Foi-se a esperança de Lula e dos lulistas: Dilma confirma que disputa a reeleição em 2014. Quanta ingratidão!!!

Publicado em 19/01/2013 08:32 e atualizado em 21/05/2013 14:55
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Pois é… Lá se foram as últimas esperanças dos lulistas. A presidente Dilma Rousseff confirmou que vai mesmo disputar a reeleição em 2014. Bem, nunca duvidei disso. Os fanáticos do lulocentrismo é que mantinham as esperanças. Há no partido quem veja isso como uma espécie de ingratidão. Pode até ser que um oposicionista ou outro fizesse votos de que Dilma quebrasse a cara, mas fiquem certo de uma coisa: ninguém mais do que Lula torcia, e torce ainda, por isso… Não virá nenhum grande sacolejo até 2014. Se a oposição não demonstrar que pode ser melhor do que ela e se não transformar em linguagem política as ruindades do governo, Dilma fica até 2018.

Lula terá de se contentar com o PT. Há a banda que torce para que dispute o governo de São Paulo. Imbatível? Sei lá. Ele nunca venceu uma eleição no colégio eleitoral do estado. Vai que dispute e perca… O Demiurgo encontraria um fim melancólico. Não creio que ceda à tentação, mas nunca se sabe…

Escrevi ontem um longo texto a respeito. Consta que, em fevereiro, ele começa a percorrer o país, numa reedição de suas caravanas. Os seus fanáticos dizem que vai defender “seu legado”. Imaginei que Dilma já o fizesse…  Leiam o que informa Fernando Krakovics no Globo.

Em sua terceira conversa desde o início de novembro com o presidente do PSB e pré-candidato à Presidência da República em 2014, governador Eduardo Campos (PE), na última segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou categoricamente que é candidata à reeleição. O socialista, que tenta viabilizar sua própria candidatura, mas continua na base de apoio ao governo, não se posicionou em relação ao eventual apoio à reeleição de Dilma. Comprometeu-se apenas a ajudá-la a fazer uma boa administração neste ano de 2013.

Setores do PT gostariam que o ex-presidente Lula fosse candidato em 2014, já que Dilma mantém uma relação mais distante com o partido. Essa opção também funciona como uma espécie de garantia caso algo vá mal no governo. Já a presidente tem evitado falar publicamente sobre o assunto porque não quer antecipar o debate eleitoral, o que poderia prejudicar sua administração.

Integrantes do PSB e interlocutores de Eduardo Campos contaram que, na conversa de segunda-feira, no Palácio do Planalto, Dilma afirmou que será candidata à reeleição e pediu apoio do presidente do partido para atravessar 2013, principalmente por causa da crise econômica e da necessidade de retomar o crescimento do país. A informação foi divulgada pela agência Reuters, e confirmada pelo GLOBO.

“O PSB é fundamental para nós (governo). Se você é candidato ou não, não altera”, teria dito a presidente para Campos, de acordo com interlocutores do pernambucano. “Eu vou para a reeleição”, teria afirmado a presidente, sem ter de volta o compromisso de apoio de Eduardo Campos.

O tom da conversa foi uma saia-justa para Campos. Ele ainda não sabe se realmente será candidato, porque, para isso, precisa costurar apoios e analisar o cenário político e econômico, para ver se tem alguma chance. O presidente do PSB não quer entrar em uma aventura, mas também não quer excluir seu nome do processo.

Enquanto isso, os socialistas continuam no governo Dilma, ocupando dois ministérios, Integração Nacional e Portos. “Nossa estratégia hoje é que o Eduardo não pode dizer que é candidato e também não tem como dizer que não é. E ele também não quer se expor”, disse uma pessoa próxima de Campos.

Depois da conversa de quase duas horas, o presidente do PSB deixou o Planalto repetindo o discurso de apoio ao governo federal, mas sem se comprometer com as eleições de 2014. Ele disse que antecipar o debate eleitoral não interessa ao desenvolvimento do país.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula, o obsolescente, agora passa a assombrar Dilma Rousseff

Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, como se sabe, reuniu-se anteontem com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a vice, Nádia Campeão, e 10 secretários municipais. Deu uma aula sobre como deve funcionar a Prefeitura, a necessidade de parcerias com o governo federal e do estado, as prioridades da gestão etc. Lula não exerce cargo nenhum nem mesmo no PT. Se o Apedeuta fosse rei do Brasil, como Elizabeth é rainha da Inglaterra, não poderia se entregar a essas larguezas. Ocorre que o homem tem vocação para monarca absolutista.

Fernando Haddad, que já é tratado por setores da grande imprensa paulistana, com menos de três semanas de mandato, como o maior prefeito de todos os tempos, abriu-lhe as portas, com o devido tapete vermelho. O prefeito Coxinha fez da Prefeitura um reduto do lulismo.

Se Haddad pratica a sujeição voluntária, com Dilma Rousseff será um pouco diferente. Na segunda, o monarca reúne integrantes do primeiro escalão do governo federal para tratar de política externa. Trata-se de um evento patrocinado pelo instituto que leva seu nome. Participam do encontro o ministro da Defesa, Celso Amorim (um lulista fanático), Marco Aurélio Garcia, assessor especial da presidente, e Luciano Coutinho, presidente do BNDES. Na plateia, estarão intelectuais petistas, ex-ministros, políticos os mais variados e convidados da América Latina. O Babalorixá de Banânia viaja depois para Cuba, onde está internado Hugo Chávez. Em fevereiro, já anunciou que passa a viajar pelo país, numa espécie de reedição das tais Caravanas da Cidadania.

Afinal, o que quer Lula? A resposta não é simples. Oficialmente, ele e seus sequazes dirão que estão atuando para fortalecer o governo Dilma, cuja reeleição, para todos os efeitos, não duvidem, ele defenderá. Perdem, ademais, o seu tempo os que imaginarem que dá para investir numa eventual dissensão aberta entre a atual mandatária e o ex. Isso não vai acontecer.

A movimentação de Lula, no entanto, evidencia — muito mais do que apenas “sugere” — que ele não está contente com o papel de ex-presidente. Ora, para todos os efeitos, convenham, Dilma o representa. Foi feita candidata por ele, mantém um governo com uma maioria esmagadora de petistas, não cansa de exaltar as virtudes do antecessor etc. O país vive, sim, um momento de baixo crescimento da economia, mas é visível que isso ainda não se transformou em movimentos de opinião. Sem uma  oposição para politizar a crítica, Dilma segue sendo uma figura pública popular e faz, a despeito da própria gestão, um governo aprovado pela esmagadora maioria, segundo indicam as pesquisas ao menos.

Assim, escreva-se o óbvio: Dilma não corre risco político nenhum que tenha raiz na oposição ou na população. O governo segue com uma maioria folgada no Congresso, e a governanta tem a simpatia de boa parte da imprensa. Por que Lula precisaria percorrer o país? A liderança da hora, no seu terreno ideológico, chama-se Dilma Rousseff, goste ele ou não. Qual o propósito de um seminário-aula para alguns figurões do governo e do novo périplo pelo país?

Um só: lembrar que ele está no jogo e que é, de fato, o “criador da criatura”. Ainda que Dilma negue, ainda que compareça em pessoa ao seminário, ainda que se deixe fotografar ao lado do Apedeuta, é evidente que um evento com essas características e com esses convidados agride a sua autoridade de presidente e lhe mina a credibilidade junto a setores importantes da sociedade.

Que se diga: ainda que Lula não tivesse a intenção de “pôr Dilma em seu devido lugar”, isso se daria na prática, dada a dimensão que ele tem no partido. O seminário, em si, com aquelas personagens, já é um despropósito, mas ainda se pode condescender: “Ah, se institutos não fizerem coisas assim, farão o quê?”. Mas e a nova “caravana”? Qual é o propósito?

Não há mensagem que Lula possa passar aos brasileiros que não esteja, hoje em dia, a cargo de Dilma, que o sucedeu, ungida por suas próprias mãos. Ao tomar o lugar que cabe à presidente, o ex-mandatário ocupa a posição que avalia lhe caber por direito divino. Caso realmente decida percorrer o país, quando menos, Lula impõe à sua sucessora uma pauta. A fatura máxima dessa iniciativa levaria Dilma a abrir mão da reeleição em nome de um valor mais alto que se alevantasse: Lula!

Não, senhores! Desta vez, ele  não que sair pelo Brasil pra confrontar e afrontar “a direita”; desta vez, ele não sairá por aí a demonizar FHC e os “300 picaretas”; desta vez, ele não vai oferecer o seu PT como alternativa “àqueles que mandamnestepaiz desde 1500”.

A única a ter seu prestígio desgastado com este Lula buliçoso é Dilma, por mais que ambos troquem publicamente juras de eterno amor e mútua admiração. Segundo pesquisas de opinião, justa ou injustamente, ela conseguiria se reeleger hoje por suas próprias pernas. O Apedeuta não suporta a ideia de que se tornou obsolescente. Por isso assombra a sua sucessora.

Por Reinaldo Azevedo

 

Marina Silva é candidata a “caudilha” do Brasil. Ou: Como não deixar o país refém de São Pedro, dos bagres, dos sapos e das pererecas?

Que preguicinha… Mas vamos lá. Marina Silva é, se me permitem a variação de gênero, candidata a “caudilha” do Brasil. Ela entrou no PV para disputar a Presidência da República. Teve 20 milhões de votos — um desempenho sem dúvida expressivo. Julgou que poderia, então, dar um golpe no partido e tomar a sua direção. Foi malsucedida no empreendimento e deixou a legenda. Criou-se, então, atenção!, um movimento intitulado “Nova Política”, composto de… seus seguidores! São os “marineiros”. Prestem atenção ao noticiário: a palavra já é escrita sem aspas, como um dado da realidade referencial mesmo.

Uau! Reparem: nem Luiz Inácio Apedeuta da Silva, do alto de sua monumental arrogância, ousou fundar um movimento de “lulistas” ou, sei lá, “luleiros”. As referências ao “lulismo” na pena dos analistas costumam ser críticas. Há, sim, os “petistas”, que são, na maioria, fanaticamente lulistas, mas não recorrem a essa palavra como uma senha de identificação.

O movimento se chama “Nova Política” e é composto de pessoas que se dizem “marineiros”??? E por que esse sufixo “eiro” colado ao nome da ex-senadora? Um ferreiro produz, cuida, negocia ou lida com ferro; um cozinheiro, com a cozinha; um doceiro, com os doces. Um “marineiro” faz o quê? Cuida da Marina? Lida com as ideias da Marina? Divulga o pensamento de Marina? Propaga as visões místicas de Marina? Isso a que se chama “nova política” é constituído de seguidores de uma profetisa? “Eiros” que seguem profetas são uma novidade… pré-bíblica!

Como novidade pouca é bobagem, Marina está empenhada agora em criar uma nova legenda para… se candidatar de novo. Que coisa surpreendente!

Leio na Folha que serão os “marineiros” a definir o nome da nova legenda — ou quase isso. Pessoas previamente inscritas podem votar em uma das 40 alternativas. Os nomes mais cotados são “Semear” (Sustentabilidade, Educação, Meio ambiente, Ética e Renovação) e “Movimento Sustentabilidade e Cidadania”. Coisa de gente que quer o bem da humanidade, estou certo. Os três mais votados serão enviados à Profetisa, e ela, então decidirá.

Tudo isso é feito no mundo virtual, o que demonstra a modernidade da “caudilha”. Marina quer, em suma, mobilizar pessoas que tenham bom coração. O que nunca fica claro — mas isso não é coisa que se pergunte a alguém que está a um passo da santidade — é quem financia o “marineirismo”; quem, em suma, sustenta a sustentabilidade.

Com que proposta?
O que há de novo numa liderança política que busca ou funda partidos com o propósito de se candidatar, sem a preocupação nem mesmo de deixar claro o que pensa? Sim, Marina é uma pessoa que só quer o nosso bem, a gente sabe… Mas isso basta?

E mesmo esse “bem” tem de ser questionado, não é? Uma das razões da crise no setor energético, por exemplo, nasce do triunfo da irracionalidade dos ecologistas sobre o bom senso. Em nome da preservação do meio ambiente, o Brasil passou a construir usinas hidrelétricas a fio d’água, sem reservatórios. Isso diminui, dizem os sábios verdes, os impactos sobre o meio ambiente. É cascata!

Sem reservatórios, a capacidade de geração de energia cai dramaticamente nos períodos de seca, o que obriga o país a ligar as poluentes e caras termelétricas. É o conservantismo burro. Os debates sobre Belo Monte demonstraram a que níveis de tolice essa gente pode descer.

Pois bem! Santa Marina Silva é a patronesse dessa turma. Eis um bom momento para ela falar. Se o Brasil passasse a crescer 5% ao ano, com o atual regime de chuvas, haveria fatalmente apagão. E aí? Marina, a mulher que sempre tem soluções complexas e erradas para problemas fáceis (é diferente de Lula, que tem soluções simples e erradas para problemas difíceis), poderia apontar o caminho. Durante a campanha eleitoral, ela dizia que faltava planejamento. Certo! Então vamos planejar com Marina. Continuaremos a fazer usinas a fio d’água e devemos evitar as termelétricas poluidoras… Para suprir a demanda de curto e médio prazo do país, o que devemos fazer? Engarrafar o vento?

Não! Não estou acusando Marina pela crise de energia. Cobro dela uma resposta porque é ela que se apresenta como a sacerdotisa da energia alternativa. Se vai disputar de novo a Presidência da República, certamente tem uma solução que não deixe os brasileiros reféns de São Pedro — e dos bagres, sapos e pererecas que compõem a nossa identidade, ou algo assim… Se ela tiver alguma resposta, publico. Mas peço um favor: que seja possível encontrar aos menos os objetos diretos no texto.

Por Reinaldo Azevedo

 

“Giovinezza” do PT afirma: quem se opõe à roubalheira é “de direita”, e quem a defende é “de esquerda”. Querem saber? Eu concordo!

Advogada com vergonha na cara protesta contra jantar em benefício de mensaleiros (foto: Gustavo Miranda / Agência O Globo)

Ai, ai…

Estou começando a gostar da “giovinezza” petista. A turma deu agora para usar “direitista” como sinônimo de gente com vergonha na cara. É… Talvez eu comece a adotar também esse critério. As coisas serão assim: gente que se opõe à roubalheira de dinheiro público é “de direita”; gente que a defende ou a justifica é “de esquerda”. Para mim, está bom; parece-me um critério razoável. Mais: gente que defende as liberdades públicas e individuais, como Churchill, por exemplo, é “de direita”. Assassinos tarados, como Stálin, são “de esquerda”… Por que isso?

Sabem aquele jantar feito pela “giovinezza” petista para arrecadar fundos para os mensaleiros? Micou. Quem salvou a noite foi essa moça que vocês veem acima, a advogada Marília Gabriela Ferreira. Ela também foi lá. Exibiu um pequeno e preciso cartaz: se a petezada queria se solidarizar com os mensaleiros, poderia dividir com eles alguns anos de cana. Ótima ideia. Leiam texto de Júnia Gama, no Globo.

Um dos organizadores do esvaziado jantar que arrecadou fundos com o intuito de pagar parte das multas aplicadas aos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão afirmou nesta sexta-feira que a manifestante que protestou contra o evento estava a serviço de “partidos de direita”.

“Tem um cunho partidário, não dá para ser ingênuo. Por mais que ela não tenha querido expressar, claro que ela era de algum partido da Direita, como PSDB, DEM, PPS, ou até do PSOL, que se classifica como Esquerda, mas tem se posicionado de maneira muito rígida sobre nossos companheiros no julgamento do mensalão”, afirmou Leopoldo Neto, secretário de Juventude do PT no Plano Piloto (DF).

Leopoldo se referia à advogada Marília Gabriela Ferreira, que levou à galeteria onde os petistas se encontraram na noite de ontem um cartaz com os dizeres: “Querem ajudar seus amigos? Então dividam com eles parte da pena restritiva de liberdade”. Na ocasião, Marília afirmou estar no local para um protesto “como cidadã”, sem vinculação partidária.

Os jovens militantes pretendem contribuir com parte do pagamento das multas estimadas em cerca de R$ 1,84 milhão, que serão aplicadas aos petistas José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.

Pedro Henrichs, coordenador de Mobilização Social do Diretório regional da Juventude do PT no Distrito Federal, justificou que os condenados não participariam do evento porque José Dirceu e Delúbio Soares estariam “de férias”. Já Genoino e João Paulo estariam em um evento da bancada em São Paulo na noite do jantar. Mas todos teriam aprovado a iniciativa, de acordo com o grupo de jovens.

Apesar de terem comparecido apenas cerca de 50 pessoas, de acordo com o grupo, mais de 150 convites foram vendidos, a preços que variam de R$ 100 a R$ 1 mil. Os jovens não divulgaram o montante arrecadado com as vendas.

O único petista de alguma expressão presente ao evento foi a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), que fez um discurso a favor dos condenados. Nem mesmo o filho de José Dirceu, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), compareceu ao jantar, alegando agenda no estado. A venda dos ingressos para o jantar para ajudar os petistas condenados pelo STF foi aberta a pessoas de todos os credos.

Os jovens admitiram que o ato era mais simbólico que efetivo, já que apenas uma pequena fração do valor necessário para cobrir as multas poderia ser arrecadada com o jantar. Pedro conta que sua ideia é “startar” (sic) um processo semelhante por todo o Brasil e que já até recebeu ligações de juventudes de outros estados, como Rio Grande do Sul, pedindo informações sobre como poderiam fazer eventos do tipo.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Corte de Jersey atualiza valor que Maluf, o inocente, terá de devolver à cidade de SP: R$ 57,9 milhões

O deputado e patriota inigualável Paulo Maluf (PP-SP) esteve ontem num evento em apoio à candidatura de Henrique Alves (PMDN-RN) à Presidência da Câmara. Ao comentar as muitas acusações que existem contra o postulante, ele fez o seguinte e especioso raciocínio, que interpreto assim: “Se eu sou inocente, então Alves também é”. Comentei então: “Faz sentido!” Eu também acho Alves tão inocente quanto Maluf…

Então… A Corte de Jersey havia condenado Maluf a devolver R$ 22 milhões aos cofres da Prefeitura de São Paulo — US$ 9 milhões. Mas faltava fazer a devida correção do dinheiro. Agora a Justiça da ilha bateu o martelo: o deputado “inocente” tem de devolver à cidade R$ 57,9 milhões. Também foi condenado a pagar as custas do processo: outros R$ 9 milhões.

O dinheiro, segundo a Corte de Jersey, foi desviado durante a construção da avenida Águas Espraiadas.

Por Reinaldo Azevedo

 

Alô, leitores bons de desenho: mandem sugestões para o “Supercoxinha”

Tenho chamado Fernando Haddad de “Prefeito Coxinha”. “Coxinha” é uma gíria empregada pela molecada — é até bem antiga — para designar aquele rapaz com cara de bom moço, que anda sempre arrumadinho, que, como diz uma propaganda, nunca “suja o shortinho”. A gente olha pra ele e não o vê dando canelada no futebol, fazendo malcriação para as tias, falando palavrão, nada. O Coxinha, quando mais maduro, tem cara de bom genro. Numa discussão mais acalorada, ele acha que a verdade está sempre no meio-termo. Uma flor de pessoa. Ah, sim: o Coxinha também conquistou a fama de inteligente…

Essa é a imagem pública de Haddad, não? Lula concedeu a Ratinho a sua primeira entrevista depois da doença. Estava acompanhado de Haddad, que era apresentado, então, ao grande público como candidato à Prefeitura. O Apedeuta exaltou as qualidades do seu indicado: era “bonitão” e competente…

Na imprensa paulistana, o prefeito Coxinha é o “Supercoxinha”. Aprendi que ele tem uma solução para tudo. Apresentem o problema, e o super-herói está pronto a dar uma resposta, geralmente naquele “sociologuês” mezzo marxista, mezzo abobrinha, que tanto encanta o socialismo socialite do Complexo PUCUSP — muitos tucanos também ficam fascinados, é bom deixar claro.

Brinquem aí, desenhistas. Mandem sugestões para o Supercoxinha. Imaginem o prefeito na sua sala, envolvido com alguma tarefa aborrecida, como Clark Kent em alguma missão chatinha. Alguém aponta um problema na cidade — ou no mundo; pensem sem fronteiras —, e ele passa por uma transformação. 

Como compor o seu uniforme? Que elementos serão usados para caracterizar esse misto de bom-mocismo e esquerdismo chique? Lembre-se que o Supercoxinha pode ser eventualmente mauzinho e que obedece as ordens de uma espécie de espectro: Lula. Havendo alguma sugestão, publico aqui. Havendo várias, a gente faz um concurso para definir o nosso super-herói oficial. Sim, também o Supercoxinha terá a sua kryptonita: qualquer tratado de lógica elementar.

Por Reinaldo Azevedo

 

A ONG petista e o Supercoxinha, o maior prefeito da história de SP com 18 dias de mandato

A desonestidade intelectual da ONG Rede Nossa São Paulo é de tal ordem que a imprensa que dá curso às suas fantasias e trapaças metodológicas se torna corresponsável e copatrocinadora das vigarices. Não é difícil demonstrar o que digo. Ao contrário: é até muito fácil. Mais: os não petistas que tentaram se aproximar da turma receberam o beijo da morte. Foi o caso do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), que achou que poderia brincar de transparência com Oded Grajew, o que é uma contradição em termos. Quebrou a cara. Tudo bem! Agora ele é um aliado dos petistas — não sem antes ter sua gestão transformada em picadinho. Vamos lá.

No fim de 2007 e início de 2008, a Nossa São Paulo vendeu às rádios e aos jornais a mentira de que a Prefeitura de São Paulo investia mais nas áreas ricas da cidade do que nas pobres. Escrevi vários textos desmontando a farsa. Um deles está aqui. Os Gilbertos Dimensteins da vida falavam pelos cotovelos a respeito. Era mentira. Em que consistia o truque de Grajew? Analisava apenas o emprego da verba de Subprefeituras, destinada à zeladoria. Ocorre que a verba das Subprefeituras correspondia a apenas 4% do Orçamento da cidade. Era natural que bairros com mais aparelhos urbanos consumissem mais. Na conta, não entravam a construção de hospital, de AMAs, de CEUs, o asfaltamento de ruas, nada… Vale dizer: as contas da Nossa São Paulo ignoravam o que era, de fato, investimento.

Sim, a Prefeitura, então, forneceu àquele tipo de jornalismo que se praticava os dados corretos. Mas era só o “outro lado”. A turma babava vermelho nas rádios e depois usava os bons números como mera desculpa oficial.

Kassab quebrou a cara
Eleito em 2008, contra a vontade da Nossa São Paulo, que fez campanha para Marta Suplicy (e, em 2012, para Fernando Haddad), Gilberto Kassab fez uma grande, uma monumental besteira: aceitou um desafio da Nossa São Paulo e estabeleceu 223 metas de governo. Foi uma de suas perdições.

Vamos ver. De saída, é bom considerar que meta não é promessa. Ainda que fosse… Uma pauta com 223 itens traz coisas mais importantes e menos, certo? Uma meta não cumprida integralmente não quer dizer 0% de cumprimento. Kassab deve ter achado que estava ganhando, assim, um “aliado do lado de lá”. Errado! Estava apenas pondo a corda no pescoço.

Qual foi a conta que Grajew e seus bravos fizeram? Consideraram “metas cumpridas” apenas as obras 100% concluídas. Ao fim do mandato, a ONG considerou que ele realizou apenas 55,1% do prometido. Vejamos o caso das creches: como o objetivo era zerar o déficit, então descumprido está. Quando José Serra assumiu a Prefeitura, em 2005, havia 60 mil vagas. Em oito anos, criaram-se outras 150 mil — duas vezes e meia a mais. Dane-se! Não cumpriu!

De Haddad…
E Fernando Haddad? Pôs as metas no papel? Ele não é doido nem nada. A Nossa São Paulo não cobrou isso dele. “Meta” e “cumprimento de promessa” são coisas que se exigem “da direita” (hoje, Kassab, como todos os políticos brasileiros, é de “centro-esquerda”…). Daqueles que se dizem de esquerda, devem-se cobrar bons sentimentos, bom coração e “engajamento no processo” (seja lá que zorra isso queira dizer)…

É o caso de um tal “Arco do Futuro”, uma miragem prometida pelo prefeito petista, que tem a ver, assim, com o… futuro, entenderam? Entre na Internet e tente saber o que isso significa de prático, de concreto, de coisas que podem ser cobradas. Impossível.

Mas Haddad já é tratado, antes de concluir o primeiro mês de governo, como um prefeito verdadeiramente revolucionário. Dia desses, li no jornal o que foi chamado pelo repórter de um “pacote bilionário” de investimentos, coisa que teria sido tentada antes por cinco administrações e nunca antes realizada.

Lá pelo quarto ou quinto parágrafo, éramos informados de que a pacote dependia ainda da obtenção de recursos, de desapropriações, de algumas licenças e coisa e tal… E daí? Importavam o título e lead. A submissão de amplos setores do jornalismo paulistano ao prefeito é constrangedora. Haddad não precisa de assessoria de imprensa. Ela até pode atrapalhar o serviço. O post anterior deixa claro que ele é considerado uma referência até para debater segurança pública.

A farsa da “herança maldita”
Haddad é o mais lulista das estrelas petistas. Como se viu, não se constrange em reunir 10 de seus secretários para receber uma aula do Apedeuta sobre governança. Também o seu aparelho de marketing mimetiza o de Lula.

Embora ele evite a crítica direta a Kassab, de quem é, agora, um aliado — e o ex-prefeito é que deve saber a dor e a delícia de ser destruído e reabilitado por petistas —, reparem que o Prefeito Coxinha atua como se, antes dele, nada houvesse na cidade; como se as gestões anteriores (com a provável exceção da de Marta) jamais tivessem feito qualquer investimento em saúde, educação, transportes, moradia, infraestrutura, desenvolvimento econômico… E esses setores da imprensa compram o seu discurso porque a, rigor, já estão ideologicamente vendidos.

É uma pena eu não saber desenhar. Ou criaria o “Supercoxinha”, um super-herói que tem sempre uma máxima acaciana e politicamente correta para descrever, mas jamais para resolver, os problemas difíceis da cidade.

Por Reinaldo Azevedo

 

A ONG petista Nossa São Paulo e uma evidência escandalosa de desonestidade intelectual. Pior: TV dá voz à politicagem vigarista

Existe uma ONG na capital paulista chamada Rede Nossa São Paulo. Tem o apoio de um sem-número de entidades e empresas, mas está, como a esmagadora maioria de entidades não governamentais, sob o controle do PT. Seu chefão é Oded Grajew, ex-assessor especial de Lula. Os cadernos de cidades e, com frequência, as TVs comem pela mão dessa ONG. Ela cria a pauta e fornece os dados. Repórteres, com frequência, nem mesmo perguntam por quê. Uma das especialidades da turma é produzir números, estatísticas. Confere-se, assim, aparência de seriedade mesmo à mais descarada pilantragem. Qual foi a última dos valentes?

A Nossa São Paulo encomendou ao Ibope, “no fim do ano passado” — não se informa em que data — uma pesquisa sobre a segurança pública na capital. Atenção! Em meio a uma crise no setor, que foi magnificada pelo terrorismo político e, sim, jornalístico, a tal ONG financia uma pesquisa… O resultado foi divulgado ontem. Virou reportagem do Jornal da Globo, com direito a entrevista de Grajew,  e no Estadão desta sexta.

O resultado, é evidente, não poderia ser pior. Lê-se no jornal (em vermelho):
“Feita com 1.512 pessoas no fim do ano passado, aponta a segurança pública entre as maiores preocupações. O porcentual dos que acham a cidade insegura subiu de 89%, em 2011, para 91%, em 2012. De 1 a 10, a nota média dada ao quesito foi a menor desde o início da medição, em 2009 – caiu de 3,9 em 2011, para 3. O motivo mais citado foi a ‘violência em geral’. Depois, ‘assaltos’ e ‘medo de sair à noite’. Para 60%, tanto a Polícia Militar quanto a Civil não são confiáveis. Entre os órgãos avaliados, só a Câmara Municipal, com 69% de reprovação, e o Tribunal de Contas do Município (64%), tiveram resultado pior. Mesmo parte da PM, o Corpo de Bombeiros é confiável para 88%.”

O petista Oded fala ao Estadão. Reproduzo:
“A população tem medo da polícia. Não sabe de que lado o policial está e sente falta da presença do Estado e de qualidade nos equipamentos e serviços públicos”.
O petista Oded fala ao Jornal da Globo. Reproduzo:
“As pessoas têm medo de viver na cidade de São Paulo, elas não confiam no poder público. Então, a polícia que deveria proteger o cidadão, que deveria oferecer segurança, não é confiável para a grande maioria da população”.

O petista Oded tinha um objetivo ao fazer a pesquisa num período como aquele: atacar a polícia e a política de segurança pública de São Paulo, estado governado pelo PSDB. Como se pode notar, o texto é o mesmo. Já é parte da campanha eleitoral de 2014.

O fato
São Paulo é a capital com o menor número de homicídios por 100 mil habitantes do país, segundo o Mapa da Violência. Os dados do ano passado ainda foram fechados. Se não continuar na mesma posição, certamente estará ali, disputando a rabeira. A taxa de homicídios na cidade corresponde a quase um terço da do país.

Bastam, no entanto, algumas ocorrências que causem comoção — ou uma onda de ações de caráter terrorista, como, de fato, aconteceu no ano passado — para que dispare o alarme do medo. É uma reação humana e compreensível. A questão é saber o que se faz com ela. Os vigaristas logo pensam em extrair dividendos políticos.

Ora, depois de uns dois ou três meses de notícias diárias na TV sobre mau atendimento no SUS, faça-se uma pesquisa para saber o que pensa o brasileiro sobre o sistema… Até aquele que foi eventualmente bem atendido vai considerá-lo uma porcaria. O estado de São Paulo e sua capital estão, pode parecer incrível, entre as áreas mais seguras do país, em que se mata quase o triplo. Setores da imprensa e o petismo, operando em conjunto, conseguiram vender a imagem do caos.

Prestem atenção!
Na mesma página em que o Estadão publicou os dados da pesquisa, há um outro texto. Reproduzo-o em vermelho, com alguns destaques:
O prefeito Fernando Haddad (PT) quer usar o “bico oficial” da Polícia Militar, a Operação Delegada, para aumentar a segurança da cidade à noite. “Não temos ostensivamente o policiamento noturno como temos o diurno. Uma das providências que tomaremos é usar o contingente dos policiais contratados para atuar à noite, que é quando a cidade se torna mais violenta”, disse, ao sair do evento da Rede Nossa São Paulo, no centro da capital.

Ele promete colocar tanto a Operação Delegada quanto a Guarda Civil Metropolitana (GCM) à disposição do Estado, responsável pela segurança, para auxiliar no combate à violência. “Você não tem o acolhimento da população em equipamentos públicos e isso gera violência”, disse Haddad. “Mas não é só isso. É também a falta de um policiamento mais ostensivo.“

A vice-prefeita Nádia Campeão (PCdoB) afirma que a administração municipal pretende dar sugestões sobre a segurança pública ao governo do Estado. “Claro que a PM é responsabilidade do governo de São Paulo, mas nada impede que a Prefeitura dê sua opinião, diga como a cidade tem visto a ação da PM, que tipo de ação nós gostaríamos de ter, como a gente poderia colaborar nesse sentido.”

De acordo com Nádia, está entre as prioridades da Prefeitura ter uma GCM de perfil mais comunitário. “Vamos reorientar a guarda no sentido de um trabalho mais preventivo do que propriamente uma guarda que seja mais uma ameaça”, disse.

Ela e o prefeito prometeram mais diálogo e transparência na gestão. Haddad afirma que a população tem hoje a percepção de que há “uma negociata por trás de toda obra pública”.

Voltei
Vejam que notável coincidência! Quem estava na ONG Nossa São Paulo no dia em que se divulgaram os dados da pesquisa? Haddad! Poucos atentarão para a estupidez embutida em sua fala. Ele se mostra inconformado com o fato de que não se faça à noite o policiamento ostensivo que se faz durante o dia… Santo Deus! No mundo inteiro, há mais policiais nas ruas à luz do sol porque há também… mais gente na rua.

Haddad finge não saber o que quer dizer “policiamento ostensivo”. É aquele em que a força de segurança se mostra presente, se exibe mesmo, para desestimular eventuais ações delinquentes. Como a esmagadora maioria das pessoas costuma dormir à noite (eu não, mas não saio por aí barbarizando…), é evidente que o policiamento diminui.

Para fazer policiamento ostensivo à noite, como ele sugere, há uma de duas saídas: ou se aumenta brutalmente o efetivo ou se diminui a presença de policiais nas ruas durante o dia. Caso se opte por esse caminho, os bandidos logo perceberão que se abriram janelas de oportunidades. Com mais gente na rua e menos policiais, a canalha pode mudar o turno de serviço. Fica evidente o ânimo de Haddad e de sua vice: atacar a polícia e o governo de São Paulo, ainda que a seu modo: aquela coisa aparentemente suave, docinha, típica do Estilo Coxinha.

Para encerrar: quanto à suspeita de que, atrás de uma obra pública, há sempre uma negociata, Haddad deve saber do que fala. A cadeia aguarda alguns figurões de seu partido.

Por Reinaldo Azevedo

 

Vejam bem… Piauí tem apagão em dia de visita da presidente Dilma

Na VEJA.COM:
No dia da visita da presidente Dilma Rousseff ao Piauí, a capital do estado, Teresina, e mais 32 cidades sofreram um apagão de trinta minutos. Segundo informações da Eletrobras Piauí, a falha foi resultado de um princípio de incêndio, na manhã desta sexta-feira, em um transformador de corrente na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). O desligamento atingiu 394 mil consumidores.

O problema foi controlado rapidamente pelos próprios técnicos da Chesf. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas o fogo foi apagado antes dos oficiais chegarem.  Entre as cidades atingidas estão Amarante, Regeneração, União, Miguel Alves, Nazária, São Pedro, Água Branca e Angical.

Visita
A presidente Dilma Rousseff está na capital do Piauí para participar da entrega de 400 apartamentos construídos com recursos do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, no Condomínio Bem Viver. Nesta manhã, Dilma visitou obras do sistema adutor da barragem de Piaus. O empreendimento faz parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

Até o início de março, Dilma deve visitar ao menos seis estados do Nordeste para tentar recuperar o prestígio do PT na região e tentar driblar o desgaste político provocado pela paralisação nos canteiros de obras PAC.

Por Reinaldo Azevedo

 

Governo ignora decisão do Supremo e repassa a estados parcela de FPE

Vocês devem se lembrar do tema, que a alguns pode parecer quase etéreo, mas que é central para a tal governabilidade. Já escrevi dois textos a respeito (aqui e aqui). Do que falo? Existe um Fundo de Participação dos Estados. O Supremo considerou inconstitucional a forma como vinha sendo distribuído e deu ao Congresso um prazo de 35 meses para votar um novo modelo. TRINTA E CINCO MESES! Não se votou nada! Mesmo o governo tendo a maior base de apoio do mundo ocidental — e do oriental também… Ninguém se mexeu.

Muito bem. Agora, com base num parecer do TCU, ao arrepio do que decidiu o Supremo, o governo repassou a parcela do FPE. Postas as coisas de outro modo e como devem ser postas: o governo federal considera que o TCU, que não pertence ao Judiciário, é uma instância superior à corte máxima de Justiça e manda o Supremo plantar batatas. Entenderam?

Leiam trecho de reportagem de João Villaverde, da Agência Estado. Volto ao tema e a seu alcance no próximo post.
*
O governo fez, nesta quinta-feira à noite, o repasse da segunda parcela dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE), dividido com todos os 27 Estados a cada dez dias, desde 1966. O STF considera os critérios de rateio do fundo ilegais, mas o governo se baseia em parecer do Tribunal de Contas da União (TCU), que libera o repasse. O repasse pode dar início a uma nova polêmica entre governo e STF.

O primeiro repasse do ano, feito no dia 10 de janeiro, recebeu o sinal verde do presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, uma vez que o dinheiro repassado fora arrecadado pela União ainda em 2012. O FPE é formado com 21,5% dos recursos arrecadados com o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Decisão de fevereiro de 2010 do STF considerou os critérios de rateio do FPE inconstitucionais, e, naquela ocasião, concedeu prazo de 35 meses ao Congresso Nacional para criar novas regras. Esse prazo venceu em 31 de dezembro e nenhuma nova lei foi aprovada pelo Legislativo.

Para evitar uma crise nos Estados — ao menos seis deles (Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Piauí e Tocantins) têm no FPE cerca de 70% do orçamento anual —, o governo federal resolveu descumprir a decisão do Supremo, e se basear no parecer do TCU. Nesta quinta-feira, o secretário de Fazenda do Acre, Mâncio Lima, confirmou que o dinheiro já estaria disponível para saque, nesta sexta, no Banco do Brasil (BB), onde o dinheiro, transferido pelo Tesouro Nacional, é mantido.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Se Dilma pode ignorar o STF, por que o Fulano de Almeida não faria xixi na rua? Ou: Eu lhes apresento o Babão de Gravata e a Babona de Tailleur

Publiquei este texto às 16h22 de ontem. Eu decidi mantê-lo no alto da homepage por mais tempo. Abaixo dele, há posts produzidos na madrugada.

A cada vez que vejo um colunista ou uma colunista brasileiros babando na gravata ou no tailleur contra o Partido Republicano, dos EUA, constato a que distância estamos de uma democracia de direito, que respeite a independência entre os Poderes e as leis. Todos nos habituamos a ler e a ouvir esses sábios — que, infelizmente, pontificam em veículos da grande imprensa — a lamentar as supostas ações de “sabotagem” contra o governo Obama.

Eleitos pelos americanos, assim como foram os democratas, os republicanos discordam das propostas do presidente de seu país para o Orçamento e de suas prioridades. Vejam que coisa: nos EUA, deputados eleitos por um partido costumam ser fiéis à pauta desse partido. Que coisa exótica! Por lá, o presidente não dispõe de 25 mil cargos federais e de mais uma penca de autarquias e estatais para acomodar pilantras. Não tem como comprar o apoio de ninguém. Que coisa pitoresca! Naquelas terras, o eventual descumprimento de uma decisão da Suprema Corte rende cadeia, e, flagrado, não resta ao vivente outra saída que não a renúncia. Ou o sujeito é banido do mundo dos vivos. A imprensa o trata como lixo. No Brasil, corruptores e formadores de quadrilha são colunistas.

“Ah, mas e o risco do abismo fiscal?” O risco do abismo fiscal, senhor Babão de Gravata, senhora Babona de Tailleur, decorre do fato de aquele ser um país que se pauta pelas leis. O abismo é evitado porque o Executivo, no caso de não ter maioria nas duas Casas, se vê obrigado a negociar. Os babões no Brasil dizem que os republicanos só fazem isso porque são reacionários, racistas e não suportam o “governo do negão”. Errado! Eles defendem a sua pauta porque respeitam aqueles que os elegeram.

Um desses colunistas do regime, aqui no Brasil, descobriu, quando se prenunciou o risco de abismo fiscal no fim de 2011, o que faltava a Obama: segundo disse, o presidente americano não tinha a sorte de contar com um PMDB (o PSD ainda não existia….). Isto mesmo: segundo o preclaro, Obama precisava ter um Henrique Alves para chamar de seu, que não fosse nem democrata nem republicano. Precisava de um Renan Calheiros no Senado, que fosse governista, sim, mas apenas sob certas condições.

Todos costumamos dizer que a democracia tem um preço ou, se quiserem, um custo. Trata-se de uma metáfora de virtuosa compreensão: isso quer dizer que, nesse regime, ninguém faz tudo o que quer, como quer. É preciso negociar. Em Banânia, a noção de preço e de custo foi tomada na sua literalidade. Se Obama tivesse um PMDB com que conversar, como especulou aquele, bastar-lhe-ia meter a mão no caixa e comprar o apoio. O Babão de Gravata e a Babona de Tailleur, que vertem a sua gosma antirrepublicana — et pour cause, antidemocrática — se acostumaram ao modo brasileiro de fazer as coisas. Mas, claro!, não se diga que não defendem a ética na política. Só não gostam de ver tal ética aplicada na prática.

O FPE
Vejam, agora, o caso do FPE, o Fundo de Participação do Estados (ler post anterior). O Supremo, a nossa Suprema Corte, já decidiu que, na forma como está, ele é inconstitucional. Isso se deu em 2010. Concedeu um prazo longo para o ajuste: 35 meses. O Congresso não se mexeu. A base de apoio não se mexeu. A oposição também não se deu conta do risco, preocupada que está em… Bem, sei lá em quê!

E o governo faz o quê? Para evitar o “abismo fiscal” à moda cabocla — que, de fato, criaria dificuldades a alguns estados —, o governo federal opera os repasses ao arrepio do que decidiu a Justiça. Ah!!! Isso, sim, é que democracia digna de respeito. Isso, sim, é que é coisa de país progressista. Por aqui, felizmente, não existem aqueles republicanos horrorosos, que fazem questão de exercer as suas prerrogativas e de respeitar a vontade daqueles que os elegeram. Por aqui, nós sabemos como fazer, nós damos um jeitinho, nós evitamos os extremismos. Tudo é muito simples e se resume a uma ação corriqueira: desrespeitar a lei e a decisão da Justiça. E o melhor: isso se faz sem consequências. Por aqui, “dura lex, sed lex” virou, no máximo, rima para produto cosmético: “no cabelo, só Gumex” — necessariamente tingidos, como os de Edison Lobão…

Republicanos americanos, dizem o Babão de Gravata e a Babona de Tailleur, ainda não perceberam os valores da nova ordem, do novo tempo, da nova aurora. Ainda estão naquela coisa de cultura do individualismo, entenderam?, que não se preocupa com o coletivo. Têm muito a aprender com a democracia brasileira. Em Banânia, caso minorias influentes considerem que o cumprimento da lei é ruim para a sua causa — logo transformada por setores da imprensa em um imperativo da maioria —, prega-se abertamente o desrespeito ao que está escrito.

E depois…
Pois é… Não obstante o ódio essencial à democracia, essa gente se espanta quando os Alves e os Calheiros se apresentam para o serviço, contando com o apoio de boa parte das lideranças políticas. Ora, é o nosso “jeitinho” de fazer democracia, não é? Estão reclamando do quê? Se os EUA tivessem um PMDB (e congêneres), não haveria risco de abismo fiscal por lá. A América seria um Brasilzão de 300 milhões de habitantes e mazelas proporcionais.

Passivismo congressual
Frequentemente se reclama do ativismo do Poder Judiciário no Brasil. Eu mesmo já critiquei o Poder por exercer papéis que cabem ao Congresso. No mérito, minha crítica está certa, mas começo a considerar a necessidade de revisá-la na espécie. Vejam aí: no caso do FPE, o STF não decidiu — deu um prazo de 35 meses para que o Congresso cumprisse a sua função. Não aconteceu nada!

O Babão e a Babona atacam a Câmara dos EUA, de maioria republicana, porque a Casa decide exercitar suas prerrogativas. Bom mesmo é o Congresso brasileiro e seu “passivismo”, sempre a reboque do Executivo, não importa qual seja o tema.

A síntese é a seguinte: ao efetuar o repasse para os Estados, ao arrepio da decisão judicial, o governo federal decidiu descumprir deliberadamente a lei. Temos um Poder dando um pé no traseiro do outro. Agora o Babão de Gravata e a Babona de Tailleur tentem convencer o Fulano de Almeida a não estacionar sobre a calçada, a não fechar o cruzamento, a fazer xixi na rua, a não violar o taxímetro, a não jogar lixo na rua…

Se Dilma Rousseff não precisa cumprir uma determinação do Supremo, por que o Fulano de Almeida se sentiria obrigado a cumprir algumas regras do decoro?

Por Reinaldo Azevedo

 

Repasse de fundo a Estados é ilegal, afirma Gilmar Mendes

Por Felipe Recondo, no Estadão:
A transferência de recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) feita pelo Executivo na quinta-feira, 17, foi ilegal, segundo avaliação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. O Congresso tinha até o último dia 31 de dezembro para aprovar uma nova lei com os novos parâmetros de distribuição dos recursos do fundo. Como não houve votação, não há base legal para os repasses. “O fato é que em 31 de dezembro de 2012 a lei deixou de integrar o ordenamento jurídico. Logo temos um vácuo”, afirmou o ministro ao Estado.

Gilmar Mendes diz que o STF não pode ser acusado pelo Legislativo de violar a independência dos Poderes quando estabeleceu prazo para a votação do novo FPE ou quando determinou a cassação do mandato dos deputados condenados por envolvimento no mensalão. “O Legislativo não precisa se afirmar ao Judiciário, porque não é o Judiciário que ameaça a sua autonomia”, disse.

A lei não foi votada. Como fica a legislação?
O fato é que em 31 de dezembro de 2012 a lei deixou de integrar o ordenamento jurídico. Logo, temos um vácuo.

O governo pode continuar repassando dinheiro mesmo assim?
Essa opção não está à disposição nem do governo nem do Tribunal de Contas da União. Claro que precisamos ter o espírito aberto em razão da delicadeza institucional do tema para que se constitua uma solução.

De quem é a responsabilidade?
Não é do Judiciário. Veja o dilema em que o Judiciário se encontra: quando ele produz uma sentença aditiva ele é criticado por estar interferindo na separação dos Poderes; quando ele faz o apelo para que se decida num dado prazo não há um encaminhamento adequado.

É possível alongar o prazo para que os Estados não quebrem?
Sem dúvida nenhuma é uma questão delicada. Isso já tinha sido apontado para justificar a dilação do prazo (para que o Congresso aprovasse nova lei), porque não se podia cessar a aplicação da lei naquele momento em razão das consequências. Mas depois de 36 meses termos o silêncio (do Congresso) sob o argumento de que o tema é de difícil solução. É para isso que existe o Legislativo. É para dar conformação a problemas difíceis.

O Judiciário foi acusado no fim do ano passado de interferir no Congresso. Isso ocorreu?
Se fizermos uma leitura isenta do quadro institucional vemos que não é o Judiciário que ameaça a autonomia do Legislativo. De certa forma, talvez possa haver um descaso na atuação do Legislativo e haja a erosão perpetrada pelas iniciativas do Executivo. Veja que em casos como do FPE o Tribunal não invadiu competências do Legislativo. O STF tem tomado medidas que valorizam o Legislativo, como o poder das CPIs, o direito das minorias, o destrancamento de pauta mesmo com medidas provisórias.
(….) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Agora é uma associação gay que reivindica passaporte diplomático. Na origem de tudo isso, está o ódio à democracia

Os passaportes diplomáticos viraram a casa da mãe joana. Depois que Lula os distribuiu até ao papagaio da família, ninguém mais aceita ser cidadão comum. Todos querem privilégios de fidalgo. A última a entrar nessa é a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). O grupo enviou um ofício ao ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores, cobrando o que considera ser um “direito”. Direito??? ABGLT… Em breve, a turma terá de incorporar o XYLZ, né? Afinal, se cada gosto sexual merecer uma militância organizada, faltarão letras ao alfabeto em língua portuguesa. Será preciso importar vogais dos franceses e consoantes dos eslavos. Sigo adiante. Os militantes gays resolveram enviar seu pedido depois que o Itamaraty concedeu documentos especiais a mais três líderes evangélicos e suas respectivas mulheres, a saber: Romildo Ribeiro Soares  — o R .R. Soares — e Maria Magdalena Bezerra Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus; Samuel Cássio Ferreira e Keila Campos Costa, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, e Valdemiro Santiago de Oliveira e sua mulher, Franciléia de Castro Gomes de Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus.

É claro que os militantes gays estão na sua guerrinha particular com os evangélicos, que são as confissões do cristianismo que mais os enfrentam publicamente. Os católicos — boa parte deles ao menos — são como os tucanos na oposição. Gostam de jogar parados, se é que me entendem…

Toni Reis, presidente da ABGLTXYZ explica à Folha“Queremos a isonomia. Nem menos nem mais, direitos iguais. Claro que a regra diz que esse passaporte é uma excepcionalidade. Mas, se vão dar para todos os pastores evangélicos, nós também queremos. E queremos com os respectivos cônjuges, assim como os bispos e pastores”. E se não conseguirem? Ele diz que vai apelar ao Ministério Público!

Vejam que triplo salto carpado hermenêutico dá este rapaz. Vamos ver. Embora a Constituição diga que união civil é aquela celebrada entre homem e mulher, o Supremo decidiu reconhecer a união homossexual porque considerou que, não fosse assim, estaria sendo desrespeitado o Artigo 5º da Constituição, justamente o que assegura a igualdade de direitos. É claro que o tribunal forçou a mão, tocado pelo politicamente correto, mas vá lá… Pode-se ainda argumentar, EMBORA A DECISÃO CONTRARIE A LETRA EXPLÍCITA DA CONSTITUIÇÃO, que se fez uma interpretação para garantir direitos de que uma minoria estava excluída.

Observem que Reis, agora, quer outra coisa, que ele chama de “isonomia”. Se, no caso da união civil, ele pedia para uma minoria o que se assegura à maioria, agora ele já propõe uma espécie de “intercâmbio de direitos interminorias”, entenderam? Sim, ele sabe que o passaporte especial é uma “excepcionalidade”… Mas aí raciocina: “Como é que se pode conferir, então, tal excepcionalidade a evangélicos e não a nós?”.

Com um pouco mais de cultura democrática, em vez de pedir também para os seus o passaporte diplomático, o líder dos gays deveria é criticar a concessão de privilégios. Em vez de embarcar na justificativa vigarista do Itamaraty, ele cobraria é o fim dos privilégios. Entenda-se a alma profunda de Toni Reis: ele quer os direitos de que goza a maioria sem abrir mão dos privilégios que cada vez mais se concedem às minorias.

Segundo a lei, têm direito a passaporte diplomático presidente, vice, ministros de Estado, parlamentares, chefes de missões diplomáticas, ministros dos tribunais superiores e ex-presidentes. O Itamaraty também pode concedê-lo a pessoa  “que está desempenhando ou deverá desempenhar missão ou atividade continuada de especial interesse do país, para cujo exercício necessite da proteção adicional representada pelo passaporte diplomático”.

E os religiosos?
E por que os religiosos entram nessa categoria? Não sei! Os líderes evangélicos reivindicaram o privilégio porque ele é tradicionalmente concedido a cardeais da Igreja Católica. Atenção! Vou fazer aqui o que Toni Reis não fez, porque seu ânimo é o da provocação, não o da construção de uma República de iguais: É PRECISO SUSPENDER O PASSAPORTE DIPLOMÁTICO DE TODOS OS RELIGIOSOS, DOS CARDEAIS CATÓLICOS TAMBÉM! Qual é a justificativa para a sua concessão?

Igrejas, mesmo a Católica, são associações de caráter privado. Não são nem devem ser um braço do estado. Foi com base na “isonomia” que o privilégio passou a ser concedido também a líderes evangélicos. Agora, ela é evocada por Toni Reis porque, segundo o ofício encaminhado pela ABGLTXYZ ao Itamaraty, também a associação “atua internacionalmente, tendo status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas, além de atuar em parceria com diversos órgãos do Governo Federal”…

Tenham paciência! Daqui a pouco, os chamados líderes dos “movimentos sociais”, os sindicalistas, os presidentes de partidos políticos (mesmo que sem mandato), os intelectuais, os artistas etc. vão reivindicar, “por isonomia”, a concessão da prebenda. Afinal, toda essa gente pode argumentar que desempenha “missão continuada” em benefício do Brasil. E por que não para os jornalistas e seus cônjuges?

Ódio à democracia
São crescentes a intolerância e o ódio à democracia, exercidos, por incrível que pareça, em nome da… democracia. Quando os líderes evangélicos se incomodaram com o passaporte especial dos cardeais, poderiam, sim, ter reivindicado o fim da distinção. Mas preferiram outro caminho: “Nós também queremos; nós também não somos como os brasileiros reles”. Toni Reis, da dita associação gay, poderia, então, ter feito o que os evangélicos não fizeram: “Chega de privilégios inexplicáveis!”. Mas quê… Também ele não quer ser importunado em aeroportos com exigências feitas a homens comuns. Reis, afinal, não é ordinário como todos nós; não é uma pessoa comum: é um ABGLTXYZ! Como pede isonomia com religiosos, entendo que tal condição lhe dá também alcance pastoral…

Nem nas minhas antevisões mais pessimistas, aquelas dos 20 anos, imaginei que chegaria aos 51 tendo de escrever textos como este.

Uma nota para encerrar: quando de esquerda, eu já me incomodava com os nascentes movimentos que eu chamava, então, “particularistas”: de gays, de mulheres, de maconheiros, de negros, de periferia… Considerava, no calor dos meus 17, 18 anos, que aquela gente não entendia como funcionava o mecanismo fundamental de reprodução da desigualdade: a luta de classes. Aprendi alguma coisa ao longo da vida. Hoje vejo que também eles, além dos esquerdistas tradicionais, não entendiam e não entendem o valor da democracia. Arremato observando que Toni Reis não disse em nenhum momento que a concessão de passaportes diplomáticos a líderes religiosos é inexplicável e arbitrária. Se a sua turma também tiver o seu, na sua cabeça, estará assegurada a igualdade.

É verdade! Estará assegurada a igualdade dos desiguais!

Por Reinaldo Azevedo

 

Alckmin é obrigado a condescender com a má governança de Mantega para maquiar inflação

O ministro Guido Mantega, da Fazenda, está agora na fase dos truques. As tarifas de trem e metrô em São Paulo deveriam ser reajustadas em fevereiro. Mantega, no entanto, pediu ao governador Geraldo Alckmin para retardar o reajuste para evitar um pico inflacionário. Já havia feito pedido idêntico ao prefeito Fernando Haddad.

O que isso resolve? Nada! O índice de inflação que conta é o anual. O máximo que se faz é retardar o problema — criando, adicionalmente, problemas no fluxo de caixa nas empresas, que têm suas obrigações. Trata-se de uma forma de maquiar os dados.

A Alckmin, no entanto, não restava alternativa. Imaginem se dissesse “não”. Os setores petistas da imprensa paulistana repetiriam a sem-vergonhice feita quando o governo de São Paulo impediu o federal de quebrar a Cesp. São Paulo foi acusado, então, de sabotar o plano de Dilma para reduzir a tarifa de energia. Imaginem algo assim: “Mantega tenta impedir, mas Alckmin eleva tarifa do metrô”.

Triste o país em que um governador de Estado é obrigado a condescender com a má governança do governo federal porque assim exige a metafísica influente. Leiam mais informações de Daiee Cardoso, no Estadão:
*
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que o aumento das tarifas de trem e de metrô, previsto para fevereiro, podem subir só depois do primeiro trimestre. Dessa forma, ele atenderia ao pedido do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de adiar reajustes tarifários para não pressionar a inflação. Alckmin também garantiu que o pedido do ministro se restringiu apenas à área de transportes.

“(O pedido) foi exclusivamente na área de mobilidade urbana”, disse o governador, após participar da sanção da lei que transforma o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran/SP) em autarquia. Alckmin garantiu também que o governo estadual não avalia nesse momento um reajuste da tarifa na conta de água. “Nós não pretendemos fazer nenhum reajuste da Sabesp neste momento.”

De acordo com o governador, o ministro não ofereceu nenhuma compensação em troca da colaboração do Estado.

“Não tem nenhuma troca. Foi apenas uma conversa com o ministro da Fazenda, que exteriorizou sua preocupação com o pico inflacionário no começo do ano e que se fosse (feito o aumento) após o primeiro trimestre ajudaria a diluir e evitar o pico inflacionário. Não tem nada em troca e nós também nem decidimos ainda”, reforçou o governador. Segundo ele, o governo estadual analisa “com boa vontade” o pedido de Mantega. “Nós vamos verificar isso com boa vontade”, disse.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Sem cargo nenhum, Lula reúne ministros de Dilma e “intelectuais” para tratar de política externa

Há uma reportagem realmente impressionante do Valor, reproduzida na Folha Online, de que seguem trechos. Mais tarde, volto a tratar do assunto. Leiam.

Fora do comando da Presidência da República há dois anos, Luiz Inácio Lula da Silva reunirá na próxima segunda-feira integrantes do primeiro escalão do governo federal e intelectuais para debater a política externa brasileira e a integração com a América Latina. A uma plateia composta por políticos, ex-ministros e intelectuais brasileiros e de oito países sul-americanos, o ex-presidente deverá falar sobre os caminhos progressistas para o desenvolvimento, tema do encontro promovido pelo Instituto Lula, em um hotel em São Paulo.

Lula reunirá no evento o ministro da Defesa, Celso Amorim; o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Participarão também o diretor-executivo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ricardo Carneiro, e o secretário-executivo Adjunto da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Antônio Prado.
(…)
Lula já reuniu-se com organizações sociais para debater a integração da América Latina e deverá ter mais um encontro sobre o tema com empresários da região. No fim do mês, o ex-presidente irá a Cuba para uma conferência e para participar do lançamento do livro “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, de Fernando Morais. Ainda não está definido se o petista tentará visitar o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que está hospitalizado em Havana.

A partir de fevereiro Lula deve iniciar uma série de viagens pelo país. O petista pretende compensar as viagens que não conseguiu fazer no ano passado, durante as eleições, por estar com a saúde debilitada depois do tratamento contra um câncer na laringe. O ex-presidente voltou de férias na segunda-feira.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

À festa de Alves e Renan, chegou quem faltava: Sérgio Cabral. É o Brasil dançando na boquinha da garrafa

Ah, mas chegou quem estava faltando: o governador do Rio, Sérgio Cabral, aquele que dançou “na boquinha da garrafa” em Paris, em companhia de Fernando Cavendish e da Turma do Lenço. Cabral, já escrevi aqui algumas vezes, é, talvez, o político mais inimputável da República depois de Lula. A sorte do Brasil é que ele não tem a disciplina necessária — nem que seja a má disciplina — para ser petista. É folgazão demais para isso. Tem a sorte de governar o estado do Rio num momento em que setores da imprensa transformaram a capital fluminense numa categoria de pensamento. Ultimamente, até quando há enchentes e deslizamentos por lá, o lead fica para a solidariedade do povo, não para os estragos. Isso é coisa que se mede em São Paulo… Cabral não tem de responder nem pelas obras que prometeu e não fez. Na capital paulista, com a ascensão de Haddad, é bem verdade, as coisas também começaram a mudar. Até 31 de dezembro, eventuais enchentes eram culpa de Gilberto Kassab (e, antes, de Serra). Agora, São Pedro já começa a levar a parte que lhe cabe. Mas fui para a digressão. Volto ao ponto.

Juliana Castro informa no Globo que Cabral comandou no Rio o ato de apoio à candidatura de Henrique Alves (PMDB-RN) para a Presidência da Câmara. Não só. O governador também resolveu se alinhar com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a liderança do partido na Casa.  Leiam trecho. Volto em seguida.
*
Em meio a denúncias envolvendo seu nome, o líder do PMDB na Câmara e candidato à presidência da Casa, Henrique Eduardo Alves, esteve no Rio nesta quinta-feira, onde recebeu apoio de deputados da bancada fluminense durante almoço em uma churrascaria na Zona Sul. Ao chegar ao evento, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), defendeu o colega de partido e ressaltou seu apoio à candidatura de Alves. “Pelo que eu li, é algo que me parece muito mais uma disputa do processo eleitoral interno e ele (Alves), me parece que tem se posicionado muito bem”, disse Cabral, que chegou junto com o vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
(…)
O encontro da bancada fluminense com Alves aconteceu em um espaço reservado na churrascaria, ao qual a imprensa não teve acesso. Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, discursaram antes de Alves. Segundo participantes do almoço, o candidato do PMDB à Câmara exaltou no discurso o Poder Legislativo, afirmando que todos os que estão na Casa chegaram ali porque passaram pelo crivo do voto popular, ao contrário do que acontece com alguns membros do Executivo, como ministros, e do Judiciário, que são nomeados.

O peemedebista defende temas que o colocam em contraposição com o Executivo, como chamado Orçamento impositivo. Atualmente, o Orçamento da União tem caráter autorizativo — ou seja, o governo não é obrigado a seguir a lei aprovada pelos congressistas e tem apenas a obrigação de não ultrapassar o teto de gastos com os programas constantes na lei. O Orçamento autorizativo obriga o presidente da República a cumprir o Orçamento aprovado pelo Congresso sem mudanças e sem contingenciamento de recursos.

Desta forma, o Executivo também seria obrigado a pagar as emendas individuais, geralmente o primeiro alvo dos cortes em contingenciamentos. Alves prometeu no discurso trabalhar para acelerar a tramitação de três Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que tratam sobre o tema:
(…)
Pela primeira vez, Cabral fala do apoio a Cunha
Na chegada, o governador Sérgio Cabral falou pela primeira vez sobre seu apoio à candidatura de Eduardo Cunha à liderança do PMDB na Câmara. “Por mais que, do ponto de vista político, não tenhamos uma convivência mais próxima, nós temos respeito um pelo outro”, disse Cabral, afirmando que Cunha sempre ajudou quando foi demandado para alguma questão de interesse do Rio.
(…)
O almoço contou com 22 dos 46 deputados da bancada fluminense e outros três suplentes, além de lideranças de partidos da base aliada. Segundo os organizadores do evento, cada um teve que desembolsar R$ 150 para pagar o almoço na churrascaria.

Voltei
À diferença do que diz Cabral, Alves não explicou nada! Ao contrário: quanto mais se sabe do direcionamento de suas emendas à “empresa” de seu funcionário, menos claras ficam as coisas. Também não conseguiu apresentar nem mesmo uma desculpa verossímil para o fato de alugar carros de uma empresa registrada em nome de uma laranja e que, ora, ora, não é dona de carro nenhum, como noticia VEJA nesta semana. Da mesma sorte, Renan Calheiros (PMDB-AL), candidato a presidente do Senado (função a que já teve de renunciar, em 2007), não consegue apresentar uma narrativa minimamente coerente para as lambanças em que seu nome aparece metido.

E daí? Os apoiadores  dão as costas para a moralidade, o decoro e a decência. E, como se nota, ainda dizem fazê-lo em nome do povo, não é? Segundo a reportagem de O Globo, Alves  exaltou a superioridade dos políticos eleitos no confronto com o Judiciário, cujos membros não se submetem ao crivo popular. Certo! Por esse particular critério, Celso de Mello (para citar o decano do Supremo) está num degrau moral inferior àqueles em que se situam Paulo Maluf, Valdemar Costa Neto ou João Paulo Cunha.

Na madrugada, mostrarei a vocês como o petismo soube se aproveitar desse, digamos, “espírito” para se fazer a força hegemônica da política.

Por Reinaldo Azevedo

 

Maluf matou charada: “Se eu sou inocente, Alves também é…” Faz sentido!

Agora as coisas estão em seu devido lugar. Quem, a não ser o deputado Paulo Maluf (PP-SP), poderia definir com a devida profundidade a inocência do deputado Henrique Alves (PMDB-RN), candidato à Presidência da Câmara?

Maluf, na prática, construiu um raciocínio irrespondível, que pode ser resumido assim: “Se eu sou inocente, então Alves também é”. Digam: faz ou não faz sentido?

Leiam o que vai no Estadão Online. Volto em seguida:

Por Bruno Boghossian:
O deputado federal Paulo Maluf (PP) roubou a cena em jantar no restaurante Figueira Rubaiyat do qual políticos paulistas participaram nesta quinta-feira, 18, em apoio à candidatura do deputado Henrique Alves (PMDB) à presidência da Câmara. Questionado sobre as denúncias que pesam sobre o deputado, como direcionamento de emendas para empresa de um ex-assessor, Maluf disse que não vê nenhum constrangimento em apoiar o peemedebista. “Há muitos padres acusados de pedofilia, e nem por isso eu deixo de ser católico”.

O deputado disse ainda que não coloca a mão no fogo por Alves, mas usou seu próprio exemplo para defender o colega de Câmara. “Toda investigação é bem vinda e quem está dizendo isso é o homem mais investigado deste País, que se chama Paulo Maluf. Nunca tive uma condenação. Tenho quase meio século de vida pública. Estou casado com a mesma mulher, estou no mesmo partido, moro na mesma casa e estou feliz.”

Voltei
Há só uma coisinha na fala de Maluf que não entendi direito… Na sua metáfora, quem seria o pedófilo? Alves seria o padre, e o PMDB, a Igreja? Ainda dentro da sua figuração, ele acha que se pode deixar que um pedófilo cuide dos coroinhas?

Eis aí… Maluf é, sim, uma espécie de emblema, de presidente de honra, da grei a que pertence gente como Alves e Renan Calheiros. Em última instância e de modo irrecorrível, ainda não foi condenado mesmo pela Justiça brasileira, o que, parece-me, deixa o próprio Maluf impressionado. Noto que, em vez de se declarar inocente, ele prefere dar destaque à não condenação. Sabem como é… Há uma diferença entre o sujeito que se diz convictamente inocente e o que prefere dizer que não há provas… Al Capone, por exemplo, nunca deixou provas de seus crimes. Não fosse a sonegação…

Já a Justiça de Jersey condenou Maluf a devolver R$ 22 milhões aos cofres da cidade de São Paulo. Embora jure que o dinheiro não é dele, vai recorrer, entenderam? Tudo explicado. Se Maluf é inocente, Alves também é… O peemedebista não poderia encontrar  advogado mais competente.

Por Reinaldo Azevedo

 

O nariz marrom e ideologicamente comprometido de parcela da Faculdade de Direito da USP, que, de quebra, espanca a língua e a lógica

Em novembro do ano passado, a Congregação da Faculdade de Direito da USP, que reúne representantes de alunos, funcionários e professores, resolveu aprovar um “voto de solidariedade” ao ministro do STF Ricardo Lewandowski. A informação está na Folha Online.

O texto, assinado por Antônio Magalhães Gomes Filho, diretor, é patético. Leiam.

Como viram, os valentes se solidarizam com o ministro por sua “dedicação, independência e imparcialidade”. Ah… Antes de a lendária São Francisco ter sido infiltrada pelo petralhismo, havia mais cuidado com a linguagem ao menos.

Já vi as pessoas receberem votos de congratulações em razão de suas qualidades; “de solidariedade”, nunca! Seria uma inovação desses bravos não fosse má consciência. Seria como alguém se solidarizar com o casal Angelina Jolie-Brad Pitt: “Solidarizamo-nos com Angelina e Brad porque são bonitos, talentosos, famosos, ricos e generosos com crianças abandonadas”. Não que eu ache que Lewandowski está para o mundo do direito como o casal está para o das celebridades. Mas a tal Congregação acha, né?

O subtexto
É claro que há nisso tudo um subtexto. Essa mesma “Congregação” é aquela que aprovou uma moção de “persona non grata” contra o reitor João Grandino Rodas por motivos puramente ideológicos — como ideológico é o voto de solidariedade ao ministro que não viu José Dirceu e José Genoino cometer crime nenhum no caso do mensalão. Ele foi severo, sim, com os banqueiros que financiaram a operação. Sua “dedicação, competência e imparcialidade” acusaram uma verdadeira barafunda nos controles internos dos bancos que fizeram os empréstimos fantasmas, mas não enxergaram falha nenhuma naqueles que comandaram o recebimento da grana.

Atenção!
A Congregação se solidarize com quem quiser. Eu me reservo o direito de criticá-la. Mas uma coisa, ao menos, eu cobro: coragem! A covardia intelectual é uma falta desprezível.

A Congregação da São Francisco só se “solidariza”, em vez de se congratular,  com Lewandowski porque pretende afirmar, por linhas tortas, que as críticas de que ele foi alvo eram injustas e dirigidas às suas qualidades de juiz, não a seus defeitos. De novo: trata-se de ideologia e de alinhamento partidário, não de fatos.

Quando Lewandowski sustentou, por exemplo, que o STF mudou a sua jurisprudência ao dispensar ato de ofício para caracterizar corrupção passiva, estava, infelizmente, em desacordo com os fatos. Porque isso não aconteceu, não houve mudança de jurisprudência nenhuma! As críticas de que o ministro foi alvo se exerceram justamente em nome da “dedicação, competência e imparcialidade”.

Uma pergunta óbvia: por que um voto de solidariedade a ele e não aos demais ministros? Só porque é professor da casa? Qualquer um que tenha origem na São Francisco merece manifestação semelhante? A julgar pela estupidez que se fez com Rodas, a resposta é “não”. Parece, isto sim, que tal voto se faz como avaliação de mérito de suas posições. A Congregação da São Francisco, num gesto, então, inédito, decidiu censurar a maioria do Supremo ao expressar a sua “solidariedade” àquele que foi voto vencido.

A faculdade já viveu dias melhores! Os alunos e professores que estão comprometidos com o direito e com as instituições, não com uma ideologia ou com um partido, fiquem atentos. Estão tentando transformar a lendária São Francisco em mero esbirro de um projeto de poder.

É o que nos diz esse voto que se “solidariza”, em vez der se congratular, com as supostas qualidades de um ministro do STF.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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