Hora de poupar Marina de ataques. Ou: Desespero de Aécio só ajuda o PT...

Publicado em 11/09/2014 17:55 e atualizado em 13/09/2014 08:50
por Rodrigo Constantino, de veja.com

Hora de poupar Marina de ataques. Ou: Desespero de Aécio só ajuda o PT

Meus leitores sabem como sou crítico de Marina Silva e que considero Aécio Neves a melhor alternativa, de longe, nestas eleições. Os motivos são óbvios e já foram destacados aqui em diversas ocasiões, mas repito o principal: Marina foi do PT a vida toda, ministra de Lula, vestiu literalmente o boné do MST, foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Plano Real, sempre se mostrou romântica e radical na questão ambiental e seu governo é uma incógnita.

Dito isso, ela tem inegavelmente feito diversas concessões importantes ao bom senso, a ponto de ser “acusada” de ter sucumbido ao “neoliberalismo” (risos) pelos petistas desesperados. Assessores como Gianneti da Fonseca e Andre Lara Resende dão respaldo a tal postura, assim como seu discurso progrediu muito, a ponto de rebater Dilma em relação à autonomia do Banco Central e afirmar que a petista segue “visão autoritária de parte da esquerda”.

Há uma ala conservadora que pensa que Marina é o “plano B” do PT, de Lula, tudo arquitetado pelo Foro de São Paulo. Essa turma acredita que tanto faz, Dilma ou Marina, pois o projeto bolivariano seria o mesmo e continuaria seu curso. Discordo totalmente. Por mais que eu tema um governo Marina, por todas as incertezas envolvidas, acho extremamente exagerado afirmar que seria a pura continuação do lulopetismo.

A própria reação ensandecida de Dilma e do PT comprova o contrário. O partido está tenso, apelando de forma baixa, como de praxe, atacando Marina com veemência, difamando-a, tentando destruir sua candidatura. Sabe que Marina seria eleita com um discurso claro de oposição, e que isso dificultaria muito qualquer acordo com o PT na frente.

Portanto, acho injusto colocar Marina e Dilma no mesmo saco. E se há claramente uma prioridade, que é tirar o PT do poder, então os ataques agressivos contra Marina podem prejudicar esse objetivo principal. Vários aliados do tucano já se deram conta disso, e até FHC teria feito chegar a Aécio que é hora de poupar a ex-ministra de Lula.

Merval Pereira, em sua coluna hoje, faz um bom resumo do quadro político, constatando que Aécio tem motivo para estar amargurado, pois tinha se preparado como alternativa racional ao PT quando o acaso trouxe fortes emoções para a disputa, mas que seu fogo contra Marina tem ajudado a própria presidente Dilma. O jornalista escreve:

O candidato do PSDB, Aécio Neves, por mais que se mostre preparado para o cargo e tenha projetos de longo prazo para o país que fazem sentido e, mais que isso, são necessários, perdeu a capacidade de encarnar a indignação da maioria dos eleitores, que encontraram em Marina Silva essa representante.

Aécio tem sido instado por seus aliados a arrefecer os ataques a Marina, para permitir a organização de uma aliança para o segundo turno. A declaração de ontem, depois da sabatina do Globo, de que se não ganhar a eleição o PSDB irá para a oposição, certamente não é consensual no partido e nem entre seus aliados da oposição.

Ele tem razões para estar amargurado, pois a entrada em cena de Marina colocou emoção na disputa, o que retirou do primeiro plano a análise da real capacidade de governar dos que estão na disputa. O candidato do PSDB contava com a máquina partidária para impor-se ao adversário Eduardo Campos, mas a entrada de Marina misturou as pedras no tabuleiro político, deslocando Aécio para a terceira colocação mesmo nos Estados em que o PSDB ou seus aliados estão vencendo as eleições para os governos estaduais.

Entendo melhor do que ninguém a angústia de ter uma alternativa bastante razoável que, ao que tudo indica, sequer estará no segundo turno. Já escrevi alguns desabafos aqui, e isso me desanima em relação ao Brasil. Mas política é a arte do possível, e o voto é a escolha do menos pior dos que têm chance. Realismo é isso. A alternativa é sonhar com fantasias, tipo um pastor evangélico recém-convertido ao liberalismo que irá privatizar a Petrobras.

Se o quadro eleitoral está mais estável e a disputa será entre Dilma e Marina mesmo, então o desespero de Aécio, alimentando uma esperança irrealista de que ainda tem chances, poderá prejudicar aqueles que, acima de tudo, desejam a saída do PT. O pleito poderá ser decidido nophotochart, e cada tiro no alvo errado será munição concedida ao verdadeiro inimigo.

Rodrigo Constantino

 

TERRORISMO – PT, agora, diz que Marina vai tirar R$ 1,3 trilhão da educação

Na VEJA.com:
A artilharia de campanha da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) contra Marina Silva, postulante do PSB ao Planalto, segue pesada: depois de veicular peça eleitoral em que afirma que a proposta de autonomia do Banco Central coloca nas mãos de banqueiros decisões do povo brasileiro, o PT agora diz que, se eleita, a adversária vai tirar 1,3 trilhão de reais da educação. O site da petista publicou nesta quinta-feira um vídeo de trinta segundos em que afirma que as propostas de Marina representam a “extinção do pré-sal”. No auge dos ataques à adversária, Dilma oscilou positivamente um ponto em pesquisa Datafolha, enquanto Marina perdeu um – o que faz o PT decidir por seguir com a pancadaria. A nova peça eleitoral petista explora o posicionamento da adversária sobre a exploração do pré-sal – item que recebeu apenas leve menção no programa de governo do PSB – e insinua que os investimentos em saúde e educação com dinheiro das reservas estariam ameaçados.

Com iluminação difusa e trilha sonora soturna, o locutor questiona: “Marina tem dito que, se eleita, vai reduzir a prioridade do pré-sal. Parece algo distante da vida da gente, né? Parece, mas não é”. Nas imagens, um grupo de homens simula uma reunião de negócios e manipula torres de exploração de petróleo. Na sequência, a peça mostra uma mulher ensinando crianças. À medida que o locutor narra o que alega ser propostas de Marina, os conteúdos dos livros desaparecem e crianças ficam cabisbaixas. No vídeo, o locutor diz que, ao reduzir a prioridade do pré-sal, a educação e a saúde poderiam perder 1,3 trilhão de reais e “milhões de empregos estariam ameaçados em todo o país”. “É isso que você quer para o futuro do Brasil?”, questiona o narrador.

Marina afirmou na quarta-feira que os sucessivos ataques que os petistas vêm fazendo contra sua campanha são mentiras e que iria acionar os advogados do PSB para entrar com uma ação junto ao Tribunal Superior Eleitoral.

Por Reinaldo Azevedo

 

O eterno palanque: PT tem um discurso para cada ocasião

Dilma em 2010: autonomia do BC é importantíssima. Dilma em 2014: autonomia do BC é coisa de defensor de banqueiro.

Quem viu a campanha eleitoral de Dilma nos últimos dias tem todo o direito de achar que se enganou e que, na verdade, estava diante do programa de Luciana Genro do PSOL. Para atacar Marina Silva vale tudo, e o PT resolveu fazer terrorismo eleitoral, acusando a candidata de defender os banqueiros contra os pobres ao pregar a autonomia do Banco Central.

Não foi o próprio PT que convidou Henrique Meirelles, um banqueiro internacional, para presidir a instituição no primeiro mandato de Lula? Não é o mesmo Lula que vem costurando uma tentativa de recolocar Meirelles no BC caso Dilma seja reeleita, para acalmar os mercados?

Não importa. A presidente é capaz de “fazer o diabo” para vencer, inclusive adotar um discurso para cada ocasião, de acordo com os interesses do momento. O PT é governo há 12 longos anos, mas nunca saiu do palanque. É o partido das eternas bravatas, do discurso eleitoreiro e sensacionalista. Age como o PSOL, só que ignora que comanda o país desde 2003!

Como recordar é viver, vejam o que a mesma Dilma dizia sobre a autonomia do Banco Central em 2010:

A pré-candidata à Presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira (10) que considera “importantíssima” a autonomia do Banco Central. Dilma fez a afirmação ao responder a perguntas de jornalistas sobre entrevista dada hoje pelo pré-candidato do PSDB José Serra à rádio CBN, no qual ele afirmou que “o BC não é a Santa Sé”.

Indagada se pretende manter a autonomia do BC, a pré-candidata do PT disse que acha “importantíssima a autonomia operacional que o Banco Central teve no governo do presidente Lula. Sempre tivemos uma relação muito tranquila com o BC”.

Como essa gente muda rápido de opinião dependendo dos interesses, não é mesmo? Agora, para a mesma Dilma, defender a autonomia do BC, que antes era “importantíssima”, é coisa de lacaio dos banqueiros que não quer saber dos pobres. Tudo para atacar Marina Silva.

Não importa o fato de que foi justamente a falta dessa autonomia, durante o governo Dilma, que fez a inflação bater no topo da elevada meta e por lá ficar, punindo exatamente os mais pobres. Nenhum fato importa, o que foi dito no passado não importa, nada importa além de uma única coisa: perpetuar-se no poder. Para isso, o PT realmente faz o “diabo”. E o Brasil vive no inferno…

Rodrigo Constantino

Que país é esse? Ou: O perigoso sonambulismo de um povo cúmplice da roubalheira

Dilma e

Dilma e “Paulinho”, o delator que entregou o esquema

Acordei sorumbático hoje. Um dos maiores escândalos de corrupção vem à tona por denúncias de um importante ex-diretor da Petrobras, a maior empresa do país, e pouco ou nada muda no quadro eleitoral? Paulo Roberto Costa não é um tucano, um jornalista da “imprensa golpista” ou um “neoliberal” que deseja prejudicar o PT. Era o homem de confiança do próprio governo, que Lula chamava de “Paulinho”.

O estrago econômico da passagem do PT pelo poder será enorme e levará tempo até ser totalmente sanado. Mas o estrago moral é o que mais me preocupa. Nunca antes na história deste país houve uma banalização do crime de tal monta. A percepção de que “todos fazem”, de que “todos são iguais” tomou conta do país. A própria propaganda enganosa do PT, somada ao esforço de muitos “jornalistas”, levou a esse quadro de passividade, negligência e sonambulismo.

Ninguém mais parece se importar com os escândalos. Estima-se em R$ 10 bilhões os desvios realizados por uma quadrilha dentro da estatal, debaixo das “barbas” da presidente, envolvendo vários nomes graúdos do governo, e nada? Dilma e Marina Silva estão empatadas no primeiro e no segundo turnos? Dilma, na verdade, teria subido dois pontos percentuais no segundo turno? Que país é esse?

Quando Lula foi reeleito em 2006, no auge do escândalo do mensalão, os sinais de cumplicidade do povo já eram claros. Mas a esperança é a última que morre. Tentamos racionalizar, pensando que a euforia causada pelo crescimento econômico ajudou a tapar o sol com a peneira. O eleitor médio, afinal, não teria como saber que a euforia era temporária e insustentável, produzida por estímulos artificiais e fatores exógenos.

Mas agora? Com a economia em recessão, a inflação machucando todas as famílias, e escândalos emergindo com velocidade maior do que nossa memória consegue preservar? Como podem ainda votar no PT? Como podem desejar a continuação… disso? É muito descaso com a ética e até com o próprio bolso. É ilógico demais. É irracional. E é extremamente indecente, imoral.

É preciso ser dito, sem rodeios: o PT não tem mais eleitores; tem cúmplices. E assusta constatar a grande quantidade de cúmplices, de gente que jogou na lata do lixo valores e princípios, que não está nem aí para a corrupção, para os “malfeitos”. Sim, há muita ignorância. Mas ela, por si só, não dá mais conta da explicação. E Dilma não tem o voto só dos miseráveis e ignorantes.

O eleitor do PT está claramente dando um atestado de que não liga para a roubalheira. Quer apenas ser sócio no butim. Como não ficar carrancudo e melancólico em um país desses?

Rodrigo Constantino

No capitalismo de estado, estatal tem dono. Ou: Como despolitizar a Petrobras?

O petróleo é deles!

Para um liberal como eu, convicto de que o estado jamais será um bom empresário devido ao mecanismo inadequado de incentivos, a única solução para colocar um fim em tanta roubalheira nas estatais seria a privatização. Qualquer outra é paliativa, pode mitigar os problemas, mas não resolvê-los.

Dito isso, claro que muito pode ser feito mesmo sem endossar a privatização que, no caso da Petrobras, é até impedida por lei e extremamente impopular. Como diz Carlos Alberto Sardenberg em sua colunade hoje, o único candidato que levantou essa bandeira tem 1% das intenções de voto. O que fazer de forma mais realista e imediata então?

O próprio Sardenberg tem algumas dicas boas. A essência da coisa é aumentar o grau de independência da estatal em relação ao governo, adotar mecanismos de maior transparência e governança. Seriam medidas que tornariam mais difícil a captura da empresa pelos políticos. Diz ele:

A origem do problema é uma perversa combinação de fisiologismo com ideologia. Fisiologia, como se dizia antigamente, é a ação dos partidos que se apropriam do aparelho do Estado para beneficiar os correligionários, amigos e apoiadores com cargos e/ou negócios. Governar é nomear e demitir — ainda se diz por aí.

A ideologia, no caso, é a de esquerda, que considera essencial o controle das estatais para, digamos, colocá-las “a serviço do povo”.

[...] Como proteger a Petrobras desses malfeitos? Controle mais rígido das decisões do conselho de administração, nomeação obrigatória de conselheiros representantes do Congresso, por exemplo, e de executivos de fora do governo, todos com responsabilidades definidas, além regras de gestão, inclusive para contratação dos executivos. Um presidente contratado no mercado internacional, com mandato, não seria mais eficiente para tocar os objetivos definidos pelo Estado?

Em resumo, regras formais de governança e controle externo. A empresa terá objetivos estratégicos definidos politicamente. Mas a gestão deve ser independente dos interesses partidários do governo de plantão.

O principal obstáculo, creio eu, é mesmo o fator ideológico. Muitos brasileiros ainda enxergam as estatais como entidades puras que, por magia, focarão apenas nos “interesses nacionais”. Quem atacou essa visão romântica e ingênua, mostrando como ela serve, na prática, para beneficiar os fisiológicos corruptos, foi Demétrio Magnoli em artigo no mesmo jornal. Usando o caso de Ildo Sauer como exemplo, o sociólogo desmonta a falácia nacionalista:

Ildo Sauer enxerga nas estatais a salvação do Brasil. O governo enxerga nas estatais uma poderosa ferramenta de um projeto partidário de poder — e, com razão, sorri com desdém da ingenuidade do “petroleiro” que acreditou nas suas proclamações retóricas. O capitalismo de Estado é um negócio, muito mais que uma doutrina.

[...] O “petroleiro” é um sonhador — mesmo se seu sonho não passa de uma reprodução do pesadelo soviético do passado.

[...] “Um Estado dentro do Estado” — a célebre definição da Petrobras, utilizada pelo próprio Lula, sintetiza o dilema de governança das estatais. A única alternativa à captura política do “Estado paralelo” pelo governo de turno é inscrever a Petrobras no sistema de contrapesos da economia de mercado, intensificando a concorrência no setor da exploração de petróleo e expondo-a à competição internacional. Sauer, o inimigo jurado do mercado, jamais entenderá isso.

A melhor forma de inscrever a Petrobras na economia de mercado, repito, seria a privatizando. Mas existem as “second best solutions”, as alternativas inferiores, mas possíveis. Aumentar a concorrência no setor e expor a estatal a mais competição internacional, e cobrar maior transparência e governança, seriam medidas importantes para reduzir o risco de abuso na estatal.

O grande obstáculo é mesmo a ideologia nacionalista, que cai como uma luva para os interesses escusos dos esquerdistas.

Rodrigo Constantino

O “pobretão” Mujica já é quase um milionário!

Mujica. Fonte: Exame

A esquerda romântica encontrou em Pepe Mujica um novo ídolo. Afinal, fica difícil aplaudir petistas e bolivarianos em geral como exemplos da postura espartana daqueles que rejeitam supostamente a ganância e a “ditadura” dos mercados consumistas. O presidente uruguaio, com aquele estilo molambo e as unhas sujas à mostra, fazia um estilo irresistível para os que cultuam o pobrismo – e nunca são os próprios pobres.

Mas vejam que interessante: o patrimônio do homem aumentoumais de 70% em apenas dois anos, e hoje ele já é praticamente um milionário! Ele teria, oficialmente, mais de R$ 700 mil acumulados em bens, em propriedade privada, o demônio para os comunistas. É uma quantia que despertaria a inveja de muito trabalhador por aí. Como conciliar isso ao estilo humilde do sujeito descolado que não liga para bens materiais?

É verdade que Mujica ainda pode ser visto como um pobretão, quase um miserável se comparado ao alto escalão do PT, com vários milionários, a começar por Lula, o ex-operário e “homem do povo”. Mas não pode ser tratado como “humilde” frente a milhões de brasileiros, que labutam de sol a sol para chegar ao final do mês com pouca dívida a pagar. Tratei do assunto em Esquerda Caviar:

Em A elegância do ouriço, Muriel Barbery usa uma das narradoras, uma menina muito inteligente de 13 anos, para descrever o desconforto com essa atitude [de ricos que enaltecem a pobreza, no caso sua mãe]. Elas moram em um endereço de luxo em Paris, repletas de conforto. Não obstante, sua mãe vive a pregar o socialismo, entre uma conversa e outra com suas plantas. E claro, mesmo depois de dez anos de terapia, ela ainda precisa tomar remédio para dormir…

O autor coloca na outra narradora da história, uma concierge humilde, porém extremamente culta, as palavras de desprezo em relação ao grupo de riquinhos mimados que tentam aparentar um estilo artificial de pobreza cool:

Se tem uma coisa que abomino, é essa perversão dos ricos que se vestem como pobres, com uns trapos que ficam caindo, uns bonés de lã cinza, sapatos de mendigo e camisas floridas debaixo de suéteres surrados. É não só feio mas insultante; nada é mais desprezível que o desprezo dos ricos pelo desejo dos pobres.

No entanto, basta frequentar uma faculdade privada para ver a quantidade de jovens que aderem a esse estilo “riponga”, com suas camisetas do Che Guevara, apenas para entrar depois em seus carros importados do ano. São os “revolucionários de Facebook”, que escrevem em seus perfis da rede social americana o quanto odeiam o sistema capitalista americano e o lucro que tornou o instrumento viável.

É fácil enaltecer o estilo de Mujica quando não se é pobre de verdade. Afinal, como sabia Joãozinho Trinta, quem gosta de pobreza é intelectual, já que pobre gosta mesmo é de luxo!

Rodrigo Constantino

 

Melhor gravar no Projac

Minissérie em favela não pacificada

Minissérie em favela não pacificada

Para gravar Sexo e as Negas, a nova minissérie de Miguel Falabella, a Globo precisou tomar determinados cuidados ao gravar em uma favela carioca ainda muito longe de qualquer processo de pacificação.

Alguns contatos com líderes comunitários da Cidade Alta tiveram que ser feitos para que o tráfico não incomodasse as gravações. A Globo acabou decidindo tirar a minissérie da favela devido a ameaças e voltou a gravar no Projac.

No Rio de Janeiro, gravar no Leblon é uma coisa. Gravar na favela é outra.

Por Lauro Jardim

Falabella é esquerda caviar, mas isso não o impediu de ser alvo da patrulha

Falabella e suas “negas”. Fonte: UOL

O politicamente correto é uma verdadeira praga que tem tornado o mundo um lugar chato e opressor. A patrulha das “minorias” cada vez asfixia mais as liberdades. A narrativa de vitimização é constante, e haverá o dia em que será proibido fazer humor. Ou por outra: só valerá o “humor” politicamente correto, que ataca a “maioria” social, ou seja, as elites brancas, como gostaria um Francisco Bosco da vida.

Miguel Falabella entende de minorias. E gosta de enaltecer a vida nas “comunidades”, como já constatei aqui. Nada disso o impediu de ser alvo dos ataques da patrulha racial, uma das mais organizadas e autoritárias. Seu programa “Sexo e as negas”, uma espécie de “Sex and the City” nas favelas, foi acusado de racismo por lidar com estereótipos:

Já são sete o número de denúncias de racismo recebidas pela ouvidoria da Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (Seppir) por conta da série “Sexo e as Negas”, de Miguel Falabella, que estreia no dia 16 de setembro na Globo. Nesta quarta-feira (10), o órgão federal autuou a Rede Globo e solicitou mais informações sobre o conteúdo da trama. No documento, a Seppir sinaliza que também encaminhou as acusações ao Ministério Público no Rio de Janeiro para uma avaliação do caso.

“A Ouvidoria da Igualdade Racial vê com estranheza e preocupação qualquer tipo de manifestação que reproduza estereótipos racistas, machistas, que se alicerce na sexualidade das mulheres negras, ou venha a reforçar ideias de inferioridade dessas mulheres, seja nas artes, no cinema ou nas telenovelas e seriados”, afirmou o titular do órgão, Carlos Alberto de Souza e Silva Júnior, ao UOL.

Carlos Alberto fez questão de ressaltar que os veículos de comunicação têm papel importante numa sociedade democrática e devem atuar no sentido de garantir os direitos das pessoas independente de sua cor, raça, crença religião ou orientação sexual. “As produções televisivas deveriam refletir a diversidade da população brasileira em todos os seus segmentos, contribuindo para a consolidação de uma sociedade justa, plural e igualitária”. 

O autor da série, Miguel Falabella rebateu as críticas sobre preconceito e se mostrou indignado. “Como é que se tem a pachorra de falar de preconceito, quando pré-julgam e formam imediatamente um conceito rancoroso sobre algo que sequer viram? ‘Sexo e as Negas’ não tem nada de preconceito. Fala da luta de quatro mulheres que sonham, que buscam um amor ideal. Elas podiam ser médicas e morar em Ipanema, mas não é esse meu universo na essência, como autor”, escreveu ele em sua página pessoal do Facebook.

Cá entre nós: só o fato de existir algo chamado “Ouvidoria da Igualdade Racial” é digno de calafrios. Essa turma autoritária quer controlar tudo, cada programa de televisão, pois todos devem ter uma mensagem “bonitinha” de acordo com os preceitos (ou preconceitos?) dessas lideranças raciais. Ai daquele que criar um personagem negro que seja o vilão na história! Afinal, não existem negros criminosos…

Tudo isso está ficando extremamente preocupante e já passou dos limites faz tempo. A histeria desse pessoal é irritante. Em nome do politicamente correto, precisamos tratar como arte profunda verdadeiros lixos como certas músicas de funk, com letras chulas e ofensivas, só porque vêm das “comunidades” e seria preconceito chamar porcaria de porcaria. Regina Casé deve estar muito feliz com tudo isso, já que seu programa “Esquenta” é o primeiro a adotar tal visão de mundo.

O caso recente do goleiro Aranha mostrou como a situação já saiu do controle. Muitas pessoas concordando que era aceitável apedrejar a casa da torcedora do Grêmio, que xingou o jogador de “macaco”. Ou seja: não bastam mais as leis contra o racismo. É preciso mais! É preciso fazer “justiça” com as próprias mãos, e mostrar como somos tolerantes com as diferenças, arrastando em praça pública a suposta racista!

Até Pelé entrou em campo para tentar colocar panos quentes, minimizando o racismo nos estádios e lembrando que o bicho pega nos gramados mesmo. Disse o Rei do Futebol:

Para Pelé, a reação de Aranha aos xingamentos foi equivocada porque, segundo ele, não é possível parar um jogo cada vez que um torcedor faz uma ofensa racista. “Se fosse assim, os times brasileiros não poderiam jogar na América Latina nunca, porque a gente teria de parar todos os jogos. Se uma pessoa chamar alguém de japonês, ou de alemão, é a mesma coisa”, afirmou. O episódio envolvendo Aranha provocou a eliminação do Grêmio da Copa do Brasil. ”Eu não quero criticar o Aranha, porque ele é uma excelente pessoa, um amigão meu. É calmo, é puro, mas foi pego de surpresa. Ele se precipitou um pouco em querer brigar com a torcida. Se eu fosse parar o jogo cada vez que me chamassem de macaco ou crioulo, teria que parar todos os jogos. Se ele tivesse feito a mesma coisa que o Daniel Alves fez, teria sido melhor. Ninguém falou mais nada”, disse, relembrando o episódio em que o lateral do Barcelona comeu uma banana arremessada em sua direção.

Já usei esse vídeo aqui, mas nunca é demais em tempos modernos. Trata-se de um trecho de uma entrevista com o ator Morgan Freeman, em que ele fala sobre o racismo. Vejam:

Cada membro dos movimentos de minorias deveria ver isso com muita atenção. Estamos parindo um mundo insuportável, sem liberdade de expressão, tolhido pela patrulha politicamente correta de quem só enxerga grupos, jamais indivíduos, de quem adere a uma visão tacanha de “oprimidos” e “opressores” com base em características coletivistas como “raça” ou sexo.

É uma desgraça total. A literatura clássica, as artes em geral, tudo seria abandonado em nome na “revolução das vítimas”. Chega!

Rodrigo Constantino

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Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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