails de adversários. A descoberta ocorreu a partir da Operação Monte Carlo, que investigou o empresário Carlinhos Cachoeira e também atingiu o senador Demóstenes Torres (GO).

No caso dos e-mails interceptados a suspeita é a de que os alvos das interceptações sejam políticos e jornalistas. Há suspeita de que houve, por exemplo, quebra do sigilo do e-mail do deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR), ex-policial federal, que fez denúncias contra o governo Agnelo. “Se houve quebra de um deputado, é uma afronta à democracia”, disse o deputado.

Reportagem da Folha mostrou nesta quinta-feira que relatórios da Polícia Federal e do Ministério Público Federal afirmam que o grupo de Carlinhos Cachoeira também contratou serviços de interceptação ilegal de e-mails. Segundo a investigação, uma empresa de um agente aposentado da Polícia Federal, Joaquim Gomes Thomé Neto, entregava relatórios com e-mails interceptados.

Essa empresa foi um dos alvos de busca e apreensão durante a Operação Monte Carlo, deflagrada pela PF no mês passado e que aponta Cachoeira como líder de um grupo que explorava jogo ilegal e pagava propinas a agentes públicos. O caso do ex-assessor de Agnelo também envolveria esta empresa.

Por Reinaldo Azevedo

 

ULTRAPASSANDO O LIMITE DO RIDÍCULO - O Conselho Estadual dos Direitos do Negro, agora, está empenhado em combater a discriminação racial na venda de bonecas. E, vejam só!, acabará punindo o consumidor negro!!!

Chegará o dia em que o mais prudente será ficar trancado em casa. Meter o nariz fora da porta será um risco imenso. Você pode esbarrar em algum amigo da humanidade pronto a mandá-lo para a cadeia. Um leitor me enviou um reportagem que eu não havia lido, publicada no Globo Online. Li. E me pergunto se não é uma pegadinha de 1º de abril, só que publicada no dia 3. Leiam. Volto em seguida.

Conselho vai investigar caso de bonecas em feira
O Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine) enviará três representantes à Feira Hippie de Ipanema, no domingo, para checar a diferença de preço entre bonecas de pano negras e brancas. Como noticiou na terça-feira Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, uma barraca cobra R$ 85 pelas brancas e R$ 65 pelas negras, embora as duas sejam praticamente iguais.

Presidente da entidade, Paulo Roberto dos Santos disse que os conselheiros tentarão conseguir com a dona da barraca uma explicação para a diferença de preços. Se os argumentos não forem convincentes, e se a proprietária se recusar a rever os valores, o conselho poderá encaminhar ao Ministério Público uma denúncia de discriminação: “Nós resolvemos que, antes de qualquer atitude, vamos lá no domingo ver de perto essa situação, se tem a ver com algum preconceito. E vamos, primeiramente, convencer a pessoa a tratar com isonomia, com igualdade (brancas e negras). Se ela se recusar, vamos fazer uma denúncia formal ao Ministério Público e procurar a Defensoria Pública”, disse Paulo.

A decisão de ir à feira foi tomada em reunião do Cedine, à qual estiveram presentes representantes do Conselho de Entidades Negras do Interior do Estado do Rio e da Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio.

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Sim, eu sei qual é a suposição: se a boneca negra é mais barata, isso poderia traduzir um preconceito da vendedora. Mas esperem. Nem a suposta discriminação racial conseguiria anular uma evidência da lei de mercado, não é? Um produto similar ao outro, só que mais barato, pode ser mais atraente ao bolso, ora essa! E isso, afinal, concorre, por óbvio, para facilitar a venda. Logo, não sendo abolida a lei de mercado pelas suposições racialistas, a vendedora em questão poderia estar concorrendo para diminuir a discriminação racial — tanto quanto se possa aplicar esse conceito às… bonecas! Mas eu pretendo contribuir com o rigor absoluto com essa importante causa do tal conselho. Segundo os dados de 2010 do IBGE, é esta a distribuição dos brasileiros segundo a cor da pele.

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A boneca tem a cor preta. Logo, em princípio, seria de interesse precípuo da parcela negra da população brasileira, que compõe 7,61% dos brasileiros. Os 43,13% dos mestiços, parece, mereceriam uma boneca também — que, segundo entendi, nem está à venda, né? Seria o caso de apontar “preconceito”?

Qualquer um desses especialistas em combate ao racismo diriam que as crianças negras devem ter o direito de comprar bonecas negras, nas quais possam se reconhecer. Francamente, acho isso uma besteira porque significa analisar o mundo da fantasia segundo critérios do mundo real. O procedimento destrói o universo das fábulas, dos desenhos animados e da HQ, não é? Nessa esfera, patos falam, cordeiros filosofam, lobos são tristemente cínicos, e Bob Esponja faz fogueira no fundo do mar… Mas os tais especialistas dizem que meninas negras devem ter bonecas negras. Então tá.

Suponho que as brancas, então, fiquem com as brancas. Dada a cor da pele do brasileiro, é forçoso inferir que a demanda por bonecas negras seja menor do que a demanda por bonecas brancas. Isso pode ter um efeito perverso ou benéfico para o comprador. O perverso: como a saída do produto é pequena, manter a opção em estoque custa dinheiro, o que eleva o preço final. O benéfico: para incentivar a venda, baixa-se o preço.

Venham cá, senhores conselheiros: se a dona da banca vender as duas versões da boneca por R$ 85, os potenciais compradores da boneca negra sairão ganhando? Apelando de novo ao IBGE, constata-se que a renda dos negros, na média, é inferior à dos brancos. Assim, em nome do combate à discriminação racial, torna-se a boneca negra um produto mais caro!!!

“Ah, Reinaldo, tem é de baixar o preço das bonecas brancas!” Entendi! Em nome do combate à discriminação racial, o Brasil tem agora de tabelar… as bonecas! Vamos criar o CIPB: Conselho Interministerial de Preços… das bonecas!!!

E agora o ridículo final
Vejam que coisa: se a tal vendedora da feira hippie não tivesse a boneca negra como opção, a questão simplesmente não existiria. Ou será preciso criar agora o CPGDVB (Comissariado do Povo para a Garantia da Diversidade da Venda de Bonecas)?

A verdade nua e crua é esta: o conselho gasta o dinheiro de brancos, mestiços e negros com uma questão ridícula.

Havendo alguma falha lógica na minha argumentação, terei todo o prazer em me retratar.

CORREÇÃO - Eu atualizei o texto às 2h27 desta sexta. Havia dirigido a minha crítica ao Ministério Público, que ainda não se manifestou. A bobagem é do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine).

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo

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