A mãe de Joaquim Barbosa também nasceu analfabeta! E não deu à luz um messias de araque!

Publicado em 07/10/2012 19:13 e atualizado em 10/06/2013 15:04
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

A VEJA desta semana traz na capa a imagem de um menino negro, de olhar severo e altivo. É Joaquim Barbosa, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, aos 14 anos. Num país acostumado à impunidade, ao “isso não vai dar em nada”, ele se tornou uma justa referência. Segue trecho da reportagem de Hugo Marques e Laura Diniz. Lula estava certo: um ex-garoto pobre viria a simbolizar a esperança, e falta muito para que cheguemos lá, do fim da impunidade no Brasil. A mãe de Joaquim Barbosa, leitor amigo, a exemplo da sua e da minha, também “nasceu analfabeta”. Acabou dando à luz um futuro ministro do Supremo, obcecado pela leitura e pelo estudo, não um Messias de araque…
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O menino Joaquim Barbosa nunca se acomodou àquilo que o destino parecia lhe reservar. Filho de um pedreiro, cresceu ouvindo dos adultos que nas festas de aniversário de famílias mais abastadas deveria ficar sempre no fundo do salão. Só comia doces se alguém lhe oferecesse. Na última quarta-feira, o ministro Joaquim Barbosa, 58 anos, apresentou seu voto sobre um dos mais marcantes capítulos do julgamento do mensalão — o “last act (bribery)”, “último ato (suborno)”, como ele anotou em inglês no envelope pardo que guardava o texto de sua decisão. Além do português, Barbosa domina quatro idiomas — inglês, alemão, italiano e francês. Pouco antes da sessão, o ministro fez uma última revisão no texto. Cortou algumas citações, acrescentou outras e destacou trechos. Não alterou em nada a essência da sua convicção, cristalizada depois de sete anos como relator do processo.

Durante mais de três horas, Barbosa demoliu a defesa e as esperanças dos petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, mostrando como eles usaram dinheiro desviado dos cofres públicos para subornar parlamentares e comprar o apoio de partidos políticos ao governo Lula. Exaurido pela dor nas costas que o martiriza há anos, o ministro anunciou seu “last act” no mesmo tom monocórdio com que discorreu sobre as provas: condenou por crime de corrupção ativa Dirceu, Genoino e Delúbio, que formavam a cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT). Dois ministros acompanharam o relator e um aceitou em parte as teses da defesa. A votação continua nesta semana, quando os seis ministros restantes vão revelar suas decisões, mas o Supremo Tribunal Federal, o STF, já consolidou perante os brasileiros o conceito — sem o qual uma nação não se sustenta — de que a Justiça funciona também para os ricos e poderosos.

Por Reinaldo Azevedo

 

O segundo turno em SP: basta que o político mande para que o eleitor obedeça?

Só São Paulo importa para a Lula. E agora? Tanto o PRB, de Celso Russomanno (21,6%), como o PMDB, de Gabriel Chalita (13,6%), são partidos alinhados com o governo federal. Mas quem não é? Só mesmo o PSDB, o PPS e o DEM — e, ainda assim, Brasil afora, essas três legendas se uniram com partidos da chamada “base aliada”. O DEM, por exemplo, está na coligação vitoriosa de Luiz Marinho (PT), em São Bernardo. Na pura aritmética, PRB e PMDB selariam um acordo com o petista Fernando Haddad, e a fatura estaria liquidada. As coisas, no entanto, não são assim tão simples.

Chalita, certo como a luz do dia, vai fechar com Haddad (28,98%) e se oferecerá para exercitar seu esporte predileto, depois de escrever livros como quem respira: atacar o tucano José Serra (30,75%). Tenta negociar algum cargo federal ou ter algum reconhecimento público do Planalto. Já o eventual apoio pessoal de Russomanno parece um pouco mais delicado: foi o PT que deu início à desconstrução de seu nome, especialmente para os eleitores da periferia. Setores da imprensa paulistana, alinhados escancaradamente com Haddad, atuaram com o petismo numa espécie de frente. O candidato do PRB acusou o petista, entre outras coisas, de mentir. Este, por sua vez, afirmou que as propostas daquele puniam os mais pobres. Terão ambos cara para pedir ao eleitor que compreenda agora uma eventual aliança? Vamos ver.

Quem é esse eleitor que resistiu e ficou com Russomanno, apesar da saraivada de balas? Estamos falando de 1.324.021 pessoas. É um mar de gente. Isso faz dele, só para que vocês tenham uma ideia, uma das pessoas mais votadas do Brasil. Só perde, claro!, para Serra e Haddad e para o campeão em número absoluto de votos: Eduardo Paes (PMDB), do Rio, que obteve 2.097.733.

Esse eleitor de Russomanno, cuja campanha tinha um inequívoco sotaque conservador — embora um conservadorismo meio tosco —, migraria facilmente para a candidatura Haddad só porque, afinal, os partidos pertencem à mesma base aliada do governo Dilma? Pode até acontecer, mas não por isso. O que estou dizendo, em suma, é que é bobagem esse negócio de alinhamento automático. É inegável, por exemplo, que a candidatura de Russomanno mobilizou setores consideráveis da população evangélica, que não tem lá muitos motivos para se deixar encantar pelo petista.

O mesmo vale para aqueles que escolheram Gabriel Chalita. Não tenho os dados, mas intuo que estamos falando de outro corte de renda. Embora o candidato, especialmente nos debates, tenha sido notavelmente agressivo com Serra, parece evidente que seu discurso não apela à mística petista. Chalita tem, sabidamente, uma penetração importante em fatias do eleitorado católico não exatamente próximos da dita “Igreja Progressistas” (seja lá o que isso signifique). Também nesse caso, não basta que ele diga que vai com Haddad para que os seus eleitores o sigam.

Resultado incerto
O PT precisará ainda inventar para Haddad um discurso que funcione, o que, prestem bem atenção!, até agora, não aconteceu. Enquanto a campanha do candidato insistia no “promessódromo” e na história do “maior ministro de Educação de todos os tempos”, que “tem o apoio de Lula e Dilma”, a candidatura patinou na casa dos 15%, um pouco mais, um pouco menos. Ele começou a se mover quando o PT aderiu, sem medo de ser feliz, à campanha negativa, desconstruindo Russomanno. O Haddad afirmativo convenceu pouca gente; o Haddad que partiu para o ataque conseguiu surrupiar parte dos votos do outro.

A campanha de Serra começou com a exposição de suas realizações, um pouco desatenta, de início, à formidável anticampanha de desconstrução de sua imagem que estava em curso — unindo petistas e setores influentes da imprensa. Percebeu a tempo que o eleitorado parecia ter poucas dúvidas sobre a sua biografia administrativa ou sua capacidade para gerenciar a cidade. Quando o tucano enfrentou a questão “Será que ele vai ficar se for eleito?”, a candidatura se estabilizou. E, como todos viram, o PSDB se encarregou de lembrar que, afinal, existe, sim, o julgamento do mensalão. A cúpula do petismo, diga-se,  que está sendo julgada pertence ao PT de São Paulo — mais especificamente, ao paulistano.

Abstenções, brancos e nulos
Há uma massa considerável de eleitores que preferiu não escolher candidato nenhum, alcançando índices inéditos. Deixaram de comparecer às urnas 18,49% dos aptos a votar. É o maior desde 1996, incluindo aquele ano: 17,20%. Vejam os demais: 14,20% (2000), 14,95% (2004), 15,63% (2008). Anularam o voto 7,35% dos que compareceram — nos demais anos: 5,40% (1996), 5,7% (2000), 4,39% (2004), 3,86% (2008). Votaram em branco desta vez 5,42%, contra 1,6% (1996), 4,1% (2000), 2,29% (2004), 2,81% (2008). Isso quer dizer que quase 30%  (28,9%) do eleitorado, de 8,6 milhões de pessoas, não escolheu… NINGUÉM!

Como todos sabem, mesmo quem se absteve no primeiro turno pode decidir votar no segundo. Tanto Serra como Haddad estarão falando também a uma massa enorme de eleitores um tanto descrentes. É com promessas que se conquistam eleitores que parecem um tanto ressabiados? Tendo a acreditar que não! Sem prejuízo, é evidente, de tratar TAMBÉM de questões concretas, que digam respeito ao dia a dia da cidade, parece-me que é o confronto de valores que pode fazer a diferença.

É possível que um novo país — e uma nova cidade, porque é nas cidades que moram as pessoas — esteja fazendo esforço para nascer. É aquele país que está aprendendo a admirar a Justiça e que se regozija com o fim da impunidade. É aquele país que exige, de fato e de verdade, ética na política, não apenas no discurso.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula: tudo, qualquer coisa e mais um pouco para tomar São Paulo

Luiz Inácio Lula da Silva resolveu medir forças com o governador Eduardo Campos (PSB), em Recife, e quebrou a cara. Humberto Costa (PT) ficou em terceiro lugar na disputa (17,43%), e, por muito pouco, o tucano Daniel Coelho (27,65%) não disputa o segundo turno com Geraldo Júlio, do PSB, que se elegeu com 51,15% dos votos válidos. Lula, aí com o suporte de Dilma Rousseff, também decidiu que era o caso de botar pra quebrar em Belo Horizonte. Não deu certo! Márcio Lacerda, também do PSB, com o apoio de Aécio, elegeu-se na primeira jornada. Já escrevi aqui e repito: não vejo eleições municipais como prévias de eleições federais. O que há de importante nesses eventos é a seguinte constatação: não basta Lula mandar para a população votar assim ou assado. Trata-se de um mito que não encontra suporte na realidade. Nessas duas grandes capitais, lideranças regionais tiveram mais influência. Nos dois casos, a ação de Lula e Dilma foi vista por parte do eleitorado como uma espécie de “interferência estrangeira”.

Os petistas sabem que não tiveram um resultado brilhante nas eleições. Por isso, nas redes sociais, tentam comemorar como uma grande vitória a ida de Fernando Haddad para o segundo turno. Os paulistanos podem se preparar. Vem jogo pesado pela frente. A máquina federal será mobilizada como nunca. Para Lula, eleger Haddad é uma questão de honra, já que o candidato é uma invenção sua. Não só isso: uma eventual vitória na maior cidade do país servirá para amenizar as feridas decorrentes do julgamento do mensalão.

O PT tinha candidatos próprios em 17 capitais. Só Paulo Garcia, de Goiânia, se (re)elegeu no primeiro turno. No país como um todo, fez 623 prefeituras — contra 1.013 do PMDB e 687 do PSDB. O partido está no segundo turno em seis capitais: São Paulo, Salvador, Fortaleza, João Pessoa, Rio Branco e Cuiabá. Chegou à frente em apenas três (Fortaleza, João Pessoa e Rio Branco). Não teve vantagem expressiva em nenhuma. O PSDB também fez um só prefeito de capital: Rui Palmeira, de Maceió. E está no segundo turno em oito outras: além da capital paulista, contam-se Vitória, São Luís, Teresina, João Pessoa, Manaus, Belém e Rio Branco.

A obsessão e o trampolim
É claro que os petistas querem vencer nas capitais em que foram à etapa seguinte e coisa e tal. Mas Lula trocaria, sem piscar, as seis por São Paulo porque depende vitalmente desse resultado para dar sobrevida a seu projeto pessoal. Nos oito anos em que ficou no poder, viu o PT ser derrotado duas vezes para a Prefeitura e duas para o governo de Estado. Ele próprio, na cidade, nunca obteve mais votos do que o adversário nas disputas que travou.

A cidade é vista como uma etapa importante de uma sonho antigo: tomar o Palácio dos Bandeirantes, lugar onde os petistas nunca puseram os pés. Por muito pouco — não fosse a intensa campanha negativa contra Celso Russomanno, que contou com amplo apoio de setores da imprensa —, o petismo não experimentou um desastre monumental. O Apedeuta fará tudo, qualquer coisa e mais um pouco para tomar São Paulo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Em SP, Ibope e Datafolha erram feio

Em São Paulo, o tucano José Serra chegou em primeiro lugar, com 30,75% dos votos válidos. Em segundo lugar, ficou o petista Fernando Haddad, com 28,99%. Celso Russomanno, que, segundo as pesquisas de opinião, liderava a corrida havia várias semanas, obteve apenas 21,69%. Em quarto, ficou Gabriel Chalita, com 13,59%.

O Ibope poderia comemorar: “Acertamos a boca de urna!” Pois é… Mas que vexame a pesquisa publicada um dia antes da eleição, não é mesmo? O Instituto viu um triplo empate. Todos estariam com 22% – ou 26% dos votos validos. Vale dizer: atribuiu a Serra quase cinco pontos a menos do que ele, de fato, obteve; 4,31 pontos a mais para Russomanno e 2,99 a menos para Haddad.

“Ah, a culpa é do eleitor!”, dirão muitos. Sim, claro que sim! Mas os institutos não existem justamente para tentar fazer uma amostragem que aproxime o seu levantamento da verdade? Afinal, já operam com margem de erro – quase sempre de 2 ou 3 pontos para mais ou para menos, o que significa uma folga de quatro a seis pontos. Fora desse intervalo, é preciso chamar as coisas pelo nome que têm: erro.

O Datafolha também errou. E feio. Viu Serra com 28%  – 2,71 pontos a menos do que ele obteve (está fora da margem de erro); apontou Russomanno com 27%,  mas ele ficou com modestos 21,5% (5,5 pontos a menos) e previu 24% para Haddad, que ficou, no entanto, com 28,99.

Em São Paulo, os dois institutos protagonizaram, não tem jeito, um vexame considerável. Ainda voltarei a este tema.

Por Reinaldo Azevedo

 

PT amarga vexame histórico em Recife

O vexame do PT em Recife se confirmou. E por pouco não se tem por lá uma surpresa e tanto. Geraldo Júlio, do PSB, candidato ungido pelo governador, elegeu-se no primeiro turno, com 51,15% dos votos válidos. Daniel Coelho, do PSDB, ficou com 27,65% dos votos.  O petista Humberto Costa amargou o terceiro lugar, com 17,43%. Essa é, sem dúvida, a maior derrota de Lula na disputa.

O resultado é bem diferente da última pesquisa Datafolha, que atribuía 46% a Júlio, 26% a Coelho e 21% a Costa.

Não custa lembrar que o atual prefeito, João da Costa, que é petista, venceu a convenção para disputar a reeleição, mas foi descartado pelo comando partidário, que impôs, com as bênçãos de Lula, a candidatura de Costa.

O resultado é o que se vê.

Por Reinaldo Azevedo

 

José Genoino equipara jornalistas a torturadores e demonstra ignorar a diferença entre ditadura e democracia. Faz sentido!

Por Matheus Magenta, na Folha. Volto em seguida:

O ex-presidente do PT José Genoino comparou ontem a imprensa brasileira à ditadura após ser questionado se tinha medo de ser preso. Ele é um dos réus do julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal) e três dos dez ministros já votaram pela sua condenação. “Vocês são urubus e torturadores da alma humana. Vocês fazem igual aos torturadores da ditadura. Só que agora não tem pau de arara, tem uma caneta”, gritou ele, logo após chegar para votar em um colégio eleitoral no Butantã (zona oeste de SP).

A comparação foi repetida mais de dez vezes pelo petista, a cada pergunta feita pela reportagem da Folha. Após o voto de sua mulher, Rioco Kayano, que o acompanhava, ele desistiu de votar e foi embora irritado com os sucessivos questionamentos. Durante o período em que esteve no local de votação, eleitores perguntaram para ele: “Cadê a ficha limpa?”

A Polícia Militar de São Paulo e os seguranças da Universidade São Judas, onde ele vota, tentaram impedir que a reportagem da Folha falasse com o ex-deputado federal (por cinco mandatos, sendo o último entre 2006 e 2010). “Dá pra respeitar o direito dele de votar? Ele não é mais um homem público”, argumentou a mulher do petista, atual assessor especial do Ministério da Defesa.
(…)

Voltei
Bem, se Genoino não distingue uma caneta de um pau-de-arara, presume-se que não saiba a diferença entre ditadura e democracia. Faz sentido. Por isso mesmo, sob o pretexto de combater a ditadura militar, ele tentou implementar no Brasil a ditadura comunista. 

Por Reinaldo Azevedo

 

A eleição em SP, algumas questões de princípio, o que eu quero e o que jamais faria

Eu acho que o tucano José Serra disputará a o segundo turno da eleição em São Paulo. Torço por isso e espero que vença a disputa. Não escrevo nenhuma novidade. Mais: acredito que terá mais acolhida do que lhe conferem os institutos de pesquisa. Existe uma espécie de voto envergonhado no PSDB em razão da pressão das milícias petistas — inclusive aquelas que atuam na grande imprensa (ver números num post abaixo). Mas digamos, só por hipótese (batam aí na madeira), que a jornada final fosse disputada entre Celso Russomanno (PRB) e Fernando Haddad (PT). O que eu faria diante dessa eventual tragédia?

Anularia gostosamente o meu voto! É uma opção que a democracia oferece, a exemplo do voto em branco. Nesse caso, o eleitor está dizendo que, para ele, tanto faz: qualquer um serve. O nulo tem uma qualidade diferente: corresponde a afirmar que nenhum serve. Em nome de que fundamento eu faria uma escolha entre o obreiro de Edir Macedo e o obreiro de Luiz Inácio Apedeuta da Silva? Não mesmo!

Quando as coisas andavam bem ruins para Serra — o cenário parece ter mudado —, ouvi aqui e ali aquela conversinha: “Pô, gente, Russomanno não dá! Tapo o nariz, mas voto no Haddad”. Não! Justamente porque o meu nariz não muda a realidade — e, pois, não o taparia! —, jamais faria isso. Por que eu daria meu voto a alguém que considera que matar depois de ler livros é moralmente superior a matar antes de lê-los? Por que eu daria meu voto ao responsável pelos aloprados kits gays, que são uma ofensa a qualquer fundamento razoável da educação de crianças e jovens? Por que eu daria meu voto ao ministro que armou a bomba, em várias frentes, do populismo universitário, que comprometerá o setor por gerações? Por que eu daria meu voto ao político em cuja gestão explodiu o analfabetismo (!!!) dos estudantes de terceiro grau?

E isso tudo ainda diz pouco. Por que eu daria meu voto àquele que representa uma confessada maquiagem do lulismo? Pesquisem no Google as motivações de Lula para tê-lo feito candidato. Queria alguém que fosse palatável à classe média paulistana e, como confessou no “Programa do Ratinho”, “bonitão”. Vale dizer: o lulo-petismo, que está em declínio, precisa de um Bell’Antonio para reciclar as suas forças. Com um orçamento de R$ 40 bilhões nas mãos, a tarefa ficaria mais fácil.

Será que, para impedir Russomanno de chegar à Prefeitura, valeria até um voto no lulismo? Mas nem debaixo de chicote! Costumo dizer que a Igreja Universal do Reino de Deus é o petismo da religião, assim como o petismo é a Igreja Universal da política. Uma representa a corrupção — na acepção nº 1 do dicionário — do cristianismo (e isso, reitero, nada tem a ver com os fiéis, que costumam crer por bons motivos); o outro representa a corrupção (em sentido amplo, incluindo o nº 1, da política).

Por óbvio, como está claro, não votaria também em Russomanno porque não vislumbraria em nenhum deles um mal menor. São males distintos, que podem eventualmente se combinar e se harmonizar, a exemplo do que acontece na esfera federal. Afinal, Dilma deu um ministério a Edir Macedo, por intermédio de Marcelo Crivella, sobrinho do sedizente “bispo”. Ao assumir, confessou que não sabia botar uma minhoca no anzol. Levou a pasta dentro da tal lógica do loteamento. Mas volto ao eixo.

Ainda que os petistas atuem, quando necessário, como ordem unida, o fato é que o partido tem matizes. Haddad é hoje a face edulcorada do pior petismo — que é justamente o lulista. O Babalorixá de Banânia se tornou uma força reacionária dentro de sua própria legenda. Sem ele, por exemplo, o julgamento do mensalão estaria correndo, os réus, sendo condenados, e o próprio partido poderia tocar a sua vida, descolando-se, afinal, daqueles que foram pegos pela legalidade. Mas não! A vaidade fez com que o Apedeuta investisse — de novo! — na tese do suposto golpismo das elites (como se o PT não fosse hoje o bibelô das ditas-cujas) e mobilizasse uma fatia considerável do partido contra o… Poder Judiciário.

A este PT ousaria alguém me pedir um voto útil contra Russomanno? “Voto útil” a quem? Às forças obscurantistas que já deixaram claro que não aceitam o funcionamento regular das instituições do regime democrático e de direito? Nem pensar! “Ah, então, só para não votar no PT, você entregaria a cidade…” Podem os que assim pensam interromper a frase antes de concluí-la! Não quero entregar a chave do cofre nem a Russomanno/Macedo nem a Haddad/Lula, ora essa! “Ah, mas alguém a teria de qualquer jeito…” Que fosse! Mas não com a minha conivência. O mensalão é a evidência do respeito que essa gente tem pela coisa pública!

Com o meu voto, o moribundo lulo-petismo não ganharia o direito de morder mais alguns pescoços. De resto, é evidente que a cidade é apenas um instrumento da turma para alcançar o que considera mesmo a joia da Coroa: o Palácio dos Bandeirantes. Justamente porque tenho nariz, nem Haddad nem Russomanno!

Escrevo este texto para deixar claro o que entendo estar em jogo. Não creio — não se trata de uma previsão, claro!; é só uma torcida — que os moradores de São Paulo terão de se haver com essa hipótese trágica. Que esta bela manhã seja prenúncio de um outro futuro. O julgamento em curso no Supremo — ainda preciso tratar do assunto de forma mais detida — tem mobilizado uma esperança nova em muitos brasileiros: ninguém precisa recorrer ao crime para mudar o país ou para ser justo. E os que fazem essa escolha têm de ser punidos.

Tomara que as urnas se alimentem dessa boa-nova!

Por Reinaldo Azevedo

 

Institutos erraram feio em 2004 e 2008 em favor do PT em São Paulo. Vamos ver neste ano

Datafolha e Ibope apontam um triplo empate em São Paulo. Considerando os votos válidos, o tucano tem 28% no primeiro instituto, contra 27% de Celso Russomanno (PRB) e 24% de Fernando Haddad (PT). Já o Ibope viu um empate exato: todos estariam com 26%. Vamos ver.

É tal a patrulha em favor do PT em São Paulo dos ditos formadores de opinião — o que inclui amplos setores da imprensa — que pode existir um voto envergonhado pró-PSDB. Não é pequena a hipótese de que aconteça o mesmo com Russomanno. A torcida em favor de Haddad chega a ser escancarada.

Serra costuma ter mais votos nas urnas do que lhe atribuem os institutos. Será diferente desta vez? Não sei. Em 2004, um dia antes do primeiro turno para a mesma Prefeitura de São Paulo, o Datafolha afirmou que ele teria 40% dos votos válidos. Obteve 43,56% — acima da margem de erro, que era de dois pontos para mais ou para menos. Marta Suplicy (PT), sua adversária, aparecia com 37%, mas ficou 35,82% — dentro da margem de erro. Uma diferença que era de três pontos na pesquisa acabou sendo, de fato, de 7,74 pontos — 158% maior.

Em 2008, um dia antes do pleito, o Datafolha afirmou que Marta teria 36% dos votos válidos: ela ficou com 32,79%. Geraldo Alckmin teria 21% — ficou com 22,48%. Kassab teria 30%, mas alcançou 33,61%. Ou por outra: o Datafolha viu Marta seis pontos à frente de Kassab, mas ela chegou 0,82 atrás. Erro do Datafolha nesse caso: 6,82 pontos.

Em 2004, o erro do Ibope em São Paulo chegou a ser escandaloso: sustentou que Serra teria 38% — notem que era apenas dois pontos abaixo dos 40% apontados pelo Datafolha. Como vimos, o tucano chegou com 43,56%. No caso de Marta, o tiro do Ibope passou longe: viu a petista com 40% (só três a mais do que o Datafolha), mas ela obteve apenas 35,82%. Vale dizer: o instituto detectou uma vantagem de dois pontos para a petista; de fato, foi de 7,74 a favor de Serra. Erro total: 9,74 pontos! Em 2008, o instituto apontou Marta com 38%, Gilberto Kassab com 30% e Geraldo Alckmin com 19%. Como vimos, os números foram bem diferentes. A diferença que seria de oito pontos a favor da petista era, na verdade, de 0,82 a favor do atual prefeito.

Por Reinaldo Azevedo

 

“O País dos Petralhas II” nas listas dos mais vendidos; o próximo lançamento será em Brasília; veja a agenda

Caros leitores,

Estou satisfeito e grato com a resposta dos leitores a “O País dos Petralhas II – O inimigo agora é o mesmo”. Neste sábado, o livro apareceu em oitavo lugar na lista dos “Mais vendidos” da VEJA (na semana passada, em 10º), em 7º na da Folha (9º há uma semana) e em 4º na do Globo (não publicou lista na semana anterior).

Abaixo, segue o calendário de lançamento em algumas cidades. Outras tantas estão sendo agendadas. Qualquer mudança ou nova data, aviso aqui.

Brasília
16/10 – Livraria Saraiva do Shopping Pátio Brasil.

Curitiba
08/11 – Livrarias Curitiba, do Shopping Estação

Porto Alegre
20/11 – Livraria Cultura do Bourbon Shopping

Florianópolis
28/11 – Livrarias Catarinense, do Continente ParkShopping

Por Reinaldo Azevedo

 

Hobsbawm: a inteligência a serviço do obscurantismo

Imperdível para quem gosta de história e de história das ideias o texto que Eurípedes Alcântara escreve na VEJA desta semana sobre o historiador inglês Eric Hobsbawm, que morreu no dia 1º deste mês, aos 95 anos.

Os males que o socialismo causou à humanidade não são triviais. Deveria bastar, para despertar o repúdio dos sensatos, o fato de que nenhuma outra convicção, ideologia, crença ou religião matou tanta gente. Não obstante, os marxistas ainda reivindicam, e assim são tratados, a condição de viajantes da utopia e da generosidade.

Fora da esfera moral, há a histórica, aquela em que transitava Hobsbawm, considerado o último grande vivo de uma ideia homicida. À sua morte, seguiram-se os panegíricos e os textos hagiográficos. É como se ele não fosse, até outro dia, o decano de uma fantasia liberticida — que, de resto, evidenciou a falência de todos os seus pressupostos teóricos.

Mediei um debate com ele em meados dos ano 90. O comunismo já havia desmoronado sob qualquer ângulo que se queira. Hobsbawm, acuado pelos fatos, seguia, no entanto, prisioneiro de uma ideia. As tolices de um homem inteligente são sempre mais chocantes do que as de um estúpido. Segue trecho do texto de Alcântara.
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Os ingleses são apaixonados por história. A Inglaterra deu ao mundo extraordinários historiadores. Edward Gibbon produziu no século XVIII a narrativa definitiva do declínio e queda do Império Romano. No século seguinte, Macaulay escreveu uma história da Inglaterra que ainda não foi superada. Muitos outros se ombrearam com esses em pesquisas e relatos rigorosos, originais, honestos e sagazes da história contemporânea. Alan John Percivale Taylor, Hugh Redwald Trevor-Hoper, Arnold Toynbee, para citar alguns poucos. Eric Hobsbawm, morto aos 95 anos na semana passada, não forma nesse time por ter deixado sua devoção religiosa ao marxismo embaçar sua visão do século XX.

O marxismo é um credo que tem profeta, textos sagrados e promete levar seus seguidores ao paraíso. Os poucos sistemas políticos erguidos sobre essa fé desapareceram. Sobraram umas ilhas de miséria insignificantes. Como todas as teocracias, os governos marxistas foram ditatoriais, intolerantes, rápidos no gatilho contra quem discordava deles — foram estados assassinos. O escritor inglês H.G. Wells, autor de A Guerra dos Mundos, descreveu o alemão Karl Marx (1818-1883) como “uma mente de terceira, postulador de uma tese de segunda, propagandeada por fanáticos de primeira”.

Hobsbawm teve a chance de presenciar evidências concretas de seus equívocos. Ele testemunhou o desmoronamento do comunismo, com a implosão do sistema soviético no começo da década de 90. Só muitos anos mais tarde admitiu que, por ter sido tão completo o colapso da União Soviética, “parece agora óbvio que a falha estava embutida no empreendimento desde o começo”. O encadeamento dedutivo lógico, racional, dessa constatação só podia ser o reconhecimento de que sua própria obra tinha uma falha estrutural de nascença — a cegueira aos crimes do comunismo.

Mas fé e razão não andam juntas. Van Gogh foi um louco que pintava nos momentos de lucidez. Ernest Hemingway era um porre quando bebia — e entornava —, mas escrevia sóbrio. Hobsbawm foi um comunista que fez coisas notáveis quando lúcido. Os filósofos Isaiah Berlin e Leszek Kolakowski demonstraram que o marxismo atua no mesmo nível mental da transcendência, área distante da que processa os pensamentos e atos racionais. Isso explicaria por que, mesmo morto e enterrado como teoria e prática, o marxismo sobrevive como igreja — ou igrejinha, quando instalado em círculos acadêmicos. Cardeal da seita. Hobsbawm tinha convicções impermeáveis aos fatos e à lógica.

Karl Marx se acreditava um observador científico da realidade cujas afirmações sobre a superação do capitalismo pela revolução comunista não eram meras previsões. Eram profecias. A classe operária ficaria tão numerosa e miserável que tomaria inevitável o confronto vitorioso final com a burguesia. Algo deu errado. Em vez de empobrecerem, os operários foram ficando mais ricos — muito mais ricos do que seus antepassados jamais sonharam. Os países europeus, alvo de Marx, aplacaram a radicalidade das massas com reformas e assistência social.

Marx recebeu uma carta de Friedrich Engels, o amigo que o sustentava com a mesada do pai, rico industrial alemão. A carta era um lamento desesperado: “Os proletários ingleses estão se tomando mais e mais burgueses, mais burgueses do que os de qualquer outra nação: nós temos agora uma burguesia aristocrata e também uma burguesia proletária”. É desconhecida a reação de Marx ao choque dado por Engels, mas nas religiões, a realidade não tem valor de convencimento. Os crimes cometidos por líderes e seu aparato de eliminação dos adversários (e dos aliados incômodos), a derrota moral e material da seita? São argumentos insignificantes para os convertidos.

(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

2012, 2014… Ou: Lula começa a sair do mito para cair na história

Nunca caí no erro — e o arquivo está aí — de considerar que eleições municipais são prévias da eleição federal ou mesmo estadual. Não são! Nesse particular sentido, o Brasil que vai para as urnas amanhã não antecipa tendência nenhuma. Ainda que o PT tome uma surra histórica, isso não significa que Dilma Rousseff corra especial perigo em 2014. Mesmo que o PSDB obtenha vitórias importantes, o possível pleito de Aécio Neves não sai necessariamente fortalecido. Eleições municipais e federais são domínios diferentes, com motivações também distintas. Não custa lembrar que, durante os oito anos de mandato de Lula, houve duas eleições na cidade de São Paulo (2004 e 2008) e duas eleições para o governo do estado (2006 e 2010). Mesmo com o forte apoio do Babalorixá de Banânia, o PT foi derrotado nas quatro oportunidades — no primeiro turno no caso dos pleitos estaduais. Lula e Dilma não venceram nos colégios eleitorais paulista e paulistano nas disputas pela Presidência.

Então essas eleições não têm importância nenhuma? Ao contrário! Têm uma importância gigantesca, sim, mas de outra natureza. Mostra que Lula está deixando de ser um mito para começar a entrar na história, o que só pode fazer bem aestepaiz… A trajetória das personalidades públicas costuma ter sentido contrário. Ocorre que os petralhas da academia, com a colaboração de boa parte da imprensa, resolveram antecipar a hagiografia lulista à biografia… O mito Lula começa a morrer. Como, em seu lugar, entra o homem, os erros se tornam, então, mais claros!

O eleitorado, como se vê acima, já não fazia o que Lula determinava quando ele estava na Presidência da República. Por que o faria agora? Ainda que a grande massa não tenha a exata noção dos domínios das três esferas da administração (municipal, estadual e federal), sabe o bastante para concluir que a presidente da República e um ex-presidente interferem pouco na gestão da cidade. Essa transferência de voto é bem mais difícil. Dados de eleições anteriores deveriam ter instruído a cobertura da imprensa — o que não aconteceu, com as exceções de sempre. Ao contrário: repetiu-se ad nauseam que, tão logo Lula entrasse para valer nas campanhas, o milagre se daria. E, no entanto, não se deu!

Há um risco concreto de o PT ficar fora do segundo turno em São Paulo pela primeira vez desde que se instituíram as duas jornadas. Em Porto Alegre, o candidato petista — com as bênçãos adicionais de Tarso Genro — será humilhado. Em Belo Horizonte, o risco de uma derrota é grande. Em Recife, então, Lula experimenta o seu maior vexame: viu Humberto Costa reduzido à quase condição de nanico. Um candidato do PSDB, que é um pequeno partido na capital pernambucana, pode disputar o segundo turno com o homem escolhido por Eduardo Campos.

“Reinaldo, se você mesmo escreve que são realidades locais que determinam as escolhas nos pleitos municipais, onde Lula entra nessa história?” Pois é… Em princípio, não deveria mesmo entrar em lugar nenhum! Mas ele fez questão de saltar para o centro do campo e bater a mão no peito: “Passa a bola pra mim, passa a bola pra mim…” Está usando a eleição de 2012 para tentar voltar ao topo da política, deixando claro quem manda.

Desta vez, mais do que quando estava na Presidência, ele transformou algumas disputas em questões pessoais, impondo, na base do dedaço, quem seria o candidato. Atuou assim em Recife e em São Paulo. E o fez na certeza de que o mito levaria uma enxurrada de votos para os seus ungidos; em vez disso, viu-se um homem feroz, pronto a satanizar os adversários do partido com aquela ladainha tosca do arranca-rabo de classes: ricos contra pobres…

Pela primeira vez desde que foi eleito presidente, os poderes do demiurgo estão sendo postos em xeque. E, não tem jeito, já foram derrotados pela realidade. A única esperança do PT para minimizar a derrota, que já está dada, é vencer em São Paulo. Se, no entanto, não conseguir nem mesmo passar para o segundo turno, aí não contará com aquele “mas” compensatório: “A gente se deu mal em várias capitais importantes, mas, ao menos…”

Concluindo
O que estou dizendo, em suma, é que boa parte do eleitorado está fazendo a sua parte ao resistir ao assédio moral de Lula — e, em muitos aspectos, de Dilma. Isso é extremamente positivo, reitero, porque evidencia que “O Mito” está a caminho da humanização — com todas as suas precariedades.

Para que isso que se verifica tenha algum efeito em 2014, será preciso que as forças de oposição criem uma narrativa alternativa, oferecendo aos brasileiros uma opção. Desconfio da quantificação que se fez por aí sobre o impacto do julgamento do mensalão nas intenções de voto. Influência há, seja qual for o número. E tudo isso por quê? Porque o STF ofereceu, enfim, uma narrativa daqueles fatos e daqueles dias. Aí o petralha tira as patas dianteiras do chão e afirma: “Está vendo? O Reinaldo admite que o tribunal atua como oposição!”. Uma ova! Eu admito, isto sim, é que os ministros que se prezam quebraram o encanto de uma farsa e passaram a chamar aqueles crimes por seus respectivos nomes no Código Penal.

Sem criar a sua própria narrativa, que enseja também um conjunto de valores, a oposição não vai longe em 2014, ainda que 2012 esteja sendo um ano bem ruim para o PT.

Por Reinaldo Azevedo

 

Companheiro de quartos clandestinos de hotel de José Dirceu ataca o STF. Faz sentido!

É impressionante! José Sérgio Gabrielli é aquele rapaz que a presidente Dilma Rousseff teve de botar para correr da Petrobras tão logo pôde. Graça Foster, que o substituiu, está desconstruindo a sua gestão, considerada ruinosa pelo mercado — e pelos fatos. Pesquisem a respeito. Como prêmio de consolação, ele se tornou secretário de Planejamento da Bahia. Jaques Wagner quer fazê-lo seu sucessor.

Gabrielli, vocês devem se lembrar, era uma daquelas pessoas que se encontravam com José Dirceu em quartos de hotel — à socapa e à sorrelfa. Também foi aquele senhor que contou uma mentira escandalosa em 2010 ao afirmar que FHC tentara privatizar a empresa. Vale dizer: Gabrielli não tem limites.

E provou isso de novo! Ontem, acusou o STF de estar ameaçando o estado de direito. Na Folha, leio o seguinte trecho: “Ele exemplificou criticando a ‘teoria do domínio do fato’, usada para acusar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu de comandar o mensalão. Segundo Gabrielli, essa é uma condenação ‘assumidamente sem provas’”.

Uma correção na reportagem: a teoria do domínio do fato foi citada, mas Dirceu está sendo condenado em razão de suas ações quando ministro, que evidenciam a sua ligação com o esquema criminoso. NÃO ESTÁ SENDO CONDENADO SEGUNDO A TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO COISA NENHUMA!

Quanto à acusação de que o STF condena sem provas, feita pelos ex-maquiador da Petrobras, temos aí um casamento infeliz em que a ignorância instrui a militância e a militância dá voz ativa à ignorância. Petismo enfim!

Por Reinaldo Azevedo

 

Lembram da tal Conferência de Comunicação que excitava os sujos? Pois é… CGU aponta desvio de R$ 1,26 milhão!

Ah, esta é do balacobaco! Do arco da velha, como se dizia no tempo em que Franklin Martins pertencia a um grupo terrorista que tentava implantar o comunismo no Brasil!!!

Lembram-se da Confecom, a tal Conferência de Comunicação que fazia os blogueiros sujos sujar o shortinho de contentamento? Que deixava alguns anões morais, ladrões contumazes de dinheiro público, excitadíssimos, a pedir a “ley de medios” — censura! — no Brasil? Pois é…

Leiam o que informa Andreza Matais, na Folha:

A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou desvio de R$ 1,26 milhão em recursos públicos durante a realização da Confecom, a Conferência Nacional de Comunicação, realizada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva em 2009 para discutir a regulamentação da mídia. Segundo o relatório preliminar da auditoria feita pela CGU, ao qual a Folha teve acesso, a Fundação Getulio Vargas (FGV), contratada para realizar o evento, recebeu do Ministério das Comunicações pagamentos por serviços não executados ou sem serventia, “causando prejuízo ao erário”. Procurada pela Folha, a FGV disse que já prestou os esclarecimentos ao Executivo e que, portanto, não iria se manifestar.

(…)

Voltei
Viram? Só o que a própria CGU considerou “desvio” chega a R$ 1,26 milhão. Quanto dinheiro não se terá gastado para que meia-dúzia de tarados ideológicos ficassem babando o seu rancor!?

Segundo o relatório, a fundação recebeu R$ 438 mil para monitorar as conferências estaduais e não monitorou nada. Levou R$ 390 para a elaboração de um caderno que deveria ser entregue aos participantes, que só ficou pronto quatro meses depois. Abocanhou outros R$ 486 mil para a transmissão em tempo real do evento, o que também não aconteceu.

Franklin Martins, então o chefão da comunicação e da publicidade do governo Lula, foi quem comandou a tal Confecom.

Por Reinaldo Azevedo

 

Novo inquérito vai apurar relação entre Dantas e PT

Por Flávio Ferreira, na Folha:
Uma nova frente de apurações do mensalão em São Paulo investigará se o grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, usou o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para intermediar repasse de suborno ou de doações ilegais ao PT. A investigação é resultado do desmembramento de um inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar se o mensalão envolveu pessoas e empresas além dos 40 réus denunciados pela Procuradoria Geral da República em 2006, agora sob julgamento. O relator do caso no STF, ministro Joaquim Barbosa, acolheu em agosto o pedido da Procuradoria para a abertura do novo inquérito na Justiça Federal de São Paulo.

Segundo a petição do Ministério Público Federal, a apuração anterior, que foi executada pela Polícia Federal, “encontrou elementos de prova que confirmam que as empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular, que pertenciam ao grupo Opportunity, dirigido à época dos fatos por Daniel Dantas, aderiram ao esquema criminoso montado pelo empresário [Marcos Valério]“.

PAGAMENTOS
O inquérito da PF, concluído pelo delegado Luís Flávio Zampronha em 2011, rastreou os pagamentos feitos por três empresas de Valério às companhias telefônicas. O levantamento apontou pagamentos no total de R$ 168 milhões entre 1999 e 2005, quando o escândalo do mensalão veio à tona.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Militante petista agride repórter fotográfico. É a democracia do pescoção!

Na Folha:
O repórter-fotográfico Moacyr Lopes Junior, da Folha, foi vítima de agressão de um militante do PT em caminhada do candidato a prefeito Fernando Haddad ontem à tarde, no centro. O ato teve ao menos três incidentes com violência próximo à praça da República, de onde os petistas iniciaram o trajeto a pé até a praça da Sé.

Na rua 7 de Abril, o jornalista tropeçou e caiu junto com um militante da campanha. Ao se levantar, foi segurado pelo pescoço e recebeu uma “gravata” enquanto tentava preservar seu equipamento profissional. O candidato manifestou solidariedade ao repórter após saber do incidente. A coordenação da campanha disse não ter identificado o agressor, que usava camiseta vermelha e foi fotografado. O PT lamentou o episódio e apresentou pedido de desculpas.

Comento
Foi Bernardo Mello Franco quem narrou o que vai acima? Ele deveria ter empregado o critério a que recorreu para relatar (ver post na home) o episódio de violência de que Serra foi vítima em 2010: “O pescoço do repórter da Folha teria sido agarrado durante tumulto com simpatizantes do PT”…

Por Reinaldo Azevedo

 

Marta Suplicy já deixa a sua primeira marca na Cultura: um edital só para negros!!!

Sim, eu voltarei a este assunto. Fiquem agora com a informação da Folha:

O anúncio do lançamento de editais exclusivos para criadores e produtores negros, feito anteontem pelo Ministério da Cultura, dividiu opiniões entre acadêmicos e artistas brasileiros. Enquanto parte defende os editais, que devem ser lançados no Dia da Consciência Negra (20/11), outros os consideram preconceituosos. ”É um absurdo. Se eu fosse negro, ficaria muito puto. É uma coisa de demência, ligada à culpa cristã de classe média branca. É só um passo a mais pelo ódio racial que está sendo potencializado desde que o PT entrou no poder”, disse o cantor Lobão.

Para o autor de “Cidade de Deus”, Paulo Lins, a medida anunciada pela ministra Marta Suplicy é boa e necessária. ”O negro tem que ter privilégio e inclusão em tudo. Ele foi sacrificado durante 400 anos de escravidão no país.” KL Jay, do Racionais MC’s, concorda com Lins sobre a dívida que o Brasil tem com os descendentes de escravos. “O país me deve muito mais.” Já o cineasta Zelito Viana, que produziu “Terra em Transe” (1967) e “Cabra Marcado Para Morrer” (1985), considera a medida “racista”. “Agora haverá editais também para anão e para mulher?”

Para o professor de ciência política da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) João Feres Júnior, a medida é importante porque a cultura brasileira é “extremamente branco-cêntrica”. ”Os produtores de narrativas são quase que exclusivamente brancos ou falam de uma perspectiva da qual a questão do racismo e da discriminação é invisível.” O compositor, pesquisador e escritor Nei Lopes concorda com Feres Júnior. ”Há uma grande ‘invisibilização’ da produção do povo negro nos circuitos da ação cultural”, afirmou Lopes.

Danilo Miranda, diretor do Sesc-SP, disse ter inicialmente se assustado com o anúncio. “Achei que seria inadequado para um país que respeita a igualdade. Mas, depois, achei que se tratava de algo adequado para tornar o Brasil um país mais justo.”

LEGALIDADE
Para o sociólogo Demétrio Magnoli, a medida é discriminatória porque viola a igualdade constitucional entre os cidadãos, mas hoje “infelizmente” é legal graças à decisão do Supremo Tribunal Federal a favor das cotas raciais no vestibular da universidade de Brasília (UnB).
(…)

Encerro
Lobão acerta na indignação, mas erra no diagnóstico. O cristianismo não tem nada com isso, não! Até porque, na sua essência, não distingue os homens pela cor da pele. Faz justamente o contrário. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Chalita jura por Deus que segue todos os fundamentos da Bíblia?

É espantoso! O candidato do PMDB à Prefeitura, Gabriel Chalita, agora se tornou juiz da religião alheia. Pelo visto, decidiu privatizar o catolicismo, depois de impor a sua presença numa missa. Leiam o que informa Daniel Roncaglia na Folha. Volto em seguida.

O candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, voltou nesta sexta-feira (5) a atacar no adversário tucano José Serra. Ontem, os dois se encontraram na missa do padre Marcelo Rossi, o que causou constrangimento.
“Serra é estranho. Ele foi à missa e não queria que eu fosse. Onde já se viu isso? Que cristianismo é esse? Ele não entende nada de cristianismo”, afirmou o pemedebista, durante caminhada na zona oeste da cidade.

Chalita disse que não foi à missa fazer campanha e lembrou que é católico praticante. Sobre o encontro com o tucano, o pemedebista disse que não houve conversa. “Ele me cumprimentou friamente. Ele nem quis dar o abraço da paz.” Serra foi convidado a ir à missa no início da semana. Já Chalita, telefonou na manhã de ontem ao bispo de Santo Amaro, dom Fernando Figueiredo, para dizer que queria ir à cerimônia. O peemedebista foi avisado, então, que Serra já havia sido convidado. Houve um pedido para ele que não fosse ao ato. Mas Chalita insistiu. Disse que estava indo à “casa de Deus”.
(…)

Pergunto
Chalita jura por Deus que segue todos, TODOS DE VERDADE!!!, os fundamentos do catolicismo, inclusive aqueles do Velho Testamento que foram endossados no Novo? Se o debate for sobre hipocrisia no cotejo entre aqueles fundamentos e a prática, ele tem certeza de que passa de ano?

Não, senhor Chalita! Não é assim que se faz. Se o senhor se dá o direito de ser juiz da religião alheia, abre-se também ao julgamento, não é mesmo?

Releia o Catecismo, rapaz! Assim não!!! Não se coloque como juiz dos outros! Antes que sobrevenha uma chuva de fogo e enxofre.

É cada uma!!!

Por Reinaldo Azevedo

 

Dirceu, a hora da mão à palmatória, o roubo das hóstias e o poeta Wordsworth…

Esse advogado de Dirceu… Leio na VEJA Online o que segue. Volto em seguida:

Em troca de mensagens com seu advogado, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu , disse, nesta quinta-feira, dar a mão à palmatória. O e-mail de Dirceu para José Luís Oliveira Lima foi flagrado por um fotógrafo no celular do advogado. “Dou a mão a palmatória, mas vamos hoje para o mérito…”, diz o ex-ministro.

Até agora, três ministros do STF condenaram Dirceu. Isolado, o revisor, Ricardo Lewandowski, inocentou na sessão de quinta-feira o réu, apontado como chefe da quadrilha do mensalão.

No celular do advogado, havia ainda uma mensagem da mulher de Dirceu, Evanise Santos. “Juca, estamos juntos. Esse é um momento tenso para todos nós”, diz Evanise. Tanto Dirceu como Evanise estavam respondendo a um e-mail enviado pelo advogado, com um clipping de notícias do escritório de José Luís Oliveira.

Voltei
Pô, o celular desse Oliveira Lima é mais público do que recipiente de água benta em igreja: todo mundo põe a mão. É SMS, e-mail, tudo… Eu também quero acesso ao celular do… “Juca”, como é chamado por amigos e pela imprensa!

Se Dirceu desse a mão à palmatória, não deixaria de ser um avanço. Certa feita, numa entrevista, para demonstrar que era mesmo um inconformado e um rebelde desde criança, Dirceu contou que roubava hóstia quando coroinha em Passa Quatro (MG).

Escreveu Wordsworth num belíssimo poema (verso aproveitado depois por Machado de Assim no romance Brás Cubas), “o menino é o pai do homem”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Gilberto Carvalho canta: “Desta vez, doeu demais”

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, participou da inauguração da exposição de Caravaggio, em Brasília, e foi convidado a comentar a situação de José Dirceu no STF. Deve ter sido a primeira vez na história da humanidade que as respectivas categorias a que pertencem Dirceu e o Caravaggio se combinaram num mesmo texto… É bem verdade que o pintor, gênio absoluto, era pé-na-jaca e tinha um lado bagaceira. Dirceu nunca foi um gênio.

Bem, Carvalho quase cantarola aquela versão medonha que fizeram para “Lately”, do grande Steve Wonder, celebrizada na voz de Gal Costa. Respondeu: “A dor me impede de falar, neste momento, desta questão”.

Carvalho, sempre muito sabido, podia mandar ver:
“Vão dizer que são tolices.
que podemos ser felizes,
Mas, tudo o que eu sei, não dá pra disfarçar:
Desta vez, doeu demais”.

A versão no Brasil tinha uma conclusão: “Amanhã será jamais”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Eis mais uma delinquência política de Lula. E vejam como ela é relatada à altura — ou à “baixura”…

Peço que vocês leiam com atenção este trecho de uma reportagem da Folha Online, sobre o minicomício em favor de Haddad de que Lula participou hoje. O texto é assinado por Bernardo Mello Franco e Luíza Bandeira. Volto em seguida.

(…)
No palanque em frente à catedral, Lula voltou a ironizar o episódio em que Serra foi atingido por um objeto na campanha presidencial de 2010, durante caminhada na zona oeste do Rio.

“Não aceitem provocação de ninguém. Nós sabemos que tem um candidato aí que até uma bolinha de papel que alguém jogou na cabeça dele ele disse que foi uma agressão e culpou o PT há dois anos”, disse Lula aos militantes.

“Então, por favor, nada de brincar de bolinha de papel. Nessas últimas 24 horas, nem bolinha de sabão vocês podem fazer.”

Na ocasião, Serra disse ter sido atingido na cabeça por um objeto pesado, durante tumulto com simpatizantes do PT.

Voltei
Vamos ver. As palavras fazem sentido. Ainda que o objeto que atingiu Serra tivesse sido uma bolinha de papel ( não foi; essa é a versão, então, da TV de Silvio Banco Panamericano Quebrado Santos), pergunta-se: aquele é um comportamento aceitável? É bom lembrar que o tucano foi cercado por uma horda, por um bando, por uma súcia de fascistoides que queriam impedir a sua passagem.

O que o discurso de Lula faz? Legitima aquela prática! Ao fingir que está pedindo para que não joguem a bolinha de papel, está afirmando o contrário do que anuncia: “Podem jogar; bolinha de papel é coisa pouca”. Na fala de Lula, Serra é o culpado pela agressão que sofreu. Foi, sim, um objeto pesado que atingiu a cabeça de Serra, como deixaram claro um exame médico e uma perícia nas imagens.

Agora a reportagem
“Ah, lá vai o Reinaldo falar mal do cara que criticou o livro dele”… Pra começo de conversa, ele não criticou o meu livro porque nem leu. Ele criticou o autor. Ainda que eu também o fizesse, seria troca de afetos. Mas não é isso, não! A minha análise é objetiva.

Segundo Bernardo, Serra “disse ter sido atingido…” Mera versão de agredido, não é? Moralmente, parece ter um peso menor do que a do agressor. Ao ignorar a perícia da imagem e o próprio exame médico, relativizando a versão da vítima, Bernardo dá curso à versão dos vândalos. Bingo!

Mas não é só isso: aquilo que o repórter e sua companheira de texto chamam de “objeto” teria sido lançado, atenção!, “durante tumulto com simpatizantes do PT”.Ah, bom… Sabem como é tumulto, né? Notem que desapareceram os agentes dolosos da ação. Não está evidenciando que o tucano, em 2010, foi cercado pelos petistas, tendo cerceado o seu direito de ir e vir. Não está caracterizado que os fascistoides, como as hordas chavistas, tentaram impedir o adversário de fazer campanha.

“Tumulto” é um substantivo abstrato, sem agentes. Bernardo e a companheira não descobriram ainda as virtudes saneadoras, no que respeita à verdade, do particípio passado do verbo “promover”. Poderiam, ao menos, ter recorrido a um “durante tumulto promovido por militantes do PT”. Mas quê… Sempre destacando, diga-se, que “simpatizante” é uma coisa e “militante” — como foi comprovadamente o caso — é outra. Da forma como  a dupla de companheiros relata o fato, fica parecendo que o tucano resolveu fazer campanha em meio aos petistas…

Querem alguns que o nome disso seja “isenção jornalística”. Então tá. 

“O Bernardo não gosta do Reinaldo, e o Reinaldo se vinga…” Não precisa gostar. Aliás, é bom que não goste. Ele poderia, ao menos, gostar das palavras, respeitando o sentido que têm. Foi essa gente, não os ditos “desinformados e pobres” da periferia que deu à luz um tal Russomanno. Gente com o perfil daquele rapaz prospera num ambiente em que a verdade está em constante processo de depredação.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja)

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