Presidente do PT fala que CPI do Cachoeira seria para provar “a farsa do mensalão”.

Publicado em 10/04/2012 14:54 e atualizado em 25/06/2013 15:44
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

O circo de Rui Falcão - Presidente do PT fala que CPI do Cachoeira seria para provar “a farsa do mensalão”. Faltou chamar para o vídeo os profissionais Carequinha e Arrelia

Por Maria Lima, no Globo Online:
Num vídeo de quase dois minutos postado nesta quarta-feira no site oficial do partido, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, conclama que centrais sindicais, partidos políticos que defendem o combate a corrupção e movimentos populares se mobilizem contra o que chamou de “operação abafa” que visa impedir a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para desvendar o escândalo Carlinhos Cachoeira. No vídeo, pela primeira vez Falcão vincula a CPI com a estratégia do PT de neutralizar o escândalo do mensalão que está para ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele começa sua fala dizendo que está em operação nesse momento “uma verdadeira operação abafa, uma tentativa de setores políticos e veículos de comunicação que tentam a qualquer custo impedir que se esclareça plenamente toda a organização criminosa montada por Carlinhos Cachoeira em conluio com o senador Demóstenes Torres, que já se afastou com DEM na tentativa de isolar o partido do escândalo”. “A bancada do PT na Câmara e no Senado defende uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão. É preciso que a sociedade organizada, movimentos populares, partidos políticos comprometidos com a luta contra a corrupção como é o PT, se mobilizem para impedir a operação abafa e para desvendar todo o esquema montado por esses criminosos, falsos moralistas que se diziam defensores da moral e dos bons costumes”, conclama Rui Falcão.

No vídeo Rui Falcão ataca o governador de Goiás, Marconi Perillo, mas não faz nenhuma menção ao envolvimento do governador petista do Distrito Federal Agnelo Queiroz e seus assessores com o esquema de Carlinhos Cachoeira.

“Nós queremos que uma CPI possa apurar todos os vínculos desse senador e vários políticos de vários políticos de diferentes partidos com o jogo do bicho, com contrabando, com informações privilegiadas sobre operações da policiais. É um esquema que chega ao governador de Goiás Marconi Perillo, que tenta colocar todo mundo na vala comum. essa semana mesmo ele disse que em Goiás todo mundo tinha relações com Carlinhos cachoeira”, diz Falcão, sem citar também o suposto envolvimento do deputado Rubens Otoni e do secretário Olavo Noleto , da Secretaria de Relações Institucionais.

Falcão encerra o vídeo com um apelo final: “CPI do Demóstenes para esclarecer seus vínculos com a corrupção e com os políticos corruptos”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Desculpo-me! Rui Falcão não tem nada a ver com Carequinha e Arrelia. Eu deveria ter evocado Goebbels. Ou: Para os petralhas, somos os “judeus insolentes”

Leitores têm razão, e me cabe aqui corrigir uma injustiça. Ontem, no post que informava que Rui Falcão, presidente do PT, gravou um vídeo em que afirma que a CPI do Cachoeira tem de apurar os “escândalos dos autores da farsa do mensalão”, cometi uma terrível injustiça. Escrevi: “Só falta agora chamar Arrelia e Carequinha”. Esses dois palhaços que levaram a sério a sua arte, que encantaram gerações, não mereceriam ser associados ao amadorismo de Falcão. Desculpo-me com os admiradores desses dois artistas e com suas respectivas famílias. Prometo nunca mais associar petistas a essa categoria profissional e a essa arte, exercidas sempre com abnegação e honestidade. Foi um momento impensado.

Falcão merecia, não pela magnitude da fraude moral e ética — que aquela foi incomparavelmente maior —, mas pela essência, ter sido comparado a Goebbels, o chefe da máquina de propaganda nazista. Aquele, sim, era especialista em violentar a história, em enganar a opinião pública, em espalhar mentiras. E o fazia, seus discursos o demonstram, com plena convicção. É muito raro haver um homem que tenha plena consciência do seu tempo e que assuma de maneira inequívoca o compromisso com a trapaça. Goebbels era assim.

Há muitos anos, uma expressão é frequente nas reuniões de petistas: “pautar a sociedade”. Isso quer dizer, não raro, lançar um falsa questão para que seus militantes a espalhem por aí, com a ajuda da imprensa — tarefa hoje facilitada pela Internet, onde atuam seus agentes pagos com dinheiro público (propaganda oficial e de estatais). Vejam o vídeo. Volto em seguida.

A fala abre com uma mentira escandalosa: segundo ele, setores políticos e os meios de comunicação estariam empenhados numa “operação-abafa” para impedir a investigação. Como sabe qualquer leitor, o que vemos é justamente o contrário. A imprensa tem veiculado tudo o que está sendo vazado pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público e tenta, diga-se, ela própria, fazer suas apurações. Não há, pois, “operação-abafa” nenhuma!

Ocorre que o petismo precisam fazer com que os seus militantes e uma parte ao menos da opinião pública vejam a imprensa com suspeição, de modo a que o partido e seus asseclas sejam a única referência de verdade.

Os petistas, como Gobbels, não gostam da imprensa independente. Em 10 de fevereiro de 1933, no primeiro grande comício nazista depois que Hitler havia sido nomeado chanceler (30 de janeiro daquele ano), afirmava Goebbels:
“Eu só queria acertar as contas com os [nossos] inimigos na imprensa e com os partidos inimigos e dizer-lhes pessoalmente o que quero dizer em todas as rádios alemãs para milhões de pessoas.”

Assim faz Falcão: acusa a imprensa, que está fazendo o seu trabalho, e, como vocês podem notar, cita o nome do governador de Goiás (PSDB), Marconi Perillo, como parte do esquema Cachoeira. Por óbvio, ele ignora que, por enquanto ao menos, há mais evidências de comprometimento é do petista Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, com a máfia do bicheiro.

Falcão, como Goebbels, tem um chefe. A decisão de sair acusando a imprensa — ??? — e de tratar Cachoeira como um problema exclusivo da oposição foi tomada por Luiz Inácio Lula da Silva. Não por acaso, anteontem, quem saiu atirando contra Perillo foi, imaginem vocês!, Paulo Okamoto, que é do Instituto Lula. É evidente que existem indícios de comprometimento do governo de Goiás com a máfia de Cachoeira. Mas o que dizer sobre o governo do Distrito Federal? Ora, ontem, ninguém menos do que José Dirceu, o chefe de quadrilha (segundo a PGR), atestou a inocência de Queiroz — tudo não passaria de uma tramoia da… “mídia”. Goebbels diria: “a mídia dos judeus”.

É com esse espírito limpo que os petistas pretendem fazer uma CPI. Se instalada, eles terão maioria. Podem,  se quiserem, chamar para depor apenas políticos da oposição. Lembro, por exemplo, que, até agora, vídeo propriamente em que se negocia dinheiro sujo só existe com o deputado petita Rubens Otoni (GO). O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), já disse que ele é apenas uma vítima.

Tática da gritaria
É a tática da gritaria, a tentativa de vencer no berro. Lembro, a propósito, que essa foi a postura do PT por ocasião da morte de Celso Daniel. Antes que a polícia paulista pudesse respirar e antes que a sociedade se desse conta das hipóteses, os petistas saíram gritando: “Estão tentando nos acusar pela morte; estão tentando nos acusar pela morte”. Nota: ninguém estava acusando o PT de coisa nenhuma! Era, na verdade, uma ação preventiva, uma vacina, uma maneira de se blindar de qualquer investigação. O Ministério Público já estava de olho num esquema de caixa dois que vigia na Prefeitura de Santo Adré para transferir ilegalmente recursos para o PT. Um dos irmãos de Celso afirma que Gilberto Carvalho lhe confessou que levara dinheiro vivo da Prefeitura para… José Dirceu! Os dois negam. O casal Bruno e Marilena Nakano, irmão e cunhada do prefeito assassinado, viveu um tempo exilado na França. No Brasil, estavam sendo ameaçados de morte porque não aceitavam a tese crime comum. Eram petistas de primeira hora — ela pertencera ao grupo de esquerda “Movimento de Emancipação do Proletariado”, mesma origem ideológica de Celso — e romperam com o partido. A família acumula indícios de que foi queima de arquivo.

A grande farsa
Agora atenção para este trecho da fala de Falcão:
“As bancadas do PT na Câmara e no Senado defendem uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão. É preciso que a sociedade organizada, as centrais sindicais, os movimentos populares, os partidos políticos comprometidos com a luta contra a corrupção, como é o caso do PT, se mobilizem para impedir a operação-abafa e para desvendar todo o esquema montado por esses criminosos, falsos moralistas, que se diziam defensores da moral e dos bons costumes”

O Supremo Tribunal Federal fará em breve, se Ricardo Lewandowski assim o permitir, o maior julgamento de sua história: o dos 37 do mensalão! Seu protagonista foi o PT, o mesmo partido que comandou a tramoia dos aloprados em 2006. Também é a legenda de Ideli Salvatti das lanchas ou de Erenice Guerra. Isso para fazer um resumo rápido. Mas Rui Falcão inclui o seu partido entre aqueles que… combatem a corrupção! E convoca as bate-paus do partido para a guerra santa!

“Autores do mensalão”??? Quem? Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres? Não, senhor! Esse crime, ao menos, eles não cometeram! A tese é escandalosamente falsa, destinada apenas a tentar livrar a cara dos criminosos mensaleiros.
- Os autores do mensalão são aqueles que pagavam o… mensalão!
- São aqueles que movimentavam o dinheiro sujo que passava pelas agências de Marcos Valério.
- São aqueles que iam sacar dinheiro na boca do caixa do BMG e do Banco Rural.
- São aqueles que passaram, o que Roberto Jefferson confessou, uma mala de dinheiro “não-contabilizado” para o PTB fazer campanha.
- São aqueles que compraram o então PL, de Valdemar Costa Neto.
- São aqueles que pagaram no exterior, pelo caixa dois, a bolada que Duda Mendonça cobrou pela campanha eleitoral de 2002.
- São aqueles que assinaram falsos documentos de empréstimos.
- São aqueles que fraudaram a contabilidade do partido.
Os autores do mensalão são aqueles que comandavam o partido quando tudo isso seu deu: José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares — além da outra penca. E, claro!, embora não tenha sido incluído na denúncia, o autor do mensalão é Luiz Inácio Lula da Silva, chefe inconteste de todos eles, desde sempre.

Como não ler aquele trecho do discurso do chefão do PT e associar a este trecho do discurso do chefão da propaganda nazista?
Há alguns anos, não falávamos da boca pra fora quando dizíamos que vocês, judeus, são nossos professores e que só queremos ser seus alunos e aprender com vocês. Além disso, é preciso esclarecer que aquilo que esses senhores conseguiram no terreno da política de propaganda durante os últimos 14 anos foi realmente uma porcaria. Apesar de eles controlarem os meios de comunicação, tudo o que conseguiram fazer foi encobrir os escândalos parlamentares, que eram inúteis para formar uma nova base política.
O Movimento Nacional-Socialista vai mostrar como eles realmente deveriam ter lidado com isso, ou seja, quando se faz um bom governo, uma boa propaganda é consequência. Uma coisa segue a outra. Um bom governo sem propaganda dificilmente se sai melhor do que uma boa propaganda sem um bom governo. Um tem que complementar o outro. Se hoje a imprensa judaica acredita que pode fazer ameaças veladas contra o movimento Nacional-Socialista e acredita que pode burlar nossos meios de defesa, então, não deve continuar mentindo. Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!

Encerro
É isso aí! Para o petismo, nós somos os “judeus insolentes” e as “bocas mentirosas”. Abaixo, segue o vídeo com Goebbels para quem tiver alguma curiosidade. Num post do dia 20 de setembro de 2010, escrevi a respeito e traduzi o trecho do discurso que aparece nesse vídeo. Volto para encerrar.

Voltei
Júlio Cesar — o da peça de Shakespeare — dizia, referindo-se a Cássio, ter certo receio dessas pessoas de ar esfaimado, como Goebbels e Falcão. Achava que tinham certo pendor para a conspiração… Os magros (hoje eu também sou um magro!) não reclamem por favor. É só uma notinha de literatura para alegrar a vida. Para falar de Falcão, com sua vocação para carcará da democracia (que falcão é bicho europeu), preciso lembrar que a beleza ainda resiste…

Não! Desta vez, carcará não pega, não mata nem come! Vai ter que recolher seu “bico vorteado que nem gavião”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Grampo mostra ação da Delta, maior construtora do PAC, em governo petista para cobrar “faturas eleitorais”

Por Alana Rizzo e Fábio Fabrini,  no Estadão:
Maior empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Delta Construções S.A. teria negociado facilidades em contratos diretamente com a cúpula do Governo do Distrito Federal (GDF), em troca de favores de campanha eleitoral, como indicam grampos da Polícia Federal. Em conversas gravadas na Operação Monte Carlo, aliados do contraventor Carlinhos Cachoeira - acusado de comandar uma rede de jogos ilegais no País - revelam que a diretoria da empresa no Rio “cobrava a fatura” de doações eleitorais ao pressionar o Palácio do Buriti por nomeações e a liberação de verbas.

Em 2010, a Delta consta como doadora de R$ 2,3 milhões apenas a comitês partidários no País. Do total, R$ 1,1 milhão foi destinado ao Comitê Nacional do PT e o restante ao PMDB. Não consta na prestação de contas do governador do Distrito Federal eleito, Agnelo Queiroz (PT), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) doação da construtura. Com Agnelo eleito, segundo a PF, a Delta tentava emplacar aliados em cargos-chave de administrações regionais e do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) de Brasília, o que facilitaria seus negócios. Além disso, tentava receber débitos do GDF por serviços supostamente prestados.

Segundo revelam os grampos, o então diretor da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, enfrentava dificuldades para atingir seus interesses, ao que os diretores da Delta no Rio tiveram de tomar as rédeas. “Como ele (Cláudio) tá no ‘pé da goiaba’ e a chefia do Rio é que ficou na negociação de campanha, as autoridades do Rio que mexeram, vieram e cobraram a fatura”, relatou num telefonema o araponga Idalberto Matias, o Dadá, aliado de Cachoeira, ao ex-assessor especial da Casa Militar do GDF Marcelo Lopes, o Marcelão, que aguardava para conversar com o chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro.

A conversa foi interceptada pela PF em 31 de março de 2011, dia em que Monteiro foi nomeado para o cargo. “O Cláudio não participou da negociação da campanha. Quem participou da campanha foi os ‘picas’ (sic) do Rio e os ‘picas’ do Rio estão dizendo que o Cláudio não tá dando conta de resolver o problema”, acrescenta Dadá ao interlocutor. Dadá diz a Lopes que Monteiro precisa entender que Abreu, da Delta, tem chefe. “Em cima dele, tem uma porrada de gente.”
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

O PT e “os picas” do Rio. Ou: Diálogos que dignificam o partido de Falcão e Dirceu

Abaixo, transcrição do diálogo dos homens da quadrilha de Cachoeira, referindo-se ao governo de Agnelo Queiroz:
No Estadão:

pt-e-os-picas-do-rio

Por Reinaldo Azevedo

 

O Apedeuta botou fogo para ter CPI antes de saber a exata extensão do “cachoeirismo”; agora petistas falam em melar comissão, mas não sabem como

Tio Rei avisou aqui, não foi? O nome do problema é “Delta”, a principal construtora do PAC e empresa que teve formidável crescimento depois que recebeu a preciosa consultoria deste grande homem de negócios chamado José Dirceu. Pois é…

“Estamos numa enrascada que não tem fim”. Essa é frase de um dirigente petista, registrada em reportagem do Estadão desta quinta, de Christiane Samarco e Eugênia Rocha. Os petistas, informa o texto, tentam  melar a CPI, mas não veem mais caminho pra isso. Agora quem não quer saber de recuo são os partidos aliados e as oposições. “Só se a presidente Dilma pedir publicamente”, diz um representante da base. Pois é…

O Planalto, por sua vez, acha que o comprometimento de parlamentares com o esquema de Cachoeira tem de ser investigado, mas sem mexer com as empresas. Ah, entendi! Como de hábito, é para pegar corruptos meio pés de chinelo, mas nada de corruptores. É! Muito sofisticado moralmente!

O que deixou o Planalto assustado foi a rede de influências da Delta. De saída, já deu para perceber que na lama em que Lula sonhava ver Marconi Perillo, seu desafeto, e Demóstenes Torres, também pode se afundar Agnelo Queiroz — isso só para começo de conversa. Ainda que PT e PMDB dominem a comissão, sabem como é… Não há meios de patriotas como Cachoeira e o tal Dadá se saírem bem. Essa gente pode ser um canhão solto no convés.

Entre os petistas de mais alto escalão, não há quem não lamente dia sim e dia também a entrada de Agnelo no partido — mais uma obra pessoal de Lula. Não é que a moralidade da legenda seja incompatível com a do governador. É que ele é considerado um trapalhão, e seu, como vou chamar?, “esquema”, meio primitivo. No ano passado, a sua renúncia chegou a ser debatida nas altas esferas partidárias. Ainda quem defenda que ela seja imposta ao governador.

Informa o Estadão que o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), avalia que a única forma de minimizar o estrago é tentar limitar a CPI a Demóstenes Torres e à arapongagem. Pois é… Aí será preciso combinar com os russos.

De governadores aliados do Nordeste chegam ecos para que a CPI deixe a Delta fora do imbróglio. Na sua vingança cega, Lula não avaliou direito os riscos. Apostou na CPI para esmagar a oposição e para destruir Perillo.

Pode ter detonado uma bomba no governo do DF.

Por Reinaldo Azevedo

 

Governo federal vai pagar museu para reunir a memória das greves comandadas por Kim Jung-Lula

Por Bernardo Mello Franco, na Folha:
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), vão anunciar amanhã o início da construção de um museu que lembrará as greves de metalúrgicos comandadas pelo ex-presidente Lula no ABC. As obras devem custar R$ 18 milhões aos cofres públicos, sendo R$ 14,4 milhões do governo federal e R$ 3,6 milhões do município. O valor inclui apenas as despesas com instalações físicas. O anúncio será feito um dia antes do primeiro ato público de Lula após o desaparecimento do câncer, a inauguração de um CEU em São Bernardo. Ele dividirá o palanque com Marinho, que tenta a reeleição, e Fernando Haddad, pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo.

O Museu do Trabalho e do Trabalhador será erguido num terreno de cerca de 10 mil m2 ao lado do Paço Municipal, um dos cenários das greves que antecederam a criação do partido. Entre as principais atrações está uma sala vai recriar, com recursos audiovisuais, o ambiente das reuniões históricas lideradas pelo petista nas décadas de 1970 e 1980. “Não é um museu do Lula, mas é evidente que ele terá uma presença muito forte. Queremos que o visitante se sinta como se estivesse dentro das assembleias de metalúrgicos”, diz o prefeito. O entorno do edifício terá um jardim com ferramentas das fábricas da época. “Incluindo um torno como o que o Lula usava quando perdeu o dedo”, anima-se Marinho.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Vergonha na cara à moda petista - “Aloprado” de Mercadante volta à cena para disputar cargo de vereador

Por Sérgio Roxo, no Estadão:
Quase seis anos depois de se transformar num dos protagonistas do caso dos aloprados, o petista Hamilton Lacerda vai tentar retornar à carreira política interrompida por causa do escândalo, e será candidato a vereador nas eleições de outubro em São Caetano do Sul, na região do ABC paulista.

Em 2006, quando era coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, Lacerda foi filmado com uma mala em um hotel de São Paulo onde Gedimar Passos e Valdebran Padilha foram presos com R$ 1,7 milhão. O dinheiro seria usado para comprar um dossiê que vinculava o tucano José Serra, que também disputava a eleição estadual, à máfia das ambulâncias superfaturadas.

De acordo com a investigação da Polícia Federal, foi Lacerda quem levou a quantia ao hotel. Na época, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disputava a reeleição, classificou os petistas envolvidos no caso de “aloprados”. Gedimar Passos integrava a campanha presidencial do PT.

Depois que o escândalo veio à tona, Lacerda deixou o PT. A sua volta à legenda só foi aprovada em 2010. No período de afastamento, atuou como empresário e administrou uma fazenda de plantação de eucalipto no Sul da Bahia, além de dar aulas em faculdades.

Antes do escândalo, Lacerda era uma das principais lideranças do PT no município do ABC paulista. Havia sido vereador por três mandatos e também chegou a disputar a prefeitura de São Caetano do Sul em 2004, quando ficou em segundo lugar e somou 32,2% dos votos válidos.

PT aponta Lacerda como um forte candidato
Agora, é apontado pelo presidente do PT em São Caetano do Sul, Edgar Nóbrega, como um dos “candidatos de peso” a vereador para a eleição deste ano. Lacerda já está em ritmo de campanha e tem tido participação intensa nas atividades do partido, com visitas semanais aos bairros da cidade.

Na última segunda-feira, Lacerda esteve na homenagem que a Câmara Municipal de São Caetano do Sul fez ao prefeito da vizinha São Bernardo, o ex-ministro Luiz Marinho, um dos principais amigos de Lula. A mulher de Lacerda, Maria Izabel Fonseca, foi, até fevereiro deste ano, secretária-adjunta de Administração de São Bernardo.

O presidente do PT de São Caetano afirmou que a reintegração de Lacerda aos quadros do partido se deu pela direção anterior “na medida em que as investigações” por envolvimento no escândalo dos aloprados “não evoluíram”. Em seguida, segundo Nóbrega, ele reivindicou a candidatura a vereador e o “partido não tinha motivos a se opor”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Grampo mostra que Agnelo quis negociar com Cachoeira, diz PF

Por Fábio Fabrini e Alçana Rizzo, no Estadão Online. Volto depois.
Citado como o “01″ de Brasília pela organização do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o governador Agnelo Queiroz (PT) pediu, segundo indica o inquérito da Operação Monte Carlo, uma reunião com o contraventor, apontado como o chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás e no Distrito Federal. O esquema, até ser desmontado pela PF, se articulava para operar negócios miliónários no Governo do Distrito Federal (GDF). A aproximação do governador com o bicheiro, para a PF, tinha como pano de fundo pagamentos do GDF a empresas do esquema, notadamente a Delta Construções, e nomeações de representantes da quadrilha em cargos-chave da administração do DF.

Em telefonema gravado pela Polícia Federal em 16 de junho do ano passado, o sargento Idalberto Matias, o Dadá, um dos aliados de Cachoeira, avisa ao bicheiro que foi procurado por João Carlos Feitosa Zunga, ex-subsecretário de Esportes e funcionário do Governo do Distrito Federal (GDF), que disse que o “01″ estava querendo falar com ele.

De acordo com a PF, “01″ era a forma como os aliados de Cachoeira se referiam a Agnelo, chefe do governo. “O Zunga me ligou aqui, está querendo falar com você, porque o chefe dele lá, o 01, está querendo…quer falar com você”, diz Dadá. “Vou falar com ele”, responde Cachoeira. O próprio relatório da PF quando transcreve as escutas identifica o “01″ como “governador”.

O “01″ também aparece em outras gravações obtidas pela PF. Em 6 de abril, Dadá e Marcelo Lopes, ex-assessor especial da Casa Militar do governo Agnelo, conversam sobre uma pessoa (não identificada nas investigações) que estaria fazendo a ponte com o governador.

Poucos dias antes, os mesmos interlocutores afirmam que Cláudio Abreu, diretor da Delta Construções S/A no Centro-Oeste, está com um contato dentro do governo, direto e sem intermediários, para azeitar os interesses da construtora em nomeações e liberação de pagamentos.
(…)

Voltei
Vamos esperar a explicação dos petistas. Eu não tenho dúvida de que este monumento à moral e aos bons costumes, que é Agnelo, só fez isso para o bem do povo. Se um petista for flagrado tomando o pirulito de uma criança e lhe dando um peteleco na orelha, alguma o infante aprontou…

Por Reinaldo Azevedo

 

Entidades criticam declaração de Dilma sobre tortura em delegacias

Na Folha Online. Volto em seguida.
Entidades de direitos humanos divulgaram nesta quarta-feira (11) nota de repúdio à declaração da presidente Dilma Rousseff sobre tortura em delegacias. Ontem, durante sessão de perguntas feitas pela plateia na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Dilma disse que não tinha como “impedir em todas as delegacias do Brasil de haver tortura”. A nota, assinada por dez organizações, pede uma declaração explícita da presidente de que não tolerará a tortura e empenhará todos os esforços para combatê-la.

“A declaração de Dilma –ela mesma ex-presa política e vítima de tortura– é inadmissível sob qualquer circunstância, mas vem revestida de ainda maior gravidade porque ocorre num momento especialmente sensível. O país enfrenta hoje um debate acalorado sobre o estabelecimento da Comissão da Verdade, que conta com o apoio da presidente, para esclarecer crimes praticados durante a ditadura militar, incluindo o crime de tortura.”
(…)

Comento
Serei breve. Procurem no arquivo do blog a expressão “presos sem pedigree” (sem as aspas). Já escrevi aqui algumas vezes sobre o dar de ombros das autoridades brasileiras para a tortura de presos comuns no Brasil, o que é, obviamente, uma barbaridade. Ninguém está nem aí. São o que chamo “presos sem pedigree”, que não têm a marca da distinção ideológica.

Por Reinaldo Azevedo

 

Aliados traem governo, e Câmara convoca Ideli Salvatti

Por Gabriel Castro e Luciana Marques, na VEJA Online:
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira um requerimento de convocação da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. A petista terá de explicar por que permitiu, como ministra da Pesca, a compra de lanchas que nunca foram usadas, adquiridas da Intech Boating, que doou 150 000 reais para o PT catarinense - do qual a ministra faz parte. Em 2010, Ideli disputou o governo de Santa Catarina e teve a maior parte das despesas de campanha pagas pelo diretório do partido no estado.

O dono da Intech disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a doação foi pedida pelo Ministério da Pesca. A aquisição das 28 lanchas custou 31 milhões de reais, pagos sob a gestão de Ideli. O Tribunal de Contas da União apontou irregularidades na transação. O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), que apresentou o pedido de convocação, questionou a doação. “A empresa beneficiada pelo contrato, a Intech Boating, doou 150 000 reais ao comitê do PT, que bancou parte da candidatura de Ideli Salvatti”, disse o deputado.

Em nota, a assessoria de Ideli negou que a ministra tenha relações com a empresa. “A campanha da ministra ao governo de Santa Catarina não foi beneficiada com doações da Intech Boating”, diz o texto. A assessoria informou ainda que, no período do processo licitatório questionado pelo TCU, a ministra era senadora e, nos cinco meses em que esteve à frente do Ministério da Pesca, não firmou nenhum novo contrato ou convênio: “A ministra sempre esteve e se mantém à disposição para todos os esclarecimentos que forem necessários”.

Derrota
A convocação é uma derrota para o governo e só foi aprovada com o apoio de parlamentares da base aliada. Aline Correia (PP-SP), Carlos Magno (PP-RO), Paulo Feijó (PR-RJ), Wellington Roberto (PR-PB) e Hugo Motta (PMDB-PB) somaram-se a três votos da oposição. Placar final: 8 a 7. Mais do que a insatisfação de aliados com o Planalto, o resultado pode ser atribuído à impopularidade de Ideli com muitos parlamentares governistas. A ministra é vista como uma péssima articuladora, que cobra lealdade da Câmara sem, em troca, dar atenção aos pedidos dos deputados.

O governo sempre evitou a convocação de ministros pelo Congresso. Quando calculava que os riscos eram controlados, o Planalto consentia na aprovação de um convite, que não torna obrigatória a presença do representante do Executivo.

O autor do requerimento votado nesta quarta-feira é o deputado Vanderlei Macris, que justificou a convocação de Ideli: “Ela passou por lá e, apesar de não ter sido a articuladora do contrato, foi durante a sua gestão que esse processo se deu”. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) alegou que não foi Ideli quem deu a ordem para a compra e lembrou que quem comanda a pasta hoje é Marcelo Crivella. “Não vejo nenhuma lógica”, disse o peemedebista. Ou a gente chama quem comprou ou a gente chama quem está no cargo”. Mas a argumentação de Cunha foi derrotada.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ainda que só 3 ministros tenham votado, a tese em favor do aborto de anencéfalos já é vitoriosa, conforme se havia antecipado aqui

Neste momento, vota o ministro Luiz Fux. Abriu sua intervenção lendo a carta de um homem que relatou a própria experiência. Expôs o sofrimento de ver sua mulher dar à luz um feto anencéfalo, com direito a “caixãozinho branco” e tudo. Como é mesmo? “Verba mouent, exempla trahunt”. Os exemplos têm mais força do que as palavras — do que os conceitos. Entendo que, se é para ir para os casos concretos, um juiz isento teria também de relatar a experiência de quem enfrentou a dor e atingiu a ascese.

Mas a isso chegamos. A tese do aborto de anencéfalos já é vitoriosa. Joaquim Barbosa ainda não votou, mas já se manifestou a favor. Assim, já temos os votos de Marco Aurélio, Rosa Weber, Luiz Fux e Joaquim Barbosa (este apenas anunciado). Celso de Mello e Ayres Britto já deram a entender que são favoráveis em outras ocasiões. Há dez ministros em plenário — José Dias Toffoli se declarou impedido —, com seis votos certos. Creio que Carmen Lúcia se alinhará com Marco Aurélio, sendo o sétimo. Não sei como votarão Gilmar Mendes, Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski. Este último não era simpático à tese em 2008. Mas já mudou radicalmente de ideia em outros julgamentos.

Pretendo ler depois os votos dos ministros. Reitero que as sustentações feitas são, na verdade, favoráveis ao aborto em si. Eleonora Menicucci, a ministra das Mulheres, e aquela Dilma Rousseff  ”pré-conversão”, aquela que ainda era devota da “Nossa Senhyora de Forma Geral”, podem comemorar.

Está caracterizado que a maioria da sociedade quer uma coisa, mas que o Supremo se alinha com a minoria. “É o óculos da ciência”, diria aquela ministra, abortando a gramática.

Os abortistas podem comemorar. Já venceram a batalha contra este inimigo poderoso e ardiloso: o feto anencéfalo. Fracote, ele nem teve tempo de correr.

Por Reinaldo Azevedo

 

O voto um tanto assustador de Rosa Weber e “o” óculos da ciência

Votou há pouco a ministra Rosa Weber. Faz uma digressão sobre os paradigmas da ciência, que certamente lerei depois. O que ouvi me deixou um pouco confuso. Opôs as certezas das ciências às convicções religiosas, que seriam “autoritárias” e “dogmáticas”. A religião no banco dos réus.  Manejando a língua com a habilidade com que maneja fundamentos da filosofia e das religiões, enfatizou que a ciência é “o óculos” — ela fez até uma pausa de efeito no “o”… — com que cientistas veem o mundo. Entendo!

Vida, pontificou a ministra, requer a evidência de “atividade cerebral”. Certo! Dado que os ditos anencéfalos têm, sim, atividade cerebral — já que um feto não teria como se desenvolver se fosse literalmente anencéfalo —, então ela deveria ter votado contra. Mas votou a favor. E que se note: o voto da ministra serve ao aborto sem outros qualificativos. Afinal, “o” óculos da ciência assegura que não há vida cerebral nas primeiras semanas da gestação.

Acabo de ouvir a ministra defender que a sociedade pode estabelecer quais são as “capacidades físicas e psíquicas mínimas que permitam ao indivíduo ser considerado humano”. É mesmo, é?

Pois é, ministra… É justamente aí que eu não queria ver a coisa chegar.

Por Reinaldo Azevedo

 

Uma decisão sobre aborto de anencéfalos ou o envio das religiões para o banco dos réus?

No post anterior, vocês viram que, conforme o previsto, Marco Aurélio Mello votou em favor do aborto de anencéfalos. A essência de seu argumento está exposta ali, no texto da VEJA Online. Antes que prossiga, uma observação se faz necessária. Gosto, no geral, dos votos do ministro Marco Aurélio — e, às vezes, discordo dele radicalmente, como aconteceu no caso da permanência, no Brasil, do terrorista Cesare Battisti. Não é que Mello tenha votado em favor dessa permanência. Entendeu que cabia a Lula, e só a ele, como presidente da República então, decidir. Eu me alinhei com aqueles que consideravam que não é assim. Discordar dele não quer dizer satanizá-lo — como tem virado hábito no país: há um esforço deliberado de certos grupos de pressão para esmagar a divergência. O curioso é que os “divergentes” quase sempre estão com a maioria da população. Isso significa que, cada vez mais, usa-se o território da lei para impor a vontade de uma minoria supostamente mais esclarecida. É evidente que maioria, por si, não é critério de verdade. Mas também não é sinônimo de mentira. Sigamos.

O que me incomoda do que leio — não assisti ao voto; depois vou ler o de cada ministro — sobre a exposição do ministro Marco Aurélio é uma certa tensão, quem sabe oposição, criada entre a dignidade humana e o que seria a perspectiva religiosa, para declarar, então, que, sendo leigo, o estado não tem de se ocupar dos óbices religiosos.

Há aí, parece-me, algumas confusões. Em primeiro lugar, a perspectiva religiosa não é, por si, contrária à dignidade humana coisa nenhuma. Para saber se é ou não, forçoso se faz analisar seu conteúdo. Em que, por exemplo, os fundamentos do cristianismo se oporiam a essa dignidade? Alguém conseguiria demonstrar algo a respeito? Duvido! O moderno humanismo tem seus pilares no cristianismo. Ignorá-lo é fazer má história; é produzir apenas ideologia sem fundamento. Sendo laico, de fato, o estado não é um procurador de religiões, mas também não deve ser seu algoz, como se tudo o que adviesse dessa experiência militasse contra valores universais. A defesa que o cristianismo faz da vida humana — sem restrições ou precondições — é ou não “universal”? Interessa ou não ao conjunto e a cada um dos homens? Na China moderna, os valores do cristianismo tornariam a vida mais arriscada ou mais segura?

Criou-se uma falsa questão quando o aborto é debatido — seja o de anencéfalos ou não. As religiões, invariavelmente, são mandadas para o banco dos réus, passam por um processo que eu chamaria de “ilegitimação civil”, como se professar uma crença fosse fruto de um exotismo qualquer, de um desvio, quem sabe de um subpensamento, de uma categoria inferior na ordem dos valores. O nome disso é preconceito.

No caso  do aborto — de anencéfalos ou não —, os que, como eu, advogam contra a corrente majoritária (dos grupos de pressão, não necessariamente da população; desconheço pesquisa a respeito) não cuidam de determinar se a vida é divina ou não; se ela tem início na concepção ou não. Não estamos naquele terreno cinzento entre a ciência e a fé. Trata-se de saber se a sociedade deve, dado o consenso do momento, estabelecer que vida merece ser vivida e por quanto tempo.

Não posso assegurar que pensamento eu teria se fosse outro, é evidente. Assim, não vou aqui cair naquele truque vigarista de afirmar que “enquanto cidadão, penso tal coisa, mas enquanto cristão, penso…” Não! Sou um! Dados os fundamentos que entendo civilizados, que protegem a vida humana, repudio que seja o estado a determinar que vida deva ser vivida. Acho que isso é um retrocesso das conquistas do humanismo.

Assim, meu caro ministro Marco Aurélio, isso que o senhor poderia chamar “perspectiva religiosa” coincide, segundo o meu entendimento e o de milhões de pessoas, com a perspectiva laica. Essa contradição entre uma coisa é outra, seja ou não esta a intenção do meritíssimo (e eu acredito que não seja, deixo claro), corresponde a uma tentativa de alijar a experiência religiosa da vida das sociedades.

Quando isso acontecer, boa parte do que se entende por humanismo vai para o lixo. Arremato lembrando que, com efeito, guerras religiosas já fizeram muitas vítimas, como lembram constantemente alguns militantes ateus meio furibundos. Mas ninguém matou tanto quanto os estados oficialmente ateus. Se não é lícito, e não é, atribuir os milhões de mortos do comunismo, por exemplo, ao ateísmo em si, não foi a fé, também em si, que fez as vítimas dos conflitos religiosos. Mas aqui já derivo um pouco. Retomo o ponto. Precisamos decidir se, a cada questão que debatermos relativa à moral, à ética e aos costumes, será preciso, antes, exorcizar a religião para, então, tomar uma decisão que estaria pautada pela pureza.

Esse, pra mim, é o mundo do obscurantismo da razão.

Por Reinaldo Azevedo

 

Relator, Marco Aurélio vota em favor do aborto de anencéfalos

Conforme se antecipou aqui, Marco Aurélio Mello, relator da questão, votou em favor do aborto no caso de anencéfalos. Segue texto da VEJA Online. Volto no próximo post.

Por Luciana Marques:
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello deu o primeiro voto a favor do aborto de anencéfalos, ou seja, com má formação no cérebro, no julgamento desta quarta-feira. A tendência é que a maioria da corte acompanhe a posição de Marco Aurélio, que é o relator do caso. Segundo o ministro, não se trata de aborto, nem de “eugenia” (seleção genética de uma espécie), expressão que tem viés ideológico e político em sua opinião. Para Marco Aurélio, o termo adequado para o caso é “antecipação terapêutica do parto”.

O ministro avalia que o anencéfalo não tem direito à vida, porque não possui vida em potencial. “Anencefalia e vida são termos antitéticos”, disse. “O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa e o fato de respirar e ter batimento cardíaco não altera essa conclusão”, disse. Segundo o ministro, 75% dos anencéfalos não alcançam desenvolvimento extrauterino.

Marco Aurélio afirmou também que a questão não deve ser discutida sob o ponto de vista religioso, mas de acordo com o princípio de dignidade humana, assegurado pela Constituição Federal. “A liberdade religiosa e o estado laico significam que as religiões não guiarão o tratamento estatal, dispensado a outros direitos fundamentais, tais como direto a autodeterminação, o direito à saúde física e mental, o direito à privacidade, o direito à liberdade de expressão, o direito à liberdade de orientação sexual”, afirmou. 

Durante seu voto, o relator leu uma série de depoimentos de grávidas nessa situação. “O sofrimento dessas mulheres pode ser tão grande que especialistas consideram como tortura”, afirmou o ministro. Para ele, o estado não pode se intrometer na decisão da mulher de interromper ou não a gestação.

Argumentos
A ação foi proposta em 2004, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), que pede que as grávidas de fetos anencéfalos tenham o direito de optar pela interrupção da gestação. O principal argumento é que os bebês com má formação do cérebro geralmente morrem durante a gravidez ou têm pouco tempo de vida.

O advogado da confederação, Luis Roberto Barroso, disse que a continuidade da gestação de um anencéfalo deve ser uma escolha da mulher, porque representa uma “tragédia pessoal”. “Trata-se de uma tortura psicológica a que se submete essa mulher grávida de um feto anencefálico, que não sairá da maternidade com um berço, mas com um pequeno caixão e terá que tomar remédios para secar o leite que produziu”, disse.  

Contrária à aprovação da lei, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defende que a vida deve ser acolhida como “dom”, mesmo que seu percurso natural seja, presumivelmente, breve. “Nenhuma legislação jamais poderá tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito”, afirmou a entidade, em nota divulgada em 2008, quando foi realizada a primeira audiência pública sobre o tema.

Por Reinaldo Azevedo

 

O aborto de anencéfalos - Caras e caros, mister é lutar! Não é a certeza da vitória que alimenta a convicção, mas a certeza da boa causa! Ou: Uma resposta aos intolerantes

O Supremo Tribunal Federal decide hoje a legalidade do aborto de anencéfalos. O relator é o ministro Marco Aurélio Mello, que já deu sinais claros de que emitirá um voto a favor. Cristãos e defensores da vida de outras religiões — também ateus e agnósticos — iniciaram ontem uma vigília em frente ao Supremo. Sim, vamos perder. Diria melhor: a vida vai perder. E daí?

Uma razão a mais para não desistir! Seremos aqueles que lutam apenas para ganhar? Somos tão frouxos, tão covardes, tão mesquinhos que nossa convicção só se alimenta da certeza da vitória? Não! A nossa convicção está assentada na justeza da nossa causa! O importante é não se calar mesmo quando o debate está interditado.

Há formas sutilmente autoritárias de silenciar o debate ou esmagá-lo. O mais corriqueiro hoje em dia é afirmar que se está falando em nome da ciência. Ela seria uma espécie de redutor de todas as contendas, anulando quaisquer outros princípios ou realidades, como ética, moral, crenças religiosas etc. Diante dela, todo o resto estaria desautorizado. Assim, em questões que nos dividem, conviria convidar esse juiz neutro: o cientista. Sempre? Bem, imaginem a seguinte situação: quem é o melhor poeta moderno, Fernando Pessoa ou Yeats (podem botar um outro qualquer entre as alternativas)? E o melhor escritor brasileiro: Machado de Assis ou Guimarães Rosa? Ah, chamemos os cientistas. Eles saberão responder essas e outras questões. Os cientistas são como os bárbaros daquele célebre poema de Constantino Kafávis: quando eles chegarem, resolverão tudo. Não precisaremos ter moral até lá. Os bárbaros a terão por nós.

Seria, claro, ridículo convocar a ciência para definir o melhor poeta moderno ou o melhor romancista brasileiro de todos os tempos, não? A questão é séria e ampla (!) demais para ser respondida por um conjunto de saberes supostamente inequívocos. Já com a vida humana, tudo parece mais fácil. Sim, um tanto constrangido por meu primitivismo, por este meu viés terrivelmente autoritário, atrevendo-me a falar quando deveria, obviamente, silenciar ou ser silenciado, ouso dizer que sou, sim, contrário a que seja o STF a definir a terceira situação em que o aborto seria legalmente permitido - as duas outras são em caso de estupro e de risco de morte da mãe. Não vejo como o tribunal possa acrescentar um dado novo ao Código Penal. Mas digamos que o entendimento seja o de que pode, sim, fazê-lo. A minha restrição não se restringe ao rito legal: é também de princípio.

E é nesse ponto que o debate sempre desanda. Na minha profissão, no meio em que vivo, e dadas as pessoas com as quais me relaciono, chega a ser quase exótico que me diga “católico”. Há até quem diga: “Ah, vai, Reinaldo, não é tanto assim, né?” Eu, de fato, não sei o que é ser católico “tanto assim” ou “tanto assado”. E também não tenho ideia sobre as fantasias das pessoas em relação a isso: será que rezo, que me mortifico, que acendo velas votivas? “Usa cilício (com “c” mesmo)?”, já me perguntaram. Talvez imaginem que minha opinião em relação ao aborto tenha uma dimensão sobrenatural, com toda a cadeia de horrores consecutivos - segundo imaginam alguns -, caso eu contrarie as “determinações” de minha fé. Bem, tudo isso é bobagem e, como já disse, fantasia.

Incomoda-me e constrange-me, aí sim, a qualidade de alguns argumentos que, acredito, degradam a vida humana, tornando-a não mais do que derivação de escolhas práticas, pragmáticas, segundo as teses influentes da hora. O cristianismo foi mesmo só essa história de horrores escrita pelos iluministas? Olhem, há uma vasta bibliografia indicando que não. E nem vou, neste texto, estender-me sobre o assunto. Eu, de fato, não me sinto à vontade - e suponho que não me sentiria nem que fosse ateu ou agnóstico, mas não tenho como prová-lo, obviamente - para decidir que vida, em que quantidade e em que condições merece ser vivida. Sinto-me um juiz insuficiente. Outros são mais sábios do que eu. Estão tão certos de sua ciência como estariam de um “budismo qualquer” (para citar Pessoa). Louvo-lhes sabedoria ou ligeireza. Mas é outra a minha natureza.

Quando digo que a minha restrição principal nem é a religiosa, não estou, de modo nenhum ,deslegitimando aqueles que protestam e se organizam em nome da sua religião. Salvo engano - e até que não prospere, sei lá, um modelo chinês no Brasil, que tem uma igreja única: o partido -, tais manifestações fazem parte da vivência democrática. E são legitimas.

Quando se debateu a legalização das pesquisas com células-tronco embrionárias, assistimos a um formidável show de intolerância. De quem? Dos cristãos, que se manifestaram contra? Não! Daqueles que acusavam a ilegitimidade dos protestos cristãos, acusados de maximizar a decisão, vendo nela a antessala da legalização do aborto. O então relator da questão, ministro Ayres Britto, escreveu com todas as letras:
 ”A vida humana é revestida do atributo da personalidade civil, é um fenômeno que transcorre entre o nascimento com vida e a morte cerebral”.
E isso contou com a aprovação da maioria do tribunal. Ora, não há aí qualquer ambiguidade, há? O que ainda não foi expulso do útero, segundo o texto, vida humana não é. Não posso assegurar que se vá fazer com isso o horror, mas há aí uma janela inequívoca para ele.

A tendência é que o STF se comporte, nesse caso, como se comportou no das células-tronco. Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e Ayres Britto certamente se posicionarão a favor do aborto em caso de anencefalia. É o que se pode deduzir lendo entrevistas que concederam sobre assuntos correlatos. Joaquim Barbosa, consta, também. José Dias Toffoli se declarou impedido. Os demais, não sei.

Posso ser pessimista - e, no geral, acho uma atitude intelectualmente prudente, embora não moralmente superior ao otimismo -, mas não sou apocalíptico. Os petralhas já começaram a gritar: “Vai perder, vai perder de novo…”, como se fosse um campeonato. Não perco nada pessoalmente. Se o argumento principal que defende o aborto dos chamados fetos anencéfalos buscasse realmente preservar a mãe - ou, mais amplamente, a família - de um roteiro de sofrimento certo, eu poderia até apontar um erro de princípio, mas compreenderia a questão no âmbito de nossas (as humanas) inevitáveis fraquezas.

Na forma como está posto o debate - mais uma vez, vai-se definir o que é “a” vida -, em vez da fraqueza que humaniza, a arrogância que constrange. Mas não é o apocalipse, não!. O humanismo prosperou em meio a adversidades. O cristianismo também. São batalhas de fôlego longo.

Para arrematar
Observo, finalmente, que, mais uma vez, os cristãos são acusados - e logo alguém evocará o papa em tom panfletário - de obscurantistas e autoritários porque, dizem, pretenderiam impor a sua religião a um estado leigo etc. Não pretendem nada! Eles apenas dizem o que pensam e expressam um ponto de vista, direito que assiste até mesmo a Federação Nacional dos Fabricantes de Polainas - ou será que aqueles deveriam ter menos prerrogativas do que estes?

E noto ainda: não entendo por que a, vá lá, “nossa” aprovação, em questões como essas, é tão importante. Querem distribuir camisinhas nas escolas. E distribuem. Lamentam que os cristãos sejam contra, uma gente que vive mesmo na Idade Média… Querem distribuir pílulas do dia seguinte a meninas, mesmo sem o conhecimento dos pais. E distribuem. E dizem: “Esses cristãos são realmente do arco-da-velha” (de fato, do Arco da Velha Lei, ou da Lei da Velha Arca). Querem, e o movimento é este, legalizar o aborto, mas, antes, exigem que os cristãos entendam que etc, etc, etc. Ora, façam suas políticas - para tanto, são livres de peias num estado laico - e deixem que os cristãos se manifestem. Por que é preciso ter a nossa anuência?

Às vezes, parece que os próprios defensores de tais práticas só se sentiriam de fato convencidos se, antes, convencessem “os cristãos”, pelos quais nutrem, não obstante, indisfarçável desprezo. Não podendo fazê-lo, então optam por outra forma sutil de censura: tentar ridicularizá-los como seres que rejeitam o aporte da ciência e que advogam um mundo de trevas.

Assim é se lhes parece. E, no entanto, não é.

Volto
A parte do texto em azul foi publicada neste blog no dia 25 de agosto de 2008. Eu o endosso inteiramente quatro anos depois. Há uma questão técnica: não cabe ao STF reformar o Código Penal — e, no entanto, vai fazê-lo. Não cabe ao STF decidir que tempo de vida pós-nascimento justifica ou não a morte do feto — e, no entanto, vai fazê-lo. Ademais, seria ingenuidade não ver na aprovação do aborto de anencéfalos a janela para a interrupção da gravidez em outros casos de má-formação do feto, numa perspectiva obviamente eugenista. Se alguém duvida que a questão aponta pra isso, veja a proposta enviada ao Senado pela tal “comissão de juristas”. Na prática, legaliza o aborto desde que seja vontade da mãe ou em caso de má-formação que impeça a futura criança de ter uma vida independente. O que isso quer dizer?

A minha decisão é pela vida. “Mesmo que seja algumas horas, dias ou meses de vida, Reinaldo?” Isso, para mim, é questão que não se coloca. Uma sociedade que, com base num consenso de um determinado momento, estabelece que se pode matar um feto que vai viver “x horas” pode decidir, se esse consenso mudar, que serão eliminados os que estariam destinados a viver apenas “x anos”. A China, hoje, elimina, de modo sistemático, os fetos com Síndrome de Down — além de promover um morticínio de meninas.

O aborto, que é o que pode haver de mais reacionário no que respeita ao ser humano, virou, no entanto, uma “causa progressista”. O governo Lula, se bem se lembram, chegou até a considerá-lo um dos “direitos humanos”.

Sim, a vida vai perder hoje. E isso só nos diz como é longa a nossa luta! Nós, os que defendemos que viver é verbo intransitivo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula entra na articulação da CPI e deixa claro que o objetivo não é punir corruptos, mas pegar a oposição. É mais uma contribuição sua para a miséria institucional brasileira

Existem muitos bons motivos para se instalar uma CPMI do caso Cachoeira. Os dados que vazaram até agora sobre a investigação evidenciam que o bicheiro mantém uma rede de influência no Congresso, no governo federal e em governos estaduais. Até onde vai? Quem são seus operadores? Em quais negócios atua? Influenciou quais decisões do Congresso ou mesmo do Executivo?

Por tudo isso, a CPI é, em si, necessária. Mas qual CPI se vai fazer e com que propósito? A Folha desta quarta informa que a “ordem” para o PT aderir de vez à formação da comissão partiu de Luiz Inácio Lula da Silva. Embora nomes de petistas apareçam no esquema do bicheiro — ontem à noite, caiu o chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz, do DF — e a construtora Delta seja íntima do PT, o chefão do partido quer vingança. Acha que é hora de ir à forra e, às vésperas do julgamento do mensalão e em ano eleitoral, pegar mais algum figurão de um partido de oposição.

Paulo Okamoto, dirigente do Instituto Lula, falou pelo chefe ontem, informa a Folha:
“A princípio, Lula é a favor de que haja CPI. O que ouvi ele dizer é que está com os poucos cabelos que tem em pé com tudo que há sobre o caso. Se for verdade o que a imprensa está dizendo, Marconi entregou o Estado para Cachoeira”.
Segundo os dados até agora disponíveis, não há por que desconfiar mais de Perillo do que de Agnelo. Que se apurem as responsabilidades de todos! Mas que é um despropósito Okamotto, atuando como porta-voz de um ex-presidente da Repúbica, referir-se desse modo a um governador de Estado — e de oposição —, ah, isso é. Especialmente quando não se tem ainda formalizada a acusação.  Imaginem se caberia a FHC comentar: “Os meus muitos cabelos estão em pé com o que ouço sobre o governo Agnelo…”

Como conheço a natureza desses patriotas petistas, escrevi ontem à tarde sobre a CPMI:
“Eis um sinal claro de que, caso se instale uma CPI, dada a folgadíssima maioria de que dispõe o governo, ela pode funcionar apenas como mais um instrumento do PT para massacrar a oposição. Já está mais do que evidente que os petistas decidiram se organizar para defender os seus próprios criminosos. (…)”

Sem trocadinho, “Bingo!” Eis Lula em ação! A oposição se prepare muito bem para o embate. Não estou sugerindo, inferindo ou insinuando nada, mas é bom lembrar que o advogado de Cachoeira é Márcio Thomaz Bastos, petista de quatro costados e íntimo de Lula, de quem é uma espécie de conselheiro. Quem cobra R$ 15 milhões por uma defesa é mais do que um advogado; é também um estrategista. Okamoto se refere a “tudo o que há sobre o caso”. Saberá Lula o que ainda não sabemos? Como?

É evidente que essa história não poderia ter vazado em momento mais apropriado para o PT e para os mensaleiros, mesmo havendo petistas no rolo. Caso se instale a CPI, o governismo terá uma folgada maioria na comissão. Se quiser, convoca para depor apenas figuras da oposição. Lula está certo de que essa maioria e a natural disposição dos petistas para dar guarida a seus criminosos vão proteger o partido e destroçar o que resta de oposição.

Mensalão
Denunciei aqui no dia 1º de abril (em homenagem aos vigaristas dos quais eu falava, viciados em mentira), a tentativa de usar o caso Cachoeira para livrar a cara dos mensaleiros. O texto está aqui. Dito e feito! José Dirceu, essa alma cândida, e os outros 36 teriam sido apenas vítimas de uma grande tramoia, de que o agora cliente de Bastos seria parte.

Sim, a CPMI é uma necessidade. Mas os petistas já decidiram desmoralizá-la antes mesmo de sua instalação. Paulo Okamoto, falando em nome de Lula, deixa claro que o PT tentará usar a maioria governista na comissão para fazer guerra político-partidária.

Quem sabe um dia, mas não é fatal que aconteça, historiadores relatem a miséria institucional a que o lulo-petismo tentou conduzir o país. Devemos a essa gente a criação de uma categoria nova da vida pública: os corruptos do bem. Ou como explicar o que afirmou Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara, sobre o filme em que o petista Rubens Otoni aparece acertando com Cachoeira o recebimento de R$ 200 mil “por fora”? Segundo o líder, “trata-se de filmes de 2004. Desde então, ele [Otoni|] vem sendo chantageado pelo Cachoeira. E aquilo é um caso de caixa 2, que já prescreveu”.

As afirmações de Tatto e de Okamoto indicam que a CPMI tem tudo para ser um tribunal de exceção governista, comandado pelo PT. A proposta não é punir e eliminar corruptos da vida pública, estejam onde estiverem, mas dar mais um passo para aniquilar a oposição.

A história e alguns exemplos da América Latina demonstram que um país sem oposição fica entregue… aos corruptos!

Por Reinaldo Azevedo

 

Grampos revelam elos de Protógenes, o queridinho de Paulo Henrique Amorim, com o principal operador da gangue de Cachoeira

Por Rosa Costa, no Estadão:
Autor do requerimento de criação de uma CPI para investigar a ligação de políticos com Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar uma rede de jogos ilegais no País, o deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) foi flagrado em pelo menos seis conversas suspeitas com um dos mais atuantes integrantes do esquema do bicheiro goiano: Idalberto Matias Araújo, o Dadá. Os grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, revelam a proximidade do parlamentar com um possível alvo da CPI que deverá ser instalada no Congresso Nacional.

Espécie de faz-tudo do esquema e conhecido araponga de dossiês políticos, Dadá esteve a serviço de Protógenes na Operação Satiagraha e, nas conversas, recebe orientações do ex-delegado sobre como agir para embaraçar a investigação aberta pela corregedoria da PF sobre desvios no comando da operação que culminou com a prisão do banqueiro Daniel Dantas — a Satiagraha.

A ligação de Protógenes com Dadá permite questionamentos sobre sua autoridade para integrar a CPI. Os diálogos revelam o empenho do deputado, delegado licenciado da PF, em orientar Dadá na investigação aberta contra ele próprio, no ano passado.

Numa das conversas, Protógenes lembra ao araponga para só falar em juízo. “E aí, é aquela orientação, entendeu?, diz ele, antes do depoimento de Dadá. As ligações foram feitas para o celular do deputado. Fica evidente a preocupação de Protógenes em não ser visto ao lado de Dadá. Eles sempre combinam encontros em locais distantes do hotel onde mora o deputado, como postos de gasolina e aeroportos.

Procurado pelo Estado por três vezes em seu gabinete ontem, Protógenes não foi localizado e também não respondeu às ligações para seu celular.

Dadá foi identificado na Operação Monte Carlo — que o levou e ao bicheiro Cachoeira à prisão, em fevereiro —, como o encarregado de cooptar policiais e agentes públicos corruptos, de obter dados sigilosos para a quadrilha e de identificar e coordenar a derrubada de operações de grupos concorrentes. Ele está preso desde o mês passado, acusado de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e exploração de máquinas caça-níqueis.

Em agosto do ano passado, Dadá tratou de seu depoimento no inquérito da Satiagraha com o próprio Protógenes, com o advogado Genuino Lopes Pereira e com o escrivão da Polícia Federal Alan, lotado na Coordenação de Assuntos Internos da PF(Coain-Coger), uma subdivisão da Corregedoria-Geral. O assunto é o mesmo: Dadá e Jairo Martins, outro araponga ligado a Cachoeira e que esteve informalmente sob o comando de Protógenes na Satiagraha, só deveriam se manifestar em juízo.

Se integrar a CPI contra Cachoeira, Protógenes investigará dois de seus colaboradores, como indicam os grampos obtidos pelo Estado.

O advogado Genuino Pereira afirmou que não conhece Protógenes e negou que seus clientes tenham combinado a versão que dariam em depoimento à PF. Alega que eles se comportaram daquela forma por coincidência. Alan não foi encontrado no local de trabalho.

Xerife
Com uma imagem de quem se tornaria o “xerife” da Câmara, Protógenes foi eleito graças à carona que pegou nos 1,3 milhão de votos do palhaço Tiririca (PR-SP) para preencher o total de votos exigidos pelo quociente eleitoral de São Paulo. A iniciativa de criar uma CPI para investigar Cachoeira e seus colegas é, até agora, o auge de sua promessa de campanha.

Nos áudios da Monte Carlo, Dadá trata o deputado por “professor” e “presidente”. Uma das interceptações mostra Protógenes sugerindo a Dadá que o encontre num novo hotel. “Não tô mais naquele não”, avisa, num sinal de que os encontros são constantes. No grampo de 11 de agosto de 2011, acertam o local da conversa, mas se desencontram. “Tá onde?”, pergunta. Dadá responde: “Em frente da loja da Fiat”, ao que o deputado constata: “Ah, tá. Estou no posto de gasolina”. “No primeiro?”, indaga Dadá. “Isso”, confirma o deputado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mágoa no JEG – Namorada de Franklin Martins vence contrato para programa que estava a cargo de “blogueiro progressista”

Xiii, eles começaram a brigar por pão (com muuita manteiga, é verdade!), é? Informa Breno Costa, na Folha, o que segue. Volto em seguida.

Estatal contrata namorada de ex-ministro
Uma empresa da namorada do jornalista Franklin Martins, ex-ministro da Comunicação Social, assinou em fevereiro com a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) o maior contrato já firmado pela estatal com uma produtora em quase cinco anos de existência. Franklin, que foi um dos responsáveis pela criação da estatal em 2007, ainda tem influência política na EBC, vinculada à pasta da Comunicação Social. O atual diretor-presidente, Nelson Breve, contou com a indicação do ex-ministro.

A BSB Serviços Cine Vídeo Ltda., da pernambucana Mônica Monteiro, 41, receberá R$ 2,39 milhões até outubro deste ano para produzir a série “Nova África”, veiculada pela TV Brasil. O programa prevê a produção de reportagens sobre a atualidade de países africanos. Cada um dos 26 episódios, de meia hora de duração, custará R$ 92 mil.

A Cine Vídeo existe desde 2004, trabalhando com o setor privado. Seus trabalhos subcontratados pela União eram na área de publicidade. O negócio com a EBC é o primeiro contrato direto com o governo para produção de um programa de TV. O valor desse novo contrato representa mais que a soma de tudo que a Cine Vídeo recebeu, como subcontratada, do governo federal no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2007-2010). O próprio Franklin vem trabalhando com a empresa da namorada, mas, segundo ele diz, em um projeto que não tem nada a ver com os programas para o “Nova África”.
(…)
GOTEIRA
A Cine Vídeo ganhou, mas a empresa Baboon Produções, responsável pela primeira temporada do programa, apontou suspeita de favorecimento. Entre os problemas, o fato de a proposta da Cine Vídeo ter sido aberta antes da sessão de julgamento. De acordo com a EBC, isso aconteceu devido a uma goteira que molhou o envelope da empresa, obrigando a sua abertura. O departamento jurídico da estatal, então, decidiu sugerir, em março de 2011, a anulação do concurso, de forma a evitar “questionamentos que incidam sobre a parcialidade do resultado”. Cinco meses depois, em agosto passado, o edital foi relançado, e a BSB Cine Vídeo foi de novo a vencedora.

Além da relação com Franklin, Mônica é amiga e foi sócia de Evanise Santos, namorada do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado pela Procuradoria-Geral da República de ser o chefe do esquema do mensalão. Elas chegaram a ser sócias, entre 2008 e 2009, em uma empresa chamada Valore Moçambique Limitada.
(…)

Voltei
A Band já pode fazer um novo reality show: “Mulheres de Poderosos”. Em vez de exibir joias e beber champanhe, elas podem ficar abrindo envelopes de licitação. O bordão poderia ser “Helooô, companheira”.

Mas esperem… Essa Baboon aí que está contestando o resultado não é aquela onde Luiz Carlos Azenha, um dos autointitulados “blogueiros progresistas”, era manda-chuva? Se não me engano, foi ele quem fez a primeira temporada do programa, inclusive com aditivo de contrato — que chegou a R$ 2,6 milhões. É. Eu não me engano. Achei a informação no Globo.

“Suspeita de favorecimento”, é? A Baboon está insinuando que a moça venceu só porque mantém relações especiais com o ex-ministro?

Já vi tudo. Daqui a pouco vai ter gente do JEG tentando arrumar alguma peguete (ou algum, sei lá…) na Esplanada dos Ministérios na esperança de ser socorrido por alguma goteira certeira.

Que deselegante!!!

Por Reinaldo Azevedo

 

Santorum desiste e abre caminho a Romney

Por Luciana Coelho, na Folha:
Em queda nas pesquisas e com uma filha pequena doente, o ex-senador ultraconservador Rick Santorum encerrou ontem sua campanha pela Casa Branca da mesma maneira que a iniciou, em janeiro, ao vencer a prévia do Estado de Iowa: em tom emocional e com lágrimas. O anúncio dá a largada na campanha eleitoral de fato nos EUA ao deixar o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, um conservador moderado que já era o favorito, sem rival de peso para ser adversário do presidente Barack Obama em novembro, após meses de disputa fratricida.

Santorum escolheu como palco a cidade de Gettysburg, em sua Pensilvânia natal, campo da mais sangrenta batalha da Guerra Civil americana, em 1863, e seu ponto de virada, pondo fim às aspirações secessionistas do sul. “Tomamos uma decisão na nossa mesa de jantar no início e, neste fim de semana, tomamos outra”, disse Santorum ladeado pela mulher e os filhos mais velhos, chorosos. “Vamos suspender nossa campanha hoje, mas não deixaremos de lutar.”

O maior motivo citado por ele foi a piora da saúde de sua filha Isabella, 3, que tem trissomia do cromossomo 18. A anomalia genética — ela nasceu com três cromossomos 18, em vez de dois — afeta o desenvolvimento pré-natal, e poucos pacientes sobrevivem além do primeiro aniversário. A menina já foi hospitalizada duas vezes nesta campanha. A última, da qual foi liberada anteontem, com pneumonia. “Obrigado pelas preces por nossa família, sobretudo por Bella”, disse Santorum em e-mail a simpatizantes. “Como o pai, ela é uma lutadora.”
(…)
Minutos após o anúncio, Romney disse em comunicado que o ex-rival é um “competidor capaz e valoroso” e o parabenizou pela campanha. Pediu, também, união contra Obama: “[Santorum] provou ser uma voz importante em nosso partido e nosso país, e ambos reconhecemos que o mais importante é deixar para trás o fracasso dos últimos três anos”.

Por Reinaldo Azevedo

 

MIT desmente Mercadante sobre abertura de sede no Brasil

É… Pode ser ter sido uma dificuldade de Aloizio Mercante com o inglês… Poder ter sido aquele traço que o fazia se dizer doutor quando não era, vai saber. Mas que foi um vexame, ah, isso foi! Leiam o que informa Gustavo Chacra, no Estadão:

Em sua visita a Boston e Cambridge, a presidente Dilma Rousseff buscou aprofundar as relações acadêmicas do Brasil com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade Harvard, incentivando uma série de parcerias envolvendo estudantes, pesquisadores e professores brasileiros. O problema é que uma declaração do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, provocou um mal entendido ao afirmar que o “MIT abrirá um MIT no Brasil”. E repetiu mais duas vezes - “Teremos uma escola do MIT no Brasil. Vamos criar uma sede do MIT no Brasil”.

Horas depois, a universidade desmentiu o ministro. “O MIT não abre filiais no exterior”, diz comunicado, acrescentando que deve ter havido “um pequeno mal entendido” e que “o ministro falava em uma noção geral de colaboração”. O único acordo oficial envolve uma parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Mercadante, ao saber do desmentido, fez questão de repetir que o “pró-reitor do MIT, Rafael Reif, afirmou que há o interesse em abrir um centro de pesquisa no Brasil”.

No seu discurso depois de encontro com a reitora da universidade americana, Susan Hockfield, a presidente não mencionou o convite à instituição para ir ao Brasil. De acordo com um porta-voz da Presidência, diferentemente do que disse Mercadante, a própria Dilma teria convidado o MIT, que ainda estudava o convite. Em discurso no MIT, Dilma disse apenas acreditar que “a nossa parceria (Brasil-EUA) para o século 21 será baseada no conhecimento. Por este motivo, me comprometi em dar suporte a este acordo (entre o ITA e o MIT)”.

A Universidade Columbia, de Nova York, anunciou há algumas semanas que vai inaugurar um centro no Rio de Janeiro. As negociações duraram meses e foram feitas diretamente com o governo estadual. Universidades como a NYU (Universidade de Nova York, na sigla em inglês) e a Georgetown possuem filiais com graduações no Golfo Pérsico e Yale deve abrir uma em Cingapura. Todas terão graduação e pesquisa.

Também é comum uma série de universidades americanas estabeleceram convênios com instituições de ensino estrangeiras. A própria Columbia, mesmo com o centro no Rio, tem ligações na área de relações internacionais e administração pública com a Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo. Um dos objetivos do Brasil, mencionado tanto por Mercadante como por outras autoridades brasileiras, seria usar o projeto Ciência sem Fronteira para enviar estudantes para o MIT, entre outras universidades americanas. O foco seria nas áreas médicas e tecnológicas.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Depois de reportagem do JN, chefe de gabinete de Agnelo pede demissão

Por Leandro Colon, na Folha Online:
O chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), decidiu na noite desta terça-feira (10) deixar o cargo. Citado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, Cláudio Monteiro disse à Folha que tomou a decisão para “não expor” o governo do DF. Monteiro afirmou ainda que caberá ao governador definir se será apenas um afastamento temporário ou uma exoneração do cargo. “Farei o que for melhor para o governo. Quero sair para me defender também.” Ele disse também que vai se afastar do comando da secretaria-executiva do governo do DF que cuida da Copa do Mundo em Brasília. Monteiro informou que abrirá seus sigilos fiscais e bancários.

A decisão dele foi tomada depois de o “Jornal Nacional” revelar hoje gravações da Operação Monte Carlo em que duas pessoas discutem um suposto pagamento de propina a Cláudio Monteiro relacionado a contratos do governo do DF. O diálogo divulgado é do ano passado entre o o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, e Cláudio Abreu, então diretor da Delta Construções. Ambos foram investigados pela Operação Monte Carlo, que desmontou um esquema de jogos ilegais comandados, segundo a polícia, pelo empresário Carlinhos Cachoeira.

No dia 16 de março, a Folha revelou que, segundo a investigação da Polícia Federal, Monteiro recebeu um telefone especial, antigrampo, de Carlinhos Cachoeira. O jornal mostrou também que uma gravação de 2 de março de 2011 mostra o sargento Dadá informando Cachoeira que foi marcada uma reunião com Cláudio Monteiro.
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Por Reinaldo Azevedo

 

No Jornal Nacional – Em gravação, homens de Cachoeira acertam pagamento de propina mensal a chefe de gabinete do petista Agnelo Queiroz, governador do DF

O esquema Cachoeira chega ainda mais perto do governo de Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal. Diálogos gravados pela Polícia Federal entre dois homens do esquema do bicheiro revelam que um pagamento mensal de R$ 5 mil foi acertado para Cláudio Monteiro, chefe de gabinete de Agnelo, além de, como dizer?, luvas de R$ 20 mil. Monteiro nega. Um SMS enviado por Cachoeira para Eliane Pinheiro, chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), resultou na demissão da assessora.

Leiam o que informa o Portal G1:
Trechos de gravações feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostram suposta ligação do chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, Claudio Monteiro, com o grupo de Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar esquema de jogo ilegal em Goiás. Dois integrantes da quadrilha discutem o pagamento de uma mesada para ter benefícios em contratos milionários no setor de limpeza pública. Monteiro nega ter favorecido o grupo. A conversa foi gravada pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, em janeiro do ano passado, e obtidas pelo Jornal Nacional. Diretor da Construtora Delta na região Centro-Oeste, Claudio Abreu liga para Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos principais auxiliares do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Segundo a polícia, os dois falam sobre a nomeação de um aliado da quadrilha na direção do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU), área de interesse da Delta. Eles citam dois nomes: Marcelão, que seria o ex-assessor da casa militar do GDF, Marcello Lopes, e Claudio Monteiro, chefe de gabinete de Agnelo Queiroz.

Dadá: “O Marcelão tá aqui comigo, entendeu. Eu tava falando para o Carlinhos, o seguinte. Ele veio da reunião com o Claudio Monteiro entendeu, então ele tava falando o seguinte, que é ideal você dar um presente pro cara. A nomeação só vai sair na terça-feira no Diário Oficial.”

Claudio Abreu: “Dada, resume. O que é que é pra dar pra ele, Dadá?”

Dadá: “Dá o dinheiro para o cara, meu irmão.”

Claudio Abreu: “Faz o seguinte. Vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto! Nós vamos dar R$ 20 mil pra ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?”

Dadá: “Vou falar com o Marcelão aqui.”

Segundo a investigação, Claudio Monteiro foi o responsável pela indicação do nome de João Monteiro na direção do SLU. A PF não comprovou se o chefe de gabinete do GDF recebeu o dinheiro. A apuração da polícia indica que a quadrilha esperava que João Monteiro facilitasse negócios da Delta na coleta de lixo do DF. Atualmente, a empresa tem dois contratos na área de limpeza pública do DF, no valor total de R$ 470 milhões. Os contratos foram fechados antes de Agnelo assumir o GDF.

O chefe de gabinete de Agnelo admite que recebeu Claudio Abreu e Dada em audiência. Ele afirma, porém, que nunca favoreceu a empresa ou recebeu dinheiro. “Não recebi nem providenciei nomeação. Eu não tenho nada, absolutamente nada com isso.” João Monteiro foi exonerado do SLU no fim de março.

Assessores do governador do DF foram novamente citados em outro telefonema. A conversa é entre Dadá e Cachoeira. Eles falam sobre a entrega de rádios para facilitar o contato com Marcello Lopes e Claudio Monteiro.

Dadá: “Já recebeu os rádios aí?”

Cachoeira: “Chegou 4 chip aqui. Você quer que guarde para você?”

Dadá: “Quero, quero. Que ele vai dar um para o Claudio Monteiro, um outro para o Marcelão, tem que tar fazendo a ponte com ele. Tem que ficar perto dele.”

Em outro trecho, Dadá resume em uma frase como a quadrilha de Cachoeira operava. “A regra é clara: você faz, você recebe. Você não fez, não vai receber.”

O ex-diretor do SLU, João Monteiro, disse que nunca teve contato com a quadrilha nem facilitou negócios para a empresa Delta. A Delta declaração não ter qualquer relação imprópria com João Monteiro e reafirmou que afastou Claudio Abreu por causa das ligações com Cachoeira. Marcello Lopes não comentou as denúncias. O advogado de Idalberto Matias de Araújo disse que só vai se pronunciar quando tiver acesso ao inquérito.

Por Reinaldo Azevedo

 

Senado e Câmara decidem criar CPMI do Cachoeira

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
O Congresso deve mesmo instalar a primeira Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da atual legislatura: a CPMI do Cachoeira, como tem sido chamada provisoriamente pelos congressistas, vai investigar a relação de parlamentares com o contraventor Carlinhos Cachoeira, chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), encontrou-se na tarde desta terça-feira com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A dupla fechou o acordo pela criação da comissão mista. Sem o acerto, o Congresso poderia ter duas CPIs simultâneas sobre o mesmo tema.

Mais cedo, líderes dos principais partidos, incluindo o PT, o PMDB e o PSDB, haviam anunciado apoio à criação da CPMI. Não deve haver dificuldades na coleta das assinaturas necessárias - 171 na Câmara e 27 no Senado, números equivalentes a um terço dos integrantes de cada Casa.
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Tucanos
Depois de se reunir com os senadores do partido, o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou nesta terça-feira que a legenda aprovou por unanimidade a criação de uma CPI no Senado. Guerra também defendeu a fusão das comissões das duas Casas para analisar o caso. “Queremos ser ativos na investigação”, disse.

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), foi um dos primeiros a defender a criação de uma CPMI. O coro ganhou força depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou ao Conselho de Ética do Senado o acesso ao inquérito envolvendo Demóstenes Torres. O ministro Ricardo Lewandowski alegou que só comissões parlamentares de inquérito podem obter esse tipo de informação.

Em nota, o PPS também defendeu a criação da CPMI. “Na avaliação do partido, a instalação de uma CPI mista, composta por deputados e senadores, terá mais condições de apurar o funcionamento de toda a rede criminosa comandada pelo empresário e contraventor, preso durante a operação Monte Carlo da Polícia Federal”, diz o texto assinado pelo presidente da legenda, Roberto Freire (SP). Os líderes do PMDB e do DEM no Senado e na Câmara também se dizem favoráveis à investigação.

Por Reinaldo Azevedo

 

Gilmar Mendes quer que STF dê prioridade a processo do mensalão

Por Gabriel Castro e Luciana Marques, na VEJA Online:

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, defendeu nesta terça-feira que a corte inicie o julgamento do mensalão ainda no primeiro semestre deste ano, para evitar o risco de prescrição de penas. “Se se quiser votar até este ano, tem que ser no primeiro semestre”, disse ele, na Câmara dos Deputados.

Mendes reconheceu que a pressão pelo julgamento é “muito grande” e sugeriu que, para agilizar a apreciação do tema, a pauta do Supremo seja suspensa. Ele admitiu também que o STF já está atrasado: “De certa forma, sim. Precisa haver algum cuidado, mas tudo depende do relator (Joaquim Barbosa) e do revisor (Ricardo Lewandowski), que está preocupado com o Tribunal Superior Eleitoral”, disse Mendes. Revisor do caso do mensalão, Ricardo Lewandowski está perto de deixar o comando do TSE. Será sucedido pela ministra Cármen Lúcia.

Segurança
O ministro Ayres Britto, que também esteve no Congresso nesta terça, reforçou o coro de Gilmar Mendes: “Como é ano eleitoral e há o risco de prescrição de algumas imputações, o conveniente seria apressar o julgamento sem perda da segurança”, defendeu o ministro, que disse confiar no trabalho de Lewandowski.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Conselho de Ética abre processo contra Demóstenes

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
O Conselho de Ética do Senado abriu na tarde desta terça-feira o processo por quebra do decoro parlamentar contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). O novo presidente do colegiado,  Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) tinha a prerrogativa de aceitar unilateralmente o pedido feito pelo PSOL contra o ex-integrante do DEM. Mas preferiu dividir a responsabilidade com os colegas e consultar a comissão. Ninguém se opôs.

A decisão foi tomada durante a primeira reunião do Conselho de Ética depois do surgimento das denúncias contra Demóstenes. Com isso, o senador não tem mais a possibilidade de renunciar sem ser punido pela Lei da Ficha Limpa, que o deixaria inelegível até 2027. Se tiver o mandato cassado, o senador perderá os direitos políticos até 2020. O relator do processo contra o parlamentar será escolhido na quinta-feira. Mas, já nesta terça, o conselho deu a Demóstenes o prazo de dez dias para que ele apresente sua defesa prévia.

Também nesta terça-feira, líderes dos principais partidos afirmaram apoiar a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para analisar as relações de senadores e deputados com Cachoeira. Além de Demóstenes, os deputados Sandes Júnior (PP-GO), Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO), Stepan Nercessian (PPS-RJ) e Rubens Otoni (PT-GO) devem ser alvo da investigação. Os apelos pela criação de uma CPI ganharam força depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou acesso do Conselho de Ética do Senado ao inquérito das investigações. A corte alegou que só poderia compartilhar esses dados caso houvesse uma Comissão Parlamentar de Inquérito instalada. Agora, a criação da CPMI é questão de tempo.

“Havia uma boataria de que nós não resolvíamos os problemas, que tudo ia esfriar e não sairia a indicação do presidente”, avaliou o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Na visão dele, a decisão desta terça foi tomada por causa da pressão da opinião pública. Já o líder do PT na Casa, Walter Pinheiro (BA), diz que o próximo passo é a instalação da CPMI: “Nós estamos discutindo o texto com os partidos. Aí cada senador vai apresentar sua visão”, explica. Pinheiro quer que a CPMI tenha autonomia para investigar, de forma genérica, as atividades da quadrilha comandada por Cachoeira. outros parlamentares, como Pedro Taques (PDT-MT), querem que o texto do requerimento limite a atuação da comissão à relação do grupo com autoridades - de dentro e fora do Parlamento.

Embora o requerimento para uma CPI exclusiva na Câmara já tenha reunido 181 assinaturas — dez a mais do que as necessárias –, o trabalho terá de ser refeito para que a CPMI saia do papel. No Senado, é necessário o apoio de 27 parlamentares.

Calvário
Demóstenes foi flagrado pela Polícia Federal negociando trocas de favores com o contraventor Carlinhos Cachoeira, que comandava a máfia dos caça-níqueis em Goiás. O senador, que deixou de comparecer ao Congresso e se mantém em silêncio desde que as denúncias se agravaram, deve perder o mandato.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Será mesmo que Tarso Genro estava por acaso na bagunça promovida em frente ao Clube Militar? Vejam o que eu descobri, com foto e tudo! Ou: DAS VERGONHOSAS OMISSÕES DA IMPRENSA

Vejam esta foto.

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Aquele senhor sentado na primeira fileira, com a mão no rosto, com ar vetusto, é Tarso Genro (PT), governador do Rio Grande do Sul. O que ela faz ali? Vamos ver.

No dia 29 do mês passado, um bando de fascistoides cercou o Clube Militar. A turma xingou e agrediu militares da reserva que participavam de um seminário. A foto de um rapaz dando uma cusparada num idoso tem de se tornar um emblema do que esses caras entendem por democracia e civilidade. “Descobriu-se”, vejam que coincidência!, que ninguém menos do que Tarso Genro passava por ali, por acaso… O valente não teve dúvida: “encontrado” por jornalistas, concedeu uma entrevista e acusou de provocação… as vítimas!!! A todos pareceu normal que um governador de estado estivesse passeando, solerte, pelas ruas da capital de um outro estado, topando, de súbito, com um protesto!!!

Pois é…

Aquela manifestação, a exemplo de outras que têm sido feitas em frente à casa de pessoas acusadas de colaborar com a tortura, foi convocada por um certo “Levante Popular da Juventude”. As ações obviamente ilegais do grupo têm merecido ampla cobertura do jornalismo — E SEMPRE EM TOM FAVORÁVEL! O que antes se chamava “grande imprensa” não se interessou nem sequer em saber quem é essa gente, de onde vem, o que pensa. No dia 27 de março,contei aqui quem são eles.

O tal “Levante” é só uma nova fachada do MST, que anda em baixa. João Pedro Stedile, o nosso leninista do capital alheio — já que seu movimento vive de dinheiro público — resolveu levar a sua “revolução” do campo para as cidades (afinal, ele é, reitero, um leninista).

A cobertura dos jornais tem sido asquerosa. Diz-se que o “Levante Popular da Juventude” luta apenas, que coisa bonita!, pela instalação da Comissão da Verdade. Enquanto isso, sai por aí xingando pessoas, cuspindo nelas, pichando as suas casas. Então agora volto à foto lá do alto.

Encontro
Entre os dias 1º e 5 de fevereiro, o grupo promoveu o “1º Acampamento do Levante Popular da Juventude”.Aconteceu em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, e reuniu, segundo os próprios organizadores, 1.200 pessoas, vindas de 17 estados. Isso explica, por exemplo, por que ações de vandalismo contra as respectivas casas de supostos torturadores aconteceram em vários estados, ao mesmo tempo, numa coordenação que a imprensa chamou de “surpreendente”. “Juventude” não é categoria social, política ou de pensamento. O “jovem” por trás do movimento é João Pedro Stedile — com suas ideias do fim do século 19. Na fotos abaixo, ele aparece dando a sua “aula” de levante.

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Muito bem! Tarso Genro foi um dos convidados de honra do “acampamento”. É o que mostra aquela primeira foto. Isso significa que ele tem intimidade com o “Levante Popular da Juventude” e conhece, então, a sua agenda. Parece-me que o fato põe em dúvida a coincidência entre o protesto no clube militar e a sua estada no Rio — justamente nas imediações do Clube Militar.

Abaixo, seguem algumas fotos do evento. Ao fim de tudo, um vídeo que chega a ser engraçado de tão patético.

Aqui, em círculo, os camaradas expõem os seus anseios, numa espécie de dinâmica revolucionária de grupo

Aqui, em círculo, os camaradas expõem os seus anseios, numa espécie de dinâmica revolucionária de grupo

A revolução social requer preparo intelectual, né? Aqui, uma aula sobre os caminhos da libertação

A revolução social requer preparo intelectual, né? Aqui, uma aula sobre os caminhos da libertação

Também é preciso curtir a natureza: moças e moços da cidade conhecem os prazeres de uma vida mais agreste. É a burguesia conhecendo de perto o paraíso do povo

É preciso curtir a natureza: moças e moços da cidade conhecem os prazeres de uma vida mais agreste. É a burguesia experimentando o paraíso do povo

Também há espaço para a burguesia consciente se misturar ao povo e celebrar a cultura popular. É o que se chama

Também há espaço para a burguesia consciente se misturar ao povo e celebrar a cultura popular. É o que se chama "possibilidade de intercurso de classes"

Agora vejam este vídeo, em que um sujeito, por assim dizer, canta um rap sobre as ocupações promovidas pelo MST. Volto para encerrar.

Voltei
A apresentação foi feita durante a “II Feira e Festa da Agricultura e Agroindústria Camponesa”, evento paralelo ao 1º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude. O refrão é claro: “Eu sou aquele que acredita em encarar o choque”. É um conclamação em favor do confronto com as forças da legalidade.

O vídeo é um troço patético. Um coroa, com a máscara revolucionária — que tira ao menos para cantar — se fantasia de cantor de rap para passar mensagens revolucionárias…

Eis aí: revelado, agora com imagens, o grande mistério do “Levante Popular da Juventude”. É só o velho leninista João Pedro Stedile brincando de fazer revolução. Mas Tarso, um governador de Estado, assistiu a tudo atentamente, no acampamento e nas imediações do Clube Militar.

Que futuro nos aguarda quando um governador de estado participa de uma patuscada como essa? Não muito bom! De toda sorte, é um comportamento compatível com o ministro da Justiça que levou o Brasil a abrigar um assassino, condenado em seu país à prisão perpétua.

Por Reinaldo Azevedo

 

Descobri uma coisa bacana…

…sobre Tarso Genro (PT), governador do Rio Grande do Sul, e sua presença naquele ato de vândalos contra militares da reserva. Daqui a pouco.

PS - Caros, há 521 comentários na fila. Não fiquem aflitos. Chegaremos lá.

Por Reinaldo Azevedo

 

A fala de Falcão, a oportunidade da CPI e duas estrelas do petismo na defesa de dois alvos do PT

Eis uma, e há muitas, diferença importante entre o PT e os demais partidos: a legenda defende os seus próprios enrolados, enquanto as oposições tentam se desligar dos seus respectivos. É claro que a segunda atitude é a mais decente. A julgar, no entanto, pelo poder de uns e de outros, talvez a defesa do crime seja o mais inteligente, não é mesmo? É bem verdade que os petistas contam com a proteção de amplos setores do jornalismo, como demonstro no post anterior. Não fosse assim, Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara, estaria agora obrigado a explicar a declaração dada ao Estadão (ver post abaixo), em que trata como herói um deputado flagrado acertando grana com Cachoeira. Mas quê… Em vez disso, Tatto é destaque porque está falando mal de… Serra!!!

E não é só ele, não! No Globo, Rui Falcão, presidente do PT, aparece na defesa de outro petista. Leiam. Volto em seguida.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, minimizou nesta terça-feira a suposta ligação do subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais do governo federal, Olavo Noleto, com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e afirmou que o partido continua favorável à instalação de uma CPI para investigar o contraventor. “O que eu vi no jornal são telefonemas do Wladimir Garcez (um dos principais operadores de Cachoeira) para o Noleto”, disse o presidente petista. Para Falcão, as investigações devem atingir também eventualmente os petistas.
“Ainda que qualquer pessoa do PT possa ter qualquer ligação, telefonema (para pessoas ligadas a Cachoeria), queremos ver tudo apurado. Até para que não pese suspeitas indevidas sobre gente do PT.”
(…)
Questionado sobre as suspeitas de ligação de integrantes do governo do petista Agnelo Queiroz no Distrito Federal com o grupo de Cachoeira, o presidente do PT respondeu: “Tem suspeita sobre o (governador de Goiás) Marconi Perillho (PSDB) também. Queremos ver tudo apurado. Falcão disse que o partido prefere uma CPI mista, para permitir que os senadores também participem das investigações. “Estamos recolhendo assinaturas para a CPI mista.”

Voltei
O próprio Planalto já saiu em defesa de Noleto. Não sei se a CPI será criada ou não. Para os petitas, convenham, o estrago feito até agora num partido de oposição já está de bom tamanho. O episódio, COMO ANTECIPEI AQUI, está sendo usado pelo partido e pela canalha subjornalística a soldo que lhe presta serviços para sustentar que até o mensalão teria sido uma tramoia de Carlinhos Cachoeira… Não diz como “A” teria levado a “B”. Isso não faz diferença. Os idiotas que caem na conversa não querem fatos; precisam apenas de uma desculpa.

Petistas, como escrevo no post anterior, já aprenderam a desmoralizar CPIs ou a fazer delas meros instrumentos para agredir a oposição. Assim, ainda que se instale uma comissão, a chance de que as estrelas do partido envolvidas com safadezas mereçam o devido tratamento é mínima. Mas algum perigo sempre existe; alguma evidência sempre pode vazar. A depender do risco que Cachoeira corra, ele pode falar ou não falar inconveniências.

Os advogados
É bem verdade que Cachoeira tem um advogado astuto — e caro! Ninguém menos do que Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, ainda conselheiro de Lula e, se vocês fizerem uma pesquisa, o homem que criou essa Polícia Federal, como direi?, muito ativa… Alguém que cobra R$ 15 milhões por uma causa é mais do que um conhecedor do Código Penal, dos ritos processuais e dos poderosos de Brasília. É também um conselheiro. Bastos é muito bom no que faz, mas é também um príncipe do PT. Não creio que dará a seu cliente orientações que pudessem pôr o partido em dificuldades.

Há coisas, diga-se, curiosas, que só o surrealismo brasileiro explica. E não vi ninguém até agora a estranhar ocorrências que seriam estranháveis em qualquer outro lugar do planeta. O outro grande protagonista (ou “antagonista”, a depender do ponto de vista) desse imbróglio é, evidentemente, Demóstenes Torres. O advogado do senador que se notabilizou por fazer uma firme oposição ao governo e ao PT é ninguém menos do que Antônio Carlos de Almeida Castro, o coruscante Kakay, um dos amigões de José Dirceu. Atenção, hein!? Não estou aqui a afirmar que advogados criminalistas se comprometam, necessariamente, com a ação dos seus clientes. Todos têm direito a defesa. Estou apenas chamando a atenção para a presença de duas estrelas do petismo (se Kakay é filiado ou não, pouco importa) na defesa de nomes que o partido tem usado para tentar desmoralizar a oposição.

O caso de Bastos, então, é interessantíssimo. As franjas a soldo do partido na Internet inventaram a mentira estúpida de que o mensalão era uma tramoia de Carlinhos Cachoeira, em associação com a imprensa. Quem arrumou a saída para os petistas naquele episódio foi justamente Bastos, então ministro da Justiça: seria tudo caixa dois, um crime menor, de prescrição curta. Em parte ao menos, a sua tese triunfou. Qual é a tese da quadrilha que atua na Internet? Um petista “versão diamante”, como Bastos, estaria defendendo justamente o suposto homem que teria inventado o mensalão?

Essa gente não se envergonha? Não tem noção do ridículo?  Não! Mas a sua falta de vergonha tem preço, é evidente! E quem paga é você, leitor amigo, por meio dos anúncios oficiais e de estatais que sustentam essa bandidagem.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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