Presidente do PT acha que imprensa e Ministério Público podem levar o país ao nazismo e ao fascismo. Aceito o desafio...

Publicado em 31/01/2013 07:18 e atualizado em 17/05/2013 14:44
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Presidente do PT acha que imprensa e Ministério Público podem levar o país ao nazismo e ao fascismo. Aceito o desafio de demonstrar que o petismo pode ser herdeiro dos fascistas, mas jamais o jornalismo livre

Presidente do PT acha que imprensa e Ministério Público podem levar o país ao nazismo e ao fascismo. Aceito o desafio de demonstrar que o petismo pode ser herdeiro dos fascistas, mas jamais o jornalismo livre

Rui Falcão, presidente do PT, ainda não se conformou com a imprensa independente e afirmou ontem, na Câmara, que esse jornalismo que ele deplora e o Ministério Público podem conduzir o país ao nazismo e ao fascismo. Esta quarta-feira foi um dia adequado para tratar do tema. Há 70 anos, Adolf Hitler chegava ao poder na Alemanha. Escrevi um post a respeito. O nazismo — a forma que tomou o fascismo alemão — tinha um ideário e um programa para a imprensa. Já chego lá.

Falcão, reconduzido à presidência do PT com o apoio unânime dos mensaleiros, acha que os jornalistas e o Ministério Público demonizam a política. Leio na Folha esta declaração formidável:
“Sejamos francos: quem é a oposição no Brasil? Há oposição dos partidos políticos, mas há oposição mais forte, mas que não mostra a cara, quando poderia fazê-lo. É o que chamo de oposição extrapartidária, que se materializa numa declaração que a imprensa veiculou de Judith Brito, que disse com todas as letras: ‘como a oposição não cumpre seu papel, nós temos que fazer’. E vem fazendo.”

Judith Brito é a presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais). E não! Ela não afirmou o que Falcão lhe atribui. Ele pinça duas ou três palavras de uma resposta mais ampla dada ao Globo. O link da reportagem está aqui. Ela criticava, e com absoluta razão, o Plano Nacional de Direitos Humanos (neste blog, chamado de “Plano Nacional-Socialista de Direitos Humanos), que simplesmente instituía a censura no país. E fez uma afirmação que sustento neste blog desde o primeiro dia. Reproduzo:
“A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”

A declaração é de março de 2010. Judith disse o óbvio,: uma das atribuições da imprensa é mesmo vigiar o poder e os poderosos, segundo os marcos legais e constitucionais. Ocorre que, nas democracias, essa é também uma das tarefas da oposição. Como, no Brasil, ela anda tímida e atrofiada, em contraste com a hipertrofia do governo, a imprensa acaba assumindo o lugar da única voz discordante. MAS ATENÇÃO! NÃO PORQUE TENHA UM PROJETO POLÍTICO! Não tem! Aliás, existem “imprensas”, no plural.

Falcão, este notável pensador de rapina, acaba se traindo e revela o que ele próprio pensa da oposição: é fraca e irrelevante. Na verdade, ela não o preocupa e aos petistas; tiram de letra! Chato mesmo é ter de aguentar o jornalismo que ainda não se rendeu, que ainda não caiu de joelhos. E olhem que vocês conhecem a rotina de sabuijice que tem caracterizado a grande imprensa nestes tempos. O próprio Falcão foi tratado na CBN, por exemplo (leia post), como o defensor das criancinhas, embora tenha feito um projeto de lei inconstitucional. Fernando Haddad aparece como herói da cidade. Políticos de oposição têm sido impiedosamente ridicularizados. O petismo emplaca a pauta que bem entender em certos veículos. Não está bom para Falcão.

Nota antes que continue: quem ouvia atentamente o discurso de Falcão em seu primeiro dia de trabalho na Câmara? José Genoino, o deputado condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha. O presidente do PT só não incluiu o Poder Judiciário entre os agentes do novo nazifascismo porque se acovardou.

Quem repete os nazistas mesmo?
Pois é… Ontem lembrei trechos aqui do programa dos nazistas e afirmei que qualquer semelhança com as teses dos partidos de esquerda não era mera coincidência. Ao contrário: a raiz do pensamento é comum. A tentação de se criarem entes que vigiem a sociedade — quando, nas democracias, é a sociedade que vigia esses entes — é a mesma. Fascismo e comunismo reúnem os fanáticos da reengenharia social e do controle das vontades. E a imprensa livre está muito além daquilo que eles podem tolerar.

Vejam se o item 23 do programa nazista não se encaixa à perfeição no discurso de Rui Falcão (em vermelho):

23. Exigimos que se lute pela lei contra a mentira política deliberada e a sua divulgação através da imprensa. Para que se torne possível a constituição de uma imprensa alemã, exigimos:
a) que todos os redatores e colaboradores de jornais editados em língua alemã sejam obrigatoriamente membros do povo (Volksgenossen);
b) que os jornais não-alemães sejam submetidos à autorização expressa do Estado para poderem circular. Que eles não possam ser impressos em língua alemã;
c) que toda participação financeira e toda influência de não-alemães sobre os jornais alemães sejam proibidas por lei, e exigimos que se adote como sanção para  toda e qualquer infração o fechamento da empresa jornalística e a expulsão imediata dos não-alemães envolvidos para fora do Reich.
Os jornais que colidirem com o interesse geral devem ser interditados. Exigimos que a lei combata as tendências artísticas e literárias que exerçam influência debilitante sobre a vida do nosso povo, e o fechamento dos estabelecimentos que se oponham às exigências acima.

Aliás, boa parte da pregação petista seria abraçada pelo nacional-socialismo sem hesitação, como se pode ver aqui. Se é de nazistas e fascistas que Rui Falcão quer falar, eu topo a brincadeira. E, como se nota, estaremos em campos opostos nisso também.

Somos “os judeus” de Rui Falcão
Contestando um vídeo gravado por este senhor, em que, ora vejam!, ele atacava a imprensa livre — e é por isso que essa gente paga a imprensa do nariz marrom com o nosso dinheiro —, demonstrei as semelhanças que havia entre a sua fala e um pronunciamento de Goebbels no dia 10 de fevereiro de 1933. Hitler estava no poder havia apenas 11 dias.

Um dos alvos de Goebbels no discurso foi a imprensa dos “judeus insolentes”. Leiam trechos:
(…)
Se hoje a imprensa judaica acredita que pode fazer ameaças veladas contra o movimento Nacional-Socialista e acredita que pode burlar nossos meios de defesa, então, não deve continuar mentindo. Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!
(…)
Eu só queria acertar as contas com os [nossos] inimigos na imprensa e com os partidos inimigos e dizer-lhes pessoalmente o que quero dizer em todas as rádios alemãs para milhões de pessoas.

Eis aí. Somos os “judeus insolentes” de Rui Falcão.

Enquanto o presidente do PT fazia esse discurso, Luiz Inácio Apedeuta da Silva, o chefão do partido, celebrava o reino da liberdade e da justiça em Cuba.

Por Reinaldo Azevedo

 

Petição contra Renan na presidência do Senado caminha para 250 mil adesões

Por vontade da maioria dos seus pares, Renan Calheiros (PMDB-AL) deve chegar à Presidência do Senado. Mas não será sem o claro repúdio de parcela significativa da sociedade. Em dois ou três dias, a petição que expressa a recusa a essa possibilidade já conta com quase 250 mil adesões. Se quiser aderir, clique aqui.

Enquanto escrevo — e o contador não para de se mover —, são mais de 236 mil adesões.

Não me lembro de uma causa ter mobilizado tanta gente em tão pouco tempo. Os senadores, no entanto, parecem ter o coração mais duro do que o do faraó. Que se lembrem da referência bíblica, pois…

Rui Falcão, aquele que emula Goebbels no conteúdo, mas sem o mesmo talento para a chanchada homicida, acha que isso é coisa de fascistas e nazistas. No mundo de Falcão, a presidência do Senado é coisa que se define lá entre a companheirada.

Por Reinaldo Azevedo

 

E a CBN, com mais esquerdistas do que Havana, segue firme na sua saga contra anunciantes, contra o governo de SP e contra a Constituição. Tenho uma proposta para a emissora

A CBN, rádio do Grupo Globo e que parece reunir mais esquerdistas do que Havana (em Pequim, eles já foram extintos….), segue firme na sua saga de demonização do governo de São Paulo e de anunciantes de um setor da economia. Crime do governador Geraldo Alckmin: seguir a Constituição da República.

Se vocês clicarem aqui, terão acesso à reportagem apresentada no programa ancorado por Milton Jung, em São Paulo, sobre o projeto que proibia a propaganda de alimentos considerados “pobres em nutrientes”. De saída, destaco o título no site da emissora:
“Alckmin veta projeto que restringe anúncios de alimentos não saudáveis para crianças”

Logo, Alckmin é apresentado como aquele que defende os anúncios de alimentos não saudáveis para crianças, certo?

Texto da locução de Milton Jung:
“O governador Geraldo Alckmin vetou o projeto de lei que restringia o anúncio de alimentos não saudáveis para crianças no estado. A assessoria jurídica e parlamentar do governador alegaram (sic) que cabe à União legislar sobre o tema (….)”

O erro não é só de gramática. Também é de conceito. A assessoria não “alegaram” coisa nenhuma! A assessoria informou o óbvio e o que está disposto em dois artigos da Constituição Federal: o 22 e o 220. É matéria de fato, não de gosto.

Em seguida, a CBN fez o quê? Ora, ouviu os dois lados. Hoje, os nazistas teriam amplo direito de defesa na forma como se faz certo jornalismo. Fatalmente se daria àqueles bravos a chance de provar que os judeus dominavam os bancos, estocavam alimentos para elevar os preços e conspiravam contra o estado alemão… Logo o jornalismo brasileiro vai começar a ouvir o lado dos terroristas para não ficar mal nas ditas redes sociais…

Seguir a Constituição, na CBN, é agora mera questão de opinião. Uns acham uma coisa, outros, outra.

A CBN entrevista o vice-presidente Executivo da Associação Brasileira de Anunciantes, Rafael Sampaio. Huuummm… Em vez de ouvir um advogado, um jurista, a emissora escolheu alguém ligado à publicidade. A sugestão óbvia, queiram ou não, é a de que se trata de defesa em causa própria. Sampaio mandou bem, sim, disse o óbvio: a competência para regular a propaganda é federal. Mas ele já tinha  a mácula de origem, não? Representava esses porcos exploradores, os “anunciantes”…

Em seguida, a CBN ouve o “amigo do povo”, o Marat das criancinhas, Pedro Hartung, que trabalha para o tal Instituto Alana. E aí o rapaz diz um troço espantoso:
“O Estado possui, sim, competência para legislar sobre a proteção da criança e a proteção à saúde e à defesa do consumidor. O próprio Artigo 227 da Constituição garante ao público infantil uma proteção especial e integral (…)”

Retomo
O Artigo 227 trata dos direitos da criança, MAS É MENTIRA  que confira a entes federados competência para legislar sobre a área. Eu o transcrevo abaixo, em azul, e volto em seguida.

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
I – aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.
II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. 
§ 2º – A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º – O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I – idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II – garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III – garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;
III – garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV – garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V – obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI – estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII – programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.
VII – programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 4º – A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º – A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º – Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º – No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
I – o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; 
II – o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas.

Voltei
Não sei se Hartung é advogado. Se é, andou cabulando algumas aulas. Como se pode ver, o Artigo 227 se refere às obrigações e competências do ESTADO BRASILEIRO com as crianças, não às dos entes federados em particular. Se ele apontar onde está a tal permissão, corto meu mindinho para ver se fico mais sábio.

O que Hartung está dizendo, e a CBN permite que a pilantragem intelectual prospere, é que a Constituição brasileira é esquizofrênica: em dois artigos, estabelece que a regulamentação da propaganda é exclusividade de lei federal e, num terceiro, abre brecha para que seja estadual. Não abre! É uma mentira escandalosa.

E como ficaram os ouvintes da CBN? Depois de terem ouvido Jung dizer que Alckmin vetou a restrição à propaganda de alimentos “não saudáveis” (homem mau!), restaram com duas opiniões diametralmente opostas: a de um representante de anunciantes, que diz que o governador cumpriu a lei, e a de um sedizente representante de consumidores e criancinhas, dizendo o contrário — isso depois de a repórter ter informado que a proposta contava com o apoio de 15 mil assinaturas.

Como o ouvinte não é especialista em direito, adivinhem qual versão pareceu mais simpática: a verdadeira ou a mentirosa? Resposta óbvia: a CBN contribuiu para que a mentira parecesse mais humana do que a verdade. Não! É pior: contribuiu para que a mentira passasse por verdade, e a verdade, por mentira.

Uma proposta à CBN
Vocês sabem como sou, não é? Gosto de gente corajosa. Uma frase define o que penso: “Covardes pregam a morte de Deus no Ocidente; corajosos pregam a morte de Alá em Teerã”. Não gosto de gente que se jacta do que é fácil. Não há por que a CBN torrar a paciência de Alckmin. A Globo, a TV, do mesmo grupo da CBN, é a líder absoluta de audiência — e por bons motivos.

Ninguém obriga a TV a anunciar o que quer que seja. Existe o direito à recusa. A CBN deveria iniciar uma campanha para a TV Globo rejeitar anúncios de alimentos pobres em nutrientes, com açúcar, gordura etc. E para repudiar também qualquer propaganda voltada para crianças ou que use a imagem de crianças. Apoio (antigo “apóio”) homens e mulheres de convicções firmes. A propósito: a CBN aceita publicidade de refrigerante, de biscoito ou de redes de lanchonete? Convenham: a emissora não precisa que Alckmin a proíba de fazer essa coisa horrível para as criancinhas, certo? Também pode banir do ar essa propaganda por conta própria. Coragem, valentes!

O que não é possível é vender a mentira como verdade, e a verdade como mentira. Os “progressistas” da CBN podem defender o que lhes der na telha. Mas não têm o direito de mentir, ou de promover a mentira, sobre a Constituição brasileira. Por que a emissora não procura juristas — não vale um rábula — que digam que cabe, sim, ao Estado cuidar do assunto? Porque não vai encontrar.

Texto publicado originalmente às 19h23 desta quarta

Por Reinaldo Azevedo


O nosso blog no jornal “The Guardian”

Leitores me enviaram o link de uma reportagem do jornal “The Guardian, em que nosso blog é citado — um post sobre a tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Perguntam-me se eu tinha visto. Não tinha, não. O jornal inglês reproduz justamente o trecho em que sustento que uma tragédia naquelas proporções não é obra do destino, mas de um conjunto de ações e omissões deliberadas. É evidente que ninguém teve a intenção de matar. Ocorre que há ações e omissões que matam. E “estepaiz”, como diria aquele, precisa aprender a ser virtuosamente fatalista: acreditar na inexorabilidade da razão, das leis da física, das leis da química. Ou continuaremos a morrer antes da hora.

Por Reinaldo Azevedo

 

O Supercoxinha e a Kryptolula

E não param de chegar as contribuições dos leitores para o “Supercoxinha”, que vem a ser o prefeito Fernando Haddad visto pelos olhos mistificadores de setores da imprensa paulistana. Abaixo, segue o desenho do leitor “Jeremias no Deserto”. Os desenhos devem ser arquivados em páginas como flickr.com e twitpic.com, e os links, enviados para a área de comentários. Na versão de Jeremias, o Supercoxinha aparece ao lado da “kryptolula”.

Por Reinaldo Azevedo


Leia “Mensalão”, o livro do jornalista Merval Pereira. Chegou a hora de interpretar ainda mais o mundo!

O maior e mais grave escândalo da história republicana — porque se tratou, além da roubalheira, de tentar golpear a democracia com a criação de um Congresso paralelo — ganhou há poucos dias outro livro: “Mensalão — O dia a dia do mais importante julgamento da história política do Brasil”, do jornalista Merval Pereira, colunista do jornal “O Globo” (Editora Record) e comentarista da GloboNews e da CBN. Digo “outro” porque há a história lida e analisada pelo professor Marco Antonio Villa em “Mensalão” (Editora LeYa).

Com prefácio de Carlos Ayres Britto, ex-ministro do Supremo, que presidiu o julgamento, o livro traz os artigos escritos sobre o tema no Globo entre 2 de agosto e 11 de dezembro de 2012. Merval é um dos textos mais lúcidos e precisos da imprensa brasileira e tem um vício incurável: é dono das próprias ideias. Não integra as hostes crescentes dos que escrevem ou para agradar ou para não desagradar. Também não é do tipo que marcha no descompasso só para chamar a atenção. Aliás, esta é a acusação frequente que pesa contra os jornalistas independentes: porque eventualmente não seguem o ritmo da mediocridade influente, são, então, tachados de meros provocadores.

Merval sabe fazer a composição entre o detalhe e o conjunto, entre a parte e o todo. Ao longo dos textos, entendemos o fluxo da história, mas sem perder alguns detalhes saborosos que ilustram e iluminam a trajetória.

Leia-se este trecho de “Fugindo da cadeia”, texto publicado no dia 15 de novembro de 2012:
É meio vergonhoso para o PT, há dez anos no poder, que a situação desumana de nosso sistema penitenciário vire tema de debate só agora que líderes petistas estão sendo condenados a penas que implicam necessariamente regime fechado.
Chega a ser patético que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no final das contas responsável pelo monitoramento das condições em que as penas são cumpridas, diga em público que preferiria morrer caso fosse condenado a muitos anos de prisão. Dois anos no cargo, e o ministro só se mobiliza para pôr a situação das prisões brasileiras em discussão no momento em que companheiros seus de partido são condenados a sentir na própria pele as situações degradantes a que presos comuns estão expostos há muitos e muitos anos, os dez últimos sob o comando do PT.

Também o ministro revisor Ricardo Lewandowski apressou-se a anunciar que muito provavelmente o ex-presidente do PT José Genoino vai cumprir sua pena em prisão domiciliar porque não há vagas nos estabelecimentos penais apropriados para reclusões em regime semiaberto. Para culminar, vem Dias Toffoli defender que as condenações restritivas da liberdade sejam trocadas por penas alternativas e multas em dinheiro. Tudo parece compor um quadro conspiratório para tentar evitar que os condenados pelo mensalão acabem indo para a cadeia, última barreira a ser superada para que a impunidade que vigora para crimes cometidos por poderosos e ricos deixe de ser a regra.
(…)

Voltei
Os artigos, uma vez reunidos em livro, ganham uma vida nova. No curso da leitura, entendemos com mais clareza as estratégias dos advogados dentro e fora dos tribunais, recuperamos o embate das teses jurídicas, lembramo-nos de detalhes das chicanas e reavivamos os valores, os bons valores, que fizeram com que as instituições brasileiras dissessem “não” aos golpistas.

Que o mensalão produza muito mais livros. Marx, bom frasista mesmo quando dizia as maiores cretinices, afirmou na “11ª Tese sobre Feuerbach”: “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras, trata-se, entretanto de transformá-lo”. Não há como salvar essa tolice mesmo no ambiente do texto original. Parece inteligência, mas é obscurantismo.

O nosso papel, o de filósofos, jornalistas, historiadores — cada trabalho com seu acento peculiar —, é mesmo este: interpretar o mundo. É o modo que temos de transformá-lo. De resto, ansiamos para que todos, mesmo os homens especialmente talhados para a “transformação”, jamais abandonem a teoria e o pensamento.  Leiam “Mensalão”, um livro que ousa interpretar a realidade tendo como norte os fatos.

Por Reinaldo Azevedo

 

PSDB, com 10 senadores, anuncia apoio oficial a Pedro Taques; PSB, com 4, anuncia que recusará nome de Renan

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Diante dos novos desgastes envolvendo o senador Renan Calheiros, denunciado na última sexta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) por utilizar notas fiscais falsas para justificar o pagamento de uma pensão alimentícia, o PSDB anunciou nesta quarta-feira que deve apoiar a candidatura alternativa do novato Pedro Taques (PDT-MT) à presidência do Senado.
(….)
Nesta quarta-feira, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), informou que o partido apresentará nesta quinta uma “carta de princípios” a Pedro Taques antes de sacramentar o apoio dos tucanos à candidatura do político mato-grossense. O apoio em massa da bancada do PSDB daria dez votos a Taques, mas a eleição para a presidência do Senado, que ocorre na manhã de sexta-feira, é secreta.

Ao anunciar a disposição do PSDB em apoiar o nome de Taques à presidência da Casa, Alvaro Dias disse ser necessário “preservar um espaço de dignidade na instituição” em busca de um “novo cenário de maior respeitabilidade”. “Certamente nós vamos marchar unidos em torno dessa candidatura (de Pedro Taques). Temos 81 senadores e temos que colocar a instituição em primeiro lugar. Se há contestação em relação a determinado nome, por que insistir com ele? As circunstâncias exigem um posicionamento diferente da oposição”, afirmou.

PSB
Na manhã desta quarta, o PSB também marcou posição contra a candidatura de Renan Calheiros e decidiu que não votará nele para a presidência do Senado. Os socialistas representam mais quatro votos contrários às pretensões do alagoano de voltar ao cargo do qual foi abatido em 2007 após uma série de denúncias de irregularidades. A bancada do PSB, formada por Lídice da Mata (BA), Antônio Carlos Valadares (SE), João Capiberibe (AP) e Rodrigo Rollemberg (DF), afirmou que, com as eleições para a Mesa Diretora, o eleitorado espera “compromisso firme com a ética e com a continuidade do processo de transformação do Brasil em uma nação justa e próspera”.

Por Reinaldo Azevedo


Genoino: punho esquerdo cerrado para o alto, gravata vermelha, têmpera revolucionária e… condenação por corrupção ativa e formação de quadrilha

Vejam esta foto de André Borges, da Folhapress.

 

Ela ilustra reportagem da Folha Online sobre o primeiro dia de trabalho, na Câmara, do deputado condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha José Genoino (PT-SP). O texto informa que Genoino distribui abraços, sorrisos e apertos de mão e foi aplaudido. Segundo entendi, por petistas.

Rui Falcão, reconduzido à presidência do PT com o apoio unânime dos mensaleiros, discursou e fez um agradecimento público aos que o antecederam no cargo: o próprio Genoino e Ricardo Berzoini.

É justo. Na gestão de um, fez-se o mensalão; na de outro, o escândalo dos aloprados.

Uma linhagem de bravos!

Por Reinaldo Azevedo


PMDB define o seu líder no Senado. Ou: “Estadunidenses” não são de nada!

Depois de certo quiproquó com o senador Romero Jucá (RR) — eterno líder no Senado, desde os tempos das caravelas, pouco importando o governo de turno —, o PMDB chegou a um acordo: a liderança do partido ficará com Eunício Oliveira, do Ceará. Jucá se conformou com a vice-liderança diante da perspectiva de que o outro dispute o governo do seu estado em 2014; nessa hipótese, ele voltaria ao lugar em que sempre esteve…

Renan Calheiros (AL), candidato à Presidência da Casa, emitiu uma nota exaltando a união do partido, que tem garantido, segundo ele,  “fundamental estabilidade política”.

É o que eu sempre digo: o que falta a Barack Obama, naquela democracia atrasada do Norte, é um PMDB com protagonistas à moda Renan, Eunício, Sarney, Jucá.

Essa gente é a cara da nossa “estabilidade”. Mas os “estadunidenses” (como escreve a esquerda cascuda brasileira) são bobos. Não sabem o que é bão… 

Por Reinaldo Azevedo


Rumo a 160 mil assinaturas contra Renan na Presidência do Senado

Impressionante a velocidade em que avançam as adesões à petição de repúdio à recondução de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado. Para aderir, clique aqui.

Às 17h38, quando publiquei uma nota a respeito, havia 119.697 adesões. Agora, enquanto escrevo, já são mais de 142 mil. Se o ritmo for mantido, no fim do dia, às 23h59, haverá mais de 160 mil assinaturas.

Por Reinaldo Azevedo


Mais um Supercoxinha, agora do leitor Sérgio C.

Os desenhos, reitero, devem ser arquivados em páginas como flickr.com e twitpic.com, e os links, enviados para a área de comentários. Vejam a versão de Sérgio C., com essa mistura de eras, que remete ao imemorial, e a mão de Deus no comando.

Por Reinaldo Azevedo


Desapropria, Dilma! Ou: Lágrimas de crocodilo

Eu estou muito decepcionado com a Democracia Socialista, a corrente marxista do PT à qual pertence o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas.

Eu estou muito decepcionado com o governo Dilma Rousseff, que é capaz de, numa penada, submeter todo um setor da economia a seus caprichos ideoloógicos.

E por que a minha decepção? Porque parece que o Planalto está disposto a produzir um novo Pinheirinho no interior de São Paulo. E, ora vejam, basta a caneta para que isso não aconteça. Em vez de agir, o governo federal fica impassível.

Qual é o busílis? Lembram-se daqueles assentados que ocuparam por um dia instalações do Instituto Lula, o que deixou, segundo seus porta-vozes, o Apedeuta chateado? Pois é. Eles cobravam que o governo federal desaproprie uma área, em Americana (interior de São Paulo), que abriga 70 famílias: o assentamento Milton Santos. Nota: não são invasoras. Foram instaladas lá pelo Incra.

Ocorre que há um litígio entre o grupo Abdalla/Usina Ester e o INSS, a cujo patrimônio a área foi incorporada em razão de dívidas que não teriam sido quitadas. A empresa recorreu e obteve a reintegração de posse. A sentença final foi dada em 2012 pelo Tribunal Regional Federal. O prazo para a saída dos assentados vencia hoje. Uma liminar obtida pelo INSS adiou a operação.

Decisão Judicial
Atenção, meus caros! A reintegração de posse, quando há resistência, tem de ser executada pela Polícia Militar, que não tem como mandar a Justiça plantar favas. O assentamento Milton Santos é produtivo, e as famílias lá estão, convenham, dentro de um programa de reforma agrária conduzida pelo estado.

A exemplo do que poderia ter feito no caso do Pinheirinho, o governo federal poderia resolver a pendenga com a desapropriação da área. E fim de conversa! Há uma penca de motivos que a justificam. Mas notem que nada se fez. E se o INSS não tivesse conseguido a nova liminar? O que esperavam que o governo do estado e a PM fizessem? Que dessem de ombros para a Justiça?

Imposturas
Isso me lembra todas as imposturas cometidas pelo governo federal no caso do Pinheirinho — o conflito ocorreu há um ano —, a que se seguiu uma cobertura de certos setores da imprensa que ultrapassou todos os limites da delinquência ideológica. Sem jamais ter movido uma pena para resolver o problema, o primeiro escalão do governo Dilma se dedicou à demonização da Polícia Militar de São Paulo. Chegou-se a denunciar um “massacre”. Felizmente, não houve mortes. Era só uma dessas mentiras de que é capaz a máquina oficial de difamação.

O que espera Dilma, sempre tão buliçosa quando se trata de pegar a caneta e decidir, para desapropriar a área de Americana, onde setenta famílias já vivem e produzem?  Querem ver a Polícia Militar de São Paulo atuando “contra os oprimidos” para que petistas possam verter lágrimas de crocodilo?

Desapropria, Dilma!

Por Reinaldo Azevedo


Abaixo-assinado contra Renan na Presidência do Senado chega a 120 mil assinaturas. Se quiser, veja como assinar

A petição pública contra a recondução de Renan Calheiros (PMDB-AL) à Presidência do Senado chega às 120 mil assinaturas. Lançada na quinta-feira passada na AVAAZ, a maior plataforma de abaixo-assinados do mundo, a campanha pegou fogo na rede. Enquanto escrevo, são 119.697 assinantes. A adesão cresce espantosamente a cada minuto.

Se quiser assinar, clique aqui.

Este é o texto que compõe a petição:
O Senador Renan Calheiros, que acaba de ser denunciado criminalmente ao STF pelo Procurador-Geral da República, é o favorito para ser o próximo presidente do Senado. Somente uma mobilização gigantesca pode impedir esta vergonha. 

A última vez que Renan Calheiros foi Presidente do Senado, em 2007, ele teve que renunciar após sérias denúncias de que um lobista pagava suas despesas pessoais, paralisando o Senado por meses. A denúncia agora é que, para se defender daquelas acusações, ele apresentou notas falsas. Após a aprovação da lei da Ficha Limpa e do julgamento do Mensalão, o país precisa deixar claro que não aceita mais que a moralidade pública fique em segundo plano. 

Antes da denúncia ao STF, Renan era franco favorito, mas agora está surgindo uma forte articulação entre os Senadores contra sua candidatura e uma mobilização popular gigantesca nas próximas 48 horas — antes da eleição na sexta-feira  — pode enterrar de vez os Planos de Renan. Assine agora essa petição, que foi criada pela ONG Rio de Paz, e, ao atingirmos 100.000, assinaturas ela será lida no plenário do Senado por Senadores que se opõem a Renan.

Por Reinaldo Azevedo

 

Manifestantes são impedidos de lavar rampa do Congresso contra candidatura de Renan à presidência do Senado

Por Gabriela Guerreiro, na Folha Online:
Cerca de 20 manifestantes fizeram hoje um protesto no gramado em frente ao Congresso Nacional contra a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à Presidência do Senado. Impedidos pela segurança do Congresso de “lavarem” a rampa numa “faxina” para limpeza da Casa, os manifestantes fizeram a lavagem simbólica no lago em frente à sede do Legislativo. O grupo desenhou uma cruz no gramado principal formada com baldes e vassouras. O gesto, segundo o coordenador do movimento, representa a necessidade do Senado “limpar” sua imagem, elegendo um candidato “ficha limpa” para o comando da instituição.

“Pretendíamos fazer um ato simbólico de lavagem da rampa. Seria uma experiência lúdica de uma demanda da sociedade, que não quer ter um presidente ficha suja”, disse o presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa. A organização não-governamental é responsável por recolher assinaturas, em uma petição eletrônica, contra a candidatura de Renan. O grupo argumenta que a eleição do líder do PMDB para a Presidência do Senado representa um “tapa na cara da sociedade brasileira e mais um passo das lideranças políticas que hoje controlam o Congresso Nacional para a desmoralização do parlamento”.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo


Há exatos 80 anos, ele chegou ao poder. Em nome da reparação e da igualdade, exterminou milhões de vidas. E a marcha do terror se fez no silêncio cúmplice

Há exatos 80 anos, Adolf Hitler se tornava o chanceler da Alemanha. O resto é horror, perpetrado, em boa parte, sob o silêncio cúmplice do povo alemão e das demais nações.

Antes que se tornasse um homicida em massa, ele já havia atentado contra a ordem democrática, mas o regime o anistiou. Deram a Hitler em nome dos valores democráticos o que ele jamais concederia a seus adversários em nome dos valores nazistas.

Antes que se tornasse um homicida em massa, ele fundiu a chancelaria com a Presidência da República. E se fez silêncio.

Antes que se tornasse um homicida em massa, ele anexou a Áustria e a Renânia. E se fez silêncio.

Antes que se tornasse um homicida em massa, ele já havia ordenado, em 1933, a conversão de uma antiga fábrica de pólvora, em Dachau, num campo de concentração. E se fez silêncio.

Antes que se tornasse um homicida em massa, a França e a Inglaterra aceitaram que anexasse a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia. Assinaram com ele um “acordo de paz”. E se fez silêncio. No ano seguinte, ele entrou em Praga e começou a exigir parte da Polônia. Depois vieram Noruega, Dinamarca, Holanda, França… É que haviam feito um excesso de silêncios.

– Silêncio quando, em 1º de abril de 1933, com dois meses de poder, os nazistas organizaram um boicote às lojas de judeus.
– Silêncio quando, no dia 7 de abril deste mesmo ano, os judeus foram proibidos de trabalhar para o governo alemão. Outros decretos se seguiram — foram 400 entre 1933 e 1939.
– Silêncio quando, neste mesmo abril, criam-se cotas nas universidades para alunos não alemães.
– Silêncio quando, em 1934, os atores judeus foram proibidos de atuar no teatro e no cinema.
– Silêncio quando, em 1935, os judeus perdem a cidadania alemã e se estabelecem laços de parentesco para definir essa condição.
– Silêncio quando, neste mesmo ano, tem início a transferência forçada de empresas de judeus para alemães, com preços fixados pelo governo.
– Silêncio quando, entre 1937 e 1938, os médicos judeus foram proibidos de tratar pacientes não judeus, e os advogados, impedidos de trabalhar.
– Silêncio quando os passaportes de judeus passaram a exibir um visível “j” vermelho: para que pudessem sair da Alemanha, mas não voltar.
  – Silêncio quando homens que não tinham um prenome de origem judaica foram obrigados a adotar o nome “Israel”, e as mulheres, “Sara”.

Os milhões de mortos do nazismo, muito especialmente os seis milhões de judeus, morreram foi de… SILÊNCIO. Morreram porque os que defendiam a ordem democrática e os direitos fundamentais do homem mostraram-se incapazes de denunciar com a devida presteza o regime de horror que estava em curso.

Nos nossos dias
É pouco provável que aquelas barbaridades se repitam. Mas não se enganem. Oitenta anos depois, a democracia ainda é alvo de especulações as mais destrambelhadas. Cometei aqui a tese delinquente de certa senhora, estudiosa do Islã e aboletada na Universidade Harvard, segundo quem os islâmicos estão dando à luz uma nova democracia, que ela classifica de “iliberal”. Pois é… Em 1938, um ano antes do início da Segunda Guerra, cogitou-se o nome de Hitler para o Nobel da Paz. As leis raciais contra os judeus já estavam em vigência…

Aquela tal senhora — Jocelyne Cesari — escreve, como quem diz “Bom dia!”, que essa forma particular de democracia não implica necessariamente o fim da discriminação religiosa ou de gênero. Dona Jocelyne acha possível chamar de “democrático” um regime que segregue as pessoas por sua religião e gênero…

Um “intelectual” como Salavoj Zizek dedica-se a especular sobre as virtudes do moderno terrorismo, conquista admiradores mundo afora, inclusive no Brasil, e passa a ser uma referência do pensamento de esquerda. Reitero: ele não está a falar na tal “redenção dos oprimidos”. Ele empresta valor afirmativo a ações terroristas.

Mundo afora, direitos individuais são solapados pelo Estado — em nome da igualdade ou da reparação —, e a criação de leis que discriminam homens segundo a cor de sua pele ou sua origem é vista como um avanço.

Programa
Não custa lembrar aqui algumas “exigências” do programa que os nazistas tinham para a Alemanha, que certamente deixam encantados alguns dos nossos esquerdistas ainda hoje — especialmente aqueles que defendem, como é mesmo?, o controle social da mídia. Eis aqui parte do que eles queriam para a Alemanha:
(…)
11. A supressão dos rendimentos a que não corresponda trabalho ou esforço, o fim da escravidão do juro;

12. Levando-se em conta os imensos sacrifícios em bens e em sangue derramado que toda guerra exige do povo, o enriquecimento pessoal graças à guerra deve ser qualificado de crime contra o povo. Exigimos, portanto, a recuperação total de todos os lucros de guerra;

13. Exigimos a nacionalização de todas as empresas (já) estabelecidas como sociedades (trustes);

14. Exigimos participação nos lucros das grandes empresas;

15. Exigimos que se ampliem generosamente as aposentadorias;

16. Exigimos a constituição e a manutenção de uma classe média sadia, a estatização imediata das grandes lojas, e o seu aluguel a preços baixos a pequenos comerciantes, cadastramento sistemático de todos os pequenos comerciantes para atender às encomendas do Estado, dos Länder e das comunas;

17. Exigimos uma reforma agrária apropriada às nossas necessidades nacionais, a elaboração de uma lei sobre a expropriação da terra sem indenização por motivo de utilidade pública, a supressão da renda fundiária e a proibição de qualquer especulação imobiliária;

18. Exigimos uma luta impiedosa contra aqueles cujas atividades prejudicam o interesse geral. Os infames criminosos contra o povo, agiotas, traficantes etc. devem ser punidos com pena de morte, sem consideração de credo ou raça;

19. Exigimos que se substitua o direito romano, que serve à ordem materialista, por um direito alemão;

20. Com o fito de permitir a todo alemão capaz e trabalhador alcançar uma instrução de alto nível e chegar assim ao desempenho de funções executivas, deve o Estado empreender uma reorganização radical de todo o nosso sistema de educação popular. Os programas de todos os estabelecimentos de ensino devem ser adaptados às exigências da vida prática. A assimilação dos conhecimentos de instrução cívica deve ser feita na escola desde o despertar da inteligência.  Exigimos a educação, custeada pelo Estado, dos filhos – com destacados dotes intelectuais – de pais pobres, sem se levar em conta a posição ou a profissão desses pais;

21. O Estado deve tomar a seu cargo o melhoramento da saúde pública mediante a proteção da mãe e da criança, a proibição do trabalho infantil, uma política de educação física que compreenda a instituição legal da ginástica e do esporte obrigatórios, e o máximo auxílio possível às associações especializadas na educação física dos jovens;

22. Exigimos a abolição do exército de mercenários e a formação de um exército popular;

23. Exigimos que se lute pela lei contra a mentira política deliberada e a sua divulgação através da imprensa. Para que se torne possível a constituição de uma imprensa alemã, exigimos:
a) que todos os redatores e colaboradores de jornais editados em língua alemã sejam obrigatoriamente membros do povo (Volksgenossen); 
b) que os jornais não-alemães sejam submetidos à autorização expressa do Estado para poderem circular. Que eles não possam ser impressos em língua alemã;
c) que toda participação financeira e toda influência de não-alemães sobre os jornais alemães sejam proibidas por lei, e exigimos que se adote como sanção para  toda e qualquer infração o fechamento da empresa jornalística e a expulsão imediata dos não-alemães envolvidos para fora do Reich. 
Os jornais que colidirem com o interesse geral devem ser interditados. Exigimos que a lei combata as tendências artísticas e literárias que exerçam influência debilitante sobre a vida do nosso povo, e o fechamento dos estabelecimentos que se oponham às exigências acima.

(…)

Começando a encerrar
Não, senhores! Qualquer semelhança com um programa de esquerda — e me digam quais esquerdistas não endossariam ainda hoje o que vai acima — não é mera coincidência. O fascismo, também na sua vertente nazista, sempre foi de esquerda nos seus fundamentos mais gerais. Erigiu, sim, uma concepção de poder e de organização de estado diferente daquelas estabelecidas pela Internacional Comunista e repudiava o entendimento que tinha esta do “internacionalismo”. Mas o ódio ao liberalismo econômico, à propriedade privada e às liberdades individuais era o mesmo.

Essa cultura da “engenharia social”, que cassa direitos individuais em nome de um estado reparador, ainda está muito presente no mundo. Como se percebe, ela se estabelece oferecendo o paraíso na terra, um verdadeiro reino de justiça e igualdade. Deu no que deu.

Neste ponto, alguém poderia objetar: “O Reinaldo agora acha que a luta por justiça resulta em fascismo…”. Não! O Reinaldo não acha isso. Pensa, isto sim, que as tentações totalitárias manipulam o discurso da igualdade para criar um ente de razão, estado ou partido, que busque substituir a sociedade.

E não se enganem: oitenta anos é quase nada na história humana. Não faz tanto tempo assim. Em 1933, a humanidade já dispunha de boa parte da literatura que vale a pena, de boa parte do pensamento que vale a pena, de boa parte até mesmo do conhecimento científico que ainda hoje serve de referência.

No entanto, o mundo viveu sob o signo da besta.

Por Reinaldo Azevedo

 

Não podemos mudar Deus, mas podemos mudar os homens

O jornalista Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol “El País”, comenta hoje em seu blog o post que escrevi aqui ontem sobre os 80 anos da chegada de Hitler ao poder na Alemanha. Reproduzo trechos. Volto para encerrar.

Hace ahora 80 años que Hitler llegó al poder. En él fue arropado cómplicemente por una serie infame de silencios de los que entonces se decían demócratas, que le permitieron culminar su horror nazi y el Holocausto de seis millones de judíos.

El analista político brasileño, Reinaldo Azevedo, en su blog con 24 millones de visitas en 2012, alerta sobre el hecho de que 80 años no son nada en la historia humana.

“No hace tanto tiempo. En 1933 la humanidad ya disfrutaba de buena parte de la literatura que vale la pena, de buena parte del pensamiento que vale la pena, de buena parte incluso del conocimiento científico que nos sirve aún hoy de referencia. Y sin embargo, el mundo vivió bajo el signo de la bestia”, escribe.

Cuando se habla del Holocausto, los creyentes hablan del “gran silencio de Dios”. ¿Donde estaba? ¿ Por qué no gritó?

Azevedo pone el acento, sin embargo, en el magnífico post de su blog, sobre el “silencio de los hombres”, del mundo político, del de la cultura y de la inteligencia de entonces.
(…)
Según Azevedo “esa cultura de ingeniería social, que anula los derechos individuales en nombre de un estado reparador, aún está presente en nuestro mundo. Se establece ofreciendo un paraíso en la tierra, un verdadero reino de justicia e igualdad. Y ya vimos lo que ocurrió”.

Y añade: “las tentaciones totalitarias manipulan el discurso de la igualdad para crear un ente de razón, estado o partido que busca substituirse a la sociedad”.

Si toda historia acaba siendo maestra de la actualidad, la terrible historia del nazismo y de su líder, de hace sólo 80 años, interpela hoy a todos aquellos tentados de imponer gobiernos populistas o nacionalistas que, en nombre de la justicia y de la defensa del pueblo, acaban asesinando los valores de la libertad. Y, en definitiva, de la sociedad, verdadero y legítimo sujeto político.

Voltei
Fico contente por ter Juan Arias como leitor — e dos bons. O jornalista explicita a referência oculta no meu post: importa pouco saber por que Deus silenciou no caso do nazismo — não temos como mudar o Altíssimo. O que importa é saber por que milhões de homens silenciaram. E nós temos como mudar os homens.
*
PS – Uma correção factual apenas no generoso post de Arias: em 2012, este blog teve 32 milhões de visitas.

Por Reinaldo Azevedo

 

PIB dos EUA recua 0,1% no 4º trimestre

Xiii… Darão um jeito de culpar os republicanos e sua mania de se comportar como partido de oposição… Que falta fazem aos EUA o PMDB, o Renan, o Sarney… Leiam o que vai na VEJA.com:

A economia dos Estados Unidos recuou inesperadamente no quarto trimestre de 2012, sofrendo seu primeiro declínio desde a recessão provocada pela crise financeira iniciada em 2008. O governo americano atribuiu o resultado às reduções de estoques das empresas e aos cortes de gastos do setor público. O Produto Interno Bruto (PIB) teve uma queda de 0,1% entre outubro e dezembro, em uma taxa anual, após crescer 3,1% no terceiro trimestre, informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira. No acumulado de 2012, a economia cresceu 2,2%.

Trata-se da primeira queda trimestral desde 2009 – e do segundo pior resultado desde aquele ano, marcado pela retomada do crescimento americano. O resultado mostra, portanto, que a economia americana entra em 2013 sem força.

A contração, diante de um cenário de aperto da política fiscal, pode provocar temores de uma nova recessão e criar urgência entre autoridades para lidar com as questões do orçamento. Economistas esperavam que o PIB crescesse a uma taxa de 1,1% – e nenhuma projeção de analistas previa contração. A melhora nos gastos do consumidor e a recuperação no investimento empresarial, no entanto, limitaram a queda da produção e oferecem alguma esperança para a recuperação.

O dado foi publicado pouco antes de autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, encerrarem uma reunião de dois dias. Os dados provavelmente garantirão munição a eles para manter sua postura de política monetária expansiva, caracterizada pela injeção de dinheiro na economia por meio da compra de títulos públicos.Economistas dizem que será necessário um ritmo de crescimento acima de 3% durante um longo período para reduzir de forma significativa o alto desemprego. E a economia tem enfrentado problemas para ficar acima de um crescimento de 2%.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP

    Ano passado questionei a Diretora da CBN Mariza Tavares pelas propagandas institucionais da Souza Cruz na rádio,pois acho um absurdo que quem alimenta com seus cigarros o vicio no país e a morte de milhares de pessoas por ano, fique afirmando aos 4 ventos "que participaram do crescimento do país nestes últimos 100 anos", matando parte do seu povo. E também cedam espaço para um idiota petista chamado Dimenstein usando um tempo no programa do Jung e do Sardenberg para ficar criticando o Alkmin e o Kassab. Enquanto o foco do sua participação é apenas de divulgação de atividades e divertimento grátis oferecidos em SP.

    Denominado Catraca Livre.

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