Datafolha vai pesquisar se a Copa ajuda a campanha de Dilma

Publicado em 30/06/2014 11:41 e atualizado em 18/07/2014 14:05
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Eleições 2014

Dilma e o sucesso da Copa

Dilma: a pesquisa lhe dará motivos para sorrir?

Dilma: a pesquisa lhe dará motivos para sorrir?

O Datafolha entra em campo amanhã e, até quarta-feira, vai medir o humor do brasileiro em relação ao governo e à corrida presidencial. A pesquisa será divulgada entre a noite de quarta-feira e a manhã de quinta-feira.

Servirá para saber se o inegável sucesso da Copa fez melhorar os índices de Dilma Rousseff tanto em relação às urnas de outubro quanto à aprovação do seu governo. É um momento perfeito para essa mensuração, mais ainda por que a seleção classificou-se para as quartas-de-final.

Se não Dilma não melhorar agora, os governistas podem esquecer a Copa como fator de impulso à sua candidatura. Se, ao contrário, a Copa empurrá-la para o alto, é a oposição que ficará tensa.

Por Lauro Jardim

 

Vamos desamarelar?

Vamos falar claro: a seleção está amarelando sob a pressão de disputar uma Copa em casa

Sérgio Rodrigues

Felipão abraça Willian após a vitória do Brasil sobre o Chile

CHEGA DE LÁGRIMAS - Se continuar assim, vamos perder da Colômbia por W.O com os jogadores chorando trancados no vestiário (Antonio Milena)

 

Ganha um Fuleco de pelúcia autografado pelo reserva de Fred quem se lembrar de outra Copa do Mundo em que a seleção tenha apresentado futebol tão inconsistente, travado, assustadiço

É difícil acrescentar alguma coisa ao extenso levantamento dos defeitos da seleção brasileira que tem sido feito por críticos profissionais e simples torcedores desde que, contra o Chile, o time de Luiz Felipe Scolari demonstrou que não apenas não está “evoluindo dentro da competição” — para usar um chavão que os treinadores apreciam — como vem se desmilinguindo cada vez mais.

Enumerar as escassas qualidades da equipe é mais fácil. Temos goleiro? Temos, viva! Temos um camisa 10? Um dos melhores do mundo, pelo menos até que a deslealdade dos adversários o incapacite para exercer sua arte, como ocorreu logo no princípio da partida de sábado. Mas é só. Entre as virtudes que não temos, o meio de campo é a falta mais sentida, mas o problema parece ser maior do que a soma das partes ausentes. Emocionalmente descontrolada, taticamente confusa e, o mais espantoso, tecnicamente deficitária, tudo indica que a jovem equipe de amarelo — vamos falar claro — está amarelando sob a pressão de disputar uma Copa em casa.

Terá conserto? Tomara que sim, embora pareça improvável que os necessários apertos de parafuso e trocas de peças possam ser feitos em prazo tão curto por um treinador que, na tentativa de mudar os rumos da partida contra o Chile, foi capaz de apostar suas fichas num jogador como Jô (!). A situação é grave e parece exigir medidas extremas.

Ganha um Fuleco de pelúcia autografado pelo reserva de Fred quem se lembrar de outra Copa do Mundo em que a seleção tenha apresentado futebol tão inconsistente, travado, assustadiço — em suma, tão incompatível com a tradição gloriosa da amarelinha. Certo, em 1990 a equipe treinada por Sebastião Lazaroni tinha menos talentos individuais, jogava de forma medíocre e foi eliminada pela Argentina nas oitavas de final. Mas não, não colecionava micos como um jardim zoológico de província.

Nesse ritmo, já há quem receie ver a boa Colômbia vencer por W.O., na sexta-feira, o árbitro aguardando o tempo regulamentar no centro do campo e sendo enfim avisado pelo representante da CBF de que o Brasil não vai jogar porque o time se trancou no vestiário, chorando convulsivamente. Chorando de emoção antecipada com o hino, mas também de medo de James Rodríguez. Ou de medo da torcida. Ou de medo de errar — um medo que, como disse o humorista inglês John Cleese em frase memorável, é o que existe de mais letal para a criatividade.

Quem diria, um mês atrás, que a Copa em si seria um sucesso, mas a seleção, uma bagunça? Pois essa imprevisibilidade absoluta do futebol é, por incrível que pareça, a principal esperança do torcedor agora. Se o futuro é tão indecifrável, por que nosso time não poderia, em poucos dias, finalmente crescer, chegar à idade adulta e compreender que o Brasil não se tornou pentacampeão do mundo por acaso? A eliminação estará sempre no horizonte, claro. Ninguém vai morrer por causa disso. Todo mundo quer o hexa, mas perder de cabeça erguida e jogando futebol, como fez ontem o México antes de ser abatido pela covardia de seu treinador, será mais digno da nossa história do que ganhar jogando bulhufas.

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Dos pés à cabeça

Não somos nós que falamos de Maracanazo? Que qualificamos qualquer resultado que não seja o título como ‘fiasco’?

Maurício Barros

Neymar durante cobrança de pênaltis no Mineirão

À FLOR DA PELE - Nossos craques choram, mas o problema é técnico, não emocional (Ivan Pacheco/VEJA.com)

 

Pois eu acho que o problema do Brasil é apenas técnico. Olhe o currículo de cada um e a tese da imaturidade vira piada. O time não está jogando o que pode por dois defeitos pontuais

Muitos críticos defendem que a seleção brasileira está com problema de cabeça. Por isso — e não por outro motivo banal como o adversário bom de bola, por exemplo, que montou o que é considerado seu melhor time de todos os tempos —, complicamos ao limite da eliminação a partida de oitavas de final contra o Chile, anteontem, no Mineirão.

Nossos jogadores, imaturos, estariam pilhados demais, abrindo o bico diante da pressão gigantesca para vencer a Copa do Mundo que o país organiza depois de 64 anos. Um time que chora quando entra em campo, chora no hino, chora na cobrança de pênaltis, chora na comemoração da vitória, chora na entrevista depois do jogo. Um grupo, enfim, que teria vontade de mais e equilíbrio de menos.

Pois eu acho que o problema do Brasil é apenas técnico. Olhe o currículo de cada um e a tese da imaturidade vira piada. O time não está jogando o que pode por dois defeitos pontuais: falta de criação no meio de campo e ineficiência no comando do ataque. Em relação à equipe que ganhou a Copa das Confederações, a queda de rendimento de Paulinho foi crucial para a piora. Fernandinho entrou em seu lugar, mas não entregou, contra os chilenos, o que prometeu depois do ótimo segundo tempo que fez diante de Camarões.

Oscar, muito dedicado à marcação, vem deixando a desejar na criação. O resultado é a redução das opções de jogo. Sobram a tal ligação direta, o chutão de David Luiz para Fred e Hulk, e os lances individuais de Neymar. Ramires não é alternativa para melhorar a criação. Hernanes é. Ambidestro, tem um drible raro que é a pedalada com a bola parada, e sai para qualquer um dos lados porque arremata com a perna que quiser. É um desmonta-retrancas. Tem passe, sabe lançar e chuta muito bem. Mas parece que Felipão o considera a última opção. O pecado de Hernanes é ser diferente demais.

Fred é o outro ponto fraco. Ele mal está pegando na bola. Nas raras vezes em que ela chega, ele não consegue dominar nem ajeitar para quem vem de trás. O reserva Pinilla fez pelo Chile, no fim do jogo, o que Fred deveria ter feito pelo Brasil — pivô e arremates. Como Jô mostrou que não é opção, Felipão deve insistir com seu titular. Uma variação seria jogar sem centroavante. Há opções para isso. Mas aí caímos no perfil do técnico brasileiro. Felipão tem convicções bem rígidas sobre futebol. De volante de marcação e centroavante, não abre mão. Foram essas ideias que o fizeram vencedor, a elas é fiel.

A ausência de Luiz Gustavo será sentida contra a Colômbia. Além de ele estar muito bem, não há no elenco outro primeiro volante. Fernandinho e Paulinho são “segundos volantes”, saem mais para o jogo. Ramires é um coringa. Escolher dois entre esses três para compor o meio com Oscar mudará a pegada no setor-chave do campo. Não me surpreenderei se Henrique começar o jogo como titular. Assim, Felipão manteria o esquema em que acredita.

Contra o Chile, o Brasil começou muito bem, e o gol não demorou a sair. Dava para pressentir uma vitória tranquila, o Chile se apequenava.  Mas, por uma falha individual, um erro que nada tem a ver com as lágrimas nem com o hino a capela, muito menos com o Maracanazo, sendo apenas uma falha corriqueira no futebol, Hulk devolveu curto o lateral de Marcelo e Vargas aproveitou, cruzando para a conclusão de Sánchez. Aí o jogo mudou, o Chile cresceu e o Brasil mostrou suas falhas técnicas — não de espírito, não de maturidade.

Não deixa de ser uma crítica curiosa essa de que os garotos estão por demais emocionados. Ou não somos nós que falamos de Maracanazo em todos os jornais, telejornais, revistas? Que qualificamos qualquer resultado que não o título em uma Copa do Mundo como “fiasco”? Que elegemos culpados em todas as derrotas? Que creditamos, por exemplo, a derrota na final da Copa de 1998 à convulsão de Ronaldo, e não ao fantástico time da França, de Zidane e Henry, que jogava em casa com uma pilha semelhante à desse time atual, querendo seu primeiro título mundial (como temos dificuldade em reconhecer o mérito do outro, céus!).

Não somos nós que vivemos criticando a mercantilização do futebol, dizendo que jogador só quer saber de dinheiro? Não consigo imaginar nenhum desses jogadores da seleção beijando maços de dólares. Quem bota a pressão somos nós — imprensa, publicidade, torcida. Tudo é épico, tudo é questão de vida e morte, todos são guerreiros. Você duvida de que, se o Brasil perder para a Colômbia, chamaremos o jogo de A Tragédia do Castelão e consideraremos todos fracassados?

Aí, quando esses moleques começam a dar a vida em campo, sentindo tudo o que é possível sentir, correndo todos os riscos por isso, acertando e errando, passamos a chamá-los de desequilibrados. Ora, bolas... O time não engrenou até agora por problemas nos pés, não na cabeça.

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O homem do jogo! No sufoco, passamos. Mas algo está muito errado quando Hulk é o melhor brasileiro da linha

Júlio César

Que sufoco! Ao defender dois pênaltis, Júlio César fez o que os outros 10 não estavam conseguindo: garantir a passagem da Seleção Brasileira para as quartas de final!

Foi o nosso pior desempenho. O segundo tempo chegou a ser patético. Sim, houve um pênalti não marcado, e, parece, o gol anulado de Hulk era legal. Só uma coisa conseguiu ser mais feia do que atuação da Seleção: a arbitragem do inglês Howard Webb.

O Brasil continua a depender exclusivamente do talento de Neymar. Quando ele está iluminado, bem; quando não, como neste sábado, as coisas se complicam, e Hulk, exceção feita a Júlio César, vira o melhor jogador em campo. É evidente que isso é sinal de problema. Outra coisa preocupante: o grupo ficou completamente destrambelhado depois do gol do Chile.

Mas passamos. Quando vi Júlio César, às lágrimas, antes das cobranças, temi pelo resultado. Mas não! Elas antecipavam um resultado glorioso para ele, que era, até havia pouco, a escolha de Felipão mais contestada.

Graças a Deus e a Júlio, e contra os erros do sr. Webb, a Seleção passou. Mas ainda não dá para perceber qual é o repertório do time de Felipão. Vencemos por 3 a 2 nos pênaltis, o que significa que há muita coisa fora do lugar.

Por Reinaldo Azevedo

 

Brasil

Recorde de movimento

Santos Dumont: recorde

Santos Dumont: recorde

Os jogos do Brasil têm feito os aeroportos brasileiros baterem recorde de passageiros. Na sexta-feira, dia 27, véspera de Brasil x Chile, passaram pelos terminais 528 000 pessoas. Na Copa, o recorde anterior havia sido na véspera de Brasil x Camarões, com 519 000 passageiros.

Antes da Copa, o máximo que os aeroportos do Brasil receberam em um só dia foram 467 000 passageiros, na sexta-feira que antecedeu o feriado de Carnaval deste ano.

Por Lauro Jardim

 

Televisão

O ibope de Brasil X Chile

Neymar:  dificuldade em campoi

Neymar: dificuldade em campoi

Brasil X Chile registrou a menor audiência da Globo em jogos do Brasil desde o início da Copa. Aos números: de acordo com dados prévios do Ibope para a Grande São Paulo, a partida rendeu 34 pontos à Globo e dez pontos à Band.

Nas outras regiões metropolitanas o resultado para a Globo  melhor:

Rio de Janeiro – 37 pontos com 71% de participação

Recife – 44 pontos com 75% de participação

Distrito Federal – 38 pontos com 70% de participação

Belo Horizonte – 35 pontos com 72% de participação

Por Lauro Jardim

 

 Brasil

Respiro de alívio

Mudanças na empresa

Preocupação com segurança

Com o bom andamento da Copa, os patrocinadores respiram aliviados. Havia o temor de ver suas marcas associadas a um evento fracassado. Foram meses e meses com medo de depredações, manifestações violentas etc. O McDonald’s, por exemplo, montou um forte esquema de segurança e monitoramento dos restaurantes.

Por Lauro Jardim

 

Direto ao Ponto

A Seleção é uma caricatura do time que venceu a Copa das Confederações

Nos quatro jogos da Copa do Mundo, a Seleção foi uma caricatura do time que venceu, merecidamente, a Copa das Confederações. Os nomes do técnico e dos titulares não mudaram. Mas a indigente vitória contra o Chile, outro evento de alto risco para torcedores cardiopatas, reforçou a suspeita de que, passados 12 meses, quase todos se transformaram em sósias de si mesmos. As exceções são Neymar, Thiago Silva e Luis Gustavo. A performance na decisão por pênaltis pode devolver a Júlio César a antiga autoconfiança e acabar por incluí-lo nessa reduzida tropa de elite.

Há um ano, Felipão comandou uma equipe suficientemente ágil, entrosada e corajosa para meter medo em qualquer adversário. Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luís e Marcelo sabiam sair jogando, fechar espaços, desarmar e, eventualmente, aparecer na grande área adversária. Luis Gustavo, Paulinho e Oscar protegiam a retaguarda, dominavam o meio de campo e abasteciam com passes em profundidade um ataque que, além de finalizar com frequência e eficácia, também marcava a saída de bola. Hulk se multiplicava nos dois lados do gramado, Fred fazia gols. E Neymar reiterava a cada partida que logo seria o melhor do mundo.

Um ano depois, o padrão de jogo sumiu e não há vestígios de combinações táticas. O repertório da família Scolari é diminuto e bisonho. O goleiro coleciona chutões para a frente, os zagueiros insistem em ligações diretas, os encarregados da armação se escondem ou trocam passes miúdos, o centroavante marca quem deveria marcá-lo, as jogadas de ataque se limitam a cruzamentos sobre a área ou investidas individuais natimortas.

Cumpre a Neymar compensar tantas deficiências com momentos luminosos, lances mágicos e gols de placa. Foi o que fez  durante a fase eliminatória. Neste sábado não deu. Além de estreitamente vigiado por dois ou três chilenos, o dono da camisa 10 passou 120 minutos sozinho (enquanto Fred se arrastou em campo) ou mal acompanhado pelo inverossímil Jô. Também lhe coube a cobrança do último pênalti. Haja dependência.

Neymar é genial. Mas tem apenas 22 anos. Não merece conquistar a Copa um bando de marmanjos, quase todos com larga milhagem internacional, que transfere para um garoto a missão de carregar o Brasil nas costas.

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