Soviets: Congresso ainda respira e dá sinais de que vai cortar as asinhas bolivarianas de Dilma

Publicado em 15/07/2014 08:59 e atualizado em 11/08/2014 14:06
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Congresso ainda respira e dá sinais de que vai cortar as asinhas bolivarianas de Dilma

O Congresso brasileiro ainda está vivo também para as virtudes. Essa é uma boa notícia. Avançou a resistência ao decreto bolivariano da presidente Dilma Rousseff, o 8.243, que institui a chamada Política Nacional de Participação Social (PNPS) e busca regular a atuação de conselhos populares na administração federal. Nesta terça, a Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para o Decreto Legislativo (DL) que busca tornar sem efeito a medida presidencial. A partir de agora, havendo quórum, o DL pode ser votado, mas é possível que isso só aconteça depois do recesso branco de julho. Mais de dez partidos — e isso significa que muitos deles são da base aliada, como o PMDB — pressionaram para que se aprovasse o regime de urgência nesta terça. Só o PT e as legendas de esquerda defendem hoje aquela estrovenga.

Vamos ver. Entre muitas, há três maneiras principais de entender o Decreto 8,243:
a) a apocalíptico-barulhenta;
b) a da Poliana distraída;
c) a realista.

A apocalíptico-barulhenta pretende que, uma vez em vigência, o decreto institui definitivamente o comunismo no Brasil, e nada mais se poderá fazer. Seria o golpe final das esquerdas na democracia representativa. Por intermédio dele, os esquerdistas tomariam conta da administração e ponto final. O passo seguinte seria, sei lá eu, o Armagedom ou a luta armada. É uma tolice. Aliás, os esquerdistas que defendem aquela porcaria vibram quando encontram um caricato desses pela frente porque não é difícil ridicularizar esse delírio.

Há a leitura das Polianas distraídas. Essas insistem em afirmar que o decreto de Dilma, o que é verdade, não cria nenhum conselho novo. E daí? Só faltava, agora, o Executivo criar também os conselhos por iniciativa unipessoal da chefe do Executivo. Aí estaríamos numa monarquia absolutista. Esses distraídos também dizem que a participação popular está prevista na Constituição e que não há nada de errado nisso.

E há a versão realista. O PT não vai instituir, obviamente, o comunismo no Brasil porque, pra começo de conversa, nem comunista é. Mas tem uma visão autoritária do poder e busca, desde que foi criado, tomar conta do estado brasileiro, um processo que, obviamente, está em curso. E, isso sim, não é difícil de demonstrar.

O que o decreto de Dilma faz de estupidificante, em primeiro lugar, é definir o que é sociedade civil. Está lá no Inciso I do Artigo 2º: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”. É evidente que o “indivíduo” não existiria nesse contexto. Como se daria a sua participação? Ele teria de, necessariamente, integrar um dos “coletivos” e “movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados”, ou suas “redes e organizações”, se quisesse ser ouvido. Vale dizer: a chamada participação popular seria monopólio de militantes políticos. Um Congresso escolhido por 140 milhões de eleitores correria o risco de ser menos influente na definição de políticas públicas do que alguns poucos milhares de militantes.

E quem é que vai comandar essa coisa? A Secretaria-Geral da Presidência — hoje, seria Gilberto Carvalho, aquele mesmo que tem conversado com índios, com os resultados conhecidos; com o MST, com os resultados conhecidos, e com os black blocs, com os resultados conhecidos.

Ademais, já chamei a atenção para um aspecto especialmente preocupante do decreto de Dilma. Ele institui uma “justiça paralela” por intermédio da “mesa de diálogo”, assim definida no Inciso VI do Artigo 2º: “Mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores da sociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitos sociais”.

Como a Soberana já definiu o que é sociedade civil, podemos esperar na composição dessa mesa o “indivíduo” e os movimentos “institucionalizados” e “não institucionalizados”. Se a sua propriedade for invadida por um “coletivo”, por exemplo, você poderá participar, apenas como uma das partes, de uma “mesa de negociação” com os invasores e com aqueles outros “entes”. Antes que o juiz restabeleça o seu direito, garantido em lei, será preciso formar a tal “mesa”…

É o “comunismo”? Não! Mas se trata de uma óbvia agressão à propriedade privada. De resto, não cabe a Dilma Rousseff, por decreto, estabelecer os mecanismos da chamada democracia direta. Isso é tarefa do Congresso Nacional. A governanta está usurpando uma prerrogativa do Congresso. Não é o golpe final das esquerdas, mas é mais um golpe na democracia.

Por Reinaldo Azevedo

 

A difícil equação de Eduardo Campos. Ou: Existe um lulismo não petista?

EDUARDO CAMPOS

Eduardo Campos (PSB) — foto — participou da sabatina promovida nesta terça pela Jovem Pan, Folha de S.Paulo e SBT. Hoje, é a vez do tucano Aécio Neves. Às vezes, acho que não deixa de ser uma sorte o presidenciável do PSB ter tão pouco tempo na TV. Terá menos trabalho para achar o que dizer. Até agora, não entendi qual é a tese de Campos nem o que ele pretende. A primeira dificuldade, ficou muito claro, é ele se desvincular de Lula. O candidato do PSB insiste numa equação que me parece quase impossível, cuja síntese poderia ser esta: o lulismo era bom; aí veio a presidente Dilma e estragou tudo.

Mas é mesmo assim? Digam-me cá uma coisa: que política está em curso hoje em dia que não tenha sido iniciada, muito especialmente, no segundo mandato de Lula? Se, antes, foi bem-sucedida e agora dá com os burros n’água, isso decorre do fato de o mundo ter mudado — e mudou contra os interesses do Brasil. Pergunto ao governador: ele gostou das reformas feitas pelo governo Lula? De quais? Ele gostou das privatizações promovidas pelo governo Lula? De quais? Ele gostou das ações do governo Lula para preservar empregos na indústria? De quais? Tudo é o mesmo, incluindo o ministro da Fazenda. Para que Lula fosse uma maravilha, e Dilma, seu avesso, Campos teria de demonstrar que Guido Mantega, agora, atua contra suas próprias convicções por pressão da presidente. E isso não é verdade.

Querem um caso rumoroso? Os descalabros em curso na Petrobras, por exemplo, são uma das heranças malditas do lulismo. Nesse particular, convenham, até que Dilma está procurando, por intermédio de Graça Foster fazer o que pode. Na sabatina, Campos saiu-se com uma conversa estranha, segundo a qual ele não vai confrontar Lula porque isso só ajudaria Aécio… Ok. Mas confrontar só Dilma, vamos ser claros, não está ajudando muito nem ao próprio Campos.

Depois que Marina Silva migrou, temporariamente, para o PSB, veio então a história da “nova política”, que ele encarnaria, em companhia da líder da Rede. E, como exemplo da velha, citou o PMDB, que teria o controle de fatias do governo Dilma, mas mantém um pé, diz ele, na canoa de Aécio Neves. Não sei se lhe foi perguntado, mas pergunto: caso vença, dispensa o apoio do partido? Se o tiver, não será apenas por seus olhos. Mesmo aqui a equação se complica: Campos apoiou o petismo por dez anos. Teve cargos no governo Dilma por mais de dois anos. A que exatamente ele se opõe? Certo: o país está encalacrado com crescimento ridículo — na casa de 1% —, tem juros estratosféricos e inflação alta. Hoje, exibe alguns dos piores indicadores da América Latina. Mas isso se deve a escolhas de Dilma? Parece-me o desdobramento de escolhas que foram feitas no governo Lula. Acontece que a farra acabou.

E encerro com uma questão que parece besta, mas que dá conta de certo estado de coisas. Campos defendeu o “passe livre” para estudantes. É tentação demagógica. O que haveria de “social” nisso? Conceder gratuidade a uma categoria, independentemente de suas condições de renda, é uma forma de fazer justiça? Quem paga a conta? Se dá para fazer no Brasil inteiro, por que não se fez em Pernambuco? O ex-governador também se saiu mal quando tentou explicar — e não explicou — a frenética campanha que fez para que sua mãe, Ana Arraes, integrasse o TCU. E ele estava no comando de um governo de Pernambuco. Isso não tem nada de novo. É, na verdade, uma prática muito velha.

Por Reinaldo Azevedo

 

The Economist: Brasil precisa de nova gestão e de novas ideias dentro e fora do campo

A revista inglesa “The Economist” traz um texto intitulado “Lições de um Armagedom Futebolístico” em que afirma que a derrota de sete a um para a Alemanha evidencia que o Brasil precisa de novas ideias dentro e fora do campo.

O texto lembra a metáfora hiperbólica de Nelson Rodrigues quando a Seleção perdeu de 2 a 1 para o Uruguai em 1950, em pleno Maracanã: “Uma catástrofe nacional… Nossa Hiroshima”. Se é assim, diz a revista, então a tragédia do Mineirão foi o Armagedom, e não apenas por causa da dimensão da derrota de 7 a 1, mas também em razão da facilidade com que os rápidos e tecnicamente superiores alemães penetravam na zaga brasileira, como uma faca cortando tapioca, compara.

Com alguma ironia, a publicação diz que a humilhação deixou os brasileiros em estado de choque, muito especialmente porque o Brasil não tem Hiroshimas reais a lamentar. A reportagem observa que, além da breve participação brasileira na Segunda Guerra, entre 1944 e 1945, o conflito armado anterior em que se meteu data de 1860 — a Guerra do Paraguai. O país tem a sorte de não enfrentar ameaças de vizinhos, terrorismo, tensões étnicas ou religiosas.

Apelando ao antropólogo Roberto DaMatta, o texto lembra que o futebol deu ao brasileiro a confiança em si mesmo que nenhuma outra instituição proporcionou, inventando uma narrativa nacional e uma cola social, isso num país que jamais conseguiu fazer jus a seu potencial. Ganhou cinco Copas do Mundo, mas nenhum prêmio Nobel, contrasta.

A revista prossegue observando que, quando o Brasil obteve o direito de sediar a Copa do Mundo deste ano e os Jogos Olímpicos de 2016, o então presidente Lula pretendia demonstrar que o país tem outros motivos para se orgulhar. O mundo conheceria a sétima maior economia do planeta, uma democracia vibrante, com notável progresso social, que tem visto cair a pobreza e a desigualdade de renda.

Mas o torneio aconteceu justamente quando os brasileiros estão menos confiantes sobre o futuro. A economia vive um mau momento; a inflação está em 6,5%, apesar das sucessivas elevações da taxa de juros. Os R$ 11 bilhões de recursos públicos destinados ao financiamento de estádios desencadearam grandes protestos no ano passado contra a precariedade dos serviços públicos, a corrupção e as prioridades equivocadas dos políticos. A correria para concluir as obras e o trágico desabamento de um viaduto recém-construído em Belo Horizonte evidenciaram as dificuldades do país com projetos de infraestrutura.

Ao contrário de algumas previsões, destaca a Economist, o evento em si foi bem-sucedido, sem colapso nos transportes ou protestos significativos. Pesquisas começaram a demonstrar que os brasileiros estavam aquiescendo com o fato de o país sediar o torneio. Mesmo vaiada na cerimônia de abertura, Dilma Rousseff, sucessora e protegida de Lula, sentiu-se encorajada a anunciar que iria participar da final.

A derrota do Brasil para a Alemanha tirou de Dilma qualquer esperança que ela tenha alimentado de que a Copa do Mundo lhe daria um impulso para a eleição de outubro, quando ela vai buscar um segundo mandato. Mas, por si, essa derrota também não vai ajudar a oposição. As coisas não são assim tão simples. Os brasileiros terão outras coisas em mente quando votarem, daqui a três meses. A Economist lembra que FHC venceu a reeleição em 1998, quando o Brasil foi derrotado na Copa, e que não conseguiu fazer seu sucessor em 2002, ano em que a Seleção sagrou-se campeã.

Num nível mais profundo, diz a revista, a humilhação ocorrida no Mineirão tem potencial para reforçar o mau humor do país, o que é potencialmente perigoso para Dilma. Embora as pesquisas ainda a apontem como favorita, a campanha só começa para valer agora. Seu índice de aprovação é pouco superior a 40%, e as pesquisas têm demonstrado de forma consistente que entre 60% e 70% dos brasileiros querem mudança. O PT está há 12 anos no poder. Será que ela pode oferecer essa mudança?, indaga a revista. As principais conquistas do partido estão no passado, lembra a revista, como o aumento do emprego e do salário real — e ambas começam a se perder.

O desastre do Mineirão demonstra que o futebol brasileiro já não é mais uma fonte da confiança nacional. Ele também precisa de mudanças que vão muito além da construção de novos estádios. Seus principais agentes são corruptos, e sua estrutura doméstica é mal administrada. Quem vive das glórias do passado não tem futuro. Os brasileiros podem acabar chegando à conclusão de que precisam de uma nova gestão e de novas ideias dentro e fora do campo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Campos: “Dilma será a primeira presidente a entregar país pior do que recebeu”

Por Felipe Frazão e Andressa Lelli, na VEJA.com:
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, reforçou as críticas à presidente Dilma Rousseff, sua adversária na corrida pelo Planalto. Campos afirmou que a petista será “a primeira presidente do ciclo democrático a deixar o país pior do que recebeu”. Sobre sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele esclareceu que seu embate é contra Dilma. “Dizer que o governo Lula não foi muito melhor que esse governo Dilma é negar a realidade.”

“Itamar entregou melhor do que Sarney, Fernando Henrique entregou melhor do que Itamar e Lula entregou melhor do que Fernando Henrique. A Dilma vai entregar pior”, afirmou, poupando de críticas os governos anteriores. Campos se comprometeu também a não disputar um segundo mandato caso eleito.

Alianças partidárias
O ex-governador de Pernambuco ainda criticou a relação do governo com os partidos aliados – e afirmou que a presidente trocou ministérios por tempo de TV na propaganda eleitoral. “A velha política no Brasil é o PMDB dominante, que está no governo da Dilma, mas mantém um pé em cada canoa. Está com um pé no PT e tem uma sublegenda na candidatura do Aécio”, disse, referindo-se ao movimento Aezão, no Rio de Janeiro. No Estado, o partido de Campos está coligado com o PT de Dilma. Segundo Campos, o poder central em Brasília “alimenta as raposas da política atrasada em Alagoas, no Maranhão e no Rio de Janeiro, onde a política tem ligação com crime organizado e com o jogo”. Ele citou nominalmente apenas o senador José Sarney (PMDB) como símbolo desta relação.

Nordeste
Campos afirmou que acredita que seus índices de intenção de voto devem crescer no Nordeste. E que a região tem um sentimento de “frustração” em relação ao governo Dilma. “Creio que vou ganhar as eleições no Nordeste”, disse. Também culpou a presidente pelo atraso de obras importantes na região, onde acusou o PT de fazer terrorismo na campanha: “Há uma campanha terrorista sendo feita sistematicamente dizendo que eu ou Aécio vamos acabar com o Bolsa Família”.

Economia
O presidenciável do PSB também falou sobre a situação econômica no país. Disse que é preciso estabelecer um modo responsável de governar, cumprindo a meta de inflação. “Precisamos tirar o Brasil desse atoleiro, pois com Dilma temos o menor crescimento econômico desde Deodoro da Fonseca”, afirmou. Campos disse ainda que a presidente deixará como legado “um tempo de famílias mais endividadas” e a “Petrobras metida em toda a sorte de confusão”.

Passe livre
Em sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo, SBT e Jovem Pan, Campos incluiu em seu discurso de campanha a defesa do passe livre para estudantes – uma das principais demandas dos protestos que agitaram o país há pouco mais de um ano. Afirmou que pretende colocar o tema entre suas propostas para Educação, como forma de permitir que alunos da rede pública possam estudar em tempo integral. Só não esclareceu de que maneira o assunto será tratado, nem como pretende financiar a proposta. “Essa é uma questão das prefeituras e dos Estados, mas o governo federal, sob a nossa liderança, terá solidariedade com as prefeituras e governos estaduais para implantação do passe livre”, afirmou.

Por Reinaldo Azevedo

 

Os despudorados: Dilma e 15 ministros convocam coletiva para demonizar a imprensa. E, para isso, usam a… imprensa! Ou: INCOMPETENTES, MAS MUITO ORGULHOSOS!

Leiam isto. Volto em seguida.

 Mercadante - desonestidade intelectual

Trata-se de trecho de uma reportagem da revista VEJA de maio de 2011 — há mais de três anos, portanto. Já volto ao ponto.

Não adianta! Eles não aprendem nada nem esquecem nada. Se faltava alguma evidência de que o Planalto havia montado um gigantesco esquema de marketing para tentar usar a Copa do Mundo para esmagar a oposição nas urnas — caso o Brasil vencesse a disputa, é claro! —, agora não há mais. Mesmo com a derrota humilhante, Dilma Rousseff passou o ridículo, nesta segunda, de convocar uma entrevista coletiva, acompanhada de 15 ministros, com um propósito: cantar as glórias do seu governo e demonizar a imprensa brasileira. Boa, claro!, é a Al Jazeera, a emissora do tirano do Catar. Afinal, para essa turma, a presidente diz o que bem entender. E ninguém contesta. Se bem que não foi muito contestada por aqui também, mesmo sem tiranos… Sigamos. O governo queria demonstrar que “o Brasil perdeu a taça, mas ganhou a Copa”, como resumiu Aloizio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil.

Afirmou a presidente: “Os vaticínios, os prognósticos que se faziam sobre a Copa eram dos mais terríveis possíveis. Começava com o ‘não vai ter Copa’ até ‘nós teremos a Copa do caos’. O estádio do Maracanã, que ontem foi palco de um evento belíssimo, ia ficar pronto só em 2038, ou 2024. Enfim, não ficaria pronto nunca”. Vamos ver.

Quem, com um mínimo de seriedade, afirmava o “Não vai ter Copa”? A imprensa? Não! A oposição? Não! Isso era coisa de grupelhos radicalizados de extrema esquerda com os quais, diga-se, Gilberto Carvalho estava negociando, conforme confessou em entrevista.

Mercadante resolveu fazer graça: “A revista de maior tiragem do Brasil fez uma manchete: ’2038: por critérios matemáticos, os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo’. Tinha uma foto do Maracanã, que vocês viram na final da Copa, a beleza não só daquela arena, mas também de todas as outras arenas que foram apresentadas. O jornal de maior tiragem do país, no dia de abertura da Copa, tinha a seguinte manchete: ‘Copa começa hoje com seleção em alta e organização em xeque“.

É evidente que o ministro está se referindo à VEJA e à Folha, que apenas cumpriram a sua função. Mercadante cita uma reportagem de capa da revista de maio de 2011. Ora, as obras estavam atrasadas mesmo. Lá está escrito: “Por critérios matemáticos, as obras não ficarão prontas a tempo”. E mais: “No ritmo atual, o Maracanã seria reaberto com 24 anos de atraso”. E é mais do que legítimo — na verdade, é uma obrigação — fazer a advertência. Por que o ministro não bate boca também com a Fifa, que, mais de uma vez, demonstrou irritação com o ritmo das obras? Chamava-se a atenção do governo e dos brasileiros para um fato. Se a imprensa ajudou a corrigir o ritmo das obras, ótimo!

Voltem ao trecho da reportagem que vai lá no alto. A reportagem de VEJA não antevê — quem costuma fazer previsões e ter antevisões no Brasil são Guido Mantega e Dilma Rousseff… — que não haverá Copa: chama a atenção para o atraso. Os números, de resto, são da Controladoria Geral da União.

Mercadante estudou economia, não é isso? Deve ter passado por rudimentos de matemática, ao menos. Considerando as obras de mobilidade que não foram e não serão feitas, o prazo para a realização das obras se multiplicou ao infinito, senhor ministro! Deu pra entender ou quer que eu desenhe?

A conversa mole do governo na coletiva engana os trouxas sem memória. A situação era de tal sorte calamitosa que, em agosto de 2011, três meses depois da reportagem a VEJA, o governo instituiu o chamado RDC — Regime Diferenciado de Contratações Públicas — que praticamente jogou no lixo a Lei de Licitações para poder acelerar as obras. Dilma escamoteia na entrevista, ademias, que as obras em oito aeroportos ainda não foram concluídas: São José dos Pinhais (que atende Curitiba), Confinas (Minas), Cuiabá, Fortaleza, Galeão (Campinas), Manaus, Porto Alegre e Salvador.

A desonestidade intelectual não para por aí. VEJA listou os cinco fatores de atraso, todos eles escandalosamente verdadeiros, a saber:
Mercadante - desonestidade intelectual 2

mercadante - desonestidade intelectual 3

Clique nas imagens para ampliá-las e facilitar a leitura. A imprensa que chamou a atenção para os descalabros então em curso cumpriu a sua tarefa. Na verdade, colaborou para a realização do evento, isto sim.  Mas sabem como é… Essa gente gosta de áulicos e de puxa-sacos.

No dia 19 de maio de 2011, a Arena Amazônia estava assim: a imprensa deveria ter ficado calada?

No dia 19 de maio de 2011, a Arena Amazônia estava assim: a imprensa deveria ter ficado calada?

Eis aí a Arena Pernambuco no dia 17 de maio de 2011. O que lhes parecia?

Eis aí a Arena Pernambuco no dia 17 de maio de 2011. O que lhes parecia?

Talvez devêssemos ter nos animado com a Arena Pantanal, no dia 19 de maio de 2011...

Talvez devêssemos ter nos animado com a Arena Pantanal, no dia 19 de maio de 2011…

Felizmente, isto sim, o Brasil tem uma imprensa vigilante — parte dela ao menos —, que chamou a atenção para os desastres que estavam em curso. Não custa lembrar, ademais, que naquele mesmo 2011, cinco meses depois da reportagem de VEJA, Dilma demitiu Orlando Silva, ministro do Esporte, e nomeou em seu lugar Aldo Rebelo.

Cardozo
A mais indigna das falas na coletiva, e isso não me surpreende, ficou com José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. Referindo-se sabe-se lá a quais governadores, afirmou:“Há ainda hoje quem acredite que o governo federal deve passar recursos para os Estados fazerem a política da segurança pública”. Por que ele não diz quem pediu — e, pelo visto, não recebeu — recursos? Falo do que vi de perto: em São Paulo, enquanto a polícia se organizava para combater a baderna nas ruas, Gilberto Carvalho negociava, conforme confessou, com criminosos.

Eis aí. Provado está. Com a derrota acachapante, Dilma convoca uma entrevista coletiva com 15 ministros. Imaginem se o Brasil vence a Copa… A presidente tentaria mandar para o degredo os “inimigos da pátria”…

Post publicado originalmente às 19h55 desta segunda e atualizado às 7h25 desta terça

Por Reinaldo Azevedo

 

Ecos do conflito israelo-palestino em SP têm até tiros para o alto!!! Ou: As diferenças morais entre Israel e o terrorismo do Hamas

Protesto-Higien%C3%B3polis-palestinos-F%C3%A1bio-Braga-Folhapress.png

Muçulmanos do grupo “Palestina Para Todos” rezam na praça Cinquentenário de Israel. Esse “todos” inclui os judeus? Para o Hamas, não!!!

No fim da noite desta terça, um eco do conflito israelo-palestino se fez ouvir numa pequena praça de São Paulo, no bairro de Higienópolis, que concentra boa parte da comunidade judaica da cidade. Não escolho a palavra “eco” por acaso: reverberava o original, com toda a sua carga de mistificação, de impropriedade e, em certa medida, de violência. Um grupo de muçulmanos e simpatizantes resolveu organizar um protesto em favor dos palestinos e, claro!, contra a ação israelense na Faixa de Gaza. Sabem o local escolhido para o ato? Nada menos do que a Praça Cinquentenário de Israel — onde, diga-se, se queimou uma bandeira do país. A maioria era formada por brasileiros, com ou sem origem árabe, convertidos ao islamismo. E lá estavam também, e evidente, os esquerdistas de sempre, que são anti-Israel apenas porque alguém ainda mais ignorante do que eles próprios lhe disse que isso é ser “progressista”. Mas deixo de lado agora esse particular. Muçulmanos e judeus convivem harmoniosamente no Brasil. Parece que há os que não se conformam com isso e querem importar para o nosso país a política do ódio. Só isso pode explicar o local escolhido para o protesto.

As mistificações correntes na propaganda palestina e que se espalham pela imprensa ocidental, inclusive a nossa, também estavam na praça. Ali e em toda parte a desonestidade intelectual tenta opor um único morto israelense aos estimados 190 mortos “do outro lado”, como se essa disparidade, por si, indicasse quem é o agressor e quem é o agredido. Nesta conta, não entram, por exemplo, os 1.200 foguetes que o Hamas disparou contra Israel em uma semana, a maioria deles interceptada pelo sistema antimísseis de Israel, batizado de “Domo de Ferro”. Mesmo assim, alguns escapam do sistema e caem, sim, do outro lado da fronteira. Há, agora, oficialmente, um morto e dezenas de feridos — Israel, ao contrário do Hamas, prefere não fazer escarcéu com o estrago provocado pelo inimigo. O Hamas está ousado. Na segunda, as forças israelenses interceptaram um drone — uma avião não tripulado. O país enfrenta ainda ataques esporádicos oriundos de milícias instaladas na Síria e, não poderia faltar, do Hezbollah, que domina o sul do Líbano.

Li há pouco, em toda parte, que Israel suspendeu o cessar-fogo e voltou a atacar a Faixa de Gaza. Esses verbos são complicados. O país aceitara uma proposta de trégua feita pelo governo do Egito. O Hamas, no entanto, deu de ombros e continuou a lançar seus mísseis. Numa pracinha minúscula de Higienópolis ou nas grandes praças do mundo, é preciso que fique claro que Israel toma todas as medidas a seu alcance para que seus cidadãos não morram. Para eles, a perda de uma vida significa uma agressão e uma pequena derrota. O terrorismo palestino faz justamente o contrário. É prática corrente nas milícias levar civis para alvos sabidamente militares. Há mesmo a prática deliberada de criar mártires.

Não custa lembrar. Sem apoio interno, hostilizado pela própria população de Gaza, o Hamas aceitou um acordo com o Fatah, a corrente leiga a que pertence Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina. Dias depois, três jovens judeus foram sequestrados e mortos por terroristas. Kaled Meshal, o principal líder do Hamas, que vive no exílio, negou que seu grupo fosse o responsável pelo crime, mas elogiou a ação… Em represália, colonos judeus sequestraram e mataram um adolescente palestino. Os autores já estão presos. Entenderam uma das diferenças?

Tenha você a opinião que tiver sobre o conflito, é preciso que fique claro que, de um lado, há um grupo terrorista que lança mísseis a esmo, caiam onde caírem, sobre a cabeça de quem for. Do outro, há um estado que se defende e que ataca alvos selecionados, militares, depois de prévio aviso. Ou será que Israel deveria devolver a agressão na mesma moeda, jogando mísseis do lado de lá, também ao léu? O país só existe ainda porque sabe se defender — e, se preciso, atacar.

Ah, sim: uma jovem foi presa no protesto em São Paulo em razão, parece, de uma pichação. As pessoas presentes avançaram contra a polícia, e um PM teria dado dois tiros para o alto, não se tem claro ainda com que arma. Não! Eu não recomendo que judeus façam um protesto contra os 1.200 foguetes do Hamas em algum lugar que seja caro aos palestinos. Nessas coisas, é preciso não perder o juízo nem a superioridade moral, coisa que um terrorista jamais terá.

PS: O grupo que protestou em Higienópolis se autointitula “Palestina Para Todos”. O confronto de Israel, hoje, é com o Hamas, que tem entre os primeiro itens do seu estatuto a destruição de… Israel. Seria cômico se trágico não fosse.
*

PS – Obviamente, é possível discordar do autor do blog neste e noutros assuntos, como sabem milhares de leitores. Há quem não concorde com minhas opiniões sobre Israel? Ok. É do jogo. Mas há coisas que não tolero. E uma delas é a defesa do terrorismo, ainda que de forma oblíqua. Tampouco aceito que se igualem desigualdades. No meu blog, não aceito que se afirme que o Hamas e que o Estado de Israel recorrem a práticas idênticas, porém em lados contrários. Não aceito porque se trata de uma mentira objetiva e de uma propaganda estúpida. “Ah, então a pessoa não tem o direito de escrever isso?” Claro que tem! Em outro blog. Não aqui. Não adianta insistir: não passa!

 Por Reinaldo Azevedo

 

Black blocs presos no Rio tinham bomba de “alta letalidade”

Perícia mostra que casal de black blocs tinha bomba caseira com capacidade de provocar mortes

Perícia mostra que casal de black blocs tinha bomba caseira com capacidade de provocar mortes

Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
Um laudo do Esquadrão Antibombas deixa claro que baderneiros presos no sábado no Rio de Janeiro se organizavam para cometer crimes em protesto marcado pelas redes sociais para a decisão da Copa do Mundo, neste domingo, no Maracanã. A Justiça aceitou o pedido de prisão temporária da ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, e outros dezoito black blocs sob o entendimento judicial de que o grupo forma uma quadrilha armada. O laudo a que o site de VEJA teve acesso mostra que um casal de baderneiros preso pela polícia na operação guardava em casa uma bomba de fabricação caseira com “capacidade de provocar mortes”. O artefato continha 140 gramas de pólvora — para se ter uma ideia, o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade em fevereiro deste ano continha 60 gramas.

O delegado Alessandro Thiers, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, sustenta que as 28 pessoas investigadas na operação Firewall 2 planejaram cometer crimes neste domingo e estiveram envolvidos em atos violentos em manifestações anteriores. O material apreendido até o momento corrobora a versão policial.

Durante as buscas feitas no sábado, a polícia encontrou uma bomba de fabricação caseira, em formato de tubo, na casa em que estavam a professora Camila Rodrigues Jourdan e o ativista Igor Pereira D’Icarahy. Camila é funcionária pública concursada e dá aulas na Faculdade de Filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Igor é filho do advogado Marino D’Icarahy Júnior, que defende Sininho em processos judiciais. No apartamento também foram encontradas garrafas e litros de gasolina, material para preparação de coquetéis molotov.

Os investigadores dizem ter indícios de que o casal tinha uma conduta específica na quadrilha de black blocs e, por isso, a Justiça expediu um mandado de prisão temporária contra cada um. A situação da dupla se complicou depois da apreensão da bomba. O casal passou a responder na Justiça não somente por formação de quadrilha armada, mas também por porte de explosivo. Mesmo que consigam um habeas corpus contra a prisão temporária por formação de quadrilha, vão precisar de outra ordem judicial para escapar da prisão em flagrante pela posse de explosivos. Procurado pelo site de VEJA, o advogado Marino D’Icarahy Júnior não quis se manifestar.

Laudo técnico assinado pelos inspetores Francisco Sidney Farias Rodrigues e Raphael Ferreti de Souza atesta que a bomba caseira é chamada tenicamente de “bomba tubo” e foi “confeccionada por agente que demonstrou habilidade e conhecimento no manuseio de bombas caseiras desta natureza”. A perícia diz ainda que “a detonação deste artefato explosivo tem capacidade de provocar mortes, lesões corporais diversas, bem como danos patrimoniais e ao meio ambiente”.

Na operação de sábado, dezenove adultos foram presos e dois adolescentes detidos. Sete suspeitos ainda estão foragidos. Nas residências dos investigados, a polícia localizou armas de choque, martelos pontiagudos, litros de gasolina, garrafas e escudos. De acordo com a investigação, eram instrumentos para a participação criminosa dos suspeitos em protestos. Na casa de uma das adolescentes, que morava com a irmã, foi encontrado um revólver. O pai da menina se apresentou como dono da arma de fogo e foi autuado por omissão de cautela, crime de menor potencial ofensivo que vai ser julgado no Juizado Especial Criminal. Mas a adolescente vai ficar detida por ato infracional análogo ao porte ilegal de arma de fogo.

Incomodado com críticas sobre a prisão dos black blocs, o delegado garante que vai detalhar as provas contra os suspeitos na conclusão do inquérito. Ele prevê que isso será feito em até 10 dias. Após o fim do sigilo judicial na fase de investigação, pretende exibir um organograma com a responsabilidade de cada um dos 28 investigados na “quadrilha”. “Existe uma quadrilha armada cometendo atos violentos durante manifestações, com divisão de tarefas. As apreensões só confirmam isso. Foram apreendidos galões de gasolina, garrafas de coquetel molotov, diversos martelos pontiagudos e uma bomba de fabricação caseira. Não era uma bombinha de festa de faculdade. Quem anda com isso? Tinham o nítido propósito de fazer depredação. O viés político que estão querendo colocar é uma atitude de desespero de advogados”, afirmou Thiers.

A acusação de formação de quadrilha armada foi corroborada pelo promotor Luís Otávio Figueira Lopes, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. O crime apontado pela polícia motivou a decretação de prisão, por cinco dias, como permite a legislação em casos do gênero. A decisão foi do juiz Flavio Itabaiana de Oliveira Nicolau, titular da 27ª Vara Criminal da Capital do Rio de Janeiro. Por isso e pelo conjunto de provas colhidos na investigação, o delegado critica as reclamações de que foram “prisões arbitrárias”.

O delegado diz ainda que pode pedir a prisão preventiva dos investigados, como permite a lei. “Se for necessário, vamos pedir a prisão preventiva. É leviano tratar a investigação como se fosse política sem conhecê-la. Não tem nenhuma banalidade sendo investigada. O que um manifestante pacífico faria com coquetel molotov e bomba caseira? Os advogados tiveram amplo acesso aos documentos da investigação. A polícia só combate os excessos”, afirmou o delegado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Entrevista de Dilma à Al Jazeera pode indicar um princípio de rompimento da presidente com a realidade. Preocupante!

O povo brasileiro ainda nem se refez do maior vexame em cem anos do futebol brasileiro, e eis que ressurge Dilma Rousseff, no noticiário, a dar uma opinião: segundo ela mesma, o povo brasileiro deveria lhe dar um segundo mandato. A afirmação foi feita em entrevista à TV Al Jazeera, do Catar, aquela emissora que pertence a um tirano influente e que costuma sair por aí insuflando revoltas árabes — menos no Catar, é claro, que, de resto, financia extremistas mundo afora. Mas sigamos.

Disse a governanta: “Eu acredito que o povo brasileiro deve me dar oportunidade de um novo período de governo pelo fato de que nós fazemos parte de um projeto que transformou o Brasil”. E prosseguiu: “O Brasil tinha 54% de sua população entre pobres e miseráveis em 2002. Hoje, todos aqueles que vivem na classe C para cima representam 75%, três em cada quatro brasileiros. Nós transformamos a vida dessas pessoas. O Brasil mudou de perfil e foi feito isso com a democracia vigente”.

Por esse especioso raciocínio de Dilma, o Plano Real, por exemplo, que pôs fim à hiperinflação não mudou o Brasil — o mesmo Plano Real contra o qual o PT lutou bravamente. Mais do que isso: recorreu ao Supremo contra ele e também contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quanto a essa tal classe C, já passou da hora de desmistificar essa falácia.

O oficialismo inventou a tal nova classe média. Segundo a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), são as famílias com renda per capita, atenção!, entre R$ 300 e R$ 1.000. Um casal cujo marido ganhe o salário mínimo (R$ 724) — na hipótese de a mulher não ter emprego — já é “classe média” — no caso, baixa classe média (com renda entre R$ 300 e R$ 440). Se ela também trabalhar, recebendo igualmente o mínimo, aí os dois já saltarão, acreditem, para o que a SAE considera “alta classe média” (renda per capita entre R$ 640 e R$ 1.020). Contem-me aqui, leitores, como vive e onde mora que tem renda per capita de R$ 640! O aluguel de um único cômodo na periferia mais precária não sai por menos de R$ 250… Segundo a SAE, renda per capita acima de R$ 1.020 já define classe alta. Na minha casa, somos da classe alta os que aqui moramos e a nossa empregada, além de todos os porteiros do prédio.

Desde que chegou ao poder, o PT vem se dedicando, já escrevi aqui, com a preciosa colaboração teórica dos chamados “economistas da pobreza”, a criar a classe média por decreto e a erradicar a miséria por decreto. Dilma está a um passo de declarar o Brasil um país “sem miseráveis”. Está por um triz. E como isso foi feito? Inventou-se a existência de milhões de pessoas que estariam na “pobreza extrema”, as famílias com renda per capita de até R$ 70 mensais — R$ 2,33 por dia. Caso se faça um levantamento a sério, vai-se constatar que essas pessoas até podem existir no campo (e olhem lá!) — na cidade, não! Na zona rural, acabam sobrevivendo porque, ainda que precariamente, produzem parte do que comem. Nas cidades, fazendo bico aqui e ali, a renda é maior do que isso. Muito maior! Mesmo a daqueles oficialmente listados entre os extremamente miseráveis. Os pobres desgraçados do crack, que já estão sem casa, sem calçado, quase sem roupa, têm renda superior a R$ 2,33 por dia. Sabem por quê? Cada pedra custa de R$ 5 a R$ 10! O que estou dizendo é que existe uma economia informal que eleva essa renda. A propósito: se formos considerar o número de pedras consumidas nas cracolândias da vida e o que isso significa em termos de renda, vamos concluir que aquela gente que vaga como zumbi pelas ruas compõe a classe média alta, segundo o oficialismo. É uma piada!

Maluquice
A presidente entrou numa espécie de surto megalômano. Ela reconhece as dificuldades econômicas do país e afirma: “Temos tomado todas as medidas para entrar em um novo ciclo. Temos que melhorar a produtividade da economia brasileira. Nós estamos numa fase de baixa de ciclo econômico, mas sabemos que vamos entrar em outra fase do ciclo. Estamos nos preparando para melhorar a competitividade do país, aumentar as condições pelas quais nós vamos poder enfrentar essa nova etapa. Se não entrar para o resto do mundo [fase econômica], eu lhe asseguro que entra para o Brasil”.

Heeeinnn?

A presidente inventou o Brasil como uma ilha. Há uma boa possibilidade de o país crescer menos de 1% neste 2014, e a nossa soberana, ora vejam, diz que, se o resto do mundo não seguir o nosso país, iremos sozinhos. É patético!

Como se fosse uma candidata da oposição, afirma: “O Brasil é um país que tem demorado muito para modernizar seu Estado. Nós precisamos de um pais sem burocracia, de um Estado mais amigável tanto para os cidadãos quanto para os empresários, empreendedores e trabalhadores”.

É mesmo? O PT está no poder há 12 anos. A última iniciativa da soberana para modernizar o estado foi fazer um decreto que entrega a gestão da coisa pública a conselhos populares. Tenham paciência!

Por Reinaldo Azevedo

 

O brado retumbante

O povo que pôs fim à ditadura, que depôs um presidente na lei e na ordem e que venceu a inflação, convivendo com duas moedas, merece uma Seleção melhor, um governo melhor, uma oposição melhor, uma classe política melhor e um futuro melhor.

Já chegou a hora de aposentar a tese de que “todo povo tem o governo que merece”. A população brasileira já passou, e passa ainda, poucas e boas. Ainda assim, acredita no futuro, recebe bem quem vem de fora, luta — a esmagadora maioria ao menos — para ganhar a vida honestamente. Merece ser governado por uma classe política mais decente.

Esse povo está cansado, sim, de empulhação, de roubalheira, de um estado que não funciona. Quando pede “escola e saúde padrão Fifa”, está despertando para o fato de que é um dos maiores pagadores de impostos diretos e indiretos do mundo, sem que o Poder Público lhe dê o devido retorno.

A resposta para isso, claro!, não é a tal democracia direta dos conselhos populares, como agora ameaçam os petistas. Essa democracia direta é justamente o contrário do que querem milhões de pessoas: o que se pede é uma República dos Iguais, não uma República dos Diferentes — porque ligados a um partido, a um sindicato ou pertencentes a uma classe.

O governo petista está batendo cabeça para tentar entender o que se passa e não consegue porque se apega à ortodoxia de esquerda, dos movimentos organizados, o que levou Gilberto Carvalho, por exemplo, a negociar com criminosos, já que confessou ter se encontrado várias vezes com black blocs.

Qualquer que seja o resultado nas urnas neste 2014, vença o governo de turno ou a oposição, é preciso que o estado se abra mais para ouvir a sociedade, não entregando a administração pública a minorias, a conselhos e a sovietes. Precisamos é de indivíduos mais livres para empreender, dentro das regras do jogo. Vença Dilma, Aécio ou Campos, quem não entender o “brado retumbante” corre o risco, numa situação econômica não muito favorável que vem pela frente, de ter sérios problemas com a governabilidade.

O brado retumbante pede governantes mais sérios. O brado retumbante quer um governo melhor, uma Seleção melhor, uma escola melhor, uma saúde melhor. A razão é simples: o povo paga caro por isso tudo. E não recebe a mercadoria. Está cansado de ser vítima de uma espécie de estelionato da cidadania.

Por Reinaldo Azevedo

 

PT pretende reabilitar Haddad para ajudar Padilha. Então tá! Dou a maior força!

Então tá. Leio na Folha que o PT teve uma ideia para promover a candidatura de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo, que patina nos 3%: usar o tempo no horário eleitoral gratuito para tentar reabilitar a imagem do prefeito Fernando Haddad, hoje aprovado por apenas 17% dos paulistanos. Então tá bom! Vocês acham que me resta o quê? Dar o meu apoio integral, ora essa!

Então vamos ver.  Como está difícil emplacar o nome de Padilha, o partido decide se dedicar a uma tarefa dupla: tornar um conhecido e tirar o outro dos escombros. Avalia-se por lá que é o prefeito que impede o outro de decolar. Como cartões de visita da gestão Haddad, seriam oferecidos o programa “Braços Abertos” (o tal do Bolsa Crack); o bilhete único mensal, que, até agora, é um tiro n’água, e a Rede Hora Certa, no serviço de saúde, que funciona apenas em algumas unidades.

Dizer o quê? Parece que a candidatura vive o seu momento de desespero, não é? Considerando o que eu penso, os meus valores e as minhas expectativas, só posso torcer para que a figura de Padilha seja mesmo associada à de Fernando Haddad. Acho que o resultado dessa associação será positiva para o Estado, se é que vocês me entendem…

Por Reinaldo Azevedo

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, quando a realidade se torna extremamente opressora, uma forma de defesa é transgredir a um mundo paralelo.

    Fatos recentes têm nos levado ao mundo Harukiano, precisamente à 2Q14. O escritor Haruki Murakami é o autor do distópico livro 1Q84.

    Segundo a entrevista concedida pela presidenta do Brazil à TV Al Jazeera, do Catar, a mesma aderiu em gênero, número e grau o Harukianismo.

    SERÁ QUE FORAM AS VAIAS ?

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

    0