O trem-bala de palanque continua a apitar nas curvas que ligam um cérebro baldio a uma cabeça habitada por um neurônio só

Publicado em 09/08/2013 10:34 e atualizado em 09/03/2020 15:13
por Augusto Nunes, em veja.com.br

Anunciado pelo Planalto nesta segunda-feira e comentado em seu blog por Rodrigo Constantino, mais um adiamento no leilão do trem-bala comprova que só Dilma Rousseff continua acreditando no colosso concebido para provar que o Brasil Maravilha é também uma potência ferroviária. Faz sentido. A presidente é incapaz de acreditar na existência da inflação ou dos corruptos logo ao lado. Mas crê piamente no que não existe. Há uma semana, soube-se que Dilma tem muito respeito pelo ET de Varginha. Nada tem de surpreendente a crença no delírio megalomaníaco que desde 2006 vai e vem só nas curvas que ligam o cérebro baldio de Lula à cabeça habitada por um neurônio só.

No vídeo de 5:39, gravado em 2010, Dilma garantiu no Programa do Ratinho que, graças ao padrinho, o país enfim entrara nos trilhos. “Nós fomos, eu acho, o governo que mais importância nos últimos anos deu ao trem”, fantasiou a afilhada. Sem ficar ruborizada, disse que a Ferrovia Norte-Sul (podem chamar de Ferrovia do Sarney que ela atende) não demoraria a ligar o Maranhão ao Rio Grande do Sul. Até o fim do governo Lula, viajou a entrevistada, chegaria a Anápolis, em Goiás. E em 2014 ela própria inauguraria o trecho entre Anápolis e Estrela d´Oeste, no interior de São Paulo. No papel de ajudante de maquinista, Ratinho jogou mais lenha na fornalha. E o trem-bala?, quis saber.

Vai fazer coisas de que até Deus duvida, avisou o palavrório que, passados três anos, parece conversa de botequim na madrugada de sábado. Depois de informar que as cidades às margens da ferrovia ficariam parecidas com sucursais da Noruega, Dilma assombrou a nação com a revelação que deixara para o fim da entrevista: “Agora, cê imagina que aqui o pessoal de São Paulo pode saí, passá lá, chegá e passá o dia lá em São Paulo, tomá banho de mar e voltar”, entusiasmou-se ao descrever o que aconteceria antes que seu governo terminasse. Além de tantas outras vantagens, o trem-bala traria para São Paulo as praias do Rio.

Há pouco mais de um mês, o ministro dos Transportes, César Borges, adiou para abril de 2014 a conclusão do trecho Palmas-Anápolis, deixou para 2015 o apito inicial na estação de Estrela d´Oeste e revelou que as obras passariam a ser tocadas pela iniciativa privada. A rendição dos apóstolos do Estado leviatã escancarou a verdade tantas vezes assassinada por governantes que só pensam em urna: a Ferrovia Norte-Sul, como a Oeste-Leste e similares, é, simultaneamente, um monumento à incompetência, um buraco negro que suga bilhões de reais e um meio de transporte usado para levar dinheiro dos cofres públicos para contas no exterior movimentadas por empreiteiros amigos.

A maquinista sem juízo precisa descer imediatamente do trem fantasma de palanque e tentar assumir a chefia do governo, recomendou em 11 de julho de 2011 o post republicado na seção Vale Reprise. Passados dois anos, Dilma Rousseff se recusa a sepultar de vez a maluquice sobre trilhos e tratar com mais clemência um sistema ferroviário em frangalhos. De adiamento em adiamento, a sequência de descarrilamentos vai continuar causando estragos de bom tamanho. Não será interrompida enquanto os pagadores de impostos engolirem sem engasgos a conta de qualquer gastança.

(por Augusto Nunes, de veja.com.br)

 

Economia

O risco cambial

Moeda que vai flutuar

Em alguns informes de grandes bancos já há quem tema um dólar a 3 reais no final do ano.  É, porém, uma previsão “fora da curva”, para usar uma expressão cara ao ministro Luis Roberto Barroso. O consenso ainda é um dólar a 2,50 reais.

Por Lauro Jardim

 

Feira Livre

‘O gigante dormiu. De novo. Chamem Francisco’, por Ricardo Noblat

Publicado no Blog do Noblat

RICARDO NOBLAT

Previdente, esse rapaz. Sabe onde pisa. Como relator do novo Regimento Interno do Senado, Edison Lobão Filho (PMDB-MA), no exercício do cargo que seu pai, ministro das Minas e Energia, deixou vago, decidiu sumir com a palavra ética. Está no Houaiss: “Ética é o conjunto de preceitos sobre o que é moralmente certo ou errado”. Moral “é o conjunto de regras de condutas desejáveis num grupo social”. Há dentro do Regimento um código de ética. É sobre ele que juram os parlamentares na hora em que tomam posse dos seus cargos. Se depender de Lobão Filho, a palavra desaparecerá do código. Afinal, o que é ética para você poderá não ser para ele, argumenta o senador. “A ética é uma coisa muito subjetiva, muito abstrata”. Daí… Daí que Lobão está sendo apenas realista. E menos hipócrita do que seus colegas.

 

Fraudar notas fiscais para justificar gastos com verba de gabinete é faltar com a ética ou não? E omitir da Justiça dinheiro recebido para pagar gastos de campanha? E embolsar grana por fora para votar como manda quem pode? E retardar a instalação de uma CPI à espera de que seus apoiadores desistam dela em troca de vantagens? É espantosa a quantidade de políticos que procedem assim impunemente. Quase todos.

Tem uma CPI Mista prontinha no Senado destinada a se lambuzar com o mar de lama que escorre das obras da Copa do Mundo. Poderia estar funcionando. Mas Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, deu um tempo para que seus pares pensem melhor a respeito. Um pensou e tirou a assinatura: Zezé Perrela (PDT-MG). Outro, João Alberto de Souza (PMDB-MA), topa tirar desde que empregue um dos seus filhos no governo. Cadê o gigante? Ele não havia acordado?

Foi em junho último que manifestações diárias sacudiram o país. Num único dia, mais de três milhões de pessoas gritaram slogans, enfrentaram a polícia e algumas botaram para quebrar. Nunca os políticos temeram tanto o povo. A presidente da República falou à Nação. O Congresso prometeu aprovar em regime de urgência um lote de benfeitorias sob o título de Agenda Positiva.

Para aumentar o sufoco dos alvos preferenciais do gigante, o Papa Francisco passou uma semana entre nós dando lições de humildade. E antes de ir embora, aconselhou os jovens a irem para as ruas. O gigante ganhou na internet até a companhia de um canal exclusivo de televisão só para amplificar seus maus modos. No ar, a Rede Ninja!

Pois cansado – quem sabe? – resolveu dormir outra vez. Para quê? Quanta preguiça! O que a presidente propôs para amansar o gigante fracassou – reforma política, constituinte exclusiva, plebiscito ou mesmo referendo, dois anos a serviço dos mais pobres para quem desejasse se graduar em medicina. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) qualificou de engodo o pacote de promessas do Congresso concebido sob medida para entorpecer o gigante.

Desde então ministros e políticos voaram nas asas da FAB e ofereceram caronas a amigos e parentes. Amarildo desapareceu. A cara de bom moço do PSDB foi seriamente desfigurada pelo escândalo das licitações de trens dirigidas. O lobista do PMDB na Petrobrás chocou o distinto público com suas histórias medonhas. Uma delas sobre dinheiro para a campanha de Dilma. Outras, que aguardam publicação, sobre gente só um tico menos graúda do que Dilma.

Os Ninjas estão na berlinda de castigo tamanha é a série de depoimentos que abalou sua reputação. Quanto ao gigante… Nada mais esquisito. Faz o maior auê, sai de cena de mãos vazias e se recolhe para pegar no sono. Não, meu caro, não é hora de deitar em berço esplêndido.

por RICARDO NOBLAT.

 

Direto ao Ponto

O ET de Varginha certamente duvida da existência de um país governado por Dilma

“Um país vira uma grande nação, porque uma coisa é um grande país, outra coisa é uma grande nação”, começa a aula de 55 segundos, em dilmês acadêmico, ministrada pela presidente da República no campus avançado da Universidade Federal de Alfenas. Faz sentido. Entre outros, o Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras ensina que, embora possam ser usados como sinônimos, os dois termos têm significados diferentes. Nação é uma comunidade cujos membros possuem identidade étnica, cultural, linguística e histórica que habita um território. País é o território em que vive um povo independente, com fronteiras definidas, cultura própria e organização política e social.

O que não faz sentido é que vem a seguir. “Uma grande nação é grande porque suas… sua população é grande“, comunica Dilma Rousseff. (Não necessariamente. Os dinamarqueses, por exemplo, não são tantos quanto os brasileiros. Mas formam uma grande nação).  “E… nós só podemos ser de fato um país desenvolvido, não é se o nosso PIB crescer – é também –, não é só se nós descober… descobrirmos mais riquezas, é também, mas é, sobretudo, se nós mudarmos radicalmente a qualidade da educação prestada às crianças e aos jovens deste país”, desembesta e muda espetacularmente de rumo. “E também aos adultos, porque também adulto não pode pará de estudá, não”. Não pode mesmo, confirmam os casos de Lula e Dilma.

Na mesma quarta-feira em que ministrou a aula de geopolítica, a presidente informou que acredita na existência do ET de Varginha, por quem tem muito respeito. Sumido desde 1996, quando teria aparecido pela primeira e última vez na cidade do sul de Minas, não se sabe se o misterioso extraterrestre continua por lá. Em caso positivo, o ET de Varginha provavelmente duvida da existência de um país governado por Dilma Rousseff.

(por Augusto Nunes)

 

Feira Livre

‘Falta saber se o ET de Varginha crê no governo’, de Rolf Kuntz

Publicado no Estadão deste sábado

ROLF KUNTZ

É quase uma crueldade pedir à presidente Dilma Rousseff a substituição do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Sem ser almas irmãs, são pelo menos espíritos complementares. Ambos atribuem a alta da inflação nos primeiros meses deste ano à quebra da safra americana. Nenhuma relação com a demanda, disse recentemente o ministro. A presidente reafirmou a tese da seca nos Estados Unidos na quarta-feira, ao comentar triunfalmente o resultado de julho, uma alta de apenas 0,03% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Onde encontrar um parceiro tão adequado para esse dueto?

Talvez no Ministério da Educação, mas essa hipótese tem sido negada no Palácio do Planalto. Outra possibilidade seria chamar o ET de Varginha, merecedor do “maior respeito”, segundo a presidente. Mas seria preciso saber, em primeiro lugar, se ele acredita na existência do governo instalado em Brasília ou se o considera mais uma alucinação coletiva ou produto da crendice popular. Mas todos esses detalhes, neste momento, são pouco importantes. Quarta-feira, esta é a grande notícia, foi um dia glorioso para a presidente e para Mantega.

A inflação, disseram os dois, está e sempre esteve sob controle, sem prejudicar a economia. O ministro, no entanto, foi mais cauteloso e admitiu aumentos de preços mais acelerados nos próximos meses – “como em todos os anos”, segundo ele. Com a mesma prudência, evitou previsões mais detalhadas. Quando lhe perguntaram se a taxa acumulada no fim do ano será menor que a do ano passado, quase tirou o time de campo. “Não sei, provavelmente sim”, foi a resposta registrada pela Agência Estado.

Sem a seca americana e com boa oferta de alimentos no Brasil, fica difícil entender essa hesitação. Talvez ele tenha lido, num momento de folga, as projeções de mercado mantidas no site do Banco Central (BC). Na sexta-feira de manhã o BC ainda registrava a estimativa para o mês de julho: 0,01%, um número pouco melhor que o divulgado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números projetados para os meses seguintes crescem de forma quase contínua: 0,26% em agosto, 0,43% em setembro, 0,55% em outubro, 0,55% em novembro e 0,67% em dezembro.

Para o ano a série indica uma alta acumulada de 5,72%, bem pouco inferior à do ano passado, 5,84%. Talvez se possa falar em convergência para a meta, de 4,5%, mas o avanço é lento e, nesse ritmo, o percurso dificilmente será concluído nos 12 meses seguintes.

Mas o governo parece continuar satisfeito com acumulados anuais abaixo de 6,5%. Sua meta efetiva é qualquer ponto na faixa de 4,5% a 6,5%, um detalhe traído mais de uma vez pelo próprio ministro em suas declarações. Politicamente é este o ponto mais importante: a inflação estará “bastante sob controle”, segundo a linguagem presidencial, enquanto as taxas de 12 meses ficarem nessa área. O “compromisso com a estabilidade”, mencionado mais uma vez pela presidente na quarta-feira, tem como referência esse limite.

É um compromisso frouxo, próprio de quem pouco se incomoda com a alta persistente dos preços. Em dez anos, uma inflação anual média de 4,5% resulta numa taxa acumulada de 55,3%. Uma inflação de 2,5%, mais próxima das metas adotadas nos países desenvolvidos e em vários emergentes, produziria uma alta de preços de 28% no mesmo período. Uma das consequências seria um considerável desajuste cambial no País com taxa mais elevada.

O ministro Mantega falou muitas vezes em guerra cambial, nos últimos cinco anos. A presidente Dilma Rousseff acusou os governos dos países desenvolvidos de criarem um tsunami monetário e com isso afetarem o câmbio e o poder de competição dos emergentes. Ambos seriam muito mais realistas, e mais eficientes na política econômica, se dessem mais atenção à diferença entre as taxas de inflação no Brasil e em outros países.

Mas isso parece muito improvável. As pressões inflacionárias, segundo o governo, vêm de fora, juntamente com a crise causadora, também segundo a versão do Planalto, da estagnação brasileira. Além disso, a meta de 4,5% foi estendida até 2015, com a margem de tolerância de 2 pontos para mais ou para menos (na prática, para mais). Um resultado anual de 6,4% continuará sendo alardeado como prova do compromisso com a estabilidade.

Tudo isso combina perfeitamente com o desleixo fiscal. Como os truques de maquiagem estão cada vez mais evidentes, o governo tem desistido, com jeito de criança flagrada em molecagem, de alguns expedientes escandalosos, como a antecipação de recebíveis da Itaipu Binacional. É cada vez mais difícil encontrar meios para entregar no fim do ano um superávit primário de 2,3% do produto interno bruto, já bem menor que a meta inicial de 3,1%. Enquanto isso, continua a política fiscal expansionista apontada mais de uma vez pelo pessoal do BC nas avaliações dos fatores inflacionários.

Sem melhora na gestão das finanças públicas – nem corte de gastos, nem aumento da eficiência no uso do dinheiro -, mantém-se uma das causas principais do desarranjo dos preços. As possíveis pressões derivadas do aumento do dólar apenas complicarão um quadro já bastante ruim.

A tarefa de frear a inflação continuará entregue aos formuladores da política monetária. Nenhum diretor do BC entenderá a taxa de 0,03% de julho, explicável basicamente pela redução política das tarifas de transportes e pelo recuo temporário dos preços dos alimentos, como um sinal de vitória. Muito mais fácil será declarar respeito ao ET de Varginha e abrir licitação para um ufódromo. Uma nova estatal poderá cuidar do assunto. Em cinco anos as obras estarão incompletas, talvez nem começadas, mas o orçamento terá aumentado barbaramente.

 

Feira Livre

‘Brasil x EUA’, de Carlos Alberto Sardenberg

Publicado no Globo desta quinta-feira

Uma boa maneira de aumentar as chances de vitória é escolher bem o adversário. Melhor pegar a seleção do Taiti do que a da Espanha, não é mesmo? O risco é sair de campo se achando o máximo por ter enfiado oito a zero em um time de amadores. Assim também nas comparações econômicas. Os EUA, claro, não são o equivalente ao Taiti no campeonato mundial de PIB, mas estão crescendo pouco neste ano, algo como 1,8%. Vai daí, a presidente Dilma não resistiu: “Eu acredito que vamos ter um crescimento bem mais robusto do que esse”, disse ela numa conversa com jornalistas em Varginha, Minas. 

O que seria “bem mais robusto”? Como a presidente não especificou, é preciso procurar as estimativas disponíveis. Fora do governo, e depois de sucessivas revisões para baixo, o pessoal prevê 2,2%, conforme se lê no Relatório de Mercado, publicado pelo Banco Central toda segunda-feira com os cenários de instituições financeiras, consultorias e institutos de estudos.

Bom, 2,2% é melhor que 1,8%, mas só um pouco. De todo modo, como a presidente e seus assessores acham que o pessoal de fora está muito pessimista, convém procurar uma estimativa oficial. A do BC, por exemplo, certamente a instituição mais bem preparada para isso. Também depois de revisões para baixo, o BC prevê 2,7% de expansão do PIB para este ano. Aqui já temos quase um ponto percentual acima do desempenho americano, placar que, para PIB, é, digamos, robusto.

No ano passado, o PIB brasileiro chegou a US$ 2,4 trilhões. Coloque 1% em cima disso e verá como faz diferença. Mas aqui o campeonato começa a virar contra o Brasil. O PIB americano, o maior do mundo, alcançou US$ 15,6 trilhões — de maneira que o 1,8% de crescimento deles vai gerar muito mais riqueza que os 2,7% do Brasil, se o BC estiver correto.

Considerando ainda que os EUA, além de grandes, já são ricos, com um PIB per capita quatro vezes maior que o brasileiro, a conclusão é clara: a presidente Dilma escolheu o adversário errado. O Brasil, como todos os emergentes que aspiram a ser desenvolvidos, tem que crescer mais que os EUA — mas muito mais, pelo menos o dobro, e todos os anos.

Em resumo — o resultado 2,7% versus 1,8% infelizmente não nos leva à final. O campeonato que conta é o seguinte: quem, entre os emergentes, se aproxima mais rapidamente dos EUA em tamanho e riqueza? A Coreia do Sul, por exemplo, é uma medalhista de ouro. Nos anos 60, era mais pobre que o Brasil. Hoje, seu PIB per capita é o dobro do brasileiro e mais da metade do americano.

O Brasil está crescendo menos que a média dos emergentes e menos até do que a média da América Latina. E tem inflação mais alta.

Aliás, a presidente Dilma também comemorou ontem, justamente, a inflação de julho, que deu zero, pelo IPCA. Isso prova, concluiu, que a inflação está “completamente sob controle”, ao contrário do “estardalhaço de que tínhamos perdido”. Um IPCA de zero é certamente um excelente resultado, dispensando comparações. Mas também aqui parece que a presidente escolhe adversários errados.

Tirante políticos militantes de oposição, não há ninguém no Brasil dizendo que a inflação pode sair de controle — ou seja, chegar a níveis parecidos com os da Argentina, por exemplo, com aqueles desastres de controles e congelamentos de preços. No mesmo Relatório de Mercado, o pessoal de fora do governo prevê um IPCA de 5,75% para este ano e de 5,87% para 2014.

Está acima da meta (4,5%), mas não configura descontrole. Na verdade, o cenário de mercado está até alinhado com o BC, cujo compromisso para este ano é entregar uma inflação abaixo da verificada em 2012, que foi de 5,84%.

A questão, portanto, não é um campeonato de PIB com os EUA, nem de descontrole da inflação com os pessimistas locais. É a seguinte: o Brasil, de 2011 para cá, está crescendo na média de 2% ao ano, com inflação em torno de 6%. É esse também o cenário mais ou menos consensual para 2013, talvez com um pouco mais de expansão.

Isso está bom ou é pouco? Podemos fazer melhor que isso? E como?

Eis o tema central para as próximas eleições presidenciais.

Em tempo: nos meios internacionais, a interpretação que se faz do desempenho americano é bem positiva. Se dá como certo que os EUA estão numa recuperação consistente e ascendente, com o setor privado muito forte, inclusive gerando um novo negócio, que é o gás de xisto, muito mais barato e que está revolucionando o setor de combustíveis e de química. E a inflação está abaixo da meta deles, que é de 2%, e o setor privado já gerou 1,4 milhão de empregos neste ano.

(por CARLOS ALBERTO SARDENBERG)

 

Direto ao Ponto

Ou a oposição atira ao mar os delinquentes de estimação ou se afoga abraçada ao PT

Trecho de um post aqui publicado em outubro de 2011:

Os companheiros desmoralizados pelo mensalão e os quadrilheiros da base alugada fazem o possível para entregar à oposição, já desfraldada, a bandeira do combate à ladroagem. Os tucanos fazem questão de devolvê-la, arriada, para não tropeçar em bandidos domésticos. Durante a campanha presidencial de 2010, por exemplo, Dilma Rousseff ofereceu a José Serra a bandeja com a cabeça da melhor amiga Erenice Guerra. O candidato tucano rejeitou-a para livrar-se de perguntas sobre um certo Paulo Preto.

De novo para não topar com esqueletos de estimação, agora é Geraldo Alckmin quem se recusa a abrir os armários da Assembleia Legislativa. É um deslize moral e um equívoco político: a devassa acabará escancarando as bandalheiras que assombram a 1ª Secretaria da Assembleia. Historicamente explorado pelo PT, esse porão está hoje sob a guarda de Rui Falcão, presidente nacional do partido.

Nenhuma sigla conseguiu enxergar as dimensões da indignação do Brasil decente com a corrupção institucionalizada e impune. É natural que sejam todos tratados como gente que não merece confiança. Se a oposição oficial não acordar a tempo, repousará para sempre na mesma cova rasa escavada para acolher os protetores de ladrões federais.

Em abril de 2012, também neste espaço, outro post reiterou a advertência:

Um abismo separa a oposição oficial da oposição real, formada por brasileiros que respeitam a lei, os valores morais e as normas éticas, não cedem à tentação de justificar o injustificável, não fazem concessões ao farisaísmo, à hipocrisia e à pouca vergonha, não aceitam a tese de que, em política, só é feio perder a eleição. O eleitorado  honesto está farto de votar por exclusão e escolher o mal menor. O país que presta teima em ver as coisas como as coisas são. E não tem bandidos de estimação.

Até que o Brasil descobrisse que o templo das vestais camuflava um bordel, o PT fez de conta que era o único partido que, nas palavras de José Dirceu, “não róba nem dêxa robá”. Desmascarada a fraude, a sigla que institucionalizou a corrupção impune e organizou a maior roubalheira federal de todos os tempos não perdeu uma única chance de engrossar a falácia segundo a qual todas se igualam na ladroagem.

É o que tem feito desde que pousaram no noticiário jornalístico denúncias envolvendo o metrô de São Paulo. Enquanto recitam que a condenação dos quadrilheiros pelo STF resultou de um “julgamento político” (e fingem que Lula e Rose Noronha se conhecem só de vista), os companheiros berram que a gatunagem alheia é muito maior. Haja cinismo.

É evidente que as histórias sobre o cartel de que fez parte a Siemens têm as impressões digitais do Planalto. É óbvio que informações em poder dos integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) vazam de torneiras controladas por Gilberto Carvalho. E até os bebês de colo sabem que o barulho foi programado para abafar o ruídos pressagos do epílogo do julgamento do mensalão.

Feitas as ressalvas, está claro que há um escândalo a investigar, suspeitos a identificar e culpados a punir. Já se comprovou que, durante alguns anos, grandes empresas se acumpliciaram para tungar muitos milhões de reais dos pagadores de impostos. São esses, não os milicianos que patrulham a internet insones com a iminente prisão dos mensaleiros, que merecem o completo esclarecimento do caso.

O PSDB tem mais uma oportunidade ─ talvez a derradeira ─ de provar que é diferente do PT. Ao longo do mês, os devotos de Lula estarão tentando livrar da cadeia os delinquentes amigos e, simultaneamente, acusando qualquer um que se mova fora das fronteiras da sigla. Se soubesse jogar na ofensiva, a oposição oficial trataria de apurar o episódio embaralhado pelo CADE sem deixar de manter o PT acuado no lodaçal em que se meteu há muito tempo.

A inverossímil maracutaia da Petrobras em Pasadena, a Copa da Ladroagem, a Olimpíada da Roubalheira, o balcão de compra de votos em funcionamento no Congresso, os astronômicos superfaturamentos do PAC — nunca houve tanta munição para atacantes. O problema é que os adversários do time no poder se habituaram à retranca.

Lula não abre a boca sobre o caso Rose faz 257 dias. Nenhum tucano exige explicações. Chefões do PT cuidam de fazer as malas para dormir na cadeia. Nenhum tucano recomenda aos comparsas dos futuros prisioneiros que se preocupem com o tamanho das celas em que a turma estará hospedada. O PSDB e seus aliados precisam afinar-se com o país que pensa e entender que o Código Penal vale para todos. Ficha de filiação partidária não é prova de culpa nem atestado de inocência.

A revolta da rua deixou claro que milhões de brasileiros exigem o fim da corrupção impune. Se a mensagem for ignorada, as multidões indignadas deduzirão que nenhum partido respeita normas éticas e nenhum político merece confiança. Ou a oposição oficial se livra dos bandidos a bordo e atira ao mar a carga malcheirosa ou se afoga abraçada ao PT. Não existe uma terceira opção.

(por Augusto Nunes)

 

Reynaldo-BH: ‘PSDB, mostra a tua cara’

REYNALDO ROCHA

“Vamos passar o Brasil a limpo!”, disse Darcy Ribeiro em 1986. Mestre e ex-reitor, usava a imagem de tempos passados, quando passávamos a limpo nas escolas os rascunhos das aulas. No Brasil, as frases que dizem algo sobre corrupção – entre outros temas abjetos – sempre são atuais.

O “passar a limpo” que aprendi nos bancos escolares era a oportunidade de corrigir o rascunho, aproveitando o que deveria ser aproveitado.

Sempre existiram os que se recusavam a passar a limpo o que requeria correções. Eram péssimos alunos. Não aprendiam a lição. Recusavam-se a rever o que foi feito, corrigir os erros e apresentar um trabalho consistente.

Ao que parece, esses alunos hoje são todos políticos. Quem poderia imaginar?

Os lulopetistas não produzem sequer rascunhos. Ignorantes, não fazem nenhum tipo de anotação. Não há o que corrigir ou passar a limpo.

E as oposições? Refiro-me, para ser mais claro, à dócil oposição consentida ─ especialmente ao PSDB. Nada a limpar? Nada a corrigir? Nenhuma ação para passar a limpo a própria história? A cada dia cresce a sensação que que nós, que não somos filiados ao partido nem dependemos de cargos, temos o PSDB em mais alta conta que os próprios tucanos.

Até este resquício de oposição ─ pela contraposição com o lulopetismo sindical-cleptomaníaco ─ corre o risco de perder-se.

Aprendemos que no PT os crimes cometidos pelos “cumpanheiros” são atos heroicos. Assim enxergam a corrupção. Quem aponta o dedo é hipócrita ou direitista raivoso. Eles jamais vão entender que acima de posturas (como as galináceas) o que os move é a manutenção do peleguismo pós-moderno. E a nós, a exigência de declararmos que bandido é só bandido.

Alckmin hoje instituiu uma comissão de notáveis com inteira liberdade para apurar o case da Siemens, Alstom e outras. Bom começo. Se for a sério. E se for URGENTE nas conclusões.

Se for somente uma manobra de marketing, o PSDB pode juntar-se ao PT nas eleições: serão idênticos. Caso contrário, marcará claramente a fronteira entre o Brasil decente e o Brasil vendido. E o tiro arquitetado – mesmo que em bases reais – pelo aparelhamento promovido até no CADE por Gilbertinho (“o bicho vai pegar!”) Carvalho vai acertar as partes baixas do pistoleiro.

Mais uma vez, a bola está quicando na área. Basta que um, apenas um ─ jogador que empurre para o gol. O PT – via CADE – pode ter cavado ainda mais palmos de terra onde jaz em estado de putrefação. Basta que o PSDB dê nome aos bois, sejam novilhos ou touros. E que haja punições.

Se fizer isto, a fronteira estará delimitada. E o PT será exposto no outro lado da cerca. A cerca que separa o perdão antecipado da evidência provada.

Que continue o PT a ignorar as centenas de falcatruas e roubalheiras que cometeram nestes dez anos (e continuam cometendo). Ao PSDB, basta ser honesto. Impossível esperar o mesmo do outro lado da cerca. Esperar que o PT passe o Brasil a limpo é acreditar que pano de chão imundo sirva para limpar pratos.

Em qualquer situação o Brasil saíra ganhando. Na pior hipótese, terá certeza de que  PSDB e PT são siameses. Na melhor, ficará provado que existem diferenças notáveis entre os dois partidos.

Lembrando Cazuza: PSDB, mostra a tua cara!

 

Para a revista The Economist, mau desempenho da oposição dá favoritismo a Dilma em 2014

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Uma reportagem desta semana da edição impressa da revista britânica The Economist diz que o mau desempenho da oposição nas últimas pesquisas de intenção de voto confirma o favoritismo da presidente Dilma Rousseff em sua tentativa de se reeleger em 2014. 
A publicação lembra que Dilma sofreu uma forte queda em sua popularidade devido à onda de protestos que varreu o Brasil. Ainda assim, a presidente, afirma a revista, segue como favorita na disputa presidencial do ano que vem, em grande parte devido à falta de um oponente à altura. 
A Economist cita de imediato o caso do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, provável candidato à presidência pelo PSDB. A revista diz que Neves teve "pouco impacto" no cenário nacional desde que se tornou senador, em 2011, e que registrou apenas uma ligeira alta nas últimas pesquisas de intenção de voto. 
A publicação acrescenta que o ex-governador de Minas Gerais vem demonstrando preocupação sobre disputas internas. A Economist destaca que Neves enfrenta oposição de José Serra, ex-candidato à presidência por duas vezes e ex-governador de São Paulo, que pretende, aos 71 anos, se lançar novamente à corrida presidencial, ameaçando trocar de partido caso uma primária não seja convocada para definir o candidato do PSDB. 
A revista também destaca como uma "ameaça potencial" aos planos do partido à sucessão de Dilma as denúncias sobre uma suposta formação de cartel por empresas que constroem e operam as linhas do metrô e do trem de São Paulo, que "teria custado milhões de reais ao Estado", governado pelo PSDB desde 1995.
Sobre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, outro provável adversário da presidente nas eleições do que vem, a Economist diz que o PT vem trabalhando para impedir sua candidatura pelo PSB, uma vez que o partido faz parte da base governista. 
A única beneficiária dos protestos, ressalva a revista britânica, foi Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula. A publicação cita uma pesquisa do instituto Ibope em que Dilma venceria Marina por uma margem apertada de votos em um eventual segundo turno.
Por outro lado, segundo a publicação, um dos maiores obstáculos da ex-ministra durante a corrida presidencial seria o tempo que seu novo partido, a Rede Sustentabilidade (REDE), teria disponível nas TVs e no rádio. (fonte Brasil Agro).
A Economist conclui a reportagem afirmando que a maior ameaça à Dilma, além de uma "economia estagnada", é uma eventual deserção de aliados de sua coalizão de governo, que reúne hoje 17 partidos (BBC Brasil, 8/8/13)

 

O mais rico de todos

Marqueteiro escolhido

Junior do Friboi já tem marqueteiro para sua campanha ao governo de Goiás. Fechou com a Publica, de Elsinho Mouco, que tem feito os programas nacionais do PMDB.

A propósito, a chapa dos sonhos do candidato mais rico do Brasil é: Iris Rezende (também do PMDB) sai para o Senado, e o PT indica o candidato a vice-governador.

Por Lauro Jardim

 

Brasil

Todo cuidado é pouco

Termelétricas em ação

Edison Lobão reuniu-se anteontem com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico e decidiu que nenhuma termelétrica será desligada até o início do período de chuvas.

Em maio, o comitê aprovou que fossem desligadas quatro usinas termelétricas movidas a óleo diesel que estavam acionadas desde outubro.

Agora, todo cuidado é pouco. Os reservatórios, sobretudo no Nordeste, estão em níveis baixos para um mês de agosto. Ontem, por exemplo, estavam com 40,2% contra 41,7% no mesmo dia do ano passado.

Por Lauro Jardim

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Fonte:
Blog de Augusto Nunes (veja.com)

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3 comentários

  • cordelio antonio lacerda Cristais - MG

    Se tiver um ''et'' que acredita que dima governa um pais, esse e com certesa e analfabeto

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  • cordelio antonio lacerda Cristais - MG

    O. governo do pt vai levar o brasil a falencia, como os paises europeu!!! fora Ja.

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, sem sombra de dúvida, pode-se nominar o ano de 2013 como: “O ANO DAS MASCARAS”.

    Nos protestos, tal apêndice é uma constante e, no Agosto – mês do cachorro louco, o Supremo Tribunal Federal (STF), pela primeira vez na história, deixou um senador desprovido da “MÁSCARA DA IMPUNIDADE”. A condenação do senador Ivo Cassol (PP-RO) pelo STF. Novos tempos & ventos, "varrem" o planalto do País tupiniquim. ....” E VAMOS EM FRENTE ! ! ! “....

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