A letra completa da marchinha inspirada em José Dirceu avisa que o Bloco da Papuda vai animar o Carnaval de 2014

Publicado em 16/12/2013 18:20 e atualizado em 25/02/2014 16:03
no Blog de Augusto Nunes, de veja.com.br

A letra completa da marchinha inspirada em José Dirceu avisa que o Bloco da Papuda vai animar o Carnaval de 2014

ATUALIZADO Às 18h22

O corrupto juramentado Delúbio Soares garantiu em 2005 que a descoberta do escândalo do mensalão daria em nada: a grande roubalheira acabaria virando piada de salão, previu. Deu no que deu. Acaba de dar até cadeia. E, como atesta o segundo áudio enviado pelo comentarista José Limeira, já virou tema de anedotas carnavalescas.

Cadê o Zé?, de Luiz Trevisani, agora com a letra completa, é só o começo. José Genoino tem reiterado que os “presos políticos do partido não podem ser esquecidos pelos companheiros”. Se é só isso que o impede de dormir, logo estará desfrutando do sono sereno de bebê de colo. José Dirceu já ganhou uma marchinha para chamar de sua. Os parceiros da cela S 13 não demorarão a ser lembrados.

Bem-vindo seja o sarcasmo que desmoraliza quem debochou do país que presta e pensa. A seita dos vassalos carrancudos que se prepare para mais um surto de chiliques e ataques de nervos. O Bloco da Papuda vai animar o Carnaval de 2014.

(por Augusto Nunes)

 

Opinião

‘Conversa vencida’, de J. R. Guzzo

Publicado na edição impressa de VEJA

J. R. GUZZO

Muito pouca gente deve lembrar de alguma ocasião em que se falou tanto de dois internos do sistema penitenciário nacional como se fala agora de José Dirceu e José Genoino. Os dois magnatas estavam abaixo só de Deus, no PT ─ é natural, assim, que sua condenação no STF por crime de corrupção tenha rendido uma montanha de assuntos para a imprensa, os cidadãos que se manifestam pela internet e todo brasileiro que tem, ou acha que tem, algo a comentar sobre política. Genoino teve ou não um começo de infarto na prisão da Papuda, em Brasília, em razão do qual foi removido para um hospital? Aliás, existe mesmo isso ─ “começo de infarto”? O que José Dirceu tem no currículo profissional que justificasse sua contratação por 20 000 reais por mês para gerir um hotel quatro-estrelas de Brasília ─ emprego do qual acabou desistindo? Haveria alguma relação entre o convite, necessário para que Dirceu possa cumprir sua pena em regime semiaberto, e o dono do hotel, um íntimo amigo do governo petista e próspero beneficiário de concessões de rádio? Por que o PT chama Genoino e Dirceu de “presos políticos”, mas não diz uma palavra sobre á condenação da banqueira Kátia Rabello ou de Marcos Valério, por exemplo, que receberam penas de prisão muito mais pesadas? A presidente Dilma Rousseff ficou contrariada, mesmo, com o tratamento diferenciado que os dois têm recebido na Papuda? Se Genoino é um homem inocente, por que renunciou, na semana passada, a seu mandato de deputado ─ estava achando que iria ser cassado pelo plenário?

Muita conversa, como se vê. Mas será que valeria mesmo a pena falar tanto assim desse assunto? Parece, num exame um pouco mais atento, que se está queimando muita vela para pouco santo. Começando por Genoino, por exemplo, logo se vê que a viga mestra do debate é o fato de que ele não se beneficiou financeiramente em nada com as traficâncias do mensalão ─ é um homem honrado e não enriqueceu no governo. Estaria provada, já aí, a injustiça da sua condenação. Mas os usuários desse tipo de argumento se recusam a aceitar uma realidade óbvia: nunca esteve em julgamento, em sete anos de processo, a integridade pessoal de Genoino. O que se julgou foi outra coisa: se ele violou ou não os artigos 288 e 333 do Código Penal brasileiro, que punem os crimes de formação de quadrilha e de corrupção ativa. Da mesma forma, os movimentos pró-Genoino ─ e ele próprio, ao levantar o punho esquerdo para os fotógrafos no momento da prisão, como se estivesse liderando um ato político ─ passaram a sustentar que o ex-líder está preso só porque foi presidente do PT. É o contrário dos fatos: Genoino está preso porque assinou cheques que serviram de base para uma vasta operação de fraude bancária. É a sua assinatura, e de ninguém mais, que está lá.

Gasta-se muito latim, também, com lembranças sobre o passado do chefe petista, como se ele fosse um herói da história brasileira recente. Mas, quando se sai da biografia e se vai ver a obra, o que aparece? Na vida como ela é aparece um cidadão que achou possível derrubar o governo do Brasil sem combinar nada com os 90 milhões de brasileiros da época, reunindo meia dúzia de seguidores mal armados, mal treinados e mal comandados num dos cantos mais remotos do território nacional ─ o fundão do Araguaia, onde se limitou, o tempo todo, a ficar fugindo da tropa, até seu grupo ser liquidado e ele próprio ser preso. O objetivo do seu movimento, para completar, era criar uma ditadura no Brasil, em substituição ao regime militar; nada mais distante da realidade do que a fantasia espalhada hoje segundo a qual Genoino foi um combatente da democracia e da liberdade no Brasil.

Dirceu, que também é discutido como um homem importantíssimo, não tem valor maior. Com 67 anos de idade e uns 45 de militância, passou a vida inteira fazendo tudo para chegar ao poder, por qualquer meio que fosse ─ e quando enfim chegou lá, com a vitória de Lula na eleição presidencial de 2002, mal conseguiu ficar dois anos no governo. Que gênio político é esse? Pior: na vida real, ninguém prejudicou tanto a Dirceu quanto o homem que ele tem servido há décadas: o ex-presidente Lula, que o demitiu do seu ministério já em 2005 e sepultou a sua carreira, sem jamais ter dito uma palavra para explicar por que fez isso. Não foi o ministro Joaquim Barbosa nem a “direita” que botaram Dirceu na rua ─ foi Lula. Se o mensalão não existiu e Dirceu não fez nada de errado, por que o ex-presidente lhe deu esse tiro na testa? Mistério.

Já venceu, para Genoino e Dirceu, o prazo de validade.

 

Opinião

‘A cavalgadura rampante e a inflação do airbag’, um texto de Rolf Kuntz

Publicado no Estadão deste sábado

ROLF KUNTZ

Acavalgadura de vinte e oito patas, figura definitiva e definidora criada por Nelson Rodrigues, salta da memória e exibe-se gloriosa e rampante quando se ouve uma fala sobre as patas mancas da economia. Em seguida, apruma-se e galopa, estrepitosa, quando o discurso resvala para a teoria da inflação do airbag e do freio ABS. A alguns a evocação da imagem rodriguiana parecerá estranha. A outros, luminosa. Não vale a pena tentar explicá-la, justificá-la ou associá-la a qualquer figura do mundo real. Cada qual a entenderá à sua maneira. Muito mais difícil é traduzir e dar expressão racional ao discurso econômico do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e às orientações de sua chefe, a presidente Dilma Rousseff.

O primeiro mistério, a história das pernas mancas, foi decifrado facilmente. Incapaz de aprender com os próprios erros, o ministro da Fazenda continua apostando no estímulo ao consumo para dinamizar a economia brasileira. Três anos de fracasso dessa política parecem não ter produzido nenhum ensinamento. Além disso, ele insiste em atribuir a inflação a choques internacionais de oferta. Mas as cotações já se acomodaram e a alta de preços persiste no mercado interno. Enfim, o ministro combina a imaginária escassez de consumo com a crise externa para explicar por que a produção do país cresce menos do que poderia. Em sua cabeça, o potencial brasileiro de crescimento parece bem maior do que o estimado por economistas nacionais e de fora.

O segundo mistério é mais complicado, porque envolve uma estranha teoria da inflação. Segundo o ministro, a inclusão obrigatória de airbags duplos e freios ABS nos carros novos, em 2014, deverá elevar os custos e produzir efeitos inflacionários. Por isso o governo decidiu repensar o assunto, segundo informou na quinta-feira. A questão foi discutida horas depois em programa de entrevistas na Globo News. Um professor de Engenharia criticou a hesitação do ministro e insistiu na prioridade à segurança. Um economista especializado em indústria automobilística estimou rapidamente o efeito do aumento de custo no índice de inflação. O impacto, segundo sua conta, seria minúsculo, algo da ordem de 0,1% em um ano.

Os dois argumentos são respeitáveis, mas deixam de lado pelo menos três questões especialmente relevantes. Em primeiro lugar, o custo de produção de um setor pode aumentar sem se converter, necessariamente, em nova pressão inflacionária. Se alegações como a do ministro fossem levadas a sério, carruagem e bonde puxado a burro ainda seriam as formas principais de transporte urbano. Que governo teria apoiado a indústria aeronáutica nascente, ou investido na substituição de velhas e baratas latrinas por sistemas complexos e caros de saneamento?

Elevações de custo podem, sim, ter consequências inflacionárias, mas isso depende de condições favoráveis ao repasse e à difusão dos aumentos de preços. Além do mais, o custo adicional gerado por melhoras tecnológicas tende a ser absorvido e diluído quando há suficiente concorrência.

Isso remete à questão seguinte. Além de beneficiada em vários momentos por incentivos fiscais generosos, a indústria automobilística tem sido pouco pressionada, de modo geral, pela concorrência estrangeira. Essa é uma das explicações do baixo padrão de segurança apontado por especialistas internacionais, quando examinam os carros produzidos no Brasil. Se os fabricantes puderem manter alguns modelos sem os airbags duplos e os freios ABS por mais algum tempo, serão os principais beneficiários da decisão oficial. A alegada vantagem para os consumidores ─ o preço sem aumento ─ será infinitamente menor que a desvantagem de continuar sem condições razoáveis de segurança.

A real preocupação do ministro, quando fala sobre a alta de preços, é a próxima interrogação, mas esse ponto é muito menos complicado. Ele continua, tudo indica, mais empenhado em administrar os indicadores do que em combater a inflação.

Não se diferencia, quanto a esse ponto, de sua chefe. Ela pode tê-lo censurado pela declaração perigosa, ou, no mínimo, precipitada, sobre os airbags e os freios ABS. Também o censurou, segundo informaram os grandes jornais, pela referência às duas pernas mancas da economia.

Declarações impensadas podem prejudicar a imagem do governo, dificultar a recuperação de credibilidade e aumentar o risco de rebaixamento da nota de crédito do País. Mas os dois, a presidente e o ministro, continuam demonstrando muito mais preocupação com os problemas de imagem do que com os fundamentos da economia. Isso inclui, para começar, as contas públicas e as pressões inflacionárias.

Qual o superávit primário para garantir em 2014 o pagamento de uma fatia razoável dos juros e pelo menos a estabilização da dívida? Bastaria o equivalente a 1,8% do produto interno bruto (PIB), segundo alguns analistas. Outros poderiam recomendar um alvo mais ambicioso. Mas a presidente, informa-se em Brasília, cobra da equipe econômica um objetivo realizável sem muita complicação e, portanto, sem risco de tropeço. Qual será a meta exequível num ano de eleição e, portanto, de muita pressão para gastança, concessão de benefícios fiscais e muito favor a governadores aliados?

Quanto à inflação, o ministro da Fazenda tem apontado como grande vitória uma taxa de 5,77% acumulada nos 12 meses até novembro, menor, portanto, que a de janeiro a dezembro do ano passado, 5,84%. Em outras palavras, qualquer resultado até 5,83% será apontado como um sinal de estabilização dos preços. Será uma avaliação compatível com a tese da inflação do airbag e com a imagem das patas mancas.

 

Baú de Presidentes

O acorde dissonante

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Artigo de Augusto Nunes publicado na edição impressa de VEJA

O sociólogo convertido em político aos 48 anos tinha tudo para dar errado como candidato a qualquer coisa. Tal suspeita vira certeza com a leitura das revelações de Fernando Henrique Cardoso no livro escrito em parceria com o jornalista americano Brian Winter. A versão em português de O improvável Presidente do Brasil justifica o título com a exposição de traços de temperamento, marcas de nascença, heranças genéticas e outras particularidades que, se favoreceram a trajetória vitoriosa do professor admirado em muitos sotaques, pareciam condenar ao fiasco o político aprendiz. E reafirma que a chegada de FHC ao Palácio do Planalto em 1994 foi muito mais surpreendente que o triunfo de Lula ou sua substituição por Dilma Rousseff.

O grande viveiro de cabeças baldias tem tudo a ver com o ex-operário sem compromisso com a verdade (e o plural) ou com a mulher que fala dilmês (e não diz coisa com coisa). Assombrosa, portanto, é a constatação de que um intelectual puro-sangue foi autorizado pelo voto a reinar, durante oito anos, num país em que a palavra elite deixou de designar o que há de melhor num grupo social para tomar-se estigma. Foi Fernando Henrique o acorde dissonante na ópera do absurdo composta pelos que o antecederam e retomada por seus sucessores. Vistos de perto, os presidentes brasileiros exibem muito mais semelhanças que diferenças. Se estivessem vivos, todos seriam parceiros na base aliada. Menos Fernando Henrique Cardoso, informam os paradoxos que fizeram dele uma figura sem similares.

No país do futebol e do Carnaval, ele jamais calçou um par de chuteiras e não vestiu fantasias nem mesmo quando criança. Na terra dos extrovertidos patológicos, que na campanha se engalfinham com um eleitor desconhecido a cada metro e derramam lágrimas de esguicho na vitória ou na derrota, ele nunca foi além de tapinhas nas costas e chorou menos que Clint Eastwood. No Brasil dos analfabetos sem cura, que instalam e mantêm no poder populistas iletrados, dedicou a maior parte da vida a ensinar, pesquisar, ler, escrever e, sobretudo, pensar. “Como poderia um professor de sociologia, paulista (embora nascido no Rio), “elitista”, “sem carisma” e “arrogante” derrotar um homem como Lula?”, perguntava-se.

Um marqueteiro da tribo de Duda Mendonça trataria de reconstruí-lo dos cabelos (sempre com cada fio em seu lugar) aos sapatos (muitos de cromo alemão). Em junho de 1994, com o candidato já em campanha pela Presidência, publicitários amigos tentaram aproximá-lo do que chamavam de “povão” com mudanças menos radicais. “Decidiu-se que eu devia aparecer mais em mangas de camisa e tentar mostrar mais senso de humor”, exemplifica. “Especulava-se também que talvez eu precisasse de um apelido. Alguém sugeriu FHC, mas concluímos que era muito parecido com DDT. Acabamos ficando mesmo com Fernando Henrique.” Com anêmicos 19% nas pesquisas que mantinham Lula acima de 40%, pensou em desistir. Não podia imaginar que derrotaria duas vezes, ambas no primeiro turno, o adversário invencível. Muito menos que FHC seria, ao lado de JK, uma das duas únicas siglas tombadas pelo patrimônio político nacional.

“Sempre tive muita sorte”, reconhece o beneficiário de uma extraordinária soma de acasos, ventos favoráveis, coincidências intrigantes e talento de sobra. Feliz com a vida de chanceler, foi surpreendido pelo presidente ltamar Franco com o convite para assumir o Ministério da Fazenda. Nunca entendeu as razões da escolha de um sociólogo sem intimidade com assuntos econômicos para domar a hiperinflação. Repassou a tarefa a uma equipe de especialistas que montaram o Plano Real com o expurgo dos erros que haviam cometido no Plano Cruzado. “Fui eleito pela economia”, reconhece Fernando Henrique no capítulo que narra a mais espetacular virada eleitoral desde a redemocratização do país. Mas foi reeleito por milhões de brasileiros convencidos de que a estabilidade da moeda fora apenas a maior e mais improvável proeza do presidente. Há muitas outras no livro, que é uma espécie de “Fernando Henrique Cardoso para Estrangeiros”. Não há nada que lembre a densidade informativa e a profundidade analítica do essencial A Arte da Política, coordenado pelo jornalista Ricardo Setti ─ hoje colunista da VEJA.com. “Mas nunca me referi de modo tão pessoal a certos acontecimentos”, avisa FHC. “É mais fácil, às vezes, entrar em pormenores pessoais conversando em outro idioma.” As revelações em inglês permitem conhecer melhor alguns interiores, até agora indevassados, do homem que mudou a história de um país que pedia socorro em português.

 

História em Imagens

O Brasil é a Inglaterra na contramão: removeu os alambrados antes de enfrentar a selvageria das torcidas organizadas

ATUALIZADO ÀS 12H25

Em 1985, a entidade que administra o futebol inglês entendeu que chegara a hora de libertar os estádios subjugados pelos hooligans, os mais selvagens torcedores do mundo. Primeiro, os times ingleses foram proibidos de participar de competições internacionais até 1990. Em seguida, os comandantes, oficiais graduados e soldados rasos, catalogados segundo o grau de beligerância, foram identificados um a um, processados, julgados e banidos das arquibancadas. Só depois de consumado o triunfo da lei e da civilização é que os vencedores da guerra decidiram remover os alambrados que cercavam os campos de futebol.

Afrontado pelo atrevimento de delinquentes fanáticos, que sobrevivem graças à conivência criminosa dos cartolas, o Brasil se transformou numa Inglaterra pelo avesso, um reino Unido na contramão. Não existe sequer um esboço de plano para a erradicação da praga em permanente expansão. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, recitam promessas que não serão cumpridas. Os cartolas seguem financiando os comparsas uniformizados. Mas as arenas construídas ou reformadas para a Copa de 2014 não têm alambrados.

“O Brasil está muito feliz em receber todos nessa Copa, porque somos um povo alegre e acolhedor”, disse Dilma Rousseff durante o sorteio das chaves da Copa. O palavrório foi desmoralizado pelas cenas apavorantes registradas durante o jogo entre o Vasco e o Atlético em Joinville. O que aparece no vídeo e nas fotos é uma amostra do horror que logo fará parte da rotina do futebol brasileiro.

ATLÉTICO PR E VASCO

(Foto: Joka Madruga/Futura Press)

Briga entre torcidas na partida entre Atlético-PR e Vasco

(Foto: Geraldo Bubniak /Fotoarena/Folhapress)

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(Foto: Carlos Moraes/Agencia O Dia/Reuters)

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(Foto: Carlos Moraes/Agencia O Dia/Reuters)

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O lutador de jiu-jitsu identificado como Naíba (de bermuda azul e camiseta) troca socos com um torcedor (Foto: Joka Madruga/Futura Press)

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Na pancadaria com torcedores do Corinthians, em 11 de agosto, os vascaínos Jonathan Fernandes e Philipe Sampaio (em destaque): os dois também foram filmados brigando em Joinville (Foto: Sergio Lima/Folhapress)

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Philipe Sampaio na briga com torcedores do Atlético-PR, em Joinville (Foto: Reprodução)

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Jonathan Fernandes, de camisa branca, pisa em um torcedor do Atlético-PR; à esquerda, o homem identificado como Pierre, líder da torcida Ira Jovem (Foto: Reprodução)

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Leone Mendes da Silva, conhecido como Curirim, mora na Baixada Fluminense e está preso em Joinville (Foto: Giuliano Gomes/Folhapress)

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Torcedores do Vasco e do Atlético Paranaense brigam durante o jogo em Joinville, Santa Catarina. No destaque, Marcelo Souza – (Foto: Heuler Andrey/AFP)

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O ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti foi flagrado durante o show de selvageria em Joinville (Foto: Geraldo Bubniak/FotoArena)

Tags: Atlético ParanaensecartolasCopa 2014hooligansorganizações criminosastorcidatorcidas organizadasVascoviolência

 

Opinião

‘Cabral a bordo’, de Ricardo Noblat

Publicado no Blog do Noblat

Ou o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) já não está mais aí para nada ou foi vítima de um dos defeitos mais flagrantes de sua personalidade – a arrogância. Que tal um governador flagrado utilizando helicópteros do Estado para viajar com a família nos fins de semana à sua casa de veraneio? Diante do escândalo, ele assina decreto tornando seus passeios impossíveis. Depois, simplesmente volta a voar.

Pois é disso que se trata. Em julho último, a VEJA descobriu que Cabral abusava da utilização dos helicópteros oficiais. Cabral mora no Leblon, a curta distância da Lagoa Rodrigo de Freitas. Escoltado por seguranças, ele ia de carro até a Lagoa e, de lá, de helicóptero para o Palácio Guanabara – um voo de 10 minutos. Nos fins de semana embarcava com a família, empregados e cachorro, para Mangaratiba.

Ali, num condomínio de luxo, Cabral construiu duas casas valorizadas pela paisagem paradisíaca da baia de Sepetiba e pela proximidade com Angra dos Reis e Parati. Com frequência, um dos helicópteros fazia mais de um voo às sextas-feiras e aos domingos para levar e trazer a comitiva de Cabral. Na época, ensaiou-se a desculpa de que o uso dos helicópteros se devia a razões de segurança. Não colou.

Então, humildemente, Cabral desculpou-se e assinou um decreto restringindo o uso de helicópteros ao “governador, vice-governador, chefe de poderes, secretários e presidentes de autarquias e de empresas públicas”. Teve o cuidado de registrar que os helicópteros só poderiam ser requisitados para “atividades próprias do serviço público”. Como suas viagens de fim de semana nada tinham a ver com tais atividades… Cabral suspendeu-as.

Até que na semana passada a Folha de S. Paulo anunciou em seu site: Cabral voltou a se valer dos helicópteros do Estado para ir veranear em Mangaratiba com a família e empregados. Notou-se a ausência do cachorro. A mesma desculpa esboçada da vez anterior foi sacada desta: razões de segurança. Cabral atendeu a recomendação da Subsecretaria de Segurança Militar da Casa Civil. Ele é um alvo precioso para traficantes e bandidos. Não pode se arriscar.

Palavras de Cabral: “Infelizmente, o fato de ser governador impõe que temos que enfrentar a segurança pública, a marginalidade, o tráfico de drogas. Para ganhar essa luta difícil, o gabinete militar impõe a mim e à minha família restrições. E eu tenho que segui-las por uma questão de segurança”. O poder da bandidagem deve ter aumentado muito entre julho último, quando Cabral renunciou aos voos a Mangaratiba, e agora, quando os retomou.

Não faz sentido que o poder tenha se mantido o mesmo e, no entanto, Cabral tenha mudado sua conduta. Ou faz sentido, sim, se admitirmos que Cabral possa estar mentindo – ele e seus assessores. O governador é obrigado a comparecer diariamente ao seu local de trabalho – e nada mais natural, no Rio ou em qualquer outro lugar, que seja acompanhado por seguranças. Não é obrigado a veranear nos fins de semana. Se o fizer que seja às suas próprias custas.

Cabral vai mal. Entre os 17 governadores do país é o quarto pior avaliado. Há três anos foi um dos cabos eleitorais mais cortejados por Lula para eleger Dilma presidente. Lula já o abandonou. O PT terá candidato ao governo do Rio – o senador Lindberg Farias. Foi tal o número de erros políticos cometidos por Cabral que a maioria dos políticos quer distância dele. O que Cabral fez de mais certo – as UPPs – está a perigo.

(por Ricardo Noblat)

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Fonte:
Blog de Augusto Nunes (de VEJA)

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