Haddad não fez o curso “Massinha I” do Petista Moralista? Ou: Kassab chama Haddad para a briga, prefeito foge, e os petistas gra

Publicado em 09/11/2013 07:35 e atualizado em 20/02/2014 12:14
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Haddad não fez o curso “Massinha I” do Petista Moralista? Ou: Kassab chama Haddad para a briga, prefeito foge, e os petistas graúdos se calam

Lembram-se disto?

“Meu garoto!!!” Maluf faz carinho na cabeça de Haddad, como um tio afaga um sobrinho. O moralizador era ali abençoado. Lula observa (foto: Epitácio pessoa/Agência Estado)

Desde mais ou menos as 3 da madrugada de ontem, está no ar um pesado contra-ataque do ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD, a Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo. Contestando uma entrevista concedida por seu sucessor, Kassab afirmou que descalabro mesmo é a atual gestão. Foi além: Prefeitura quebrada, deixou claro, quem encontrou foram os eleitos de 2004 — José Serra como prefeito, ele como vice. Kassab se referia, é claro!, à petista Marta Suplicy, hoje ministra da Cultura. Nota: Haddad foi subsecretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico da gestão petista entre 2001 e 2003. A ele se atribui a ideia de criar a taxa do lixo, que rendeu à então prefeita o apelido de “Martaxa”.

Haddad, como se diz em Dois Córregos, enfiou a viola no saco e sumiu. Não apareceu um só petista em seu socorro ou para dar um chega pra lá no ex-prefeito, nada! O que se ouviu foi só um pesado silêncio. Convidada a falar a respeito no Peru, a presidente Dilma deu de ombros. O único que ensaiou algum muxoxo foi Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, ao afirmar que o PT não tem medo de investigar a corrupção. Vocês conhecem as valentias dos companheiros. No mais, ninguém disse nada.

Não só isso. Dei uma olhadinha nas redes sociais. Os petralhas também se recolheram. Como a gente sabe, a Al Qaeda Eletrônica — inclusive os sites e blogs financiados por estatais e por gestões petistas — obedecem a comandos. Se é para atacar, a quadrilha avança unida; se é para recuar, idem. E eles ficaram quietinhos. Ninguém disse uma palavra. Por que não?

A bancada do PSD na Câmara só é menor do que a do PT e a do PMDB. Dilma quer o tempo de seu fiel aliado — e isso, no que diz respeito à presidente e a Lula, Kassab é. Tem pouco mais de um minuto do tempo de TV, o que é bastante coisa. Sua entrevista, como disse aqui, estabeleceu uma linha vermelha e serviu de aviso aos petistas: “É bom não passar ou caio fora!”. E eles não passaram. Ademais, as falcatruas dos fiscais também caem no colo de secretários do atual prefeito.

Massinha I
Haddad se comporta como se tivesse faltado ao nível “Massinha I” do curso “A Moralidade do Petista Exemplar”. É lá que se aprende, nos primeiros passos, que nem toda denúncia de corrupção interessa. Se ela atinge o PT ou um aliado, é coisa má; se pega um adversário, aí já vale como juízo de condenação. No caso em questão, justiça se faça, não há indícios de que o ex-prefeito estivesse envolvido na falcatrua — e, como escrevi aqui, parece difícil que esteja. Falando em tese, se um prefeito quer ser desonesto, em São Paulo ou em Xiririca do Mato Dentro, há caminhos mais seguros do que se meter nesse tipo de lambança. Haddad resolveu ser o Supercoxinha da Moralidade e não viu quem estava na frente — ou atrás. Tenta, desesperadamente, reverter a queda de popularidade. Até agora, tudo inútil.

Assim, Kassab faturou esse “round”. Falou um “Cospe aqui se for homem”, e Haddad teve de saltar de banda, fazer de conta que não era com ele, ainda que contra a vontade. Está insatisfeito com a decisão do PT de não comprar briga, mas não tem o que fazer. Nessas coisas, os petistas são profissionais. Lideranças não ficam se bicando ou se arranhando por causa de metáforas, a exemplo do que fazem tucanos.

As prioridades do PT são a eleição de Dilma Rousseff e a campanha de Alexandre Padilha em São Paulo. Kassab é considerado uma importante linha auxiliar nos dois propósitos. Caso se candidate mesmo ao governo do Estado, conta-se com ele para levar a disputa para o segundo turno, quando, então, os petistas esperam o seu apoio, já que dificilmente alguém lhes toma o segundo lugar. E não será Fernando Haddad a atrapalhar.

Nove entre 10 petistas consideram o prefeito um vaidoso trapalhão — e isso inclui o próprio Lula. Busca-se agora uma forma de mantê-lo mais ou menos sob controle. Por enquanto, ele fugiu da briga com Kassab, que já avisou que o seu embate nada tem a ver com o PT nacional. Não mesmo! Desde, é claro, que o PT nacional não o hostilize — o que significa não sair em socorro do atual prefeito. Ah, sim: Haddad se esqueceu de um dos atos inaugurais de sua campanha? Aconteceu nos jardins da casa de Paulo Maluf, não é? Era a aula de encerramento do nível “Massinha I”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Escândalo em SP: Poste municipal inventado por Lula ilumina ainda menos do que o poste federal. Vai que é sua, Haddad!

Antônio Donato, o homem forte da gestão Haddad, está oficialmente fora da Prefeitura. É preciso ver se os petistas estão apenas desligando um fio que pode gerar um curto-circuito ou se veem ainda mais desastres pela frente. O clima, também entre os companheiros, é o pior possível.  Mais o tempo passa, mais o escândalo se aproxima da atual gestão. O caso de Donato é eloquente:
1: foi ele quem indicou Ronilson Rodrigues, considerado chefe do esquema, para a diretoria da SPTrans;
2: quando Ronilson soube que estava sendo investigado, procurou a ajuda de Donato;
3: em depoimento ao Ministério Público, auditora diz ter ouvido de membros da máfia que Donato recebera doação eleitoral da turma;
4: ex-mulher de um dos membros da máfia diz em telefonema ameaçador que Donato recebeu R$ 200 mil do grupo;
5: nesta terça, a Folha revelou que Eduardo Horle Barcellos, suspeito de operar para o esquema, trabalhou três meses com Donato, a pedido do secretário;
6: em outra gravação, revelada nesta sexta pelo Estadão, Ronilson fala aos comparsas que vai marcar uma conversa com Donato. Mas não só com ele…

Tudo pode se complicar
As coisas podem se complicar ainda mais. Reportagem do Estadão traz o conteúdo de uma conversa gravada pelo auditor fiscal Luis Alexandre Magalhães, que fez um acordo de delação premiada. Ele é o mais aflito e o mais nervoso da turma. Transcrevo trecho da reportagem (em vermelho):

Magalhães diz que foi alertado por Leonardo Leal Dias da Silva. Ex-diretor de Arrecadação e Cobrança da gestão Haddad, sobre a investigação. Ele afirma para Rodrigues: “O Leo falou pra mim, é o corregedor vai botar pra f….. Precisa de um bode expiatório”. Silva sabia da investigação porque respondeu a requerimentos do MPE feitos neste ano. Ao Estado, por e-mail, ele afirmou que não tinha informação sobre o esquema. Rodrigues confirma que fala diariamente com o atual subsecretário da Receita, Douglas Amato. “Vamos trazer o Leo e o Douglas aqui. E nós vamos para o (Antonio) Donato também”, afirma Rodrigues.

Retomo
Como se vê, os hierarcas da gestão Haddad são tratados com intimidade. Sobre quais temas o tal Magalhães conversa “diariamente” com Douglas Amato, ninguém menos do que subsecretário da Receita Municipal? Futebol?

A operação deflagrada por Haddad para tentar minimizar o mal-estar gerado pelo reajuste escorchante do IPTU é uma das mais desastradas da história do PT. ATENÇÃO! DESMANTELAR A QUADRILHA ERA UMA OBRIGAÇÃO LEGAL E MORAL, AINDA QUE FOSSE PARA ESPIRRAR EM ALGUNS HOMENS DA PRÓPRIA GESTÃO. Mas há modos e modos. Haddad preferiu sair por aí batendo no próprio peito, como um moralista empedernido, apontando o dedo acusador para terceiros — muito especialmente para a gestão que o antecedeu. E quem era o titular da outra? O agora aliado — do Planalto ao menos — Gilberto Kassab.

Kassab, como num jogo de truco, “chamou seis”, e Haddad teve de recuar. O PT a tanto o forçou porque quer o apoio de Kassab na disputa presidencial e conta com ele para dividir o eleitorado antipetista em São Paulo. Ele pode ser um fato decisivo para empurrar a disputa para um segundo turno. Assim, no que concerne à questão política, a operação foi desastrada.

Mas também está saindo tudo pelo avesso no que diz respeito à opinião pública. Os petistas tentaram inicialmente mirar em Mauro Ricardo, ex-secretário de Finanças. Até agora, não há evidência contra ele. Quem acabou caindo foi Donato, este sim, tudo indica, muito próximo da turma. E outros já começam a entrar na mira. De quebra, descobriu-se que um dos envolvidos na lambança é sócio da mulher de Jilmar Tatto, secretário dos Transportes, que, por sua vez, não anda se entendendo com Donato.

IPTU
E o IPTU mesmo? Haddad arca com o desgaste do reajuste aprovado, embora, para todos os efeitos, hoje, ele não tenha validade porque obstada pela Justiça. Descobriu-se que os fiscais podem ter fraudado também a arrecadação desse imposto. Se confirmada a suspeita, tanto pior para a cidade. O prefeito não esperou. Saiu proclamando por aí que o imposto ao qual ele quer aplicar um reajuste brutal era alvo da rapinagem da gangue. Ocorre que parte do escândalo já caiu sobre o colo da sua gestão. Ora, por que alguém vai se conformar com o assalto a seu bolso sabendo que, segundo o próprio prefeito, parte desse dinheiro vai parar na mão de ladrões.

Concluo
Haddad se lançou nessa para criar a versão municipal da “Dilma faxineira”. Fosse mais hábil, dado o tamanho da roubalheira, a coisa poderia ter dado certo. Ocorre que o poste municipal inventado por Lula ilumina muito menos do que o poste federal. E olhem que a luz que vem do Planalto  já é fraquinha, bruxuleante até…

Ai, ai… No domingo, em entrevista à Folha, Fernando Haddad dizia ter encontrado a Prefeitura numa situação de descalabro. Na segunda, no próprio jornal, Kassab tasca o descalabro na testa do próprio prefeito. Na terça, cai o homem forte da gestão. Quando eu apelidei o petista de “Supercoxinha”, com aquela sua mania “deixa comigo”,  houve quem achasse uma indelicadeza. Não! Era só uma síntese. Era uma análise política quase poética: um mínimo de palavras para um máximo de significação.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mais um episódio aproxima homem forte de Haddad da máfia dos fiscais

Leiam o que informa reportagem de Rogério Pagnan e José Ernesto Credendio, na Folha. O título acima é meu.

O auditor fiscal Eduardo Horle Barcellos, suspeito de participar do esquema de fraude ao ISS na Prefeitura de São Paulo, trabalhou cerca de três meses deste ano com a equipe do secretário de Governo, Antonio Donato. A sala ocupada pelo secretário petista fica no mesmo andar do gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT), por onde passam as principais decisões da administração. Donato solicitou formalmente a transferência de Barcellos da pasta de Finanças para a sua secretaria no ofício 134/2013, de 17 de janeiro.

O auditor permaneceu na pasta até abril, quando voltou à secretaria original. Segundo a gestão petista, ele mesmo quis a transferência e não tinha “função específica” na secretaria de Donato. A transferência do auditor para a pasta do Governo ocorreu sem que tivesse sido publicada no “Diário Oficial”. Na época, havia uma apuração em andamento na prefeitura sobre a fraude no ISS, com citação ao nome de Barcellos e de outros suspeitos que acabaram sendo presos no final do mês passado –e liberados após dez dias, para responderem em liberdade. Aberta na gestão Gilberto Kassab (PSD), ela já contava com um parecer do ex-secretário de Finanças Mauro Ricardo sugerindo seu arquivamento, mas isso ocorreu apenas em fevereiro de 2013. Para a prefeitura, Barcellos “gozava de prestígio” na época, sem indícios que pudessem comprometê-lo.

Ligações
Trata-se do quinto episódio em que Donato é citado por envolvimento com integrantes do grupo suspeito. O secretário petista foi responsável pela indicação de outro auditor, Ronilson Bezerra Rodrigues, suspeito de chefiar a fraude estimada em R$ 500 milhões, para a diretoria de finanças da SPTrans (empresa municipal de transporte) –cargo que Ronilson ocupou de fevereiro a junho. Donato também foi procurado por Ronilson quando este soube que estava sendo investigado pela Controladoria Geral do Município. O nome do secretário petista foi ainda citado em depoimento ao Ministério Público por uma auditora –que mencionou colaborações à campanha dele em 2008, com dinheiro do esquema. E também em uma escuta telefônica –a ex-mulher de um dos auditores presos afirmou que ele teria recebido R$ 200 mil nas eleições. Donato nega essas referências à campanha e alega que conheceu Ronilson e Barcellos “porque ambos faziam a interação da gestão anterior com a Câmara Municipal”.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Em conversa gravada, fiscal cita contatos com membros da cúpula da gestão Haddad. Sim, Donato aparece novo

No Estadão
O Ministério Público Estadual apreendeu com o auditor fiscal Luis Alexandre Magalhães certificados e recibos de empresas que tiveram suas dívidas do IPTU zeradas dos registros da Prefeitura. Nas escutas que o MP analisa, Magalhães ameaça outros integrantes da quadrilha de delatar o esquema e diz ter “todos os recibos do IPTU”. O auditor que aceitou entrar na delação premiada do MP, também cita vários funcionários de cargos de confiança da gestão Fernando Haddad (PT), entre eles o atual subsecretário da Receita, Douglas Amato, e o secretário municipal de Governo, Antonio Donato (PT).

As ameaças de Magalhães eram endereçadas ao ex-chefe da arrecadação da gestão Gilberto Kassab (PSD) Ronilson Bezerra Rodrigues, suspeito de ser o chefe da quadrilha nos últimos quatro anos. Em uma das escutas, Magalhães pede ajuda de Rodrigues, que argumenta não ter mais influência na Secretaria de Finanças.
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Nas escutas, Magalhães diz que foi alertado por Leonardo Leal Dias da Silva. Ex-diretor de Arrecadação e Cobrança da gestão Haddad, sobre a investigação. Ele afirma para Rodrigues: “O Leo falou pra mim, é o corregedor vai botar pra f….. Precisa de um bode expiatório”. Silva sabia da investigação porque respondeu a requerimentos do MPE feitos neste ano. Ao Estado, por e-mail, ele afirmou que não tinha informação sobre o esquema. Rodrigues confirma que fala diariamente com o atual subsecretário da Receita, Douglas Amato. “Vamos trazer o Leo e o Douglas aqui. E nós vamos para o (Antonio) Donato também”, afirma Rodrigues.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Ofícios revelam esforço de 6 deputados de SP — 3 do PT — para liberar verba de obras da Máfia do Asfalto

Por Andreza Matais, Fábio Fabrini e Fausto Macedo, no Estadão:
Seis deputados federais de São Paulo direcionaram ao menos R$ 5,9 milhões para obras tocadas por empresas acusadas de envolvimento na chamada Máfia do Asfalto. Documentos obtidos pelo Estado mostram o esforço dos congressistas para que os ministérios das Cidades e do Turismo liberassem dinheiro de emendas do Orçamento a municípios que, mais tarde, contratariam as empreiteiras Demop Participações e Scamatti & Seller Infraestrutura – em muitos casos, com dispensa de licitação. A Procuradoria-Geral da República investiga o possível envolvimento de deputados com o esquema, que foi identificado em abril pela Operação Fratelli, da Polícia Federal.
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Cinco dos seis deputados federais que se esforçaram para destinar as emendas a obras do interior paulista são citados em planilhas apreendidas pela Polícia Federal em posse de um contador do grupo acusado e do empreiteiro Olívio Scamatti, sócio das empresas e apontado como chefe do esquema suspeito de atuar em 78 municípios. O documento secreto do empreiteiro sugere pagamentos mensais, entre 2011 e 2013, para políticos e servidores públicos.
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Só o deputado Devanir Ribeiro (PT) pediu o repasse de pelo menos R$ 2,7 milhões para três cidades paulistas. Num dos ofícios, de 2011, direcionou R$ 2,4 milhões do orçamento do Turismo para pavimentar um anel viário no município de Adolfo. No ano seguinte, a prefeitura da cidade firmou contrato com a Demop por R$ 2,6 milhões. O petista teria recebido R$ 45 mil em agosto e novembro de 2011, segundo as anotações na planilha apreendida pela Polícia Federal. Ele é citado em conversas dos irmãos Scamatti, nas quais tratam de valores. Outro citado, Jefferson Campos (PSD) pediu às Cidades e ao Turismo o envio de mais R$ 2 milhões para obras tocadas pela Demop e a Scamatti & Seller em Ibirá, Oswaldo Cruz e Andradina. Com base na planilha, o Ministério Público vê “indício” de pagamento de propina a ele, no valor de R$ 97 mil, entre abril e maio do mesmo ano.

Também fizeram gestões nos dois ministérios Eleuses Paiva (PSD), padrinho de R$ 300 mil para Jales; e João Dado (SDD), que destinou R$ 573,3 mil para o mesmo município, Santa Albertina e Ouroeste. Os dois também são citados na planilha. “Senhor prefeito e amigo”, oficiou Dado em fevereiro de 2010 ao prefeito Humberto Parini, de Jales, acrescentando que seu mandato seria “exercido e compartilhado em consonância com a profícua gestão” do administrador local. Cândido Vaccarezza (PT) pediu o envio de R$ 505 mil para Lavínia, Herculândia e Auriflama.

Já o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), indicou R$ 150 mil para obras em Guzolândia. “Venho solicitar providências no sentido de destinar recursos da emenda de minha autoria para o município”, escreveu ele ao Turismo, em 13 de abril de 2011. No ano seguinte, a Demop assinou contrato de R$ 130,9 mil com a prefeitura da cidade para recapear várias ruas e instalar sinalização turística. Segundo o documento, Chinaglia teria sido beneficiário de R$ 40 mil em 2011 e Vaccarezza, de R$ 355 mil entre 2011 e 2012.

Por Reinaldo Azevedo

 

AGORA A POUCO:

Máfia dos fiscais derruba Donato, o homem forte da gestão Haddad

Pois é… Antonio Donato, o “imexível”, o homem que, segundo Fernando Haddad e o próprio PT (que emitiu nota em sua defesa), estava acima de qualquer suspeita foi demitido. Oficialmente, pediu para sair. Leiam o que informa a VEJA.com. Volto no próximo post\.

Por Felipe Frazão:
O escândalo dos desvios na cobrança do imposto sobre serviços (ISS) em São Paulo derrubou nesta terça-feira o secretário de Governo da cidade, Antonio Donato, homem forte da gestão Fernando Haddad (PT). Vereador licenciado pelo PT, Donato entregou seu pedido de demissão no início da tarde, que foi aceito pelo prefeito. O mais cotado para assumir a vaga é o atual secretário de Saúde, José de Filippi Júnior. Ex-prefeito de Diadema (SP) e deputado federal licenciado, Filippi é homem de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – foi tesoureiro das campanhas de Lula e de Dilma Rousseff.

A decisão de Donato foi comunicada ao prefeito em reunião no gabinete de Haddad com o vereador Paulo Fiorilo (PT), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-prefeito de Osasco, Emídio de Souza, que vai comandar o PT estadual. Nesta terça-feira, Haddad mais uma vez começou o dia dando explicações sobre as ligações de seus secretários com a quadrilha suspeita de desviar 500 milhões de reais dos cofres da cidade.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou nesta terça que o auditor investigado Eduardo Horle Barcellos trabalhou três meses na equipe de Donato. Barcellos foi um dos fiscais presos na investigação da Controladoria Geral do Município e do Ministério Público Estadual. O nome de Donato também apareceu em escutas autorizadas pela Justiça como suposto beneficiário de 200 000 do esquema de propina para sua campanha a vereador em 2008, o que ele nega. Integrantes do governo municipal pressionaram para que ele deixasse logo o cargo para minimizar o desgaste de Haddad.

Desde a semana passada, cresceu no PT e na cúpula da administração municipal a avaliação que o escândalo respingou na própria gestão. Além disso, tanto Lula quanto a presidente Dilma Rousseff temem que o desgaste constante do governo Haddad – já chamuscado pelo aumento do IPTU – tenha impacto negativo nas eleições do próximo ano. Hoje, o principal objetivo do PT é justamente tentar desalojar o PSDB do governo estadual e alavancar a candidatura à reeleição de Dilma no maior colégio eleitoral do país.
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LEIA NOTA OFICIAL
O secretário do Governo, Antonio Donato, comunica que está pedindo afastamento do seu cargo na Prefeitura de São Paulo e reassumindo o mandato de vereador na Câmara Municipal, de onde poderá, com a mais ampla liberdade, se defender de denúncias infundadas atribuídas à quadrilha de servidores municipais que fraudava o ISS (Imposto Sobre Serviços) e que a administração do PT desmantelou por meio da Controladoria Geral do Município. Donato reafirma que, desde o início da apuração, colaborou de forma direta com o trabalho conduzido pelo corregedor Mário Vinicius Spinelli, incluindo o cronograma de exonerações dos servidores investigados. Ressalta que a própria CGM, bandeira da campanha do PT, foi estruturada no âmbito da Secretaria de Governo até obter ela mesmo o status de secretaria, em abril passado. Ao identificar uma orquestração por parte dos servidores investigados para envolvê-lo de forma leviana e, assim, atrapalhar o curso das investigações, o secretário comunicou no final da manhã de hoje ao prefeito Fernando Haddad o pedido de afastamento imediato — inclusive para evitar o risco de a quadrilha tentar atingir o governo do PT na cidade de São Paulo e prejudicar o andamento das investigações.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ação pede bloqueio de bens do petista Fernando Pimentel, ministro de Dilma

Por Eduardo Kattah, no Estadão:
Ação do Ministério Público de Minas pede o bloqueio dos bens do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e sua condenação por improbidade administrativa. Ex-prefeito de Belo Horizonte, o petista é acusado de superfaturamento e fraude em licitação no ano de 2004, na implantação do programa Olho Vivo, de câmeras de vigilância nas ruas da cidade. Os promotores querem que Pimentel e os outros acusados devolvam R$ 8 milhões aos cofres públicos. A ação civil, ajuizada semanas atrás, envolve ainda um ex-procurador-geral do município, dois ex-secretários municipais, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da capital mineira e um diretor da entidade. A ação diz que o grupo protagonizou dispensa ilegal de licitação “causando elevados danos ao erário”.

 Os fatos já deram origem a um inquérito criminal que tramita no Supremo no caso de Pimentel, que, por ser ministro, possui foro privilegiado em análises de crime – nas ações por improbidade não há essa prerrogativa. O relator no STF é José Dias Toffoli. Os outros réus já respondem a ação penal na 9.ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas na qual é apontado um “desvio” de cerca de R$ 5 milhões. Pimentel é um dos ministros mais próximos da presidente Dilma Rousseff e provável candidato do PT ao governo de Minas Gerais no ano que vem. Na ação por improbidade de semanas atrás, o Ministério Público reitera que a contratação da CDL pelo então prefeito e seus ex-secretários, em janeiro de 2004, recebeu o nome de “convênio” para dar “aparência de legalidade ao imbróglio”. A contratação previa o repasse à entidade de R$ 14,7 milhões em parcelas, mas uma investigação aberta pela Promotoria suspendeu o repasse quando já haviam sido destinados R$ 4,4 milhões. Além disso, a CDL recebeu no período R$ 4 milhões de empréstimo ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para “aplicar no ilegal ‘convênio’”. O Ministério Público afirma que a CDL chegou a apresentar uma “nota fiscal inidônea” para comprovar a aquisição de parte dos materiais eletrônicos.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Eleição no PT: candidatos de esquerda acusam grupo de Falcão de compra de votos

A coisa tem lá a sua graça, vamos admitir. O deputado estadual Rui Falcão (SP) deve ser reconduzido à presidência do PT com 70% dos votos. Ninguém esperava que pudesse perder. Seus concorrentes à esquerda, no entanto, acusam a compra de votos. Leiam o que informa Germano de Oliveira, no Globo.
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(…)
Valter Pomar, da “Articulação de Esquerda”, e Markus Sokol, da ultraesquerdista “O Trabalho”, de formação Trotskista, disseram que “é fato” que, no último dia da habilitação dos candidatos aptos a votar, foram pagas mensalidades atrasadas de 311 mil filiados, dos 806 mil em dia com os pagamentos para que pudessem votar no domingo. Essa regularização teria sido encarada como “compra” de votos, mas a assessoria do PT nacional nega corrupção no processo e diz que a regularização dos pagamentos inclui eleitores de todas as tendências, inclusive a dos candidatos da esquerda.

“O Processo de Eleição Direta (PED) é viciado. Durante a campanha eleitoral, pedimos o fim do PED. No último dia para a regularização dos habilitados a votar, foram quitadas as dívidas em boletos de 311 mil petistas votantes. É evidente que o processo beneficia quem tem mais recursos dentro do partido e que domina a maioria do partido”, disse Sokol, referindo-se às “forças majoritárias” dentro do partido.

Praticamente essa é a mesma reclamação de Valter Pomar: “Um total de 806 mil petistas foram regularizados para votar no domingo. Desses, apenas 480 mil compareceram para votar (menos do que os 510 mil de 2009, a última eleição do PED). Isso significa que em torno de 300 mil tiveram a situação regularizada, com os pagamentos de boletos no último dia do processo, mas não compareceram para votar. Talvez nem soubessem que estavam em dia e que podiam votar”, disse Valter Pomar, que pretende denunciar o caso ao Diretório Nacional do partido, que se reúne no próximo dia 18, em São Paulo. Ele também atribui ao grupo de Rui Falcão o poderio dentro do partido. “Eles arregimentaram um exército eleitoral de reserva, mas não foi preciso usar todo mundo”, disse Pomar.
(…)
Falcão deverá ser o coordenador da campanha da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Até a tarde desta segunda-feira, foram apurados 28% dos votos em que todos os cinco candidatos da esquerda, incluindo Sokol (com 1,48%) e Pomar (com 6,62%) somavam 30% dos votos (os outros três candidatos à esquerda de Rui Falcão estão o deputado Paulo Teixeira (18,31%), Renato Simões (3,13% e Serge Goulart (0,65%). Falcão está com 69,81% dos 480 mil votos. A eleição deve terminar nesta terça-feira.

Por Reinaldo Azevedo

 

Filho do Rei Lula I passa a ser tratado como plebeu e perde passaporte diplomático! Estão confundindo Banânia com uma república! Assim não dá!

Na VEJA.com:
A Justiça Federal de Brasília anulou o passaporte diplomático concedido a Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos de Luiz Inácio Lula da Silva, três dias antes do término do mandato do ex-presidente. A decisão do juiz Jamil Rosa de Jesus Oliveira, da 14ª Vara Federal em Brasília, rejeitou recurso impetrado pela defesa do filho de Lula para reverter o cancelamento do documento já determinado pela Justiça em julho do ano passado. A medida atendeu à ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal em 2012, após investigar irregularidades na concessão do passaporte especial, estendida ilegalmente a parentes do ex-presidente, autoridades religiosas, políticos e ex-ministros. As acusações levaram o Ministério das Relações Exteriores (MRE) a adotar regras mais rígidas para liberar o documento.

O advogado de Luís Cláudio, Cristiano Zanin Martins, afirmou que vai recorrer. Segundo o defensor, a sentença “não acrescenta nada” porque o passaporte diplomático já tinha sido cancelado. Martins acrescentou que, em setembro do ano passado, a Justiça Federal de Brasília já havia concedido uma liminar para proibir a apreensão do documento. Nesse recurso, Luís Cláudio ganhou direito de usar o passaporte como se fosse um passaporte comum por ter obtido um visto de entrada nos Estados Unidos com validade até dezembro de 2020.

“A questão do cancelamento (do passaporte) já foi feita administrativamente”, afirmou o advogado do filho de Lula. Martins disse que a troca do passaporte diplomático pelo comum será uma providência a ser tomada futuramente. Na decisão, o juiz federal destacou que o passaporte diplomático será apreendido em juízo para, em seguida, ser devolvido ao Itamaraty.

O passaporte diplomático do filho de Lula virou alvo de ação civil pública proposta em junho de 2012 pelo Ministério Público Federal depois que o Ministério das Relações Exteriores (MRE) confirmou que Luís Cláudio era o único que não havia devolvido o documento dentre os sete parentes do ex-presidente beneficiados. Um mês depois, a Justiça concedeu liminar para suspender o passaporte dado a ele. O passaporte diplomático de Luís Cláudio tinha validade até dezembro de 2014.

Na sentença emitida em 3 de outubro do ano passado, o juiz Jamil Rosa de Jesus Oliveira, da 14ª Vara Federal em Brasília, mencionou que o Itamaraty já havia cancelado o documento em razão da nova regulamentação de concessão. “Em verdade, não há nada a acrescentar em matéria de mérito, uma vez que o passaporte diplomático concedido ao réu foi absolutamente irregular, de modo que a consequência deve ser o cancelamento, definitivo, do documento, e respectiva apreensão, se não houver devolução espontânea”, decidiu o magistrado.

Descoberta a farra da distribuição de passaportes diplomáticos a parentes do ex-presidente, em 2012, a Procuradoria da República no Distrito Federal passou um pente-fino para avaliar a regularidade de 328 passaportes emitidos pelo Itamaraty entre 2006 e 2010, em caráter excepcional. Apenas sete passaportes concedidos aos parentes de Lula foram considerados irregulares, por não apresentarem justificativas pertinentes.

Regalias
O passaporte diplomático dá ao seu portador uma série de regalias, como passagem livre pela fiscalização no embarque e desembarque em países com os quais o Brasil tem relação diplomática. De emissão gratuita, o documento também torna dispensável, em alguns países, a exigência do visto de entrada. Fazem jus ao passaporte diplomático, segundo o Itamaraty, aqueles que desempenham ou vão desempenhar missão ou atividade continuada de especial interesse do país.

Por Reinaldo Azevedo

 

Eis a Reitoria da USP depois da invasão. A conversa é com o juiz Laroca, não com bandidos e ladrões

A minha conversa não é com delinquentes que invadem a USP. Não falo com bandidos.

A minha conversa não é com os delirantes de extrema esquerda, uma minoria que se alimenta da própria estupidez. Não falo com dinossauros.

A minha conversa não é com os que roubaram equipamentos públicos. Não falo com ladrões.

A minha conversa é com um juiz chamado Adriano Marcos Laroca. Ele se diz um “juiz para a democracia”. Ele pertence a uma associação chamada “Juízes para a Democracia”.

É ao juiz Laroca que eu apresento esta foto (todas as imagens são de autoria de Nelson Antoine, da Fotoarena).

educacao-reintegracao-reitoria-usp-20131112-04-original

É ao juiz Laroca que eu mostro esta outra foto.

Invasão USP 2013 5 - Nelson Antoine-Fotoarena

É ao juiz Laroca que eu exponho esta terceira foto.

Invasão USP 2013 4 - Nelson Antoine-Fotoarena

É ao juiz Laroca que eu exibo mais uma foto.

Invasão USP 2013 - 2 - Nelson Antoine-Fotoarena

É ao juiz Laroca que eu revelo uma quinta foto.

Invasão USP 2013 3 - Nelson Antoine-Fotoarena

Essa é a reitoria depois que os invasores do PSOL, do PSTU e de outros grupelhos de extrema esquerda a ocuparam. Já invadi a reitoria. O Demétrio Magnoli também — não custa lembrar, já que estamos na moda. Nunca largamos uma guimba no chão. Refiro-me ao conjunto dos militantes de então. Se o professor deixasse o comando de greve entrar na sala, bem, entrava-se e se dava o recado; se não, então era não. Havia um professor de alemão que não permitia nunca. A gente pedia sempre. Ele sempre dizia não. A gente não engrossava nunca: “Obrigado, professor!”. E ia embora. O Brasil era uma ditadura. Achávamos que era preciso acabar com a ditadura. Mas não com a hierarquia do saber. E para contestar o saber? Há os espaços que reservados pelo próprio… saber.

É com o juiz Laroca “para a democracia” que se tem de conversar. Ao negar uma liminar de reintegração de posse, ele escreveu:
“A ocupação de bem público (no caso de uso especial, poderia ser de uso comum, por exemplo, uma praça ou rua), como forma de luta democrática, para deixar de ter legitimidade, precisa causar mais ônus do que benefícios à universidade e, em última instancia, à sociedade. Outrossim, frise-se que nenhuma luta social que não cause qualquer transtorno, alteração da normalidade, não tem força de pressão e, portanto, sequer poderia se caracterizar como tal.”

Ao escrever “nenhuma luta que não cause”, maltratou a Inculta & Bela. Mas quem apanhou mesmo foram as ideias.

Dado o resultado, ele poderia dizer — será? — que o “ônus é maior do que os benefícios” e que isso é muito feio. A ressalva, em sua decisão, parece-me, é apenas prudencial. O certo é que o meritíssimo endossou um método de luta que afronta não uma ordem ditatorial, mas uma ordem democrática.

Quem vai pagar por isso, juiz Laroca?

Por Reinaldo Azevedo

 

Governo reduz investimentos em fronteiras e presídios

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
O governo federal desacelerou investimentos no programa de proteção às fronteiras e no apoio à construção de presídios estaduais em 2013. Segundo dados divulgados pelo próprio Ministério da Justiça nesta terça-feira, o ano deverá terminar com uma queda de 18,4% nos investimentos do Plano Estratégico de Fronteiras, e de 34,2% no valor destinado ao Plano Nacional de Apoio ao Sistema Prisional. O primeiro projeto recebeu 361,7 milhões em 2012, e terá 295,1 milhões neste ano. O segundo registrou uma queda de 361,9 milhões de reais para 238 milhões de reais. As duas áreas preteridas pelo governo são essenciais para o combate ao crime porque, pelas fronteiras, entram drogas e armas que abastecem o crime organizado nas grandes cidades. Além disso, sem a expansão adequada na construção de presídios, aumenta o número de criminosos colocados nas ruas por falta de vagas em unidades prisionais.

 O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não quis comentar os números e disse apenas que o governo está atento às fronteiras. “Estamos aumentando contingente nas fronteiras, sem prejuízo para a aquisição de equipamentos”. Cardozo também foi evasivo ao tratar dos presídios: “No ano que vem, teremos muitas entregas. E o que não for entregue estará pronto em 2015″.

Aumento
Ao todo, os investimentos em segurança pública do Ministério da Justiça devem ter um aumento, de acordo com estimativa divulgada nesta terça-feira. Se a previsão da pasta se cumprir, o ano encerrará com 4,2 bilhões de reais empenhados para o setor, em um cálculo que inclui investimentos e custeio, mas não inclui o pagamento de salários. Em 2012, o total foi de 3,5 bilhões de reais. Até agora, entretanto, o total empenhado é bem menor: cerca de 2,5 bilhões de reais – 60% do total previsto. O Ministério da Justiça informa que os gastos costumam se acelerar nos dois últimos meses do ano, o que justificaria a previsão mais elevada. Os programas que tiveram mais acréscimo de recursos em 2013 foram o de preparação para grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014, e o enfrentamento ao crack.

 A secretária-executiva do Ministério da Justiça, Márcia Pelegrini, disse que o aumento de 7,6% na taxa de homicídios em 2012 não significa que o governo esteja adotando uma estratégia errada de combate ao crime. “Não podemos dizer, hoje, que há aplicação de recursos de forma errada. Temos que monitorar para ver o resultado num prazo um pouco maior”, disse.  Ela também afirmou que o corte nos planos de proteção fronteiras foi “pequeno” e que, de 2011 para 2012, o valor aplicado ao programa passou de 70 milhões de reais para 361 milhões de reais. Sobre a construção de presídios, a secretária afirmou que o compromisso de aplicação de 1,1 bilhão de reais entre 2011 e 2014 está assegurado.

Por Reinaldo Azevedo

 

O “Rei do Camarote” e o discurso do rancor que se finge de amigo dos pobres. Ou: O brasileiro que deveria ter tirado Portugal da crise e preferiu fazer festa… Ou: A hipocrisia da esquerda é internacional!

rei do camarote

Há muito tempo uma reportagem não era tão comentada. Há muito tempo uma personagem não despertava tanto interesse no Brasil. Refiro-me, como vocês devem imaginar, ao texto “Os sultões dos camarotes”, publicado na VEJA São Paulo da semana passada, e a Alexander de Almeida, o rei entre os sultões, capaz de gastar, como ele mesmo revela, R$ 50 mil ou mais numa noitada. É aquele rapaz que, ao decidir confessar uma coisa que considera “pesada”, conta já ter transado no banheiro da balada, com uma mulher. Surpreendente. Antes que prossiga, uma nota: não há absolutamente nada de errado com a reportagem de João Batista Jr. Ao contrário. Tudo lá está certo. O mesmo se diga do vídeo, com milhões de acessos. Aqueles são os fatos. As pessoas são livres para fazer seu julgamento — inclusive para dizer a maior penca de bobagens jamais dita, creio, sobre um texto jornalístico. Tanto o repórter como a edição fizeram bem ao não julgar a personagem. Em textos opinativos, jornalistas podem expressar juízos de valor à vontade. Ali, tratava-se de exibir a realidade — aquela ao menos, daquele recorte específico — como ela é. Se tudo parecia inverossímil, fazer o quê? Comediantes que tentaram parodiar o rapaz quebraram a cara porque não conseguiram superar o original.

No sábado retrasado, com a revista circulando havia algumas horas, Alexander já havia se transformado, nas redes sociais, no Inimigo Público Número Um do Brasil. Com que então, neste país em que há tantos miseráveis, ele se atreve a gastar R$ 50 mil numa balada??? Imediatamente, veio-me à memória uma música de Eduardo Duzek, da década de 80 acho, cujo refrão era “troque seu cachorro por uma criança pobre”. É bem verdade que os tempos mudaram um tantinho. Trinta anos depois, os dias andam propícios para que se troque uma criança pobre por um cachorro… Se for um beagle, não restará a menor dúvida. Uma proposta de código penal que está no Senado prevê pena mais grave para quem abandona um animal doméstico do que para quem não socorre uma criança. Mas sigamos.

Notáveis moralistas descobriam — talvez Alexander tenha razão ao apontar os invejosos — que o pobre rapaz rico era o verdadeiro culpado pela exclusão social no Brasil. Voltava-se à máxima boçal de que só existem miseráveis porque existem os ricos. Tinha-se a impressão de que, não fossem estes, aqueles não existiriam; não estivessem estes concentrando renda — nessa perspectiva estúpida, toda riqueza nasce da apropriação indevida —, aqueles outros estariam sorrindo, felizes, com a boca cheia de dentes. Ora…

Eu aprovo o estilo de vida de Alexander? Não é o meu! Não seria  ainda que tivesse o dinheiro que ele tem. Mas e daí? Do que estamos a falar? De uma suposta imoralidade, quem sabe ilegalidade, intrínseca a suas escolhas ou de uma questão de gosto?

DIGAM-ME CÁ, SENHORES FALSOS MORALISTAS DE PLANTÃO:  no que concerne às criancinhas pobres, aos excluídos e à miséria brasileira, ir à Europa e aos Estados Unidos visitar museus e galerias de arte ou acompanhar temporadas de ópera e espetáculos da Broadway e Off-Broadway é diferente de gastar alguns milhares de reais numa balada? Se a gente vai ver Michelangelo, os pobrezinhos são beneficiados por nossa fruição estética?

Alguém seria capaz de desenvolver essa tese? Alguém seria capaz de escrever um texto demonstrando essa evidência? Acho que não! Em termos estritamente, digamos, econômicos, Alexander gera empregos no Brasil com a sua gastança. Quando nós, os inteligentes, os descolados, os que sabemos gastar com classe e estilo, fazemos o circuito cultural do mundo desenvolvido, criamos e alimentamos empregos no… mundo desenvolvido. É simples assim. Há uma boa possibilidade de que Alexander distribua mais renda do que você, Catão da Riqueza e da Miséria Alheias!

“Ah, então o Reinaldo está dizendo que o Alexander é melhor do que nós…” Não! Eu estou dizendo que ele tem o direito de gastar o dinheiro dele no que bem entender. Aliás, se quiser fazer uma fogueira e queimar tudo, quem poderá impedi-lo? “Isso ofende a miséria que há no Brasil!” Devagar com o andor!

Caso Alexander tenha roubado o dinheiro de alguém; caso se verifique que ele o ganhou de forma fraudulenta; caso fique evidenciado que recorreu a alguma picaretagem, que seja, então, punido, depois do devido processo legal, por isso. Mas não porque ele ofende o nosso sentimento pessoal de justiça — ou de rancor… — ou o nosso senso estético. No fim das contas, todo o ódio que passaram a devotar ao rapaz é parte da pior cultura brasileira, avessa ao individualismo e à propriedade privada. Até onde sei e até agora, não há evidências de que tenha cometido crime. Mesmo assim, ele foi condenado à forca moral.

Sabem quem rouba as criancinhas? Os ladrões de dinheiro público.
Sabem quem rouba as criancinhas? Quem pega dinheiro do BNDES e dá truque.
Sabem quem rouba as criancinhas? Quem fornece empréstimos de bancos públicos a maus pagadores.
Sabem quem rouba as criancinhas? Quem frauda licitações.
Sabem quem rouba as criancinhas? Quem comete sobrepreço em obra financiada com dinheiro oficial.

Aliás, alguns dos que mais babaram seu rancor contra Alexander e contra a reportagem são subjornalistas que vivem do patrocínio de estatais. Quando administrações e empresas públicas financiam adjetivos de desocupados, deixam de usar esse dinheiro na construção de casas e postos de saúde para os pobres. Estes, sim, roubam os miseráveis, não o rapaz que torra o que é dele em champanhe. Pagar a própria vodca é muito mais decente do que xingar os outros com o dinheiro dos desvalidos. Se Alexander ganha a vida honestamente, o Brasil tem mais a aprender com ele do que com vagabundos que metem a marreta na porta duma reitoria. Estes fazem mal ao país, mas são tratados como bibelôs ideológicos por nossa imprensa.

Achar que é indecente que ele gaste R$ 50 mil numa balada é o mesmo que dizer que somos todos imorais quando tomamos um vinho de R$ 150 de vez em quando. Somos? Há chilenos respeitáveis que custam R$ 50. Os R$ 100 poderiam ir para um desassistido. Se os milhares de reais que Alexander gasta nas suas festanças são a evidência de sua insensibilidade social, as poucas centenas que gastamos num bom restaurante, também de vez em quando, são o quê? Prova de nossa grandeza? Qual é fundamento? Qual é o princípio? Então quer dizer que o “não dar pouco” aos pobres, quando se pode fazê-lo, forma os juízes executores, mas o “não dar muito”, os réus executados? Que diabo de ética torta é essa? Qual é a linha de corte que distingue os fuziladores dos fuzilados?

Um caso em Portugal
Leitores me enviaram um vídeo — não sabia da história — de um caso acontecido em Portugal neste ano. Lorenzo Carvalho, um garoto nascido no Brasil, mora em Portugal. É filho de milionários. Gastou 300 mil euros em sua festa de 22 anos. Uma das convivas era Pamela Anderson. A coisa ganhou ares de escândalo naquele país. Lorenzo foi convidado, e aceitou (coitado!), a dar uma entrevista numa TV portuguesa. Quem conduz o interrogatório — a palavra é esta! — é uma senhora chamada Judite de Sousa. É preciso ver a peça vergonhosa que ela produziu. Vale a pena.

Voltei
Notaram? Judite decidiu jogar nas costas de Lorenzo — e seus esgares de quase nojo do rapaz são impressionantes — a crise em Portugal, como se ele tivesse alguma responsabilidade. Censura-o pelo relógio que usa (“que deve custar uns 50 mil euros”; e daí?). Incomoda-se com o seu crucifixo cravejado de diamantes. Chama-o de fútil. Indaga-o sobre o desemprego dos jovens portugueses. Não conduz uma entrevista, mas um massacre. Quem fala ali é o ressentimento, o rancor, a patrulha mais mesquinha.

Vê-se logo que Lorenzo não é um Schopenhauer, mas e daí? Não sei que atividades têm ele e sua família em Portugal, mas tenho a certeza de que geram mais empregos do que dona Judite. Observem que o rapaz é alvo da mesma boçalidade que atingiu Alexander no Brasil.

Para encerrar
Judite — e nisso a esquerda portuguesa não difere em nada da brasileira e da esquerda de toda parte — é uma hipócrita. Coube ao jornalista português Fernando Esteves revelar o seu real amor aos pobres num post em sua página na Internet, que reproduzo na íntegra. Leiam.

*
A história terá tido lugar na redacção da RTP há alguns anos. Uma jornalista e a sua chefe falavam de trivialidades. A conversa resvalou para questões financeiras. A chefe estava em vantagem – ganhava bem mais que os 600 euros que a jornalista levava para casa mensalmente. A dada altura, dirigindo-se à interlocutora, terá dito que tinha o seu salário calçado. E tinha. Os magníficos sapatos conferiam-lhe o pedigree que nunca tivera. Não nascera rica. O seu pai era funcionário do Partido Comunista Português. Talvez ganhasse pouco mais do que a sua colega de redacção.

Independentemente das origens humildes, sempre acreditou que a sua vida poderia mudar. Trabalhou mais do que todos os seus colegas e tornara-se uma jornalista de sucesso. Podia comprar uma boa casa, um bom carro e, naturalmente, muitos sapatinhos janotas sem que ninguém tivesse algo a ver com isso. Um dia, questionada por um jornalista sobre os seus sinais exteriores de “riqueza”, afirmou: “Gasto o meu dinheiro onde bem entender.”

Redacção da TVI, ontem à noite. A directora-adjunta da estação entrevista um jovem milionário que cometeu o enorme pecado de, num período de crise profunda do país, ter gasto uma fortuna na sua festa de aniversário. Durante a conversa, a jornalista apresenta o jovem como um exemplo acabado de futilidade, um merdas que anda a ofender as pessoas com a estúpida exibição da sua incrível riqueza. O miúdo ainda tenta explicar que ajuda crianças e amigos como pode e quer, mas a jornalista é implacável: como é possível ter tanta massa e não andar pelas ruas a distribui-la pelos pobrezinhos, pelos 40% de jovens desempregados ou, até, pelos romenos que pedem nos semáforos?

O rapaz, talvez inebriado pela visível grandiosidade da jornalista, não respondeu à altura. Tenho pena. Talvez tivesse sido oportuno perguntar a Judite de Sousa – é dela que se fala desde o início do texto – se alguma vez pensou em vender os louboutins e distribuir o dinheiro pelos estagiários da redacção. Ou se nunca lhe passou pela cabeça que, à sua escala, mandar à cara de alguém o facto de ter uns sapatos que valem o seu salário é bem mais indecente do que, na sua cabecinha infestada por uma praga de insectos moralistas, significa uma festa para a qual se convida a bela Pamela.

Alguém devia explicar a Judite que ser rico não é pecado. Não há mal nenhum em ter dinheiro. Ela tem mais do que a esmagadora maioria dos portugueses e aparentemente não se envergonha do facto. Ainda esta semana foi notícia pelas fraldas – perdão, pelos biquínis – que exibiu na praia de um hotel da Quinta do Lago, um dos mais caros do país. Até por isso, a diva da TVI devia pensar antes de fazer figuras tristes. É que ontem só faltou mesmo rasgar a camisa cara que vestia, pegar fogo ao soutien e asfixiar o infante Lorenzo até a morte. Menina feia.

Por Reinaldo Azevedo

 

Até a Judite admitiu o seu erro! Ou: Fica uma dica para as TVs no Brasil

Então…

Escrevi hoje de manhã um texto sobre a patrulha estúpida de que foi alvo Alexander de Almeida, o “Rei do Camarote”. O post circula adoidado por aí. A covardia politicamente correta de boa parte da imprensa facilita demais a minha vida, ora essa! Muitos podem pensar o mesmo — “Afinal, é ele o culpado pela pobreza do Brasil?” —, mas não escrevem, com receio de ser malvistos no boteco chique-influente. Mas deixo isso para outra hora.

No texto, tratei do massacre a que foi submetido um jovem milionário brasileiro que mora em Portugal. Judite de Sousa, famosa âncora de um programa jornalístico da TVI, partiu pra cima do rapaz porque ele gastara 300 mil euros numa festa de aniversário. Passou a impressão de que o pobre menino rico é responsável pela crise por que passa Portugal… É claro que muita gente tentou defendê-la, afirmando que ela não fez nada demais, nem quando chamou seu entrevistado de “fútil”. Entendo. No Brasil, já se chama alguém de quem se discorda de “cachorro”. Pois é. Ocorre que a própria Judite admitiu ter passado da conta.

Um dos contratados da TVI é Marcelo Rebelo de Sousa, catedrático de direito e comentarista político. Uma de suas funções é responder a algumas questões propostas pelos telespectadores. A agressividade da jornalista com Lorenzo chamou a atenção de muitos portugueses. O tema foi tratado no ar. Marcelo puxa delicadamente a orelha daquela senhora, obrigada a admitir que errou. Vejam o vídeo.

Retomo
Disse a âncora: “Estive depois a ver a entrevista e realmente achei que não estive num dia particularmente feliz, mas isso acontece na vida profissional de todos nós”.

Só ficou faltando o pedido de desculpas. De todo modo, eis aí uma prática que a TV brasileira poderia incorporar, não?

Por Reinaldo Azevedo

 

“Difamação pura” – Um artigo de Olavo de Carvalho

Leiam um artigo de Olavo de Carvalho publicado no “Diário do Comércio” (os negritos são meus).
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Meu artigo “Nem um pouquinho” veio com um erro: o colunista Rodrigo Constantino não entrou na Folha, mas no Globo e na Veja. Quem foi para a Folha junto com o Reinaldo Azevedo foi o Demétrio Magnoli. Qualquer que seja o caso, a observação que fiz sobre as reações indignadas dos mandarins da esquerda foi exata, apenas incompleta. Esqueci de enfatizar que essas reações não se voltavam contra isto ou aquilo que os articulistas tivessem escrito, mas contra a sua simples presença na mídia. Não se tratava de refutar opiniões, mas de cortar cabeças.

Também deixei de observar que os apelos à guilhotina não vieram todos de fora, mas alguns apareceram nos próprios jornais onde os novos colunistas estreavam. Nunca, nunca, em toda a história da mídia brasileira, se viu uma pressão coletiva de jornalistas pela expulsão de algum colega socialista ou comunista da redação de qualquer jornal, estação de rádio ou canal de TV.

A solidariedade de classe entre os jornalistas brasileiros é só para os comunistas e seus companheiros de viagem. Até os direitistas correm para protegê-los, como se viu tantas vezes no tempo dos militares. Mas o infeliz liberal ou conservador, pego em flagrante delito de escrever artigos para a grande mídia, não tem perdão. É abandonado até pelos seus correligionários.

É verdade que os jornalistas da direita vêm ganhando algum espaço, mas no Brasil a esquerda está tão acostumada a mandar sozinha na mídia, que se escandaliza e espuma de raiva com isso. Em qualquer país decente, a direita e a esquerda repartem mais ou menos equitativamente os meios de difusão. No Brasil, quando a direita salta dos dois por cento para os cinco por cento, já é o alarma geral, em tons sinistros de quem anuncia um golpe de Estado. Um dos indignados, o indefectível Paulo Moreira Leite, mente como um vendedor de terrenos submarinos ao dizer: “Quem estava no centro foi para a direita. Quem estava à direita foi para a extrema-direita.” Constantino, Azevedo e Magnoli, desde que estrearam como colunistas, não mudaram de convicções em absolutamente nada. Foram os censores esquerdistas, como o próprio Moreira Leite, que, estreitando cada vez mais a área do direitismo permitido na mídia, passaram a rotular simples liberais de “extremistas de direita”, tentando criminalizá-los. Moreira Leite confunde maquiavelicamente a régua com o objeto medido.

Mais obsceno ainda é Antonio Prata, da própria Folha, que, imaginando fazer sátira, escreve: “Como todos sabem, vivemos num totalitarismo de esquerda. A rubra súcia domina o governo, as universidades, a mídia, a cúpula da CBF e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, na Câmara” – uma descrição bem exata e literal do estado de coisas. Tanto que vários leitores levaram a afirmativa a sério e a aplaudiram. O autor teve de avisar, “ex post facto”, que pretendera fazer piada. No meu tempo de ginásio, quem quer que ignorasse que não se satiriza a verdade tiraria zero de redação. Mas, para expulsar os liberais e conservadores da mídia, vale até um colunista se expor ao ridículo. Tudo pela causa.

Voltando ao sr. Moreira Leite, sei que é inútil tentar levar alguém como ele a um debate sério, mas, para dar aos leitores uma ideia de quanto o uso atual do rótulo de “extrema direita” na mídia é abusivo, notem esta distinção, que toda a ciência política do mundo confirma: a diferença de esquerda e extrema esquerda é de graus e de meios, a de direita e extrema direita é de natureza, de fins e de valores.

O esquerdista torna-se extremista quando quer realizar, por meios revolucionários e violentos, o mesmo que a esquerda moderada busca fazer devagar e pacificamente: a expansão do controle estatal na economia, visando à debilitação e, no fim, à extinção da propriedade privada dos meios de produção.

Totalmente diversa é a relação entre direita e extrema direita. Ser de direita, ou liberal, é ser a favor da economia de mercado, das liberdades civis e da democracia constitucional (a versão conservadora defende essas mesmíssimas políticas, mas o faz em nome da tradição judaico-cristã, que para o liberal não significa grande coisa). Se por extrema direita se entende aquilo que o vocabulário corrente e a esquerda em especial designam por esse nome, isto é, o fascismo e o nazismo, o fato que estou assinalando salta aos olhos da maneira mais clara e inequívoca: ser de extrema direita não é querer mais economia de mercado, mais liberdades civis, mais democracia constitucional — é querer acabar com essas três coisas em nome da ordem, da disciplina, da autoridade do Estado, às vezes em nome do anticomunismo, do combate à criminalidade ou de qualquer outro motivo. Não houve um só governo conhecido como de extrema direita que não fizesse exatamente isso. A conclusão é óbvia: passar da esquerda à extrema esquerda é somente uma intensificação de grau na busca de fins e valores que permanecem idênticos em essência. Passar da direita à “extrema direita” é mudar de fins e valores, é renegar o que se acreditava e, em nome de alguma urgência real ou fictícia, empunhar a bandeira do que se odiava, se desprezava e se temia. Constantino, Azevedo, Magnoli não fizeram isso. São odiados precisamente porque defendem o que sempre defenderam. Por isso o único meio de difamá-los é trocá-los de classificação, alistá-los à força no exército dos seus inimigos, identificá-los com tudo o que abominam e combatem.

Eis aí por que uma frase como a do sr. Paulo Moreira Leite – “passaram da direita à extrema direita” – é um expediente difamatório apenas, não uma afirmação séria, pensada, digna de um intelecto respeitável.

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Nos comentários, prefiro que vocês debatam teses, não nomes. Deixem com “eles” o monopólio da difamação. Combina.

Por Reinaldo Azevedo

 

Agente de Fidel Castro expõe o sentido moral da escravidão de cubanos. Os cinco milhões de colunistas de esquerda do Brasil acham lindo!

O ministro da Saúde de Cuba, Roberto Ojeda, está em Recife. Participa do Terceiro Fórum Global de Recursos Humanos em Saúde. Nesta segunda, visitou um posto do Programa de Saúde da Família em companhia de Alexandre Padilha, o candidato ao governo de São Paulo que se finge de ministro da Saúde.

Deu uma declaração que vai encher de felicidade e satisfação as esquerdas brasileiras e a quase totalidade dos 5 milhões de colunistas da nossa imprensa. Uns cinco ou seis, incluindo este cão, tendem a discordar. Mas quem dá bola para eles a não ser os leitores? Adiante. Leiam a fala deste grande pensador, publicado no Globo. Ele explica por que os cubanos são tratados como escravos:

“Esses são médicos que têm um emprego em Cuba, um local de trabalho e famílias. Eles desfrutam de educação, atendimento de saúde e seguro social gratuitos. Quando eles retornam, se ocupam de suas famílias. Mas enquanto isso não acontece, o Ministério da Saúde e o governo de Cuba dão assistência e estão prontos a resolver qualquer problema que surja durante a missão internacional. Por isso, não falamos em exportação de serviços, mas de colaboração e de integração. Como disse o líder histórico da nossa revolução, Fidel Castro, só se pode salvar a humanidade da morte com paz e colaboração. O que fazemos, é colaboração”.

Entendi. Atenção! Para que a questão fique mais pura, vou fingir que Cuba é realmente o reino da igualdade de que ele fala, não o país em que professores universitários, homens e mulheres, se prostituem para dar algum futuro a seus filhos — no Brasil, também fazem isso, mas é para ganhar uma boquinha em alguma sinecura pública. Adiante. Fazendo de conta que Cuba é mesmo essa maravilha, temos aí um norte moral: em nome do bem comum, as pessoas perdem o direito de ter o controle sobre a própria vida, entenderam? O sujeito perde o direito a uma vida privada e passa a pertencer ao estado, que dispõe dela, então, como achar melhor, segundo as necessidades da coletividade. É Rousseau, que já era um lixo, sendo relido por Fidel Castro, que é também um lixo, mas menos importante.

Uma das responsáveis pelo acordo entre a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e o Brasil, que permitiu a importação dos cubanos, a diretora da instituição internacional, Carissa Etienne, também engrolou:
“Acreditamos que o acordo entre Cuba e o Brasil para o Mais Médicos vai ser estendido. Como temos uma relação muito especial com esses profissionais, que trabalham conosco há mais de 30 anos, então nós sentimos que não somos responsáveis (pelos salários), não podemos abordar a questão de quanto cada médico vai receber, porque esse assunto é entre os médicos cubanos e o governo do seu país. O que podemos dizer é que o acordo não fere os direitos humanos, ao contrário do que foi propagado. Temos brigadas em mais de 70 países no mundo, e, às vezes, acontecem protestos, mas não na dimensão do que houve no Brasil, onde o serviço está indo bem. Podemos dizer que o Brasil transformou-se em um exemplo de luta de como melhorar o acesso universal à saúde. Isso não é fácil, mas só ocorre se houver vontade política, como a que há aqui”.

A tal Opas há muito tempo é mera fachada de um organismo que se transformou em negociador da mão de obra escrava cubana. Essa é mais uma razão por que estou pensando em me reconverter à esquerda. Quando me dou conta da grandeza moral dessa gente, eu me pergunto por que insisto em ser um dos seis ou sete liberais naquele universo de 5 milhões…

Por Reinaldo Azevedo

 

Segurança pública: um debate ausente no país

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
Entre os direitos que devem ser tutelados pelo estado, a proteção à vida é, por definição, o mais relevante. Por isso, a segurança pública deveria ocupar um lugar central nos debates políticos. Mas não é o que acontece hoje no Brasil. Nesta semana, novos dados mostraram a dimensão do problema: o número de homicídios em 2012 foi de 50.108, o que significa uma elevação de 7,6% na comparação com o ano anterior. O número de roubos também cresceu. E o de estupros, ainda mais.

A taxa de homicídios brasileira em 2012 ficou em 25,8 assassinatos por 100.000 habitantes a cada ano. O índice é três vezes maior do que o do Haiti e superior à países em situação devastados por conflitos internos, como Ruanda e Sudão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera em “violência epidêmica” um país que tenha mais de dez homicídios por 100.000 habitantes. Considerado apenas os números absolutos de mortes por armas de fogo, o índice também é superior ao de conflitos armados, como o embate entre Rússia e Chechênia, na década de 1990, e a guerra civil de Angola, nos anos 70.

Dois terços das vítimas são jovens de até 30 anos, o que torna o custo da violência ainda mais devastador: são milhares de famílias desfiguradas e milhares de pessoas que perdem a vida no auge da força produtiva. O assunto, entretanto, parece não chamar a atenção do poder público: enquanto criminosos continuam ganhando as ruas graças à legislação frouxa, à superlotação de presídios e ao despreparo da polícia, os possíveis candidatos à Presidência em 2014 priorizam outros temas.

A paralisia do debate no Congresso e no executivo é, em parte, sustentada por um argumento bastante difundido – e equivocado: o de que, antes de combater o crime com mais rigor, é preciso reduzir a desigualdade social – que seria a principal responsável pela violência. Esse discurso, predominante sobretudo nos partidos mais à esquerda, tem bloqueado debates sobre tema como a redução da maioridade penal e o fim da progressão das penas. Mas os dados não comprovam isso: uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a redução na taxa de desemprego e o aumento da renda não produziram efeito visível nas estatísticas de violência. Ou seja, um estudo de um órgão vinculado ao próprio governo admite a necessidade de investimentos na repressão ao crime pelos métodos tradicionais: colocar policiais nas ruas e mais bandidos na cadeia.

A evolução da taxa de homicídios não mente. Enquanto o Brasil crescia, os pobres passavam a ganhar mais dinheiro e o acesso à educação se difundia. Passou de 14,8 no início da década de 1980 para 22,6 na década seguinte, antes de chegar aos 25,8 em 2012. Recentemente, o perfil da violência tem mudado: os estados do Nordeste tiveram um aumento acelerado no índice de homicídios. E foi exatamente essa região a que mais se desenvolveu economicamente na última década.

O levantamento do Ipea aponta que, em média, um aumento de 10% no número de policiais reduz a taxa de homicídios em até 3,4% no ano seguinte. Os pesquisadores também comprovaram a existência de um efeito inercial que se explica pela seguinte lógica: cada bandido a menos na rua diminui as chances de novos crimes, não só por eles ficarem longe das ruas, mas porque a punição serve para inibir outros possíveis criminosos. Isso significa que um aumento de 10% no efetivo policial pode reduzir, em dez anos, a taxa de homicídios em até 22%. Uma elevação semelhante no número de encarceramentos causaria, no mesmo período, uma redução de 3,3%. Já a elevação da renda e da queda no desemprego não produziram impactos visíveis na redução das mortes violentas.

“Existe uma visão de que, para combater homicídios, tem que distribuir renda, melhorar a educação. O que nosso estudo mostra é que é possível combater homicídios sem ter que combater outras coisas”, diz Adolfo Sachsida, um dos responsáveis pela pesquisa. Ele diz que o criminoso analisa os riscos e recompensas de seus atos. “Pessoas que são condenadas por crimes bárbaros estão de volta às ruas depois de cinco ou seis anos. Na minha visão, isso serve como incentivo”, diz Sachsida.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, diz que a elevação no número de homicídios precisa ser analisada com cautela. “Nós temos de fazer uma análise sem generalizações que não expliquem as causas da criminalidade. O estado brasileiro tem, sim, condições de combater a violência”, disse ele, na quinta-feira. O ministro citou o caso de Alagoas como um exemplo bem-sucedido de combate ao crime. “É sempre bom nos apropriarmos das boas práticas”, afirmou. O estado, entretanto, dificilmente pode ser tomado como modelo já que a situação caótica levou o governo federal a enviar a Força Nacional para Alagoas. Começou aí a queda na taxa de homicídios – que, entretanto, ainda é a maior do país, com 61,8 assassinatos por 100.000 habitantes.

“É preciso que haja uma participação maior do governo federal, ou com receitas ou com parcerias, de modo que a Polícia Federal possa atuar de maneira mais intensa para coibir o tráfico de entorpecentes e a entrada de armas ilegais no país”, diz o secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira. Ele diz que o aumento de 14% na taxa de homicídios do estado em 2012 é uma variação natural dentro de um cenário de enfrentamento ao crime organizado. Em 2013, diz ele, os números apontam para uma redução nas mortes.

2014
A presidente Dilma Rousseff não tem uma bandeira sequer para apresentar nessa área. Nas dezenas de cerimônias realizadas pela presidente para anunciar iniciativas do governo neste ano, nenhuma tratou da segurança pública. Uma das promessas de campanha da petista, a de espalhar Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) pelo Brasil, foi abandonada. Mesmo após as manifestações de junho, quando Dilma reagiu propondo cinco pactos nacionais, o governo deixou a segurança pública de fora da lista.

O deputado federal Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro e um dos responsáveis pela elaboração do programa eleitoral de Aécio Neves, diz que presidenciável tucano tem consciência de que é preciso enfrentar os criminosos com mais rigor, e que isso pode exigir mudanças na legislação. Ele afirma que o discurso tradicionalmente usado pelo PT – contra a redução da maioridade penal e o endurecimento das penas – é um ponto fraco a ser explorado nas eleições. “A população não aguenta mais e quer alguém que tenha autoridade para enfrentar o problema”, diz ele. Mas o próprio Aécio parece não dar muita importância ao tema: no banco de dados do Senado, não há um discurso sequer de Aécio que tenha a segurança como tema principal.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), é outro pré-candidato que não tem bons números para apresentar: a taxa de homicídios no estado é muito superior à média nacional: 36,2 mortes por 100.000 habitantes – apesar de ter caído em 2012. O secretário de Defesa Social de Pernambuco, responsável pela segurança pública do estado, diz que os recursos são insuficientes para um combate mais duro ao crime. Ele pede mais recursos federais para o setor: “Precisamos criar novas fontes de financiamento. Agora mesmo, na discussão sobre o pré-sal, 75% dos royalties do petróleo foram para a saúde e 25% para a educação. Podiam dar 10% ou 15% para a segurança, que já ajudaria muito”, afirma Wilson Damázio.

Enquanto o debate sobre a segurança pública pouco sai do lugar, o país continua perdendo vidas em ritmo de guerra civil. Cento e trinta e oito por dia. Uma a cada dez minutos.

Por Reinaldo Azevedo

 

Aos 80 anos, um intelectual de esquerda lamenta o fato de o Brasil não ser uma ditadura. Ou: Uma coluna de jornal, uma entrevista e a democracia

Divertido, quase pitoresco. Só não é premonitório porque a lógica dispensa o concurso de forças metafísicas. O sociólogo Francisco de Oliveira concedeu uma entrevista à Folha de sábado, um dia depois da minha coluna semanal no jornal. Militante do PSOL, ele é hoje um esquerdista mais radical do que os fãs de Oswaldo Montenegro. Se a gente fizesse a lista dos 10 mais do “jet set” do Marxismo Acadêmico Mundial, “Chico”, como o chamam os amigos, estaria entre eles, embora, como ficará claro, seja um heterodoxo. E notem: não é que o Brasil tenha marxistas de primeira linha — eles estão em extinção, superados pelos fatos. Logo, não podem ser de primeira linha, a não ser na espécie…

Na entrevista, ele afirma ao menos duas coisas muito graves. Mas isso ficará para o fim.  Se eu tivesse lido o que ele diz antes de escrever a coluna de sexta, eu não teria conseguido ser mais preciso. Abaixo, em azul, trechos do meu texto; em vermelho, a fala de Oliveira no sábado. Depois desse pingue-pongue de pontos de vista, volto para fazer outras considerações.

AS FORÇAS SUBTERRÂNEAS DA HISTÓRIA
REINALDO NA SEXTA
É que alguns pensadores estão convencidos de que os mascarados representam a reação humanista à atual fase de dominação do capital. Marginalizados pelo processo, eles desafiariam com a sua destruição criativa o economicismo sem rosto da nova globalização. Depois que o socialismo acabou, restou às esquerdas a luta sem classes. Para elas, as vanguardas de opinião, não mais a extinta classe operária, é que portam o futuro, organizadas segundo “ismos” de suposto valor universal. Marxistas de fato morrem de tédio.

CHICO DE OLIVEIRA NO SÁBADO
[seria preciso] Reconhecer que o país está atravessando uma zona de extrema turbulência devido ao crescimento econômico. É o crescimento que cria a turbulência, não o contrário. Todos pensam que crescimento apazigua. Não é verdade. Ele exalta forças que não existiam. O capitalismo é um sistema violentíssimo. Os EUA, o paradigma, são uma sociedade extremamente violenta. O Brasil vive adormecido. De repente, o tipo de crescimento violento e tenso em pouco tempo quebra as amarras, e a violência vai para rua.

BLACK BLOCS
REINALDO NA SEXTA

[para os intelectuais de esquerda] A truculência desorganizada das ruas seria uma resposta à violência institucional do Estado. (…) Pululam na imprensa candidatos a Jean-Paul Sartre desse humanismo estrábico. Falam de certo “malaise” social, de um mal-estar subterrâneo, de que os baderneiros seriam a manifestação visível.
CHICO DE OLIVEIRA NO SÁBADO
Se eles [os black blocs] se constituem como novos sujeitos da ação social, é para saudar. Vamos ver se, com eles, a gente chacoalha essa sociedade conformista. Parece que tudo no Brasil vai bem. Não é verdade. Vai tudo mal. O Estado não age no sentido de antecipar-se à sociedade que está mudando rapidamente. E aí vem o Lula fazendo um trabalho sujo, aquietar aquilo que é revolta.

A ESQUERDA E O CRIME
REINALDO NA SEXTA

[intelectuais de esquerda] São obcecados pela tese de que o crime é um sintoma indesejável, mas fatal, da luta por justiça e de que o bandoleiro é só a expressão primitiva do libertador. Marcola seria, então, um Lênin que cometeu os crimes errados.
CHICO DE OLIVEIRA NO SÁBADO
A sociedade mostrou que é capaz ainda de se revoltar, ir para a rua. Não precisa resultado palpável. Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo. (…) A violência é só pessoal, privada, o que é um horror. Quando vai para a violência pública, as coisas melhoram. Isso que interessa: um estado de ânimo da população que assuste os donos do poder.

PT PRECISA IR MAIS PARA A ESQUERDA
REINALDO NA SEXTA

(… ) [intelectuais de esquerda] Voltam-se até contra o PT, mas não por abrigar falanges da intolerância, financiadas com dinheiro público. Ao contrário! O partido, advertem, não teria avançado o bastante na agenda dos ditos vanguardistas. Cobram ainda mais intolerância.
CHICO DE OLIVEIRA NO SÁBADO
Lula é um conservador, nunca quis ser personagem do movimento [operário]. Na Presidência, atuou como conservador. Pôs Dilma como uma expressão conservadora. (…) O Brasil precisa de políticos com capacidade de expressar essa transformação e dar um passo a frente. (…) E Lula é (…) um antirrevolucionário. Ele não quer soluções de transformação, quer apaziguamento. Talvez, se as opções estivessem em suas mãos, Dilma faria uma política mais de esquerda. Mas ela não foi eleita para isso. Nem tem força social capaz de impor essa mudança.

Retomo
Chamo a atenção para dois aspectos graves da fala do “intelectual”, e seus 80 anos recém-completados não o desculpam — salvo em casos clínicos, a idade deveria ser uma motivo a mais para a gente cobrar seriedade. Chico de Oliveira faz a defesa da violência pela violência, como um bem em si, já que, segundo diz, deixa acuados os donos do poder. Isso, acreditem, nem mesmo marxismo é. Trata-se apenas na admissão do terror como forma de expressão política.

Mas há um aspecto ainda mais grave. Diz Chico: “Talvez, se as opções estivessem em suas mãos, Dilma faria uma política mais de esquerda. Mas ela não foi eleita para isso. Nem tem força social capaz de impor essa mudança.” Sim, leitor, o certo seria “fizesse”, mas isso importa pouco agora. Ora, se o sociólogo reconhece não existir “força social” para que a presidente faça as mudanças que defende, ele a critica por quê? Por não se comportar como uma tirana?

Bom socialista que é, Chico lamenta, na verdade, o fato de o Brasil não ser uma ditadura.

Por Reinaldo Azevedo

 

Finalmente eu e Lula concordamos numa coisa: Haddad é muito ruim! Ex-presidente chama prefeito em seu instituo duas vezes para lhe dar pitos

Supercoxinha - Boopo

O “Rei do Camarote” fica para depois, talvez para este domingo. Vou falar um pouco do “Rei do IPTU”. Escrevi aqui alguns textos criticando a atuação do prefeito Fernando Haddad (PT), que tem se mostrado bastante desastrado. Sua equipe também não se entende. Se os repórteres que cobrem a política municipal apurarem bem os ouvidos, verão que Antônio Donato, secretário de governo, e Jilmar Tatto, dos Transportes, tocam músicas distintas. O prefeito meteu os pés pelas mãos no aumento do IPTU. A questão foi parar na Justiça. Lançou a estrepitosa operação caça-larápios — em si, necessária — como uma espécie de manobra diversionista. Nesta sexta, teve outra grande ideia: afirmou que a quadrilha pode ter fraudado também o IPTU. Vale dizer: o prefeito anuncia que há roubalheira na área, mas pretende impor um reajuste escorchante. Não é do ramo. Muito bem. Reportagem de Marina Dias e Márcio Falcão na Folha deste sábado informa que Lula se encontrou duas vezes com Haddad nesta semana para criticar a ação do prefeito.

O alcaide teve de ir ao instituto comandado pelo ex-presidente para levar os pitos. Os encontros aconteceram na segunda e nesta sexta. Um vexame. No PT, informou o jornal, discute-se uma espécie de “intervenção” na Prefeitura. O temor é que a gestão Haddad prejudique a campanha eleitoral de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo. Há quem veja risco de que a própria Dilma acabe arranhada.

Da forma como Haddad detonou a operação para pegar os auditores fiscais corruptos, o principal atingido, obviamente, é Gilberto Kassab (PSD), que pretendia — pretende ainda? — se candidatar ao governo de São Paulo. Dá-se como certo que o PSD estará com Dilma no ano que vem. Mas a coisa não pode azedar muito. Eduardo Campos (PSB), ainda sem aliados, adoraria contar com um tempinho a mais de TV e é interlocutor do ex-prefeito.

O PT contava com Kassab como linha auxiliar de Padilha em São Paulo. O presidente do PSD, obviamente, não tem condições de vencer, e seu apoio pode — poderia? — ser importante num eventual segundo turno. Agora, a receita desandou. Hoje ao menos (e não parece que esse assunto vá morrer tão cedo), as circunstâncias são bastante adversas mesmo para se lançar nessa aventura eleitoral. A base principal do ex-prefeito é a capital. Deixou a gestão com a rejeição nas alturas, como é sabido. Com quase um ano de Haddad no poder, é bem possível que estivesse em curso um processo de recuperação da sua imagem. Se havia, foi para o brejo.

De volta a Lula
É evidente que Lula não está nada satisfeito com o resultado. Haddad lidera uma gestão impopular e ainda detonou uma bomba no quintal de um fidelíssimo aliado do governo federal, que tem — ou tinha — importância estratégica em São Paulo. Ainda que Kassab consiga fazer o cálculo vencer o rancor, há um problema: o eleitor.  Sabe que, nas ruas, nos táxis e nos ônibus, é a sua gestão que está na berlinda.

À Folha, declarou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP): “Essa questão do IPTU tem pouco efeito eleitoral. Estamos longe das eleições, e Haddad vai conseguir explicar que esse aumento é para a parte mais rica”. Pois é… Sempre há um petista para tentar resolver tudo pelo arranca-rabo de classes. Lula já viveu o bastante para saber que as coisas não são bem assim. O diabo é diabo porque é velho, não porque é sábio. A indisposição de camada considerável da cidade que vai arcar com a elevação do IPTU pode, sim, contaminar setores que não serão diretamente atingidos pelo reajuste. Ora, tome-se o caso da tarifa dos ônibus: ganhou o coração mesmo dos que andam de carro. De resto, quem está sendo chamado de “rico” por Zarattini? Não é um caminho prudente.

Assim, os petralhas que ficaram inconformados com as críticas que fiz ao prefeito nos últimos dias devem agora enviar as suas reclamações a Lula. Eis um tema em que os dois concordamos: Haddad é ruim de doer.

Por Reinaldo Azevedo

 

“PSDB padece de bovarismo, diz Serra”

Na Folha:
O ex-governador paulista José Serra fez ontem duras críticas ao PSDB e afirmou que seu partido tem necessidade de “ser aceito pelo PT”. Ele usou o termo “bovarismo”, em referência ao romance “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, para descrever um dos problemas da sigla. “Me desculpem as mulheres, porque é mais complexo que isso, mas a madame Bovary queria ser aceita pelo outro. Ela vai à loucura, quebra a família, trai o marido com Deus e o mundo para ser aceita. E o PSDB tem um pouco de bovarismo, de precisar ser aceito pelo PT”, disse Serra durante palestra no Diretório Estadual do PSDB paulista.

(…) “O PT faz um leilão mal feito como o do campo de Libra. E o que faz o PSDB? Sai dizendo: Olha aí, eles sempre foram contra a privatização e agora estão fazendo a privatização’. Isso dá voto? Nenhum”, disse Serra. O paulista disse que, no PSDB, “se confunde o fato de que a economia deve ser aberta com a ideia de que o mercado vai resolver tudo”: “É um desvio do mercadismo”. Serra afirmou ainda que é um erro fazer uso do “regionalismo” para pautar decisões pré-eleitorais: “A questão regionalista acaba pesando e se supõe que um partido como o PSDB possa transcender essas questões para que esses instrumentos não sejam usados nas lutas internas”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

O fim do místico “X” – OGX, de Eike, propõe mudança de nome para Óleo e Gás Brasil S.A

Falei nesta sexta, num dos posts abaixo, sobre os seres elementais que sempre transitaram ali pela mística Eike Batista. Pois é… Leiam o que segue.

Na VEJA.com:
A endividada petroleira OGX pretende mudar o nome para Óleo e Gás Brasil S.A., tirando a letra “X” de sua denominação – marca de todas as empresas listadas em bolsa do ex-bilionário Eike Batista para simbolizar a multiplicação de riqueza. A OGX, que era considerada o ativo mais precioso de Eike e, na semana passada, entrou com pedido de recuperação judicial com dívida de 11,2 bilhões de reais, convocou acionistas para assembleia geral extraordinária em 26 de novembro para deliberar sobre a mudança do nome da companhia. Inicialmente, o encontro estava previsto para o dia 19.

A assembleia também votará sobre o grupamento de ações da OGX. Segundo edital de convocação divulgado na noite de quinta-feira, o “grupamento visa minimizar os efeitos potenciais de pequenas oscilações no valor das ações em termos percentuais”. A empresa, porém, não deu mais detalhes sobre a proposta. A ação da petroleira, que já chegou a custar cerca de 23 reais, vale atualmente 0,15 real. Os acionistas deverão ratificar ainda o pedido de recuperação judicial feito à Justiça do Rio de Janeiro no fim de outubro, o maior da história por uma empresa da América Latina. Finalmente, será discutida e deliberada a venda do controle da OGX Maranhão, subsidiária da petroleira que tem campos de gás em blocos terrestres na Bacia do Parnaíba.

A OGX anunciou em 31 de outubro acordo para sair da OGX Maranhão, em uma operação que deve render cerca de 344 milhões de reais à empresa, recursos cruciais para que ganhe uma sobrevida e inicie produção de petróleo no campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos. A venda da OGX Maranhão ainda depende do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além dos credores da petroleira.

A OGX protagonizou a maior campanha exploratória de petróleo por uma empresa privada no Brasil. Mas as ambiciosas estimativas de óleo recuperável nos seus campos não se confirmaram e a empresa se viu sem alternativa a não ser pedir recuperação judicial para tentar evitar uma falência. Se não conseguir recursos em breve, a empresa ficará sem caixa em algum momento de dezembro, de acordo com apresentação aos detentores de 3,6 bilhões de dólares em bônus da empresa no exterior. Eles rejeitaram uma proposta de reestruturação da dívida apresentada pela petroleira antes do pedido de recuperação judicial.
(Com Reuters)

Por Reinaldo Azevedo

 

Sim, terei de falar do “Rei do Camarote”

Ai, ai… Eu vou ter de escrever sobre o “Rei do Camarote”. Eu vou ter de falar algumas coisinhas sobre a hipocrisia e os viciados em virtudes. Vamos jantar com amigos na noite de hoje. Se eu chegar em condições técnicas, hehe, vai ser logo mais, nesta madrugada. No meu artigo desta sexta na Folha, afirmo que restou à esquerda só “a luta sem classes”.

Sim, falarei sobre o Rei do Camarote. Não deve ser o que alguns esperam ler. Sabem como é… Quando vejo consensos muito entusiasmados — com aquele entusiasmo que costumam ter as hienas diante de uma carcaça, geralmente roubada de outros caçadores —, eu fico com vontade de divergir.

Estejam certos de uma coisa: onde há divergência, a tirania não prospera. Nem a comuna nem a fascista. Será densa a coisa. Eu só trato champanhe com brilhareco se for para falar a sério.

Por Reinaldo Azevedo

 

Genoino cita Chico Buarque para explicar os crimes do mensalão em recurso encaminhado ao STF. Faz sentido!

Ai, ai, ai. Quero dizer: “Au, au, au”

Vai ter gente toda arrepiada. Mais adiante, reproduzo um trecho de reportagem de Severino Motta, na Folha Online. Revela o conteúdo do recurso apresentado ao Supremo pela defesa de José Genoino. Ualá! Cita a passagem de um dos trechos mais cretinos jamais produzidos por um cantor de MPB. Sim, é de Chico Buarque. E, antes que se convoque a luta armada contra mim ou que alguma senhora menos contida resolva se contrapor com gentilezas aos meus latidos, observo. Sim, sim: ele é um bom letrista lírico — dos melhores. O problema é seu esquerdismo de “brilhos e bolhas” (né, Caetano?). Na defesa de Genoino, cita-se esta pérola do submarxismo de boteco:
“a história é um carro alegre/
cheio de um povo contente/
que atropela indiferente/
todo aquele que a negue”.

Entenderam, né? Está tudo escrito já. Os mais afoitos relaxem. Aquele tempo chegará…. Reproduzo trecho da reportagem. Volto depois.
*
O deputado licenciado José Genoino (PT-SP) enviou nesta sexta-feira ao STF (Supremo Tribunal Federal) um recurso contra sua condenação no processo do mensalão. Em 25 páginas, sua defesa cita Chico Buarque e chama de ingênuo quem acreditou na história de compra de apoio parlamentar no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Por maior respeito que se tenha por aqueles que ingenuamente acreditaram na maior ficção da história brasileira, a estória do mensalão –urdida pelo maligno rancor de Roberto Jefferson (…) fato é que reuniões entre presidentes de partidos visando apoio ao governo não constitui, por óbvio, a prática de qualquer ilícito”, diz trecho do recurso.

Repleto de palavras de ordem, a defesa de Genoino intercalou frases de efeito sobre a inocência do deputado com versos da música “Cancion por la unidad latinoamerica”, de Chico Buarque e Pablo Milanés. “José Genoino Neto não merece a pecha de bandoleiro. José Genoino Neto não integra quadrilha. José Genoino Neto, sem favor algum, merece absolvição”, diz o recurso pouco depois de citar trecho da ‘Cancion’: “a história é um carro alegre / cheio de um povo contente / que atropela indiferente / todo aquele que a negue”.

Mostrando indignação não somente por sua condenação por formação de quadrilha, na qual obteve os quatro votos necessários para apresentar o novo recurso, conhecido como embargos infringentes, Genoino também critica a mídia, para ele “panfletária e reacionária”, e diz que “brigará até o fim de sua existência pela causa de sua inocência” também no crime de corrupção. “[Genoino] Não se resigna e nem nunca se resignará. Não aceita e jamais aceitará sua condenação (…) brigará hoje e até o fim de sua existência (…) quando for e onde for pela causa de sua inocência”.

No recurso o deputado ainda destaca que não quer somente conquistar o “coração e mente” dos novos ministros, Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki, em sua tentativa de absolvição pelo crime de formação de quadrilha. Quer, também, fazer com que os ministros que condenaram seu cliente “evoluam” e concordem com o revisor do mensalão, Ricardo Lewandowski, que inocentou os réus.
(…)

Voltei
Nossa! Temo ler o conteúdo inteiro do recurso e pegar em armas. Nunca antes na história destepaiz o presidente de um partido se meteu numa operação tão escusa com propósito tão heroico. Na defesa de Genoino, vai a síntese da velharia do pensamento de esquerda que remanesce no PT. Seus crimes devem ser encarados como atos de resistência. É um troço obviamente vergonhoso.

Espero que o ministro Luís Roberto Barroso não se comova. Ao negar provimento a um embargo de declaração de Genoino, Barroso cantou as glórias da biografia do condenado, um grande paladino, segundo se entende, da luta democrática. Não ficou claro se o ministro se referia à guerrilha do Araguaia, que, como se sabe, buscava instaurar no Brasil o reino da justiça e da igualdade maoístas.

Mais Chico
A citação da música vem bem a calhar. É, admito, um bom achado para a espécie de defesa que se faz. Genoino é um dos portadores daquele futuro de que trata a letra. Ele é um dos porta-vozes, ou um dos representantes, da tal do “carro alegre”. Se é, então tudo lhe é permitido, e aqueles que se opõem a suas ações são reacionários — um bando de cães que rosnam — contra a alegria popular.

Chico já cantou o regime criminoso de Cuba. Chico já cantou o regime criminoso — e um dos mais corruptos da Terra — de Angola. Não vejo mal nenhum que Genoino tente explicar o mensalão apelando à letra de sua canção.

Au, au, au…

Por Reinaldo Azevedo

 

Eleição no Rio – “Muitos beijinhos muitas rolhas, disparadas dos pescoços das Chandon”

Ai, ai…

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB e pré-candidato do partido à Presidência, chegou a pensar no nome do ator Marcos Palmeira para o governo do Rio. Parece que este não se animou muito. Na semana passada, convidou Gilberto Gil (filiado ao PV), informa Mônica Bergamo, colunista da Folha. No Estado, o PSDB apostava no treinador de vôlei Bernardinho, que é, sabidamente, um excelente… treinador de vôlei. O “não”, com cara de ser definitivo, foi dado por sua mulher, a ex-levantadora da seleção Fernanda Venturini.

E assim caminham as coisas….

Recomendo aos famosos e celebridades do Rio que tomem cuidado. Vocês podem sair, assim, para dar aquele passeio vespertino, poetizando todos os diminutivos dessa cidade realmente superlativa — sim, barquinhos que vão, tardinhas que caem — e voltar para casa candidatos ao governo do Estado.

Lembro uma música de um outro famoso que mora no Rio: “Neste universo todo de brilhos e bolhas/ muitos beijinhos, muitas rolhas/ disparadas dos pescoços das Chandon…”

Sim, no mundo real, vão disputar a eleição Garotinho (PR), Pezão (PMDB) e Lindbergh (PT). Dilma tem dois palanques garantidos e, no terceiro, quando menos, não será hostilizada. Os tucanos e os peessebistas tentam ainda lugar para fazer ao menos um comício. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Desesperado com queda brutal de popularidade, Haddad tenta suas espertezas. Agora, investe no binômio corrupção-IPTU. Será que vai funcionar?

O populismo é uma porcaria porque, entre outros malefícios, usa boas causas com finalidades escusas; transforma o desejo de justiça e correção da maioria, que é moral, em sede justiceira. É o que está fazendo Fernando Haddad, prefeito de São Paulo — de forma que não parece ser exatamente prudente nem mesmo para a sua administração. Mas isso é lá com ele. Nunca dou conselho para políticos. Deixo essa tarefa para colunistas mais inteligentes do que eu.

A Prefeitura de São Paulo tem uma Controladoria-Geral do Município. Nas democracias, as controladorias, ainda que geralmente subordinadas ao Executivo, gozam de independência. Não fazem nem política nem terror. É justamente o contrário do que faz o prefeito. A operação de caça aos fiscais corruptos — em si, tudo indica, necessária — foi pensada sob medida para enfrentar a reação certamente negativa que sobreviria ao reajuste do IPTU. As democracias investigam ladroagem e punem ladrões. Os aparatos político-policialescos transformam essa ação em instrumento de perseguição a adversários.

Mais: um prefeito não sai dando “dicas” do que a Controladoria está investigando — até para não atrapalhar a apuração dos fatos. Como o órgão certamente não tem ainda a exata dimensão do esquema, evita-se antecipar o resultado para que não haja, entre outras coisas, sumiço de eventuais provas. Ocorre que Haddad está desesperado. O PT está pegando no seu pé. Ele está sendo chamado de atabalhoado e egoísta pelo partido; não estaria pensando na candidatura de Alexandre Padilha. Aí ele fez o quê?

Decidiu dobrar a dose do remédio para ver se acaba com os efeitos colaterais. Enfiou ainda mais o pé na jaca do populismo. Nesta sexta, anunciou que a Controladoria detectou que o esquema corrupto pode ter interferido também na arrecadação do IPTU e no cadastro da dívida ativa. A Folha registra a sua fala:
“Há denúncias de mudança cadastral no IPTU para que as pessoas paguem menos. Neste há participação de parte do grupo preso. Há também indícios de fraude na dívida ativa, com mudança de registro de divida ativa para beneficiar devedores”. O moralizador foi além: “Tem muito trabalho para pouca gente, mas tem que ser feito. Vamos passar a limpo todo o trabalho na Prefeitura”.

O “homem novo” na Prefeitura de São Paulo tem, finalmente, um norte, uma direção: submeter administrações anteriores a uma razia político-administrativa. É o que lhe restou. Se Dilma se segurou com alta popularidade na condição de faxineira, por que não ele?

Ocorre que…
Ocorre que Haddad quer enfiar a faca nas costas — ou melhor: no bolso — de boa parte dos paulistanos, com um reajuste brutal do IPTU. A decisão está hoje na Justiça, dependente da cassação ou não de uma liminar, que tornou sem efeito a sessão da Câmara que aprovou o imposto e a sanção da lei, que, em si, já foi ilegal porque a primeira liminar estava em vigência.

Muito bem! Ao lançar, NESTE MOMENTO, dúvidas sobre a justeza na cobrança do IPTU (e noto que a Controladoria ainda não apresentou o resultado do seu trabalho); ao afirmar que existe um esquema para beneficiar pagadores; ao meter o imposto que hoje causa forte reação de indignação na cidade no meio da sujeirada dos fiscais, o que espera Haddad? Que os paulistanos se conformem com o aumento escorchante? Que digam assim: “Ah, agora estou feliz com esse carnê absurdo; afinal, Haddad, o Moralista, já limpou a Prefeitura de todos os ratos”.

Tipicamente petista
Esse mesmo Haddad que sai fazendo acusações ao léu defende com unhas e dentes o petista Antonio Donato, secretário de governo. Nesse caso, ele nem acha que precisa haver apuração. A ex-amante de um dos fiscais presos diz ao telefone, em tom de ameaça, que vai contar que Donato era beneficiário do esquema. Em depoimento ao Ministério Público, Paula Sayuri Nagamati, amiga de Ronilson Rodrigues, considerado o chefe da turma, diz que este lhe contara que a turma da pesada financiara a campanha de Donato. Sabem o que fez a prefeitura petista? Demitiu Paula, que exercia um cargo de confiança. Sabem quem assinou a demissão? Donato! O que há de verdade nisso? Não se sabe. O que é fato? Já havia denúncias contra Ronilson. Mesmo assim, o auditor fiscal virou diretor da SPTrans, uma empresa com orçamento de R$ 6 bilhões. Quem mandou nomear? Donato! Quem diz que foi Donato? O secretário, também petista, Jilmar Tatto, que é seu chefe.

Essa sequência é prova de culpa? Não! Quando menos, ela indica a necessidade de uma investigação. Mas quê… Haddad, o que antecipa o conteúdo de uma apuração em curso da Controladoria, também se comporta como juiz. No caso do petista, ele absolve por princípio. Já os não petistas são todos suspeitos.

Encerro
Haddad transforma o que poderia ser uma ação legítima e moralizadora numa operação politiqueira. Precisa recuperar prestígio a qualquer custo. Decidiu juntar a estratégia da “herança maldita”, a inventada por Lula, com a da “faxineira exemplar”, criada por Dilma. Vamos ver se, assim, o paulistano se conforma com o assalto a seu bolso e se sobe a popularidade do rapaz.  Alexandre Padilha conta com isso.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma incentiva o baguncismo nas obras públicas. Ou: Presidente anunciou que pode afrontar a lei ou me engano?

O Tribunal de Contas da União recomendou a paralisação de algumas obras em razão da evidência de fraudes. Ou melhor: recomendou que se cortem os recursos até que as correções sejam feitas — e isso, na prática, implica a paralisação. A presidente Dilma Rousseff está brava, não quer.

No Rio Grande do Sul, afirmou:
“Eu acho um absurdo paralisar obra no Brasil. Você pode usar de vários métodos. Agora, paralisar obras é algo extremamente perigoso. Porque depois ninguém repara o custo. Se houve algum erro por parte de algum agente que resolveu paralisar, não tem quem repare, a lei não prevê (…). Então você para por um ano ou para por seis meses ou para por três meses e ninguém te ressarce depois.”

Referindo-se à BR 448, afirmou: “De qualquer jeito, essa obra vai ficar pronta. E nós vamos inaugurá-la.”

Heeeinnn? “De qualquer jeito?” Como assim? A tal BR é uma das obras com problema. O Congresso pode aceitar ou não as sugestões do TCU. Se decidir cortar a verba da obra com suspeita de irregularidade, cortada está. E ponto final. O que está a dizer a presidente? Que ela pode não acatar a decisão?

Demonização do TCU
Quem decidir recuperar o histórico da relação dos governos petistas com os mecanismos de controle e transparência vai se assustar. Lula deu início ao trabalho de desmoralização do TCU. Dilma continua seu trabalho.

O tribunal apontou um dos principais problemas hoje em curso: boa parte das obras não tem projeto executivo, que é uma espécie de mapa para orientar o poder público e as próprias empresas executoras das obras. Leva tempo. Tudo está sendo feito à matroca. Boa parte das obras da Copa e da Olimpíada, por exemplo, o dispensa. Como é sabido, o governo criou um regime especial para esses empreendimentos, que os deixa fora também da Lei de Licitações.

No passado, quando eram oposição, os petistas usavam relatórios do TCU como peças de propaganda política. No governo, passaram a demonizar o tribunal e todos os que se atrevem a acompanhar o gasto de dinheiro público. Há uma questão de lógica elementar: se um empreendimento está viciado, contaminado pela corrupção, continuar a irrigá-lo com dinheiro público corresponde a alimentar o bolso de ladrões.

Mas a presidente pode ficar tranquila. O Congresso deve recusar a sugestão do TCU.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mantega, o místico das esferas siderais. Ou: Cadê a Mãe Dinah?

Consta que Eike Batista — por pouco o Brasil não tem o maior rio do mundo e o maior bilionário do mundo, além da maior pororoca — apela a pessoas que têm contatos com seres elementais para ajudá-lo na condução dos negócios. Quem há de negar que deu certo? Um dos seres do outro mundo que o auxiliaram bastante foi o BNDES, por exemplo… Mas sigo. Na Folha, Valdo Cruz e Natuza Neri informam que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem comentado com interlocutores que o Brasil está vivendo “o inferno astral” na área fiscal.

Entendi tudo direitinho. Eu achava que haviam feito escolhas erradas e temerárias na área fiscal, mas, agora, estou mais tranquilo. O governo é bom. Ocorre que nada pode fazer contra forças que estão acima da sua alçada.

Mais de uma vez — consultem o arquivo — sugeri que o Brasil trocasse Mantega por Mãe Dinah. Nunca acataram a minha sugestão. Deve-se ao excelente Sandro Vaia a melhor síntese sobre as previsões de Guido Mantega para o crescimento, por exemplo: atua como institutos de pesquisa, com margem de erro de dois pontos. No caso dele, a realidade se encarrega sempre de ficar na banda inferior: o país cresce pelo menos dois pontos percentuais a menos do que ele antevê. Já a inflação fica sempre dois pontos e pouco acima do centro da meta.

Pois é… O cristianismo, especialmente o catolicismo, a gente sabe, anda em baixa no Ocidente. As pessoas costumam preferir orientalismos e perspectivas siderais que desafiam a astronomia. Com o tempo, os cristãos foram se tornando racionais demais para dar conta da complexidade do mundo.

Minha proposta sobre Mãe Dinah continua de pé. Místicos costumam fazer previsões mais ou menos pessimistas, passando ao consulente uma dieta comportamental para mudar seu destino. No caso do governo, por exemplo, poder-se-ia sugerir que Dilma e Mantega carregassem um ramo de arruda atrás da orelha e fossem mais responsáveis com os gastos. A arruda funciona.  “Podiscrê”, como se dizia antigamente.

Por Reinaldo Azevedo

 

Aprovação do governo Dilma ainda patina. Ou: números discrepantes

Veio a público nesta quinta uma nova pesquisa, encomendada pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes), feita pelo instituto MDA. O índice de aprovação do governo Dilma, por mais que o PT queira comemorar, não é grande coisa: 8% o consideram ótimo; 31% dizem ser bom, 37,7% avaliam que é apenas regular, e 22,7%, que é péssimo. Vejam bem: há o “Mais Médicos”, o leilão do pré-sal, a onipresença da presidente na televisão… Lula também voltou a falar pelos cotovelos. Mas Dilma parece empacada nesse patamar. Não é exatamente confortável.

O instituto testou também cenários eleitorais, sem Serra. Naquele considerado mais provável, Dilma vence no primeiro turno, com 43,5% dos votos. O tucano Aécio Neves obtém 19,3%, e Eduardo Campos (PSDB), 9,5%. No dia 12 do mês passado, os números do Datafolha para esse mesmo trio, eram estes, respectivamente: 42%, 21% e 15%. No Ibope divulgado no dia 24 passado, 41%, 14% e 10%. Se a candidata for Marina, o MDA aponta estes números: Dilma: 40,6%; Marina: 22,6%; Aécio: 16,5%. No Datafolha, na mesma sequência: 39%, 29% e 17%. No Ibope: 39%, 21% e 13%.

Na pesquisa CNT-MDA, se Dilma disputasse o segundo turno com Marina, venceria por 45,3% a 29,1%; contra Aécio, por 46,6% a 24,2%; contra Campos, por 49,2% a 17,5%. Eis estas mesmas disputas no Datafolha: 47% a 41%; 54% a 31%; 54% a 28%. Agora no Ibope: 42% a 29%; 47% a 19%; 45% a 18%.

Os números que dizem respeito a Dilma apresentam certa compatibilidade entre os institutos. No caso dos demais candidatos, as disparidades são gigantescas. O que há de comum em todos eles é o fato de Marina aparecer com o dobro (ou mais) dos votos de Eduardo Campos.  Se a realidade estiver mais próxima dos números do Datafolha de há quase um mês, Dilma tem com o que se preocupar: ficou apenas seis pontos à frente de Marina no segundo turno. No Ibope, no entanto, essa diferença é de 13 pontos; no MDA, de 16,2.

Por Reinaldo Azevedo

 

Agregando valor…

O “Rei do Camarote” está rendendo. Esta aqui, que circula da rede, está bem adequada a estes dias.

CHAMPANHE

Por Reinaldo Azevedo

Tags: black blocshumor

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Blog de Reinaldo Azevedo (VEJA)

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