Dirceu está hoje empenhado em contaminar, com a sua biografia pessoal...

Publicado em 15/04/2012 20:26 e atualizado em 15/08/2013 14:02
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Dirceu está hoje empenhado em contaminar, com a sua biografia pessoal, o governo Dilma, e Lula quer deixá-lo do tamanho do seu ódio. E uma exortação a Lewandowski

O lobo troca de pelo, mas não de vício. José Dirceu já mudou de cara, mas não de espírito. Quando na oposição, tentava inviabilizar governos eleitos democraticamente. Quando no governo, tentou — e tenta ainda — inviabilizar a democracia. Sob sua inspiração e com o apoio de Luiz Inácio Apedeuta da Silva, a Executiva Nacional do PT aprovou ontem um documento em que acusa a associação de setores da imprensa com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e pede “marco regulatório” para a mídia — entenda-se: censura à imprensa.

Eles nunca desistiram desse propósito. A ameaça estava no Plano Nacional dos Direitos Humanos e jamais deixou de frequentar as ilusões dos petistas. Repudiada pela sociedade, a proposta é agora ressuscitada, com o apoio de Lula, o frenético trabalho daquele que o Procurador Geral da República chama “chefe de quadrilha” e a propaganda da rede na Internet financiada com dinheiro público. É a formação de quadrilha contra a liberdade de imprensa.

Podem espernear à vontade. Não deixaremos que cobrem propina por aquilo que a Constituição nos dá de graça: a liberdade de expressão, a liberdade de opinião, a liberdade de informação. De graça hoje! Mas essas conquistas custaram o esforço de gerações de brasileiros que lutaram pela democracia. Não é o caso de Dirceu! Não é o caso de alguns de seus companheiros. Sonhavam e sonham com a ditadura do partido único, com um país tutelado pelos companheiros, com um regime infenso aos controles que só a democracia proporciona, com uma Justiça independente e uma imprensa vigilante.

Pouco antes de deixar o poder, Lula anunciou que se dedicaria à tarefa de demonstrar que o mensalão tinha sido uma invenção da oposição para desestabilizar o seu governo — a velha tese do “golpe”, criada por intelectuais do PT, vigaristas em essência. Intelectual da academia que tem partido é como juiz de futebol que torce por um dos times em jogo; é um farsante. Adiante. Eis aí. O caso Cachoeira, tudo indica, estava sendo gestado de longa data — tanto é assim que o senador Demóstenes Torres vinha sendo monitorado havia muito tempo. Mas eis que surge um bom momento para detonar a crise.

Ocorre que ela pega em cheio algumas figuras graúdas do PT, como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz — já defendido por Dirceu do modo como Dirceu sabe defender as suas causas: com unhas e dentes. Tenho pra mim que, a esta altura, Lula está disposto, se preciso, a entregar Agnelo na bandeja se achar que pode ganhar a guerra da opinião pública e fazer com que se volte contra o que resta de oposição no país. É parte, em suma, do trabalho de construção do Partido Único. Se tiver que ceder um peão, para usar a linguagem do Apedeuta (e de Hitler… Que coincidência!), tudo bem!

Na guerra suja, vale tudo. Não é por acaso que um dos alvos seja a imprensa. Não chega nem sequer a ser original. Neste momento, estão empenhados nessa mesma luta os governos da Venezuela, do Equador, da Bolívia, da Argentina, da Nicarágua… Todos eles, com mais ou menos ênfase orbitando em torno dos mesmos valores, cuja síntese pode ser esta: em vez de uma sociedade que controle o estado, como é próprio das democracias, um estado que controle a sociedade, como é próprio das ditaduras.

Mas, afinal de contas, o que quer essa gente? É simples! Roubar dinheiro público sem ser incomodada por ninguém. E só me resta assegurar: continuarão a ser incomodados enquanto o Brasil for uma democracia!

Foi Roberto Jefferson, então uma das cabeças coroadas da base governista, quem denunciou o mensalão, em junho de 2005. A partir de algumas informações que ele forneceu em entrevista à Folha, a imprensa deu início a um trabalho de investigação, também empreendido pela ala honesta da CPI. O que se revelou foi a maior teia criminosa jamais montada no país para assaltar os cofres, mas também, atenção!, para fraudar os fundamentos do estado de direito. Nem o dinheiro que pagou o marqueteiro de Lula era limpo, é bom lembrar!

Esses patriotas não se conformam que suas tramoias para fabricar dossiês sejam denunciadas; que o bunker montado por Erenice Guerra na Casa Civil tenha sido violado; que as consultorias de Antonio Palocci tenham sido trazidas à luz; que a roubalheira no Ministério dos Transportes tenha sido evidenciada; que as lambanças no Ministério do Esporte tenham sido detalhadas; que a rataiada entocada no Ministério da Agricultura tenha sido encontrada; que os descalabros no Ministério do Trabalho tenham sido escancarados; que a governo paralelo do “chefe de quadrilha” que se esgueira em hotéis, numa espécie de exploração do lenocínio político, tenha sido desmascarado.

Imaginem quanto dinheiro público a imprensa ajudou a preservar da fúria desses rapaces rapazes… O jornalismo independente prejudica seus negócios, cria óbices a suas vigarices, obriga-os a ter cuidados redobrados, deixa-os tensos! É preciso pôr um freio na liberdade de imprensa para que os larápios possam, então, roubar sem freios.

O “paradoxo” da popularidade de Dilma
O PT, é bem verdade, na “hora h”, sempre se junta. É perda de tempo apostar num racha importante do partido enquanto Lula estiver dando as cartas. Mas isso não quer dizer que não exista guerra interna, de posições; isso não quer dizer que os vários grupos abrigados no partido não tenham suas dissensões e não lutem para garantir seu espaço na legenda — e isso significa poder; poder de fato mesmo: grana!

Dilma não governa o país no melhor momento do crescimento econômico. Não se pode dizer, como cochicham os próprios petistas, que seja um governo realizador. Não obstante, a popularidade da presidente está em alta — PARA DESESPERO, ATENTEM PARA ISTO!, DE SETORES DO PRÓPRIO PETISMO, ESPECIALMENTE AQUELES QUE SONHAVAM COM A VOLTA DE LULA. A que se deve? As dificuldades da economia ainda não chegaram na ponta, nos mais pobres, e a presidente soube construir a imagem de austera, de intolerante com a corrupção — que ela chamou de “malfeito”. Já escrevi isto aqui e repito: quem lhe deu essa agenda (afinal, que outra?) foi a grande imprensa, esta que Lula e Dirceu querem censurar.

Tivesse a presidente seguido o conselho do Apedeuta e de alguns setores do PT, teria agasalhado todos os corruptos, acolhido publicamente o “malfeito” (como Lula fazia…) e visto, creio, a sua popularidade em curva descendente. Uma clareza ao menos Dilma sempre teve: ela não é ele. O trabalho da imprensa livre, para melancolia moral (não a do bolso, claro!) do JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista), fez mais bem do que mal à presidente. Ainda que ela reclame, por dever de ofício, da expressão “faxina ética”, sabe que  funcionou como marketing positivo.

Não que fosse este o propósito — porque a imprensa livre não tem propósito nenhum no que concerne à conquista ou manutenção do poder —, mas o fato é que essa imprensa que o PT quer, mais uma vez, censurar ajudou a plasmar a imagem de Dilma Rousseff. Tanto é assim, podem fazer uma pesquisa nos arquivos, que os lulistas foram os primeiros a reclamar da tal “faxina”. Dava a entender, alegavam, que havia sujeira no governo Lula. É mesmo, é?

Seria o ódio do PT o ódio do governo?
O ódio que esses setores do petismo devotam o jornalismo — de que foram as principais fontes quando o partido estava na oposição —, intuo, não é compartilhado pelo governo. Pela simples e óbvia razão, falo com base na lógica elementar, de que não há motivos para isso. Ao contrário: Dilma pode ser politicamente inexperiente, mas não é burra. No geral, as medidas adotadas pelo governo têm encontrado uma recepção positiva na imprensa.

Dirceu e sua turma não se conformam com isso. O “chefe de quadrilha” (segundo a PGR) luta bravamente para sujar, com a sua biografia pessoal, o governo Dilma. É ele quem está em guerra com a imprensa. Lula, por sua vez, aposta todas as fichas num trabalho de, se me permitem, “inocentação” em massa no STF porque entende que uma condenação será uma mácula em seu governo.

Só por isso assoberbou-se e atropelou as próprias lideranças do governo, num esforço frenético para ver instalada a “CPI do Cachoeira”, com a qual, está certo, vai aniquilar a oposição, manchar a reputação da imprensa e tornar verossímil a mentira de que o mensalão nunca passou de uma tramoia da oposição. Comissões de inquérito costumam parar o Congresso. A realidade política passa a girar em torno de suas descobertas, de depoimentos, dos documentos que sempre acabam vazando, das chantagens trocadas…

Num conto do vigário — até agora ao menos! — a imprensa não caiu, e só por isso Rui Gobbels Falcão resolveu dar o seu grito de guerra: o caso Cachoeira não é um problema só da oposição. Por enquanto, Demóstenes à parte, Agnelo é o homem público que passou o maior vexame: em menos de 24 horas teve de se desmentir. Anteontem, anunciou no Jornal Nacional que jamais estivera com Carlinhos Cachoeira. Ontem, mandou um estafeta dizer que não era bem assim: havia se encontrado uma vez, uma vezinha só! Novas gravações vindas a público trazem membros da gangue do bicheiro tratando abertamente de contribuições ilegais de campanha que teriam sido feitas pela construtora Delta para a campanha de Agnelo.

Dirceu com sua biografia e Lula com seu ódio tentam arrastar o governo Dilma para uma briga na lama. Atenção! Poucas pessoas perceberam que isso a que assistimos é, sim, expressão da luta do PT para a aniquilar as oposições, mas é também um guerra interna. Lula e Dirceu tentam amarrar o governo a suas respectivas agendas — o que é, evidentemente, ruim para ela e bom para eles.

Encerrando com Lewandowski
Acredito haver, sim, motivos suficientes para uma CPI. Só que ela tem a obrigação de apurar o tamanho da rede de influências de Cachoeira no Congresso, no governo federal e em governos estaduais. Dirceu e Lula têm outra intenção: querem um atestado de inocência para os mensaleiros. O que uma coisa tem a ver com outra? Nada!

Quem pode contribuir para diminuir o vale-tudo é o ministro Ricardo Lewandowski, o revisor do processo do mensalão. Ninguém hoje em dia vê motivos razoáveis para que ele não entregue o seu trabalho e permita, então, o início do julgamento. Se os juízes entenderem que o “formador de quadrilha” (segundo a PGR) José Dirceu e a sua, bem…, quadrilha são inocentes, muito bem! Se avaliarem que são culpados, que cumpram a pena que for estabelecida.

O esforço de defesa de José Dirceu não pode parar o pais nem criar obstáculos à punição de outros larápios.

O PT quer o controle da mídia porque quer controlar a sociedade. Chegou a hora de pôr esses aloprados sob o controle da democracia e do estado de direito.

Como posso encerrar? Assim: NÃO PASSARÃO!!!

Por Reinaldo Azevedo

 

13/04/2012 às 5:45

ABAIXO, BOA PARTE DO FANTÁSTICO VOTO DE CEZAR PELUSO

Abaixo, o vídeo com boa parte do fantástico voto do ministro Cezar Peluso sobre o aborto de anecéfalos.

Por Reinaldo Azevedo

 

CPI do Cachoeira ouvirá Agnelo Queiroz sobre doações da construtora Delta

Os petistas são realmente seres muito particulares. Leiam o que informa João Domingos no Estadão Online e prestem atenção ao que afirma o deputado Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara. Mais tarde, volto ao assunto.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, que deverá ser instalada na semana que vem, vai exigir do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), explicações sobre a suposta cobrança de fatura por parte da Delta Construções por supostas doações eleitorais. “O governador de Brasília terá de explicar isso na CPI”, disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos dois titulares dos tucanos da Câmara na Comissão Parlamentar.

De acordo com as gravações feitas pela Polícia Federal para a Operação Monte Carlo, que desmontou o esquema feito pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a empresa negociava facilidades diretamente com a cúpula do governo de Brasília.

Nas conversas gravadas na Operação Monte Carlo, reveladas nesta quinta pelo jornal O Estado de S. Paulo, aliados de Carlinhos Cachoeira, segundo a PF, dizem que a diretoria da empresa no Rio exigia agora, em contratos, a contrapartida pelas doações. E fazia pressão no Palácio do Buriti por nomeações e liberação de verbas. Ao todo, a Delta consta como doadora de R$ 2,3 milhões a comitês partidários no País. A prestação de contas de Agnelo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não registra doação da empresa, em indício de caixa 2, segundo investigadores. Do total, R$ 1,1 milhão foi destinado ao Comitê Nacional do PT e o restante ao PMDB.

De acordo com a Polícia Federal, assim que Agnelo foi eleito, a Delta tentou emplacar aliados em cargos-chave de administrações regionais e do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) de Brasília, o que facilitaria seus negócios. Além disso, tentava receber débitos do GDF por serviços supostamente prestados.

Para o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP,), as exigências feitas pela Delta para receber a fatura do governador Agnelo Queiroz mostram que é preciso mudar o sistema de financiamento das campanhas. “Isso vai nos levar a tratar do tema. Essas cobranças de faturas, que não devem acontecer só aqui na capital, são fruto do financiamento privado. Por isso é que nós defendemos o financiamento público de campanha. Só a mudança acabará com esse tipo de coisa, em que empreiteiros exigem contratos e outras benesses depois da eleição”, disse Tatto.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 19:52

Ministro determina que PF apure vazamentos da Operação Monte Carlo

Por Julia Borba, na Folha:
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Federal investigue a origem do vazamento das informações da Operação Monte Carlo, que desmontou esquema de jogo ilegal no país que seria comandado pelo empresário Carlos Cachoeira. Hoje, foram divulgados diálogos telefônicos interceptados pela PF que sugerem um suposto esquema de corrupção no governo de Agnelo Queiroz (PT-DF) com representantes da Delta, uma das maiores empreiteiras do país. De acordo com o ministro, o pedido já foi feito ao diretor-geral da PF e os responsáveis serão punidos “na forma da lei”.

“O Ministério da Justiça é radicalmente contrário a qualquer vazamento. Não importa se ele ocorre em favorecimento de pessoas que apoiam o governo, vinculados ao partido do governo ou da oposição. Isso é algo que nós efetivamente repudiamos”, afirmou Cardozo. Segundo ele, durante o período de um ano e meio em que o processo esteve apenas na Polícia Federal, não houve qualquer tipo de problema desta natureza.

“Os que acreditavam que os vazamentos visavam prejudicar membros da oposição, seguramente vão ter de repensar melhor as críticas que fazem a esse órgão da polícia, que tem atuado com correção e lisura”, completou o ministro com referência à atual acusação que também afeta o governador do PT no Distrito Federal.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 19:47

Rui Falcão, o Goebbels do PT, agora chama todo mundo de idiota

Na Folha Online. Volto depois:
Um dia depois de afirmar que “a bancada do PT na Câmara e no Senado defendem uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão”, o presidente do partido, Rui Falcão, tentou nesta quinta-feira (12) desvincular a criação de uma CPI mista para investigar as denúncias contra o suposto esquema liderado pelo empresário Carlinhos Cachoeira e o julgamento do mensalão. “Em nenhum momento eu estou vinculando os trabalhos da CPI à questão do chamado mensalão. A questão do mensalão está no Supremo Tribunal Federal no aguardo do julgamento”, afirmou Falcão a jornalistas.

“Qualquer tentativa de manipulação dessas duas questões nós não participamos dela. Mas sabemos que essa tentativa de manipulação existe. O fato de eventualmente pessoas que estão sendo investigadas hoje poderem ou não no passado terem participado de algum tipo de operação não significa que haja link entre essas duas questões”, acrescentou.
(…)

Voltei
A quem o Goebbels do PT (ver post desta manhã) acha que engana? No vídeo que gravou, ele foi literal: “As bancadas do PT na Câmara e no Senado defendem uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão”.

Falcão percebe que foi além da conta e revelou que a intenção do PT não é apurar coisa nenhuma — tanto é que nem cita o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O objetivo do partido, nesse caso, é só tentar livrar a cara dos réus do mensalão.

Em vez de investir na apuração das lambanças praticadas pela gangue de Cachoeira e seus aliados na vida pública, está empenhado em proteger outra gangue.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 19:34

Peluzo está demolindo os argumentos favoráveis ao aborto. Parabéns, ministro!

Estou me sentindo plenamente representado pelo voto de Cezar Peluso. Está sendo brilhante! Não! Ele não está evocando razões religiosas. Está falando de fundamentos do humanismo. Em setembro, faz 70 anos e deixa o tribunal.

Seu voto está sendo demolidor. Nós ainda o conheceremos em detalhes!

Peluso acaba de nocautear a tese em si: ora, se feto considerado anencéfalo pode ser eliminado porque viverá pouco, por que não eliminar o recém-nascido anencéfalo? O ministro dá outro exemplo: é licito eliminar um idoso em estado terminal, que também causa sofrimento à família?

Peluzo está dizendo o óbvio, que deveria ser fundamento do humanismo: a vida humana não pode ser relativizada. É uma valor “fundante e inegociável”!

Parabéns, ministro Peluzo!

Resultado: 8 a 2! Entendo que a boa causa perdeu. Mais um motivo para manter a vigilância. Atrás dessa causa, virá, fatalmente, a pressão pela legalização do aborto — em qualquer caso.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 19:13

Celso de Mello dá o oitavo voto em favor do aborto de anencéfalos. E duas coisas reprováveis em seu voto

Celso de Mello deu seu voto favorável ao aborto de fetos anencéfalos durante umas 18 horas mais ou menos… Eu o lerei com cuidado. Endossou a sugestão de Gilmar Mendes de que o Ministério da Saúde crie um protocolo para a identificação da anencefalia.

Mello não trouxe argumentos novos. Há duas coisas em sua exposição que me parecem inaceitáveis, independentemente do mérito de seu voto:  a primeira é chamar aborto de “antecipação terapêutica de parto”. Por que o eufemismo? O segundo foi repetir a falácia, atribuindo-a ao médico José Aristodemo Pinotti, já morto, segundo a qual haveria entre 1 milhão e 1,5 milhão de abortos por ano no Brasil.

Não posso assegurar que Pinotti tenha feito tal afirmação. Acredito que Celso de Mello não mentiria. De toda sorte, o ministro é inteligente o bastante para saber que tal número é mentiroso. Pinotti era um homem sério. É possível que tenha sido enganado pelas ONGs.

Desde logo, pergunto a Celso de Mello: qual seria a base de dados para chegar a tal número?

Os defensores do aborto poderiam fazer ao menos duas coisas: a) perder a vergonha de chamar aborto de “aborto” e b) parar de exibir números falaciosos.

Neste momento, vota Cezar Peluso. Tudo indica que será o segundo “não”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Jason perdeu a “Sexta-Feira, 13” para King Jong-Lula

missa-lula

O Ministério da Cultura, comandado pela irmã do Chico Jabuti, vai financiar, vejam só, um museu da greve em São Bernardo, uma homenagem a Kim Jong-Lula. O culto à personalidade vai custar R$ 18 milhões aos cofres públicos — R$ 14,4 milhões dos quais saídos do Minc. Quem disse que esse não é um governo que se importa com a cultura? Como a gente sabe, o Instituto Lula teria imensa dificuldade para conseguir esse dinheiro, né?

Eis Kim Jong-Lula, o nosso estimado líder. Na Coreia do Norte, eventos maravilhosos estão associados a datas importantes para a família real comunista - os Kim. Temos aqui a nossa própria estirpe de fabulosos. Lula também está ligado ao maravilhoso e ao milagroso.

A bancada do PT na Assembleia Legislativa da Bahia encomendou para amanhã, uma “sexta-feira 13″, uma missa na Igreja do Bonfim, em Salvador, para orar pela saúde de Kim Jong-Lula.

A urucubaca associada à data não assusta os petistas, claro! Estão convictos de que Deus também vota no 13. Yulo Oiticica, líder do partido na Assembléia, é um dos organizadores do evento. Vocês sabem como é: Deus acredita em Lula.

Eis o Jason do estado democrático e de direito. O original não é mais o dono dessa data.

Jason está bravo. O PT roubou até a

Jason está bravo. O PT roubou até a "sexta-feira, 13"...

Errata
Sim, podem tirar o sarro. Sou um ignorante nessas coisas. Havia confundido Jason com Freddy Krueger. Tudo bem… É como confundir Rui Falcão com José Dirceu, eu sei. Mas é preciso dar nome certo às coisas e às pessoas, né?

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 17:38

A CRISTOFOBIA CHEGOU AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!

Em vários países da África e do Oriente Médio, a cristofobia é uma realidade dramática, que faz — atenção! — milhares de vítimas. Hoje, com absoluta certeza, muitas pessoas foram assassinadas apenas porque são… cristãs. E, no entanto, isso se dá sob o silêncio cúmplice da Organização das Nações Unidas e das democracias ocidentais.

Curiosamente, ou nem tanto, boa parte dos intelectuais do Ocidente, especialmente os da esquerda europeia, discutem a “islamofobia”. Onde mesmo o Islã é perseguido hoje em dia??? As restrições impostas, por exemplo, na França a símbolos religiosos — a famosa questão do véu — valem também para os cristãos, proibidos de ostentar crucifixos em escolas.

O mais espantoso é constatar que a cristofobia está hoje entranhada no Ocidente. No Brasil também! Ontem, todos os votos dos ministros do Supremo — a exceção foi Ricardo Lewandowski! — procuraram descaracterizar o cristianismo como um conjunto de valores que concentra valores fundamentais do humanismo.

Encantados com a retórica antirreligiosa e no afã de declarar a laicidade do estado (como se alguém a estivesse contestando), aqueles que ontem formaram a maioria acabaram votando, na prática, pela descriminação do aborto, livre de qualquer restrição. Havia ali uma mais do que clara tentação de declarar   “quando começa a vida”. E, NO ENTANTO, ISSO NÃO ESTAVA EM DEBATE.

Tenho notado um crescente movimento nesta direção: para desqualificar um adversário e não responder a suas eventuais ponderações, basta acusá-lo de “religioso”. Até agora, não vi uma resposta eficiente a uma questão que me parece central no debate: qual é o mínimo de vida fora do útero materno que se considera razoável para não matar o feto? “Ah, não me venha com sua crença!”  O que há de religioso na minha pergunta?

Não, senhores! A questão não é “apenas” religiosa, não! Estamos escolhendo em que sociedade queremos viver e decidindo o que é e o que não é moralmente legítimo fazer com o humano. Desprezar como “coisa da religião” os valores cristãos num debate como esse corresponde, aí sim, ao triunfo de um fundamentalismo. Sim, eu estou empenhado em algumas causas que considero justas e humanas. Uma delas é combater, por exemplo, a crescente popularização de teses eugênicas sob o pretexto de que não se pode impor sofrimento às famílias e às crianças por nascer.

Infelizmente, a cristofobia chegou também ao Supremo. A separação — que ninguém questiona — entre Igreja e Estado e a laicidade desse estado estão sendo usadas como pretexto para desqualificar qualquer óbice moral — por mais legítimo que seja — aprensetado pelos cristãos, como se as religiões concentrassem apenas valores ligados à fé e ao mundo transcendental e não trouxessem consigo um razoável estoque de valores humanistas.

PS - Neste momento, Celso de Mello faz uma defesa enfática justamente da laicidade do estado. Contra quem? Espero que não comece a defender, daqui a pouco, a República, o heliocentrismo e a validade da Lei da Gravidade. O estado laico nunca esteve sob risco ou ameaça. O que está é a pluralidade, uma vez que há espécie de movimento para considerar a religiosidade não mais do que um conjunto de superstições. E isso é nada menos do que vigarice intelectual disfarçada de ilumismo.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 16:55

Assessor suspeito de ligação com Cachoeira vai a evento de Dilma

Na Folha Online:
Em mais uma demonstração de que conta com apoio do governo, o assessor do Palácio do Planalto que teve contato com um dos principais aliados do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Olavo Noleto participou nesta quinta-feira de cerimônia do programa Minha Casa, Minha Vida. A solenidade foi comandada pela presidente Dilma Rousseff. O assessor é subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais e uma das atribuições é o relacionamento com governadores, prefeitos e políticos.

Noleto manteve, como de costume, postura discreta. Sentou em uma das primeiras filas em frente ao palco. Não foi citado pela presidente nem pelo ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades). Assessor da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto conversou com Wladimir Garcez, ex-presidente da Câmara de Goiânia (GO), para tratar de um possível apoio do senador Demóstenes Torres (Sem partido-GO) à candidatura Dilma Rousseff em 2010.

A versão foi apresentada por Noleto ao governo para explicar a suposta ligação com o grupo de Cachoeira. Em nota, ele disse ainda que conheceu Garcez em 2002, quando trabalhava na Prefeitura de Goiânia como subchefe de assuntos federativos. Garcez, que é acusado de ser um dos principais nomes do esquema de exploração do jogo ilegal comandado por Cachoeira, está preso.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 16:40

Mendes dá o sétimo voto. E uma correção

Havia uma informação errada no post anterior. O ministro Ayres Britto já havia votado — e a maioria, portanto, já estava formada. Gilmar Mendes foi o sétimo voto em favor do aborto em caso de anencefalia.

Mendes trouxe uma novidade ao debate: sugeriu que o Ministério da Saúde edite norma específica para a caracterização da anencefalia. A sessão foi suspensa por 20 minutos. Votará em seguida o ministro Celso de Mello, decano do tribunal. Certamente será o oitavo em favor da demanda. Depois será a vez do presidente, Cezar Peluso.

Na segunda, escrevi aqui que a chance da unanimidade era grande. Estamos quase lá. Até agora, só Ricardo Lewandowski foi voto divergente.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 16:15

Aborto: Mendes deve aprovar aborto em caso de anencéfalo, mas combate discurso antirreligioso

O Supremo retomou a votação sobre o aborto em caso de anencefalia. Está votando o ministro Gilmar Mendes.  Acredito até que vá dizer que, em caso de anencefalia, e só nesse caso no que diz respeito à má-formação, vá acolher a demanda.

Mendes, no entanto, fez uma belíssima declaração sobre o direito que as religiões têm de se manifestar. Ontem, assistimos a um verdadeiro festival de tolices antirreligiosas no Supremo. Tão logo os votos dos ministros estejam publicados no site do STF, prometo analisar algumas barbaridades que foram ditas.

Mendes indagou se chegará a hora em que alguém vai propor a demolição do Cristo Redentor… O ministro Luiz Fux pediu a palavra para negar o óbvio, visto ontem por todos: os ministros que se manifestaram teriam reconhecido a legitimidade das demandas religiosas. Infelizmente, não é verdade — e isso inclui o seu próprio voto.

Mendes deve dar o sétimo voto em favor do aborto de anencéfalos, o que já forma a maioria. Ayres Britto já tinha dado o voto da maioria. Faltam agora os votos de Celso de Mello e Cezar Peluso. Discordo do voto de Mendes, como todos vocês sabem. Mas, como também já escrevi aqui, é possível fazer um debate lúcido ou um debate obscurantista a respeito. Ele faz o lúcido. Ontem, produziu-se obscurantismo de sobra no STF.

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 15:38

Novas gravações da PF confirmam ligação de Dadá com Protógenes

Por Rosa Costa, no Estadão Online:
Apesar da tentativa do deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) de esconder sua proximidade com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, pelo menos duas interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostram que da parte do operador do contraventor Carlinhos Cachoeira, a situação era outra. Dadá não apenas fala de sua amizade por Protógenes, como também que chegou a se indispor com o então delegado da PF, Daniel Lorenz, para defender o amigo.

No grampo de mais de 5 minutos, no dia 20 de dezembro de 2011, Dadá conversa com o policial civil Ventura, da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, sobre a nomeação de Lorenz para comandar o órgão. O faz-tudo de Cachoeira diz que Lorenz “é um cara bom”, mas acrescenta: “Meu problema com ele é que ele queria que eu botasse o Protógenes na mão dele e esse negócio é o seguinte, cara, você vai para vala com os amigos, né”. Dadá e Cachoeira estão presos desde fevereiro, acusados de integrar esquema de exploração de jogo ilegal.

Em outra conversa de 6 minutos, grampeada no dia 14 de janeiro do ano passado, Dadá conta para um determinado Serjão que tentou arrumar emprego no gabinete do deputado Protógenes para uma ex-secretária do deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), derrotado nas eleições. No meio da conversa ele diz: “…Aí eu liguei para o Protógenes, eu sou muito amigo do Protógenes, ele está na Bahia, na Bahia. Falei: ‘Protógenes em seu gabinete como é que tá?’ Ele disse: ‘Tá fechado, não tem jeito de botar mais ninguém’”. Mais na frente, o diálogo grampeado chama a atenção por ser um dos poucos em que Dadá fala o nome completo de Cláudio Monteiro, chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz, que deixou o cargo na última terça-feira para se defender da acusação de receber propina para favorecer empresas de limpeza urbana. Dadá pergunta a Serjão: “O pessoal foi lá no Cláudio Monteiro ou não….mas que foram, foram, né?”. No final, ele retoma o nome do ex-auxiliar de Agnelo para falar da nomeação do diretor do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). “Amanhã, os meninos vão estar com Cláudio Monteiro, só pra saber como é que está a questão do SLU, quando é que o João Monteiro assume”.

A reação do deputado Protógenes de desqualificar sua ligação com Dadá, com quem ele nega ter “relação de amizade profunda” ocorreu após o Estado divulgar conversas em que eles acertam encontros para tratar dos depoimentos no inquérito da Operação Satiagraha.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

12/04/2012 às 15:09

Beltrame finalmente reconhece que bandidos migraram do Rio para Niterói. Neste blog, ninguém está surpreso faz tempo! Ou: Os bandidos do Rio nascem bons; os de SP é que os corrompem

Se eu fosse instado a escolher uma palavra ou expressão que defina nossos dias, eu não hesitaria: “A era da perda do sentido das palavras”. Não significam mais nada. O aparelhamento político das redes sociais, que contaminou de maneira deletéria o próprio jornalismo, joga-nos em verdadeiros buracos de significação. Foi o que pensei quando li no Globo uma reportagem sobre a explosão de violência em Niterói. Leiam trechos do que informa Taís Mendes.  Volto em seguida.

Durante uma inauguração no pacificado Morro da Providência, no Centro, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, admitiu, pela primeira vez, que vem ocorrendo uma migração de bandidos do Rio para Niterói, cujos habitantes vivem um momento de intranquilidade devido ao crescimento da violência urbana. Duzentos e cinquenta homens das polícias Civil e Militar participam de duas operações em Niterói e em São Gonçalo.

“Não existe uma informação técnica de que haja efetivamente migração. Claro que ela há, mas não é um dado mensurável, se é um, se são cem ou se são mil. Tivemos 472 prisões em Niterói e 32 do Rio. A migração pode até haver, mas é relativa. O que temos que fazer é atuar aqui, em Niterói e na Serra. Entendo que as coisas possam não estar muito bem, mas estão muito melhor do que estavam”, afirmou o secretário.  Segundo Beltrame, ainda se referindo a Niterói, enquanto as UPPs não chegam são tomadas atitudes temporárias. “Está planejado. O que não podemos fazer é um movimento pirotécnico. Existe um plano e ele será cumprido”, acrescentou.

Outra comunidade pacificada, o Morro da Mangueira teve na quarta-feira o policiamento reforçado. Isso porque o comércio local fechou as portas - o que ocorre pela primeira vez numa área com UPP- em sinal de luto pela morte do traficante Wagner da Silva Assunção, conhecido como Sargento. Ele é apontado como gerente do tráfico nos morros da Mangueira e do Tuiuti (outra região pacificada), onde o comércio também está com as portas fechadas.

(…)
Seis pessoas detidas na Mangueira e Cidade de Deus
Na Cidade de Deus, outra beneficiada com UPP, comerciantes também fecharam as portas em sinal de luto e medo de represálias. Segundo o site G1, três pessoas foram detidas nessa comunidade de Jacarepaguá e levadas para a 32ª DP (Tanque). Outras três também foram detidas no Morro da Mangueira. Nas duas comunidades, o tráfico era comandado pela mesma facção criminosa.

De acordo com informações da polícia, os três detidos na Cidade de Deus são jovens (um deles menor) e estavam incitando os moradores e comerciantes à desordem. Eles teriam sido denunciados por moradores da própria comunidade. Já na Mangueira, as três pessoas foram detidas por desacato. A polícia informou, ontem à tarde, que o comércio começou a reabrir as portas no início da noite. No entanto, até à noite de ontem, os comerciantes da Cidade de Deus permaneciam com seus estabelecimentos fechados - mesmo aqueles instalados nas proximidades de uma cabine da PM.
(…)
O comandante da UPP da Mangueira explicou que remanejou o policiamento na comunidade para as ruas Visconde de Niterói, São Luiz Gonzaga e Capitão Felix, regiões onde há maior atividade comercial. Há informações de que a ordem para que o comércio fechasse as portas tenha partido de um morador do morro. “A gente tem que ficar atento porque isso é ameaça e quem comete esse crime tem que ser preso”, afirmou o comandante.

Comento
Beltrame admite tardiamente o óbvio, ainda que de maneira um tanto matreira. Faz de conta que é só uma possibilidade inerente à lógica do processo, não uma realidade empírica, experimentável, constatável. Mas anuncia: a política de segurança pública continua…

Ele anuncia, ainda que demore um tempo, que chegará a vez de Niterói ter as UPPs, nos mesmos moldes, obviamente, das do Rio. Digamos que um dia haja UPPs em todas as “comunidades” (como agora é moda dizer) do estado. Dada a política espalha-bandido, eles migrariam para os estados vizinhos.

Há uma ironia involuntária no texto do Globo — e não estou sendo sarcástico com a repórter, não, que fez o seu trabalho. É que assim estão as coisas. A que me refiro? Releiam estes trechos:
“Outra comunidade pacificada, o Morro da Mangueira teve na quarta-feira o policiamento reforçado. Isso porque o comércio local fechou as portas - o que ocorre pela primeira vez numa área com UPP (…)”
“Na Cidade de Deus, outra beneficiada com UPP, comerciantes também fecharam as portas em sinal de luto e medo de represálias.”

O que a palavra “pacificada” passou a significar no fim das contas? Somente isto: a bandidagem não anda mais brandindo as suas armas para as câmeras de TV. Que “pacificação” é essa em que comerciantes têm de obedecer ordens de bandidos?

Mas tudo está no seu lugar, segundo Beltrame, e a política de segurança pública continua. Até, imagino, o limite em que o Rio passasse a ser, efetivamente, exportador de bandido para outros estados — consequência óbvia das escolhas de Beltrame e Sergio Cabral caso realizassem seu intento.

Tolices antipaulistas
Ontem, a área de segurança do Rio anunciou, com certo estardalhaço, que, como consequência da mui bem-sucedida política aplicada no estado, a bandidagem passou a negociar a compra de drogas e armas com “uma facção de São Paulo”, o PCC.

Ah, bom! Eu sabia que havia malvados bandidos paulistas corrompendo os bons selvagens do Rio. Como a gente sabe, a organização do crime como partido político — ou organização terrorista — começou em Piratininga, não é mesmo? “Ora, Reinaldo, você nega essa conexão?” Eu não! Creio que essas organizações criminosas estão sempre negociando entre si. O problema é a forma como isso é anunciando. Fica-se com a impressão de que, como o governo de São Paulo não combate seus marginais, eles acabam contaminando o estado vizinho, cujo governo é tão zeloso na área de segurança.

Qual é??? São Paulo tem 22% da população brasileira e reúne mais de 40% dos presos do país. É claro que episódios violentos acontecem no estado, mas também é fato que ele etá em 25º lugar no ranking de homicídios por 100 mil habitantes — a capital está em último. A sugestão de que os problemas enfrentados pelo Rio têm origem além das fronteiras é malandra.

Não estou aqui fazendo concurso de bandidagem, não! Mas me parece estranho que, na área de segurança, mais apanhe quem mais dá combate aos bandidos.

Por Reinaldo Azevedo

 

Desculpo-me! Rui Falcão não tem nada a ver com Carequinha e Arrelia. Eu deveria ter evocado Goebbels. Ou: Para os petralhas, somos os “judeus insolentes”

Leitores têm razão, e me cabe aqui corrigir uma injustiça. Ontem, no post que informava que Rui Falcão, presidente do PT, gravou um vídeo em que afirma que a CPI do Cachoeira tem de apurar os “escândalos dos autores da farsa do mensalão”, cometi uma terrível injustiça. Escrevi: “Só falta agora chamar Arrelia e Carequinha”. Esses dois palhaços que levaram a sério a sua arte, que encantaram gerações, não mereceriam ser associados ao amadorismo de Falcão. Desculpo-me com os admiradores desses dois artistas e com suas respectivas famílias. Prometo nunca mais associar petistas a essa categoria profissional e a essa arte, exercidas sempre com abnegação e honestidade. Foi um momento impensado.

Falcão merecia, não pela magnitude da fraude moral e ética — que aquela foi incomparavelmente maior —, mas pela essência, ter sido comparado a Goebbels, o chefe da máquina de propaganda nazista. Aquele, sim, era especialista em violentar a história, em enganar a opinião pública, em espalhar mentiras. E o fazia, seus discursos o demonstram, com plena convicção. É muito raro haver um homem que tenha plena consciência do seu tempo e que assuma de maneira inequívoca o compromisso com a trapaça. Goebbels era assim.

Há muitos anos, uma expressão é frequente nas reuniões de petistas: “pautar a sociedade”. Isso quer dizer, não raro, lançar um falsa questão para que seus militantes a espalhem por aí, com a ajuda da imprensa — tarefa hoje facilitada pela Internet, onde atuam seus agentes pagos com dinheiro público (propaganda oficial e de estatais). Vejam o vídeo. Volto em seguida.

A fala abre com uma mentira escandalosa: segundo ele, setores políticos e os meios de comunicação estariam empenhados numa “operação-abafa” para impedir a investigação. Como sabe qualquer leitor, o que vemos é justamente o contrário. A imprensa tem veiculado tudo o que está sendo vazado pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público e tenta, diga-se, ela própria, fazer suas apurações. Não há, pois, “operação-abafa” nenhuma!

Ocorre que o petismo precisam fazer com que os seus militantes e uma parte ao menos da opinião pública vejam a imprensa com suspeição, de modo a que o partido e seus asseclas sejam a única referência de verdade.

Os petistas, como Gobbels, não gostam da imprensa independente. Em 10 de fevereiro de 1933, no primeiro grande comício nazista depois que Hitler havia sido nomeado chanceler (30 de janeiro daquele ano), afirmava Goebbels:
“Eu só queria acertar as contas com os [nossos] inimigos na imprensa e com os partidos inimigos e dizer-lhes pessoalmente o que quero dizer em todas as rádios alemãs para milhões de pessoas.”

Assim faz Falcão: acusa a imprensa, que está fazendo o seu trabalho, e, como vocês podem notar, cita o nome do governador de Goiás (PSDB), Marconi Perillo, como parte do esquema Cachoeira. Por óbvio, ele ignora que, por enquanto ao menos, há mais evidências de comprometimento é do petista Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, com a máfia do bicheiro.

Falcão, como Goebbels, tem um chefe. A decisão de sair acusando a imprensa — ??? — e de tratar Cachoeira como um problema exclusivo da oposição foi tomada por Luiz Inácio Lula da Silva. Não por acaso, anteontem, quem saiu atirando contra Perillo foi, imaginem vocês!, Paulo Okamoto, que é do Instituto Lula. É evidente que existem indícios de comprometimento do governo de Goiás com a máfia de Cachoeira. Mas o que dizer sobre o governo do Distrito Federal? Ora, ontem, ninguém menos do que José Dirceu, o chefe de quadrilha (segundo a PGR), atestou a inocência de Queiroz — tudo não passaria de uma tramoia da… “mídia”. Goebbels diria: “a mídia dos judeus”.

É com esse espírito limpo que os petistas pretendem fazer uma CPI. Se instalada, eles terão maioria. Podem,  se quiserem, chamar para depor apenas políticos da oposição. Lembro, por exemplo, que, até agora, vídeo propriamente em que se negocia dinheiro sujo só existe com o deputado petita Rubens Otoni (GO). O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), já disse que ele é apenas uma vítima.

Tática da gritaria
É a tática da gritaria, a tentativa de vencer no berro. Lembro, a propósito, que essa foi a postura do PT por ocasião da morte de Celso Daniel. Antes que a polícia paulista pudesse respirar e antes que a sociedade se desse conta das hipóteses, os petistas saíram gritando: “Estão tentando nos acusar pela morte; estão tentando nos acusar pela morte”. Nota: ninguém estava acusando o PT de coisa nenhuma! Era, na verdade, uma ação preventiva, uma vacina, uma maneira de se blindar de qualquer investigação. O Ministério Público já estava de olho num esquema de caixa dois que vigia na Prefeitura de Santo Adré para transferir ilegalmente recursos para o PT. Um dos irmãos de Celso afirma que Gilberto Carvalho lhe confessou que levara dinheiro vivo da Prefeitura para… José Dirceu! Os dois negam. O casal Bruno e Marilena Nakano, irmão e cunhada do prefeito assassinado, viveu um tempo exilado na França. No Brasil, estavam sendo ameaçados de morte porque não aceitavam a tese crime comum. Eram petistas de primeira hora — ela pertencera ao grupo de esquerda “Movimento de Emancipação do Proletariado”, mesma origem ideológica de Celso — e romperam com o partido. A família acumula indícios de que foi queima de arquivo.

A grande farsa
Agora atenção para este trecho da fala de Falcão:
“As bancadas do PT na Câmara e no Senado defendem uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão. É preciso que a sociedade organizada, as centrais sindicais, os movimentos populares, os partidos políticos comprometidos com a luta contra a corrupção, como é o caso do PT, se mobilizem para impedir a operação-abafa e para desvendar todo o esquema montado por esses criminosos, falsos moralistas, que se diziam defensores da moral e dos bons costumes”

O Supremo Tribunal Federal fará em breve, se Ricardo Lewandowski assim o permitir, o maior julgamento de sua história: o dos 37 do mensalão! Seu protagonista foi o PT, o mesmo partido que comandou a tramoia dos aloprados em 2006. Também é a legenda de Ideli Salvatti das lanchas ou de Erenice Guerra. Isso para fazer um resumo rápido. Mas Rui Falcão inclui o seu partido entre aqueles que… combatem a corrupção! E convoca as bate-paus do partido para a guerra santa!

“Autores do mensalão”??? Quem? Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres? Não, senhor! Esse crime, ao menos, eles não cometeram! A tese é escandalosamente falsa, destinada apenas a tentar livrar a cara dos criminosos mensaleiros.
- Os autores do mensalão são aqueles que pagavam o… mensalão!
- São aqueles que movimentavam o dinheiro sujo que passava pelas agências de Marcos Valério.
- São aqueles que iam sacar dinheiro na boca do caixa do BMG e do Banco Rural.
- São aqueles que passaram, o que Roberto Jefferson confessou, uma mala de dinheiro “não-contabilizado” para o PTB fazer campanha.
- São aqueles que compraram o então PL, de Valdemar Costa Neto.
- São aqueles que pagaram no exterior, pelo caixa dois, a bolada que Duda Mendonça cobrou pela campanha eleitoral de 2002.
- São aqueles que assinaram falsos documentos de empréstimos.
- São aqueles que fraudaram a contabilidade do partido.
Os autores do mensalão são aqueles que comandavam o partido quando tudo isso seu deu: José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares — além da outra penca. E, claro!, embora não tenha sido incluído na denúncia, o autor do mensalão é Luiz Inácio Lula da Silva, chefe inconteste de todos eles, desde sempre.

Como não ler aquele trecho do discurso do chefão do PT e associar a este trecho do discurso do chefão da propaganda nazista?
Há alguns anos, não falávamos da boca pra fora quando dizíamos que vocês, judeus, são nossos professores e que só queremos ser seus alunos e aprender com vocês. Além disso, é preciso esclarecer que aquilo que esses senhores conseguiram no terreno da política de propaganda durante os últimos 14 anos foi realmente uma porcaria. Apesar de eles controlarem os meios de comunicação, tudo o que conseguiram fazer foi encobrir os escândalos parlamentares, que eram inúteis para formar uma nova base política.
O Movimento Nacional-Socialista vai mostrar como eles realmente deveriam ter lidado com isso, ou seja, quando se faz um bom governo, uma boa propaganda é consequência. Uma coisa segue a outra. Um bom governo sem propaganda dificilmente se sai melhor do que uma boa propaganda sem um bom governo. Um tem que complementar o outro. Se hoje a imprensa judaica acredita que pode fazer ameaças veladas contra o movimento Nacional-Socialista e acredita que pode burlar nossos meios de defesa, então, não deve continuar mentindo. Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!

Encerro
É isso aí! Para o petismo, nós somos os “judeus insolentes” e as “bocas mentirosas”. Abaixo, segue o vídeo com Goebbels para quem tiver alguma curiosidade. Num post do dia 20 de setembro de 2010, escrevi a respeito e traduzi o trecho do discurso que aparece nesse vídeo. Volto para encerrar.

Voltei
Júlio Cesar — o da peça de Shakespeare — dizia, referindo-se a Cássio, ter certo receio dessas pessoas de ar esfaimado, como Goebbels e Falcão. Achava que tinham certo pendor para a conspiração… Os magros (hoje eu também sou um magro!) não reclamem por favor. É só uma notinha de literatura para alegrar a vida. Para falar de Falcão, com sua vocação para carcará da democracia (que falcão é bicho europeu), preciso lembrar que a beleza ainda resiste…

Não! Desta vez, carcará não pega, não mata nem come! Vai ter que recolher seu “bico vorteado que nem gavião”.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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