Petrolão: O escândalo cada vez mais perto de Eduardo Campos

Publicado em 08/09/2014 19:04 e atualizado em 09/09/2014 08:23
por Reinaldo Azevedo, + Lauro jardim e Augusto Nunes, de veja.com

O escândalo cada vez mais perto de Eduardo Campos

Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, vai depor na CPI mista na próxima quarta, dia 10. Ele tem muitas coisas a explicar, entre elas o fato de que morava num apartamento avaliado em R$ 7,5 milhões, que pertencia a uma offshore que, nitidamente, tem um laranja no Brasil (leia post). Mas há muito mais.

Segundo depoimento prestado por Cerveró à Justiça Federal do Paraná, informa o Estadão, foi Paulo Roberto Costa quem indicou os membros da comissão de licitação da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, uma das obras com evidências escancaradas de superfaturamento. Não custa lembrar que, entre os beneficiários de propina, o engenheiro inclui justamente Eduardo Campos, que era, então, governador de Pernambuco.

A refinaria de Abreu e Lima, construída pela Petrobras, talvez seja um emblema da falta de limites da turma. Orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões, ela já custou, até agora, US$ 18 bilhões. Estima-se que o esquema a que pertenciam Costa e o doleiro Alberto Youssef tenha desviado, só nesse empreendimento, algo em torno de R$ 400 milhões.

Há mais: segundo informa O Globo, “Costa concedeu vantagens financeiras, dilatou prazos e suprimiu compromissos assumidos por Pernambuco num acordo firmado diretamente com Campos”. Documentos obtidos pelo jornal revelam que Costa e Campos “assinaram um termo de adiantamento de tarifas da Petrobras ao Porto de Suape por conta do futuro uso do porto no transporte de produtos da refinaria Abreu e Lima, cuja inauguração está prevista para novembro”.

O jornal revela que “o termo foi assinado pelos dois em 18 de agosto de 2008 e cita repasses de R$ 475,7 milhões da estatal ao governo pernambucano. Pernambuco descumpriu um termo de compromisso assinado no ano anterior, o que levou a um aditivo validado por Costa e Campos. A transação começou a ser investigada pela Controladoria-Geral da União em junho deste ano. Até agora, a estatal já repassou R$ 783 milhões a título de antecipação de tarifas.”

É impressionante como a Petrobras atuava — e talvez atue, vai saber — como se fosse mesmo um governo independente. A cada dia, fica mais claro por que o tal engenheiro preso havia arrolado Eduardo Campos como uma testemunha de defesa.

Para encerrar, é bom não esquecer: à Polícia Federal e ao Ministério Público, Costa afirmou que esteve várias vezes com Lula, dando a entender que o ex-presidente da República sempre soube o que se passava por lá.

Por Reinaldo Azevedo

Marina muda o tom e agora diz que não haveria delação premiada sem fundamento

Como todos sabemos, a revista VEJA desta semana traz parte do que Paulo Roberto Costa confessou à Polícia Federal e ao Ministério Público sobre a quadrilha que operava na Petrobras. Ele já gravou 42 horas de depoimento. Nesta segunda, Marina Silva, candidata do PSB à Presidência da República, mudou um pouco o tom de sua fala. Ela estava sendo bastante rebarbativa a respeito do assunto, até porque um dos acusados é justamente Eduardo Campos, antigo cabeça de chapa do PSB, morto num acidente aéreo no dia 13 de agosto.

Durante visita a uma creche, em São Paulo, afirmou Marina, segundo informa a Folha: “Quem manteve toda essa quadrilha que está acabando com a Petrobras é o atual governo, que, conivente, deixou que todo esse desmando acontecesse em uma das empresas mais importantes do país”. Marina, no entanto, aliviou um pouco a barra para a presidente Dilma Rousseff: “A presidente [Dilma] tem responsabilidades políticas. Eu não seria leviana em dizer que ela tem responsabilidade direta pessoalmente”.

Marina, que vinha afirmando que, por enquanto, só havia “ilações”, mudou o tom e afirmou sobre as denúncias: “É uma delação premiada. Com certeza o Ministério Público não iria premiar aquilo que não tenha base de realidade”.

Só para lembrar: segundo Paulo Roberto Costa, a lista dos que teriam recebido propina do Petrolão inclui, entre outros, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB).

O engenheiro acusa ainda Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, e atinge o coração do Congresso: estão no rol o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). PT, PMDB e PP seriam os três beneficiários do esquema, que teria também como contemplados os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR), e os deputados João Pizzolatti (PP-SC) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), além de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma confirma Guido Mantega como ex-ministro no cargo

Em entrevista ao Estado, a presidente Dilma Rousseff confirmou a condição de Guido Mantega de ex-ministro da Fazenda em exercício. Afirmou que, se ela for eleita, ele não continua no cargo. Segundo a presidente, foi o ministro que pediu para sair por razões pessoais, que ela pediu que sejam respeitadas. Razões pessoais? Parece piada! Dilma transformou Mantega no seu fusível. A chefe queimou o subordinado para ver se continua funcional. Reitero um ponto de vista já expresso aqui: a verdadeira titular da Fazenda é Dilma. Mantega ou não, se Dilma continua, que diferença faz?

A presidente também classificou, ora vejam!, de estarrecedoras as denúncias de Paulo Roberto Costa. Não me digam! Isso sugere, claro!, que a presidente não sabia de nada. E José Sérgio Gabrielli, o petista de quatro costados que presidia a estatal, sabia? Quando Dilma foi informada, então, das lambanças na compra de Pasadena, fez o quê? Deu um cargo para Nestor Cerveró.

Não cola!

Por Reinaldo Azevedo

Petrolão: Gilberto Carvalho quer aproveitar outro escândalo que atinge o PT para garantir ainda mais privilégios a seu partido. É indecoroso, é despudorado, é indecente!

Texto publicado originalmente às 4h19

Sempre que Gilberto Carvalho fala, o mundo, o Brasil em particular e, muito especialmente, a política se tornam menos pudorosos, menos decentes, menos inteligentes e inteligíveis, menos sensatos, menos honrados. É impressionante a capacidade que este senhor, que é secretário-geral da Presidência, tem de penetrar no terreno do grotesco, do absurdo e do asqueroso. Neste domingo, algum figurão do Planalto tinha de vir a público para tentar dar uma resposta às graves acusações que Paulo Roberto Costa, o engenheiro da Petrobras que está preso, fez em depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Ora, para tarefa tão espinhosa, só mesmo alguém da, digamos, estatura de Carvalho.

Segundo Paulo Roberto, as empreiteiras que faziam negócios com a Petrobras pagavam uma comissão a um grupo de políticos que incluía três governadores de Estado, seis senadores, um ministro, um ex-ministro, 25 deputados e o tesoureiro de um partido. É o petrolão. O esquema fraudulento funcionou nos oito anos do governo Lula — que, afirma Paulo Roberto, sempre soube de tudo — e estava a pleno vapor na gestão Dilma, até ser desbaratado pela Polícia Federal. A denúncia atinge em cheio três partidos: PP, PMDB e, muito especialmente, o PT.

A candidata Dilma Rousseff falou sobre o assunto — o que deixo para outro post. Carvalho se manifestou, reitero, como a voz do governo. E não viu mal nenhum em falar uma penca de barbaridades, que indicam o buraco no qual o país pode estar a se meter caso Dilma Rousseff seja reeleita.

Gilberto Carvalho, acreditem, para escândalo da lógica, do bom senso e da vergonha na cara, disse o seguinte: “Enquanto houver financiamento empresarial de campanha, e as campanhas tornarem-se o momento de muita gente ganhar dinheiro e de se mobilizarem muitos recursos, eu quero dizer: não há quem controle a corrupção enquanto houver esse sistema eleitoral. Isso é com todos os partidos. Não há, infelizmente, nenhuma exceção”. O que Carvalho está dizendo é o seguinte: “Nós, do PT, somos corruptos, sim, mas todos são”.

Ora, o que o financiamento privado de campanha tem a ver com o antro em que se transformou a Petrobras? Digamos que o dinheiro do estado financiasse os partidos. Será que a empresa estaria protegida contra larápios? A resposta, obviamente, é “não”. Ao contrário: no dia em que o financiamento privado for proibido, aumentará o volume de caixa dois nas campanhas, e as estatais estarão ainda mais sujeitas ao assalto.

Para lembrar: a lista dos que receberiam propina do Petrolão inclui, entre outros, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB). Paulo Roberto acusa ainda Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, e atinge o coração do Congresso: estão no rol o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). PT, PMDB e PP seriam os três beneficiários do esquema, que teria também como contemplados os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR), e os deputados  João Pizzolatti (PP-SC) e Candido Vaccarezza (SP), além de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.

Carvalho tentou, adicionalmente, desqualificar a acusação, como se tudo não passasse de uma tramoia da oposição. Até parece que Paulo Roberto Costa procurou a sede do PSDB para fazer sua denúncia. Errado! Ele já gravou 42 horas de depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público.

Um dos principais ministros de Dilma, vejam vocês, quer aproveitar mais um escândalo que pega em cheio o PT como pretexto para fazer uma reforma política que privilegiaria o seu partido e ainda elevaria exponencialmente o volume de caixa dois nas campanhas, o que deixaria as estatais ainda mais sujeitas à sanha dos companheiros.

Por Reinaldo Azevedo

À vista

Ouvindo a verdade

Cerveró: mais explicações a dar

A escritura do apartamento onde Nestor Cerveró morou por cinco anos tem detalhes da nebulosa transação revelada por VEJA no fim de semana.

A uruguaia Jolmey do Brasil Administração de Bens Ltda, constituída apenas para a compra deste imóvel, pagou de uma só vez o apartamento. Depois de um sinal de 250 000 reais, a offshore passou quatro cheques: um de 1,28 milhão de reais; e outros de 25 000 reais, 22 500 reais e 15 000 reais.

A negociação foi tocada pelo advogado Marcelo Oliveira Mello, que trabalhou durante anos na Petrobras.

Por Lauro Jardim

Faltou criminalista

Costa: o homem-bomba explodiu

Costa: o homem-bomba explodiu

Acredite: as revelações de Paulo Roberto Costa sobre os esquemas na Petrobras  provocaram um fenômeno neste fim de semana. Não havia advogado criminalista disponível para contratação pela turma que prevê encrencas pela frente.

Empreiteiras e prestadoras de serviço da Petrobras eram os clientes mais aflitos, além de alguns  graúdos da política.

A menos de um mês das eleições presidenciais, ocorreu um fenômeno curioso: os criminalistas são mais procurados do que os marqueteiros, que já viveram dias de mais prosperidade.

PRC vai virar uma espécie de o patrono dos criminalistas, ou, quem sabe, o governo petista importa uns criminalistas cubanos e institui o Mais Criminalistas para tentar atender a tanta demanda…

Por Lauro Jardim

 

Os desavergonhados

É o feitiço do tempo.

É o passado que não quer passar

É o peso das gerações mortas, como diria um pensador que os petistas apreciavam antigamente, oprimindo o cérebro dos vivos.

É a miséria moral se fingindo de resistência.

É o assalto ao Estado brasileiro e às suas instâncias.

É o novo patrimonialismo roubando o futuro dos brasileiros.

Enquanto o país se espantava com a bandalheira do mensalão — aquele esquema em que um partido, banqueiros e altos funcionários da administração se organizavam numa quadrilha para criar um Congresso paralelo —, outra maquinaria criminosa, em tudo semelhante e com boa possibilidade de ter movimentado quantidade ainda maior de dinheiro, vigorava na Petrobras, a principal empresa brasileira.

Não, senhores! Seus promotores e operadores não se intimidaram. Talvez escarnecessem do país: “Vejam lá aqueles se estapeando por causa de pouco dinheiro, e nós, aqui, a operar uma máquina de corrupção bilionária”.

Sim, leitores, por mais que o mensalão petista tenha movimentado uma fábula, o valor é troco de pinga na comparação com os recursos que passaram pelo “Petrolão”. Só a compra da refinaria de Pasadena — uma das operações da máfia que tomou conta da Petrobras, segundo Paulo Roberto Costa — gerou aos cofres da empresa um prejuízo de US$ 792 milhões nas contas do TCU — ou R$ 1,8 bilhão.

Segundo o engenheiro da Petrobras Paulo Roberto Costa, que está preso, ao contratar obras de empreiteiras, a Petrobras pagava propina a um grupo de políticos do PT, do PP e do PMDB. Entre os principais nomes implicados na lambança, está o de João Vaccari Neto, homem que cuida das finanças do petismo.

O esquema da Petrobras, que chamo aqui de Petrolão, em tudo reproduz o mensalão. Não é diferente nem mesmo a postura do Poder Executivo, da Presidência da República. Dilma repete, ainda que de modo um tanto oblíquo, o conteúdo da frase célebre de seu antecessor: “Eu não sabia”, ainda que, no comando da Petrobras, durante os oito anos de governo Lula e em quase dois da atual gestão, estivesse José Sérgio Gabrielli, um medalhão do PT, o principal responsável pela compra da refinaria de Pasadena.

Nada, nada mesmo, lembra tanto a velha política como a gestão miserável que tomou conta da Petrobras. Infelizmente para o país, o nome de Eduardo Campos, antecessor de Marina Silva na chapa presidencial do PSB, aparece no centro do escândalo. As falas de petistas e peessebistas se igualavam na desconversa até ontem. Nesta segunda, Marina Silva mudou um pouco o tom (ver post seguinte),

Para arremate da imoralidade, um ministro como Gilberto Carvalho (ver post) vem a público para atribuir a corrupção desavergonhada ao sistema de financiamento de campanha. Segundo ele, caso se acabem com as doações privadas, isso desaparecerá. Trata-se de uma falácia espantosa. Ao contrário: se e quando as doações de empresas forem extintas, mais as estatais estarão entregues à sanha dos partidos.

Escreverei isto aqui pela enésima vez: é claro que o PT não inventou a corrupção. Os larápios já aparecem em textos bíblicos; surgem praticamente junto com a civilização. Mas nenhum outro partido na história da democracia (e até das ditaduras), que eu me lembre, buscou naturalizar a prática corrupta como mera necessidade, como uma imposição dos fatos, como tática de sobrevivência.

Até quando?

Por Reinaldo Azevedo

 

Os saqueadores da Petrobras assassinaram CPIs para esconder a roubalheira exumada pela Polícia Federal e por um juiz sem medo

Dilma Rousseff autografa o macacão do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Ao fundo, é observada por Graça Foster, também investigada pela compra de Pasadena e Paulo Roberto Costa, delator do esquema de corrupção na estatal

Dilma Rousseff, Gabrielli (esq), Graça Fostes (atrás) e Paulo Roberto Costa (dir)

“A Petrobras já está privatizada”, informa o título do post publicado em 10 de junho de 2010. Aparecem no texto, inspirado no surto de chiliques provocado pela criação de uma CPI incumbida de investigar a estatal, personagens que acabam de sair da caixa preta em poder do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Confira:

O presidente Lula ficou muito irritado com a instauração da CPI da Petrobras. Depois de ter feito o possível para interromper a gestação, agora faz o possível para matá-la no berço. Baseado no critério do prontuário, entregou a Renan Calheiros o comando do grupo de extermínio montado para o justiçamento. O senador do PMDB alagoano, diplomado com louvor na escolinha que ensina a delinquir impunemente, é especialista no assassinato de qualquer coisa que ponha em risco o direito conferido aos congressistas leais ao Planalto de roubar sem sobressaltos.

O presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, ficou muito irritado com a instauração da CPI da Petrobras. Caprichando no palavrório que identifica os nacionalistas de galinheiro, qualificou de “inimigos da pátria” os partidários da devassa na empresa ─ o que promove automaticamente a defensores da nação em perigo os que tentam manter fechada a caixa preta. Gente como Renan Calheiros. Ou Ideli Salvatti. Ou Fernando Collor. Ou Romero Jucá, em aquecimento para encarnar o papel de relator que impede a coleta de relatos relevantes.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ficou muito irritado com a instauração da CPI da Petrobras. Governista seja qual for o governo, o agregado da Famiglia Sarney conhecido na Polícia Federal pela alcunha de Magro Velho alegou que iluminar os porões de uma empresa que é a cara do Brasil Maravilha espanta clientes, fornecedores e possíveis parceiros. Se conhecessem a folha corrida de Lobão, todos os clientes, fornecedores e possíveis parceiros já teriam saído em desabalada carreira das cercanias da Petrobrás e do gabinete do ministério.

Os modernos pelegos ficaram muito irritados com a instauração da CPI da Petrobras. Jovens velhacos da UNE berraram que o petróleo é nosso para plateias insuficientes para eleger um vereador de grotão. Velhos velhacos da CUT garantiram que CPI gera desemprego para gente mais interessada no kit dupla sertaneja+pão com mortadela+tubaína. Vigaristas do PT, do PP e do PMDB lembraram aos sussurros que o petróleo é nosso, mas a eles compete a escolha dos diretores incumbidos de cuidar dos interesses dos padrinho, do partido e do país, nessa ordem.

Tudo somado, e embora a CPI nem tenha ainda saído do papel, ficou mais difícil acusar os partidos de oposição, a elite golpista, os paulistas quatrocentões, os capitalistas selvagens e os loiros de olhos azuis de tramarem nas sombras a privatização da Petrobrás. A empresa já foi privatizada ─ sem licitação. O novo dono é o PT, que arrendou parte do latifúndio à base alugada.

Em 29 de outubro de 2009, os representantes da oposição abandonaram a CPI. “Todos os requerimentos importantes são arquivados sem discussão pela maioria governista”, disse o senador Álvaro Dias, que propusera a instauração da comissão. Em 17 de dezembro, ao fim de 14 sessões reduzidas a show de cinismo, foi aprovado o papelório de 359 páginas “destinado a contribuir com a Petrobras e com o Brasil” . O relator Jucá concluiu que todos os culpados eram inocentes, não enxergou nenhuma irregularidade na compra de plataformas e viu apenas maledicências nas denúncias de superfaturamento na construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco.

Jucá, Lobão, Renan, chefões do PP, cardeais do PMDB, Altos Companheiros do PT ─ um a um, os saqueadores da Petrobras, abraçados aos comparsas que ampliaram a quadrilha nos últimos anos, vão sendo expelidos do baú de bandalheiras aberto por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e Refino. Foi para seguir embolsando sem sobressaltos propinas bilionárias que os assassinos de CPIs escavaram em 2009 a cova rasa prestes a acolher outras duas comissões que agonizam no Congresso. O enterro de CPIS não impediu a exumação das verdades que têm assombrado desde sábado o Brasil que presta.

Para resgatar os fatos, foi suficiente que uma oportuníssima conjunção dos astros juntasse agentes da Polícia Federal, procuradores de Justiça e um magistrado desprovidos do sentimento do medo. O acordo de delação premiada foi consequência do trabalho exemplar dos que investigaram, da altivez dos que acusaram e, sobretudo, da coragem do juiz federal Sergio Moro, que tornou a prender o ex-diretor da Petrobras inexplicavelmente libertado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. (O acordo que abriu o bico de Paulo Roberto Costa, aliás, precisa ser validado por Zavascki. É hora de mostrar que não perdeu inteiramente o juízo).

Os brasileiros honestos descobriram que a praga da corrupção impune pode ser erradicada sem a ajuda de parlamentares e ministros togados. Basta que não atrapalhem.

(por Augusto Nunes)

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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