Código Florestal - As esquerdas e ambientalistas de joelhos para os… imperialistas!!!

Publicado em 27/04/2012 17:24 e atualizado em 29/08/2013 14:26
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

A gritaria de setores da imprensa e dos parlamentares de esquerda — muito especialmente os petistas — com a aprovação do novo Código Florestal é patética! Preveem o armagedom ambiental, o que é uma grossa bobagem. Mas já estamos acostumados a essas escatologias. O que me deixa mais intrigado — e, em certa medida, escandalizado — são os argumentos.

“O Brasil vai perder a liderança ambiental!”
Pergunto e considero -
Perder para quem? Quem vai assumir o nosso lugar? Os EUA? A China? Algum país europeu? A Indonésia? O Japão? A Rússia? A Índia? Digam-me um só país no mundo que tenha uma legislação ao menos parecida com o que está no relatório do deputado Paulo Piau.

“As entidades ambientalistas ficarão decepcionadas com o Brasil e dirão que Dilma não cumpre a sua promessa”
Pergunto e considero -
Dilma governa para as ONGs ou para o conjunto dos brasileiros? Por que as entidades ambientais acham que podem impor ao Brasil o que não sonhariam em impor à China, já que não podem nem mesmo entrar naquele país? Por lá não há ONG ou qualquer coisa parecida com Ministério Público. A bala de prata resolve as contendas. Não admiro o modelo, não! Só estou afirmando que o governo do Brasil tem de ter uma gestão que atenda, antes de mais nada, às necessidades dos brasileiros. Com efeito, não estamos sozinhos no mundo. Mas transformar uma legislação que nos põe na vanguarda do conservacionismo num retrocesso é pilantragem intelectual.

“O Brasil sofrerá prejuízos efetivos com o novo código”.
Pergunto e considero -
Quais? Quem deixará de investir no país porque o código não pune os pequenos agricultores — que é o que, de fato, querem os críticos do texto? Quem poderá cobrar do país, como se fosse seu chefe ou metrópole, que aja dessa ou daquela maneira?

Vocês notaram? O Brasil não pode fazer Belo Monte porque, afinal, as ditas entidades internacionais ficarão agastadas… O Brasil não pode votar seu código florestal, protegendo o meio ambiente, mas preservando a produção agropecuária, porque esses patrulheiros planetários vão se zangar. Ontem, até uma representante da WWF — aquela que tem como presidente de honra um caçador de elefantes — resolveu atacar o texto.

É a velha história: desafio qualquer um a provar que o texto de Piau protege, como querem alguns tontos, os latifundiários, os grandes proprietários, o agronegócio — palavra pela qual eles são tarados. Deixa-se de punir o pequeno. E, mesmo assim, de forma imperfeita. Se todos os agricultores de Santa Catarina, por exemplo, tiverem de reflorestar áreas de 15 metros às margens dos rios, terão de abandonar o campo. Os que estão reclamando queriam uma área ainda maior. Não custa lembrar que uma das propostas defendidas por Marina Silva e sua turma liquidava com a produção leiteira de Minas Gerais.

As esquerdas de antigamente gostavam de acusar os conservadores de servilismo aos interesses imperialistas… Hoje, quem vive de joelhos para as Fundações Ford, Greenpeaces e WWFs da vida são eles. Entendo! O meio ambiente, afinal de contas, virou um grande negócio.

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012 às 13:01

A parolagem de Chalita sobre o Código Florestal e a inspeção veicular

Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB à Prefeitura, está se tornando um pândego. E não chega a ser, assim, um fanático pela verdade. Os leitores de outras cidades me perdoem por tratar de uma questão paulistana, mas ela diz um tanto da política no Brasil. Este rapaz aparece naqueles micro-horários políticos do seu partido lastimando a briga entre o “Partido A” e o “Partido B”. E convida, com voz suave e bico doce, o telespectador cansado desse suposto confronto a conhecer o… PMDB!!!

Muito bem! Chalita disse “sim”, a exemplo da maioria dos deputados do PMDB, ao relatório de Paulo Piau (PMDB-MG) sobre o novo Código Florestal. Deveria estar orgulhoso disso. O texto, a despeito do que digam setores da imprensa e os ongueiros, é bom: protege o meio ambiente e a produção agrícola.

Mas ele agora é um queridinho da imprensa “pogreçista” de São Paulo. Chalita agora é um “poser” que quer ser aceito pelas esquerdas e pelo politicamente correto. Patrulhado ontem por causa do seu voto, o que respondeu o rapaz que diz ser preciso parar com o confronto do Partido A com o Partido B? Isto:
“[Votei a favor] Por ser do PMDB. Eu discordo de algumas coisas de lá, eu debati sobre isso no PMDB. Na verdade, o PMDB fechou questão em relação ao código. Vamos ver o que vai acontecer ainda porque tiraram artigos importantes do código. Tem uma série de pontos que estão ausentes ali.”

Pela ordem:
1- É mentira! O PMDB não fechou questão — não aquele fechamento que rende punição a quem contrariar a orientação — coisa nenhuma, e há deputados que votaram contra. Sabem o que vai acontecer com eles? Nada! Chalita deveria confessar que votou porque é um comandado de Baleia Rossi, chefe do PMDB estadual. Foi quem o levou para o partido. Baleia é filho de Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura. A família é ligada ao setor agropecuário. Não há crime nenhum nisso, é evidente! Mas a verdade faz bem a todos.
2 - Chalita nem sabe direito o que está dizendo. Parece-me evidente que votou sem ler o texto. Daí esse generalismo: “Tiraram coisas de lá”… Que coisas?
3 - Se ele promete acabar com a rixa ente o Partido A e o Partido B em São Paulo, como pode alegar que votou porque o PMDB — seria o Partido C?— mandou?

Na reportagem da Folha Online, ele também falou sobre a inspeção veicular. Escreve a Folha Online:
Embora tenha dito que ainda estuda sua posição sobre a inspeção veicular em São Paulo, o deputado defendeu o serviço, acrescentando que o valor cobrado pode ser discutido. “Sou favorável à inspeção veicular. Acho que, se tem inspeção, você tem que cobrar pelo serviço, agora você pode discutir o quanto cobra”, disse.

Epa! Entra em ação a memória de Reinaldo Azevedo, uma das duas coisas que só me vão melhorando com a idade….

No dia 19 de março, conforme prova reportagem do Estadão, ele afirmou:
“Se o que limpa é ônibus e caminhão, a tendência é acabar com a inspeção veicular”.
É isto: ele prometeu acabar com a dita-cuja. Depois lembraram ao rapaz da fala doce que existe uma lei federal que obriga as cidades a fazer a inspeção.

Eis o que alguns bananas, travestidos de analistas isentos, chamam “novidade” da política paulista e paulistana (o outro é Fernando Haddad, tornado candidato pela vontade do coroné Lula). O senhor Chalita faz uma promessa em março e já a desmente em abril. Na quarta, dá um voto em favor do novo Código Florestal e já o lastima na quinta, afirmando que foi tudo culpa do… PMDB! Mas não é com o PMDB principalmente que ele pretende administrar a cidade se vencer a eleição?

Chalita tem um único programa consistente na cabeça: atacar o tucano José Serra. O resto é secundário. E é só por isso que os setores fanaticamente antitucanos — ou antisserristas — da imprensa lhe dão trela.

Por Reinaldo Azevedo

 

O STF parou de julgar causas e passou a ser juiz da sociedade. Ou: “Por que os brancos não podem dar alguns dos seus para construir a igualdade?”. Ou ainda: O que os leitores vêm fazer aqui?

O Supremo não julga mais causas. Os ministros, com algumas exceções, não se posicionam mais sobre as contendas que chegam à corte à luz da Constituição — porque, afinal, aquele é um tribunal constitucional. Nada disso! Leiam a quase totalidade dos votos, e o que se constata é sempre um esgar de condenação a essa tal “sociedade”, que tarda em fazer justiça de fato — daí que eles resolvam, moralmente embalados por esse nobre intento, fazê-la por conta própria, ainda que contra, muitas vezes, a letra da própria Constituição. Lidas algumas falas, mais de uma vez percebi que há ministros ali que consideram que não temos uma sociedade ainda à altura do… Supremo. Por isso, eles se dispõem a corrigi-la, solapando, se preciso, prerrogativas do Legislativo.

Ontem, assistimos a todo tipo de artimanha retórica para justificar a aposentadoria do Artigo 5º da Constituição, aquele que assegura que todos os homens são iguais perante a lei. Sob o pretexto de se garantir a “justiça material”, de que aquele texto seria expressão apenas formal, aprovou-se por unanimidade o sistema de cotas raciais. Não há, entre os dez ministros que votaram, um só que seja capaz de nos explicar por que um branco pobre tem de arcar com a generosidade compensatória dos ilustres magistrados e ver sequestrada a sua vaga em benefício de um negro — pobre ou rico, já que não se cuidava ali de cotas sociais —, ainda que seu desempenho num vestibular seja superior ao do outro.

A isso se chama “justiça material”? É assim que ela passa a ser a expressão concreta da “justiça formal” que está naquela que é cláusula pétrea da Constituição? Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais compreende referendar a injustiça, ignorar o mérito, ainda que os dois candidatos tenham a mesma condição social, porque, afinal, a cor da pele de um o faria naturalmente um opressor, e a do outro, naturalmente um oprimido??? Quem no Supremo se dispõe a desenvolver essa questão?

Com que facilidade aqueles senhores e senhoras, ontem, simplesmente aboliram os brancos pobres do Brasil! Com que ligeireza dividiram o Brasil em “raças” — que reconhecem ao menos não ser um conceito biológico; já é algum avanço — e jogaram nas costas dos brancos, tão destituídos quanto os negros de um estado que os proteja e respeite, a responsabilidade pela perenização das desigualdades! Não! Eu não apoio cotas em universidades de nenhuma natureza. Entendo que se trata de uma questão de mérito. Oponho-me, só para deixar claro, porque se trata de uma questão associada (mas não a desenvolverei agora), ao ensino superior gratuito. Mas, se alguma forma de cotismo há de ser aplicada no ensino superior, é evidente que o único critério moralmente aceitável é a cota social.

Se um dos argumentos fortes em favor das cotas para negros é o fato de, na média, eles terem uma renda menor do que os brancos, ao se optar pelas cotas sociais, atender-se-iam suas necessidades sem, no entanto, solapar direitos de brancos também pobres. Gilmar Mendes chegou a tocar nessa questão. Ocorre que os racialistas rejeitam esse ponto de vista porque ele não traz para o primeiro plano a fúria revisionista da história, que pretende tornar os brancos de hoje moralmente responsáveis pelos brancos que foram senhores de escravos. Se a questão é de responsabilidade moral, por que ela não há de ser compartilhada com os negros que primeiro escravizaram negros na África para, então, vendê-los ao tráfico?

Confusão
Fez-se ontem uma confusão danada. É claro que a própria Constituição brasileira abriga o fundamento da discriminação positiva e que esta já se encontra presente numa porção de leis. Eu mesmo já havia tratado disso. Quando, no entanto, esse tipo de política solapa direitos de terceiros — E NÃO PRIVILÉGIOS —, estamos é diante da discriminação negativa mesmo, apenas com outra roupagem ou, se quiserem, com outra cor de pele. Joaquim Barbosa errou barbosamente ontem ao estabelecer a clivagem entre os que querem justiça material (pró-cotas) e os que defendem o statu quo (anticotas). Por que ele não vai, com a pompa sempre meio irritadiça com que costuma se expressar, explicar esse conceito a brancos pobres de Santa Catarina ou do Rio Grande do Sul, que nem mesmo têm a licença história, poética ou militante de integrar algo como um MBU — Movimento Branco Unificado?

Claro, claro, alguns ministros poderiam dizer que o preço do novo traz consigo alguns contratempos, não é? Nem tudo sai direitinho, sem problemas. Isso dá conta da importância que tem entre nós os direitos individuais. Ora, para honra e glória de um estado reparador, que quer se reconciliar com a sua história e fazer julgamentos sobre o passado, que importa que alguns tantos sofram injustiças. A moral torta é mais ou menos esta: se os negros deram tantos dos seus para a construção de um sistema de desigualdade, por que os brancos não podem dar alguns dos seus para construir a igualdade? É o único substrato (a)moral possível da decisão tomada ontem. Não há outro.

Aliás, Ricardo Lewandowski disse isso, ainda que com outras palavras. Citando lá uma estudiosa furiosamente pró-cotas, disse mais ou menos isto (o “mais ou menos” é só porque cito de memória, mas o conteúdo é exato): “Se o conceito de raça serviu para construir a desigualdade, por que não usar o mesmo sistema de raça para construir a igualdade?” Em frase aparentemente singela e óbvia está a semente do mal. Afinal, poder-se-ia indagar o mesmo sobre qualquer horror: “Se os fuzilamentos de inimigos foram usados para construir a desigualdade, por que não usá-los para construir a igualdade?” Lênin deve ter feito essa pergunta e deu uma resposta. “Se os campos de trabalho forçados do czar foram usados para construir a desigualdade, por que não usá-los para construir a igualdade?” Stálin deve ter feito essa pergunta. E deu a resposta. “Se a manipulação da imprensa foi usada para construir o sistema de vocês, por que não usá-la para construir o nosso?” Agora não é imaginação: Goebbels, de fato, se propôs tal questão. E deu uma resposta.

Existem, sim, injustiças no ensino universitário brasileiro, e a mais grave e escandalosa passou longe do Supremo. Mas deixo isso para quando voltar dos braços de Morfeu. Atenho-me aqui às barbaridades conceituais alçadas à condição de categoria de pensamento.

Patrulheiros
Os petralhas patrulheiros estavam em festa. Vibravam, como já escrevi: “Você perdeu mais uma!” Perdi? O quê? Outro ainda tentavam: “Quando Lewandowski votou contra o aborto de anecéfalos, você concordou com ele; agora não!” Pois é… Eu sou assim: concordo quando concordo e discordo quando discordo. Sou mesmo esquisito. Outro tentava: “Nem Gilmar Mendes te apoiou desta vez!” Mendes, ministro do Supremo, ME APOIAR??? Eu não me dou tanta importância assim, e essa nem foi a primeira vez que discordei desse ministro em particular — embora a sua consideração sobre as cotas sociais tenha sido a única nota de racionalidade nos dois dias em que se debateu o assunto. Mas aceitou o princípio e está, segundo entendo, errado. Porque ele também não tem resposta para a minha questão essencial.

Os petralhas estão acostumados a levar a vida de joelhos, o que sempre lhes dá uma perspectiva deformada do mundo. Se Lula fala, eles têm de concordar — mesmo quando o Apedeuta considera que a Terra seria menos poluída se fosse quadrada… Se outro petista qualquer diz uma batatada, eles têm de dizer amém e, de joelhos, fazer o seu trabalho… Eu entendo que a independência está em concordar quando se concorda e em discordar quando se discorda. É assim que agem os que levam a vida de pé, não de rastros.

“Perdi” a votação do Ficha Limpa. Viola o princípio da presunção da inocência — apanhei muito dos meus leitores. Fazer o quê? Eles entram aqui para saber o que penso, não para concordar necessariamente comigo. “Perdi” no caso Raposa Serra do Sol. Índios e brancos estão hoje numa favela de Boa Vista. “Perdi” no caso dos fetos anencéfalos. Os que “ganharam” levaram para casa exatamente o quê? Eu não tenho o que fazer com a morte, só com a vida. Tinha “perdido” antes na questão da união civil de homossexuais, embora eu seja favorável à união em si, mas existe a Constituição. “Perdi” na questão das marchas da maconha. O Supremo reescreveu o Código Penal por conta própria. ”Perdi” nas cotas. Vou “perder” na demarcação da reserva indígena da Bahia…

É isso aí, leitores! Desistam do meu blog! Vão lá procurar as páginas do JEG. Eles são sempre vencedores, com aquela delicadeza de espírito característica, o reconhecido brilho retórico e a profundidade que a todos encanta. Essa escumalha não entende que um analista, um crítico ou um observador do seu tempo nem ganham nem perdem. Relatam o que veem, estimulam o debate, dizem o que pensam, cumprem a missão de romper o silêncio dos cemitérios. É que os petralhas, mesmo “vitoriosos”, estão sempre em guerra, tarados por levar os despojos, por destruir o outro, por aniquilar, por incendiar e salgar a terra.

Esses vagabundos não entendem que um jornalista, nesses casos, como diz abaixo o leitor Gonçalo Osório, ganha quando atende ao mandamento de sua consciência e só perde quando a trai.

Os meus leitores vêm ao meu blog em busca da fidelidade que devoto aos meus princípios, mesmo — E MUITO ESPECIALMENTE — quando bato de frente com a unanimidade.

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012às 7:03

A deterioração institucional, segundo um conselheiro deste blog

Recebo do leitor e conselheiro deste blog Gonçalo Osório o seguinte comentário sobre a sessão de ontem do Supremo, que decidiu pela constitucionalidade do regime de cotas:

Rei,
de fato, e gostaria de deixar toda minha solidariedade e simpatia aqui registradas a você, prefiro também dormir tranquilo com a minha consciência a ceder à unanimidade. O aspecto crítico mais relevante que você e outros têm assinalado no comportamento do STF é ceder ao grito das ruas. Não quero entrar neste momento na relação entre saber jurídico e grito das ruas. É óbvio que o “Zeitgeist” tem, sim, um peso grande no que qualquer suprema corte decide. Elas não são (e seria o fim se assim o fossem) instituições de pedra imutáveis. Mas estamos abordando uma questão de escala. Não concordo com a decisão do Supremo. Assim como achei uma barbaridade a decisão sobre Roraima (demarcação de terras indígenas). Você e eu, Rei, temos diferenças em relação a outras decisões do STF, mas não é disso que queria tratar aqui. O que me interessa é deixar fixado o fato de que é melhor dormir tranquilo com a própria consciência a ceder a qualquer maioria. Acho que é essencial prá nossa própria sobrevivência - estou falando da sua e da minha especificamente. São completamente imbecis os que encaram uma votação do STF como “perdeu ou ganhou”. As instituições brasileiras estão aos frangalhos, e o STF não é exceção. A imprensa, porém - refiro-me à instituição da imprensa -, deteriorou-se ainda mais. Era isso. Um desabafo.
abração

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012 às 6:51

A “Operação Delta” e o “não tenho nada com isso”

Se vocês procurarem nos arquivos dos jornais, sites e portais, verão que a construtora Delta demorou para virar um foco especial de atenção. No dia 8 de abril, escrevi um post a respeito, de que reproduzo um trecho (em azul). Volto depois.Delta, a construtora apontada como parte do esquema de Cachoeira, é uma velha amiga de Zé Dirceu e de Sérgio Cabral. E isso é apenas… fato!

A memória seletiva de certos setores da imprensa faz lembrar, às vezes, a seletividade dos que estão vazando informações sobre a Operação Monte Carlo. A construtora Delta, a empresa que mais toca obras do PAC, aparece, segundo relatório da Polícia Federal, atuando para o esquema de Carlinhos Cachoeira.
Delta, Delta, Delta… Esse nome não nos é estranho, certo?
Como lembrei aqui no dia
2 de dezembro do ano passado, o dono da empresa, Fernando Cavendish, é um homem que tem amigos poderosos. Dois dos mais destacados são Sérgio Cabral, governador do Rio, e José Dirceu, o “chefe de quadrilha” (segundo a PGR). No Rio, a Delta toca obras de R$ 600 milhões. Pelo menos R$ 164 milhões desse total foram contratados sem licitação. Naquele trágico fim de semana de junho, em que um acidente de helicóptero matou sete pessoas no litoral baiano, incluindo a nora de Cabral, o governador integrava o grupo que estava na Bahia para comemorar o aniversário de Cavendish. Cabral viajou àquele estado no avião particular de outro potentado do setor privado: Eike Batista (se quiser mais sobre o mundo cabralino, clique aqui). Adiante.
(…)

Voltei
Depois o papel da empresa foi se agigantando, até se descobrir seus impressionantes tentáculos em vários estados. Mais: finalmente a imprensa se lembrou dos vínculos pólíticos do proprietário da empresa. Ontem, a ministra Miriam Belchior (Planejamento) afirmou que, se a construtora quebrar, o governo não tem nada com isso. Huuummm… Mais ou menos, mais ou menos.

Ninguém celebra contratos de mais de R$ 4 bilhões com o governo e se torna o número 1 do PAC sem que se estabeleça ao menos uma relação de confiança. A pressa com que vemos a Delta ser agora desmontada, creio, há de chamar a atenção dos membros da CPI e da própria Polícia Federal. Afinal, como se nota, é disto mesmo que se trata: desmonte. Uma pessoa desconfiada diria que se trata de uma tentativa de apagar pistas. Também seu comandante maior, seu símbolo, decidiu se afastar da direção (ao menos formalmente) sem esboçar nem mesmo resistência. Nunca antes na história destepaiz…

O governo não tem nada com isso? Foi o governo que Miriam Belchior representa que fechou mais 31 contratos com a Delta, no valor de quase R$ 800 milhões, mesmo depois de a Controladoria Geral da República, em parceria com a Polícia Federal, ter constatado uma porção de maracutaias no Ceará. E isso é fato.

Mais: uma empresa que assume tal grau de responsabilidade em obras federais é, sim, um problema para o governo caso quebre. Afinal, não basta passar o contrato a outras: em quais condições, com que segurança, com quais valores?

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012 às 6:49

PT não quer que CPI investigue a Delta e se concentre só em Cachoeira

Na Folha:
Em reunião ontem no Congresso, o PT decidiu que, a depender da sigla, o foco da investigação da CPI do Cachoeira se restringirá à “organização criminosa” do empresário Carlos Augusto Ramos. Com isso, os petistas querem tirar da mira pessoas citadas lateralmente nas investigações e centralizar as apurações da comissão no que a Polícia Federal já mostrou. Em relação à construtora Delta, maior recebedora de recursos federais desde 2007, a orientação é evitar que a empresa vire foco -que deve recair sobre seus funcionários com participação no esquema de Cachoeira.

Sobre parlamentares, se novos indícios surgirem, eles deverão ser reunidos em relatório a ser enviado para os órgãos competentes, concluiu a sigla. “Vamos evitar generalizações, convocações e condenações precipitadas”, afirma o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Outra resolução foi a de não permitir a criação de subrelatorias na comissão -que poderiam acabar sob controle da oposição. E as principais decisões do relator Odair Cunha (PT-MG) deverão ser referendadas pelo PT.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012 às 6:47

Cachoeira deu dinheiro a assessor de senador, diz PF

Por Fernando Mello, Leandro Collon e Breno Costa, na Folha:
Seis dias antes de sua prisão pela Polícia Federal, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, entregou R$ 100 mil em dinheiro vivo a um assessor do senador Demóstenes Torres (ex-DEM), indicam relatórios da PF obtidos pela Folha. Quem recebeu o montante foi o policial militar Hrillner Ananias, cedido pelo governo de Goiás para assessorar Demóstenes, a pedido do parlamentar -o que é permitido por lei. O policial deixou a função de assessor logo após a prisão de Cachoeira.

Os relatórios da PF e as escutas telefônicas em que são baseados oferecem os primeiros indícios de que Demóstenes recebeu dinheiro de Cachoeira, cujas relações com políticos e empresários são objeto de uma CPI instalada nesta semana no Congresso. Por causa de sua ligação com Cachoeira, Demóstenes é alvo de uma investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da República no Supremo Tribunal Federal e de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado, que pode levar à sua cassação.

A PF gravou quatro diálogos em que a entrega do dinheiro foi discutida, no dia 23 de fevereiro, das 12h39 às 13h18. As escutas, feitas com autorização judicial, indicam que Ananias foi à casa de Cachoeira buscar o dinheiro, entregue pela mulher do empresário, Andressa Mendonça. “O Hrillner vai aí, dá 100, tá? Pra ele”, diz Cachoeira à mulher. Ao analisar o diálogo, o relatório da PF concluiu que “100″ são “R$ 100 mil”. Logo depois, Cachoeira fala com o assessor de Demóstenes: “Doutor Hrillner, vai lá com a Andressa lá, em casa, você vai lá? Fala com ela lá”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012 às 6:45

Diretor da Delta em SP também manteve contato com contraventor

Por Breno Costa, Fernando Mello e Leandro Collon, naFolha:
Os contatos do empresário Carlinhos Cachoeira dentro da empreiteira Delta também envolviam, segundo a Polícia Federal, o diretor responsável pelos negócios da empresa em São Paulo e na região Sul, Heraldo Puccini Neto. Novas escutas telefônicas obtidas pela Folha mostram que o canal de interlocução direta de Cachoeira com executivos da construtora não se limitava a Cláudio Abreu, ex-diretor regional para o Centro-Oeste, com quem foi flagrado em dezenas de ligações.

A Delta sempre negou relação com Cachoeira, circunscrevendo o episódio a Abreu, que foi afastado do cargo. As gravações, feitas pela Polícia Federal, mostram entretanto que Puccini Neto também se relacionava com Cachoeira. O executivo paulista está com mandado de prisão expedido pela por conta da Operação Saint-Michel, deflagrada anteontem em decorrência da Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira.

“DOUTOR”
Em 16 de agosto de 2011, Heraldo liga para Cachoeira e, imediatamente, segundo a PF, diz: “Tava precisando falar com você, cara”. Cachoeira já reconhece o dirigente da Delta: “Ô doutor Heraldo, tudo bom?”. Eles dizem então que continuariam a conversa pela internet. Os grampos da PF indicam que dois meses antes, Cachoeira se encontrou pessoalmente com Heraldo, Cláudio Abreu e Carlos Pacheco, diretor-executivo da Delta afastado de suas funções nesta semana, em Goiânia.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012 às 6:43

Grampos sugerem pagamentos de grupo de Cachoeira a Perillo e auxiliares

Por Fábio Fabrini, Alana Rizzo e Alfredo Junqueira, no Estadão:
Grampos da Polícia Federal, obtidos na Operação Monte Carlo, flagraram o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e seus aliados em conversas que insinuam pagamentos ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e integrantes do primeiro escalão do governo em troca de vantagens em negócios públicos. As conversas, que citam diretamente o nome do governador, complicam ainda mais a situação do tucano, que deve ser alvo de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira no Congresso.

Novas gravações obtidas pelo Estado indicam que a organização do contraventor, acusado de chefiar um esquema de jogos ilegais no País, se valia dos repasses para emplacar nomeações, abocanhar obras e vencer licitações tocadas pelo governo estadual em diversas áreas. Os diálogos mostram ainda que Cachoeira emprestou R$ 600 mil ao presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, um dos principais aliados de Perillo, ex-tesoureiro de sua campanha em 2010. A assessoria do governador não quis comentar o caso.

O pagamento é relatado pelo próprio Cachoeira numa ligação de 1.º de agosto de 2011. Do outro lado da linha, o então diretor da Delta Construções no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, responde que é preciso “tirar proveito da situação”, ao saber do empréstimo, conforme relatos que constam na investigação da PF.

Onze dias depois, Abreu diz a Cachoeira que está em segundo lugar em três licitações e que, se Wladimir Garcez - ex-vereador do PSDB que, segundo a PF, atuava como elo entre a quadrilha e o governo - negociasse com sucesso a saída de concorrente melhor colocado do páreo, ganharia recompensa. “Quero o lote 18. Se o Wladimir conseguir com o Marconi e com Jayme que o cara arranque a proposta dele e eu entre com a minha proposta, assino o contrato e eu dou R$ 50 mil pra ele”, promete. Em outra conversa, fica claro que o empréstimo de R$ 600 mil a Rincón teria rendido ao grupo de Cachoeira a nomeação de um parente na Agetop.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012 às 6:41

Cachoeira está revoltado e se considera preso político

Por Catia Seabra, na Folha:
Andressa Mendonça, de 30 anos, deixou na terça a penitenciária da Papuda, em Brasília, com um recado do marido, o empresário Carlinhos Cachoeira, 49. “Revoltado” e declarando-se “um preso político”, Cachoeira não descarta prestar um depoimento bombástico à CPI de que é alvo no Congresso. “Ele reflete muito. Como toda pessoa que está presa, longe dos seus, pensa uma coisa e, depois, pensa outra. Difícil saber o que vai acontecer. Ele não tomou uma decisão”, afirma. Preso desde 29 de fevereiro, Cachoeira diz que fizeram dele um “bode expiatório” e reclama de ser renegado por antigos aliados. A prisão frustrou os planos do casal, que noivaria no dia 14 de março, data do aniversário dela. Na terça, para a visita a Cachoeira, com quem vive há 9 meses, ela colocou a espessa aliança de brilhantes reservada para o noivado na mão esquerda. “Foi para mostrar minha lealdade.” No dia seguinte, quarta-feira, falou à Folha.

Folha - A senhora visitou o Cachoeira na Papuda. Ele emagreceu, perdeu…
Andressa Mendonça -
Quinze quilos. Ele já ganhou peso. A cabeça dele está muito bem. As ideias estão se organizando. Mais tranquilo, menos ansioso. O isolamento de Mossoró [RN, onde estava antes] fazia-lhe muito mal.
(…)
O que a senhora sente ao ver o marido retratado como o líder de quadrilha?
Revolta e tristeza. Julgam o Carlinhos por isso ou por aquilo. Mas a pessoa que eu conheço não é essa. O Carlinhos que eu conheço faz caridade, doa caminhão de macarrão para creche, doa caminhão de brinquedo. É humano, comprometido e responsável.

O que diz sobre essa acusação de exploração de jogo ilegal?
Acredito que ele é inocente, que vai ter oportunidade de falar e se defender. Ele se considera um preso político. Fica revoltado. Falou várias vezes que, após a ditadura, ele é um preso político. Que a [Operação] Monte Carlo tomou um rumo muito mais político do que a operação em si.

Mas qual é a lógica? Ele acha que é uma perseguição governamental?
Acha que fizeram ele de bode expiatório. Fiquei muito chateada quando um senador, acho que Pedro Simon [PMDB-RS], disse que ele é o futuro PC [Farias]. Pegaram o Carlinhos, julgaram, condenaram e agora querem matar.

Por que bode expiatório?
Ele não me fala em nomes. Mas, como tomou um rumo político, ele se sente assim. Fica com muito medo, talvez por ter sido levado a um presídio de segurança máxima. Ele é réu primário, não é um homicida, não cometeu crime hediondo.
(…)
Há uma grande expectativa em relação ao depoimento dele na CPI. Afinal, será uma bomba ou não vai falar nada?
Ele reflete muito. Como toda pessoa que está presa, longe dos seus, pensa uma coisa e, depois, pensa outra. Difícil saber o que vai acontecer. Ele não tomou uma decisão.

Então, não dá para garantir que ele será moderado, nem…
Não.

Verdade que ele gravava todas as conversas?
Não sei te responder. Como estou “casada” há pouco, nunca falamos sobre isso.

No calor do processo, muitos negam laços com Cachoeira…
Isso é cômico. Não entendo. O Carlinhos tem tantos amigos de todos os níveis sociais. Não vejo problema em dizer que o conheciam.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

26/04/2012 às 20:31

Dilma deve vetar trechos do novo Código Florestal, diz Carvalho

Por Catarina Alencastro e Isabela Bastos, no Globo:
BRASÍLIA e RIO - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, admitiu nesta quinta-feira que o governo não gostou da aprovação do texto do Código Florestal na Câmara dos Deputados. Ele sinalizou que à presidente Dilma Rousseff não restará outra alternativa a não ser vetar parte do texto.

Segundo o ministro, o Palácio do Planalto esperava que fosse aprovado o texto aprovado pelo Senado, que mantinha a obrigação de recuperação de áreas desmatadas ilegalmente às margens dos rios. O ministro disse que agora Dilma vai analisar que medidas tomar. “O Congresso realizou o que estava ao seu alcance. A presidente vai analisar com muita serenidade. Não é o que o governo esperava”, afirmou Gilberto, complementando que não iria fazer “adjetivos” sobre o resultado da votação que contou com os votos da maioria dos deputados.

Questionado sobre se a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20 influenciaria na decisão da presidente, Gilberto esclareceu: “Muito mais importante que a Rio+20 é o modelo de desenvolvimento sustentável que nós pregamos e os compromissos que assumimos”, afirmou Gilberto, referindo-se a promessa de campanha que Dilma fez em 2010 de não apoiar anistia a desmatadores.

Embora tenha participado do encontro entre Dilma e Lula no Palácio da Alvorada, na quarta-feira, Gilberto não quis revelar o conteúdo das conversas.
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Por Reinaldo Azevedo

 

26/04/2012 às 20:27

O próprio Perillo pede que Procuradoria Geral da República o investigue

No Globo
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que defende o governador de Goiás, Marconi Perillo, protocolou no começo da tarde desta quinta-feira uma petição na Procuradoria Geral da República (PGR), pela abertura de inquérito contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

Conforme o advogado, o pedido “inusitado” foi feito pelo próprio governador, que sustenta ser vitima de falsas interpretações equivocadas a respeito da investigação Monte Carlo, que desbaratou o esquema comandado por Carlinhos Cachoeira para exploração de jogos de azar.

- Esta é uma situação inusitada. Temos de produzir prova negativa de uma acusação infundada, sem rosto. Como o procurador pediu abertura de uma investigação contra o governador do Distrito Federal, e não abriu contra Marconi, então, o próprio governador pediu para ser investigado, mesmo que não haja elemento para isso. Diria que é uma ousadia do governador. Na minha carreira de advogado, nunca fiz isso antes - disse o advogado, que também defende o senador Demóstenes Torres (Sem partido-GO), investigado pelo Ministério Público Federal e que responde processo no Conselho de Ética do Senado.

A decisão foi tomada após a revelação de trechos de interceptação telefônicas nos quais Cachoeira conversa com o contador do grupo, Giovani Pereira, sobre o pagamento de dinheiro que seria entregue numa praça localizada perto do palácio do governo goiano ao ex-vereador Wladimir Garcez. Em um trecho do relatório da PF, que está no STF, Cachoeira aparece como mandante da entrega de remessa de dinheiro, R$ 20 mil de propina, ao deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). De acordo com a PF, Cachoeira ordena que seu contador entregue o dinheiro ao parlamentar.

A petição afirma que os rumores “caluniosos” chegaram ao ápice nesta quarta-feira, com a divulgação pelo blog Quid Novi de que Perillo teria recebido R$ 500 mil de Cachoeira no Palácio das Esmeraldas, sede do governo do estado de Goiás. “Por incrível que possa parecer, a citada matéria não teve a honestidade de reconhecer que o nome do requerente não é citado nas gravações em nenhum momento. Imediatamente, o requerente publicou nota em que classificou como irresponsável, leviana, inverídica e despropositada toda a história”, afirma a defesa do governador.

Almeida Castro afirmou que, na petição, incluiu trecho do relatório da Polícia Federal que indica que não há elementos para pedir a investigação de Marconi Perillo. E ressaltou que o que ocorre é uma interpretação de que esse dinheiro, supostamente pago a Garcez, teria beneficiado o governador de Goiás, que nega envolvimento no episódio.

” De todo modo, diante da situação rumorosa que se instalou, o requerente, consciente de sua mais absoluta inocência, busca ser investigado com isenção e seriedade. A investigação deve se dar - não por tiras hermeneutas ou pela imprensa sensacionalista - mas por essa prestigiosa casa e sob a supervisão do Superior Tribunal de Justiça”, expõe a defesa do governador em trecho da petição.
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Por Reinaldo Azevedo

 

26/04/2012 às 20:23

Esquema de Cachoeira no DF envolveu propinas de R$ 300 mil

Por Alfredo Junqueira e Fábio Fabrini, no Estadão Online:
O esquema montado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para tentar controlar o sistema de bilhetagem eletrônica do Departamento de Transportes Urbanos do Distrito Federal (DFTrans) envolveu negociações de propinas no valor de R$ 300 mil a servidores e reuniões com o secretário de Estado de Transportes, José Walter Vazquez Filho.

Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal no dia 07 de julho do ano passado mostram que o contraventor combinou com o então diretor da Delta Construções no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, o pagamento de “uma ajuda financeira” para Valdir Reis, assessor da Secretaria de Planejamento do Distrito Federal na época.

Segundo Cachoeira, o secretário de transporte do Distrito Federal “gosta muito” de Reis e vai deixar sob sua responsabilidade “esse negócio aí da bilhetagem”. O contraventor referia-se ao sistema de bilhetagem eletrônica da DFTrans, que rende cerca de R$ 6 milhões por ano e que passaria por uma licitação dirigida para favorecer uma empresa ligada à empreiteira.

“Ele (Valdir) pediu 300 mil. Mas nós temos que dar um dinheirinho para ele, porque o Zé Valter gosta muito dele, e vai deixar na mão dele esse negócio aí da bilhetagem aí, entendeu?”, explica Cachoeira ao diretor da Delta.

Abreu e Reis foram presos na quarta-feira, durante a Operação Saint-Michel promovida pela Polícia Civil e o Ministério Público do Distrito Federal. Trata-se de um dos desdobramentos da Operação Monte Carlo da PF, que, em fevereiro, prendeu Cachoeira e revelou um esquema de desvio de recursos públicos e financiamento de campanhas eleitorais capitaneado pela Delta.

Em outro registro feito pela PF em 31 de dezembro de 2010, uma conversa entre Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, araponga e braço direito de Cachoeira, e um homem não identificado revela um pouco as expectativas dos auxiliares do contraventor com a DFTrans. O interlocutor de Dadá diz que quer se aposentar e que vai procurar um deputado para auxiliá-lo.

“Vou querer uma boquinha numa quebrada dessas, um DFTRANS desses da vida aí. Pra roubar igual igual a um filho de uma p…, tomar dinheiro desses cornos até não poder mais”, diz o homem para Dadá.
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Por Reinaldo Azevedo

 

26/04/2012 às 20:18

O desmonte da Delta 2 - Prefeitura do Rio confirma saída da Delta de obras na cidade

Por Venceslau Borlina Filho, na Folha Online:
A Prefeitura do Rio de Janeiro confirmou nesta quinta-feira a saída da construtora Delta do consórcio formado com a Andrade Gutierrez para as obras da Transcarioca –corredor expresso que vai ligar a Barra da Tijuca à Penha. O comunicado foi feito pela própria direção do consórcio ao município. A Delta está envolvida em suspeitas de irregularidades com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso por exploração de jogos ilegais. Segundo a direção do consórcio, a Andrade Gutierrez vai assumir integralmente as obras. A expectativa é de que a mudança não traga prejuízos à continuidade das ações. No grupo, a Delta detinha 42% das ações.

A obra está orçada em R$ 798 milhões. Segundo a prefeitura, cerca de 35% das construções já foram feitas e 29% do contrato já foi pago. Na semana passada, a Delta teria deixado as obras de reforma do estádio do Maracanã. Ainda não foi feito comunicado oficial de sua saída. Nos últimos dias, a empresa deixou de aportar R$ 7 milhões para pagar fornecedores. A reforma no estádio é tocada em parceria com a Andrade Gutierrez e a Odebrecht. As empresas discutem a divisão do ônus. Na reforma do Maracanã, de R$ 860 milhões, o consórcio já recebeu do Estado cerca de R$ 320 milhões. Na semana passada, o presidente da construtora, Fernando Cavendish, disse à Folha que poderia quebrar, já que o foco na empresa levaria governos e bancos a sustarem pagamentos e créditos.

Nesta quarta-feira, Cavendish comunicou sua saída da direção da Delta. No seu lugar, foi nomeado o engenheiro Carlos Alberto Verdini. Uma auditoria externa analisará contratos da empresa e entregará os resultados às autoridades para descartar irregularidades e salva a empresa da falência.
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Por Reinaldo Azevedo

 

26/04/2012 às 20:14

Assim já é demais… “A democracia tem seus momentos que ultrapassam a dose”

Por Nádia Guerlenda e Felipe Seligman, na Folha Online:
O índio guarani Araju Sepeti, após interromper por mais de uma vez o voto do ministro Luis Fux, foi expulso na tarde desta quinta-feira do plenário do Supremo Tribunal Federal. Hoje é o segundo dia do julgamento sobre a política de reserva de cotas raciais nas universidades brasileiras.

Enquanto ministro Fux elogiava a política de cotas para negros, Sepeti, que estava sentado no auditório, passou a gritar, pedindo que os indígenas também fossem citados nas falas dos ministros.

Ele foi advertido pelo presidente do tribunal, ministro Ayres Britto, mas continuou a falar alto e interromper a fala de Fux. Britto, então, mandou aos seguranças que retirassem Sepeti, que estava acompanhado de sua mulher e duas filhas, uma delas ainda bebê.

Sepetii resistiu e foi arrastado para fora do tribunal, gritando que seu braço estava sendo machucado. Sua filha e sua mulher também gritavam e chamavam os seguranças de “racistas” e “cavalos”. “É assim que tratam o índio no Brasil”, afirmou Sepeti.

“A democracia tem seus momentos que ultrapassam a dose”, afirmou o ministro Fux após a expulsão de Sepeti.

Por Reinaldo Azevedo

 

26/04/2012 às 20:11

O desmonte da Delta - Se empresa quebrar, não é problema do governo, diz ministra

Na VEJA Online:
Se a Delta Construções quebrar, “o problema é da empresa, não é do governo”. Foi dessa forma que a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, procurou afastar especulações de que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) poderão sofrer atrasos ou paralisações por causa da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a atuação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

A Delta é a maior executora de projetos do PAC diretamente contratados pelo governo federal, a maior parte deles na área de transportes. De 2007 até agora, ela já recebeu R$ 2,968 bilhões em recursos do orçamento geral da União, segundo levantamento da organização não governamental Contas Abertas.

Nesse período, liderou o ranking das empreiteiras que mais receberam recursos orçamentários em todos os anos, exceto 2008. Considerando também os projetos sob responsabilidade das empresas estatais e todos os demais contratos, o total pago à Delta chega a R$ 4,130 bilhões, segundo informou o Executivo à CPI.

Com dezenas de obras em andamento para o governo federal, a Delta corre o risco de ser declarada inidônea em consequência de investigação que está sendo realizada pela Controladoria Geral da União (CGU). Se isso ocorrer, os contratos em andamento serão analisados caso a caso, podendo ser rescindidos. “Vamos ver o que vai acontecer, e quando isso acontecer nós vamos ver o que poderá ser feito”, desconversou a ministra. Ela afirmou ainda que as novas licitações para obras do PAC continuarão em ritmo normal.

Possíveis atrasos
“Dizer que não vai afetar o PAC é absoluta ilusão”, contestou o coordenador da organização não governamental Contas Abertas, Gil Castelo Branco. Ele observou que, no Ministério dos Transportes, onde uma crise derrubou a cúpula no ano passado e ainda há indefinição quanto ao novo comando, o ritmo de investimentos caiu. A redução foi de R$ 1 bilhão no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o ano passado.

“Se a Delta for considerada inidônea, os contratos vigentes podem ser interrompidos e tem todo um processo burocrático para convidar as empresas que ficaram em segundo e terceiro lugares, e isso leva tempo”, explicou. “Mas antes a descontinuidade do que a continuidade das fraudes.”

Ele não aposta, porém, numa total paralisia do PAC. Isso porque obras importantes não estão só a cargo da Delta, mas de consórcios de empreiteiras. “Ela está saindo do Maracanã, e as outras estão se arrumando”, observou.

Para evitar atrasos nas obras, segundo Castelo Branco, o governo poderá optar por parar apenas as partes que comprovadamente foram alvos de irregularidade. “Faz paralisações setoriais, cobra caução e coloca a CGU para acompanhar de perto”, especulou. “Não duvido que a solução venha por aí.”

Nas próximas semanas, deverá crescer a pressão para salvar os empregos da Delta e impedir a paralisação das obras. Haverá um esforço para separar a imagem da empresa da dos funcionários que cometeram fraudes, que levarão a culpa. “É o roteiro clássico”, antecipou o economista. Segundo Castelo Branco, isso só vai mudar quando for aprovado o projeto de lei 6826/2010, em tramitação na Câmara, que permite responsabilizar administrativa e civilmente as pessoas jurídicas por atos contra a administração pública.

Por Reinaldo Azevedo

 

26/04/2012 às 19:36

As tolices petralhas, a unanimidade e o convite de um leitor para que eu me redima

A petralhada decidiu invadir o blog: “Perdeu mais uma, perdeu mais uma!”, como se a decisão me dissesse pessoalmente respeito, como se eu não soubesse qual seria o resultado e como se eu já não o tivesse antecipado aos meus leitores. Ou ainda: como se eu tivesse alguma esperança de que fosse diferente.

Outro bestalhão diz que tentei, com meus posts, mudar o voto de ministros do Supremo. Imaginem se tenho essa pretensão ou imodéstia! Orgulho-me muito de um texto que escrevi há nove anos, acho (preciso achá-lo), intitulado “Zeitgeist”. Antecipava justamente situações como a que vemos agora no Supremo: o triunfo do espírito do tempo, da suposta “verdade coletiva” sobre o conteúdo e o mérito. O livro “O País dos Petralhas” — quem leu sabe — alerta para casos assim. E coisas piores virão se querem saber.

Assim, é uma tolice, uma estupidez, inferir que eu esperava outro resultado. “Então escreve por quê?” Porque quero. Porque sou um homem livre — ao menos por enquanto… Outro leitor, que certamente não me conhece direito, manda o seguinte comentário:

Reinaldo,
Se a decisão for unânime (o que não é comum) vc não acha que deveria fazer um exame de consciência? Será possível que TODOS os Ministros estão errados e vc está certo? Um pouco de humildade não faz mal a ninguém…
Felipe C. Tavares

Respondo
O que você andou comendo no almoço, Felipe? Perturbou o seu juízo? Desde quando maioria ou unanimidade são critérios de verdade? Posso lhe assegurar que não foi assim que a Terra continuou a girar em torno do Sol, se é que me entende…

Se eu desse bola para o que dizem por aí, venha de maiorias ou de minorias, em vez dos meus milhares de leitores, disputaria algumas centenas com  pobres almas que se limitam a referendar o consenso. Eu tenho certa vocação para ir “contra o consenso” — título, aliás, do meu primeiro livro.

Por Reinaldo Azevedo

 

A hora dos mentecaptos

A Internet é certamente uma conquista e tanto da humanidade. Como todos os avanços, não se dá sem alguns danos. Um deles é a ligeireza e a irresponsabilidade com que alguns vagabundos atribuem a adversários ou desafetos aquilo que não escreveram. E a mentira “cai na rede”.

Comentando o bate-boca entre os ministros Cezar Peluso e Joaquim Barbosa, no Supremo, escrevi anteontem o que segue:

(…)
A crise se instalou em razão de uma entrevista em que Cezar Peluso afirmou que Joaquim Barbosa é inseguro, tecendo algumas considerações um tanto irônicas sobre problemas de saúde do outro, que o levaram a faltar bastante. Em resposta, Barbosa desqualificou seu crítico com uma saraivada impressionante de adjetivos - entre os quais “brega e caipira”. Mas isso ainda parecia coisa de normalistas. Ultrapassou a linha do tolerável ao acusar Peluso de manipular decisões tomadas pela corte quando estava na Presidência. Aí a coisa é pesada institucionalmente!

Fosse isso verdade - felizmente, não é!!! -, as decisões a que ele se refere seriam ilegítimas. Barbosa, que vai presidir o Supremo daqui a oito meses, tem de saber que o tribunal é o remédio que remedeia os remédios, como dizia Padre Vieira. Entendeu, ministro? Depois de vocês, não há mais nada. Só o golpe de estado… Se o país não pode confiar na sua corte suprema, apelará a quem? Deus, a gente já viu, anda em baixa no Supremo, não é mesmo? Depois das lições todas que tivemos de laicismo pedestre na votação sobre o aborto de anencéfalos, acredito que há ministro achando que é Deus…
(…)

Voltei
Quando digo aos ilustríssimos do Supremo que, depois deles, “não há mais nada, só o golpe de estado”, estou, obviamente, alertando, com uma imagem forte, para o risco da desordem institucional, não expressando um desejo. A interpretação de alguns analfabetos morais e políticos não é da minha responsabilidade.

Recorrendo a uma imagem de um sermão de Padre Vieira, afirmo justamente que o Supremo é o remédio que “remedeia os remédios”. Destaco, assim, que o Supremo é a última instância. Em certa medida, é o Poder que cuida da relação entre os Poderes. Por isso mesmo, não pode se permitir certos chiliques — tampouco se comportar como se fosse um Poder Soberano, que não reconhece limites.

Todos os países que involuíram para regimes autoritários, ainda que sob a aparência de democracia, passaram pelo esgarçamento (a palavra não está no Houaiss, mas está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) do Judiciário: Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, Argentina… Chamei a atenção justamente para isso: num país em que a voz última da lei vive em estado de conflagração ou se comporta como autocrata, costuma ganhar relevo justamente o avesso do aparato legal, que é a força.

Entenderam, mentecaptos?

Eu estou justamente fazendo uma profissão de fé na democracia. Mas eu entendo os petralhas. Eles são burros mesmo! Não entendem linguagem figurada, ironia, sutilezas, essas coisas… Houvesse petralhas no mundo quando Swift recomendou que se comessem as criancinhas para acabar com a fome, eles não teriam dúvida: sairiam por aí metendo as presas e as garras nos infantes. E ainda diriam: “Foi o Swift que mandou!”

Por Reinaldo Azevedo

 

27/04/2012 às 16:25

Paulo Paim show!!! Só o público não compareceu…

Vale a pena ler este texto de Gabriel Castro, na VEJA Online:
O senador Paulo Paim (PT-RS) é o recordista de discursos na atual legislatura. Mas, nessa sexta-feira, ele superou a si mesmo: em um plenário esvaziado, o petista falou durante 42 minutos; abordou nove assuntos principais, incluindo incontáveis sub-temas, e chegou às lágrimas.

Paim começou falando do acordo de navegação na hidrovia Uruguai-Brasil (”É de muita importância). Depois, analisou a decisão do STF que liberou as cotas raciais (”Entrou para a história do nosso país”).  Em seguida, passou avaliar a causa dos quilombolas (”Pessoas que amam a natureza e que moram em casas de pau a pique”). Voltou às cotas e chorou ao tratar do tema (”Eu não queria, mas acontece”).

O petista também comentou a briga judicial que Internacional e São Paulo travam em torno do jogador Oscar (”Um jovem lutador que só quer trabalhar”). E até deu conselhos a alunos de uma escolha de Patos de Minas (MG) que visitavam o Congresso (”Recomendo a vocês muito estudo, muito esporte”).

Aplausos
Sem perder o fôlego, o petista lembrou a chegada do Dia do Trabalho (”Eu gostaria que fosse o Dia do Trabalhador”). Mandou um beijo aos estudantes mineiros que iam embora (”Tchau para vocês”). Defendeu a causa dos aposentados (”São o símbolo do trabalho”). Discorreu sobre o projeto do Estatuto da Juventude (”Temos que pensar nos jovens”). Animou os participantes do programa previdenciário do setor aeronáutico (”A luta não terminou”). E encerrou aplaudindo, literalmente, o Supremo (”Minhas palmas, hoje, são para o STF”).

O apupo só não foi acompanhando pelo plenário porque já não havia ninguém presente: apenas o paciente Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que não podia ir embora porque estava na presidência da sessão.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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