Dilma manda suspender divulgação de programa de governo por divergências com o PT; em 34 anos de história, partido nunca esteve

Publicado em 18/09/2014 06:02 e atualizado em 18/09/2014 18:55
blog Reinaldo Azevedo, de veja.com

Dilma manda suspender divulgação de programa de governo por divergências com o PT; em 34 anos de história, partido nunca esteve tão confuso e desarvorado. É o medo de perder a bocona!

A candidata Dilma Rousseff iria divulgar por esses dias seu programa de governo, mas mandou suspender, informam Andreia Sadi e Natuza Nery na Folha. Por quê? Divergência com seus companheiros do PT. O partido quer que a candidata se comprometa com o fim do fator previdenciário, com a redução da jornada de trabalho, com a regulamentação da terceirização — criando dificuldades novas — e com a revisão da Lei da Anistia. Mas Dilma não quer nada disso porque sabe que:
a) o fim do fator previdenciário abre um rombo na previdência;
b) a redução da jornada só vai onerar ainda mais as empresas, elevando o custo Brasil;
c) criar embaraços novos à terceirização está na contramão da dinâmica do mercado de trabalho;
d) a revisão da Lei da Anistia, além de polêmica — voltará ao Supremo — abre uma crise desnecessária coma as Forças Armadas. Se o absurdo vier, raciocina com razão a presidente, que seja via Judiciário.

Assim, a presidente tem preferido programa nenhum a ter o que exibir, expondo-se a arrumar adversários novos. Vejam ali a pauta: a petista tem feito um esforço danado para mostrar que é fiscalmente responsável — e o fim do fator previdenciário demonstraria o contrário — e que pretende incentivar o espírito empreendedor no país: ora, a redução da jornada e o combate à terceirização apontariam na direção oposta. Finalmente, a presidente prega a união de todos os brasileiros para um futuro radioso, e a revisão da Lei da Anistia só provocaria turbulências sobre o passado.

O pior para Dilma (não necessariamente para o Brasil) é que, ao não sair nada — nem o que quer o PT nem o contrário —, é como se ela já tivesse feito as piores escolhas para os setores aos quais não quer desagradar. E por que é assim? Porque resta a desconfiança, não é? Afinal, se ela não fala e manda segurar o programa, é sinal também de que não descarta essa pauta.

Períodos eleitorais já são normalmente caracterizados por incertezas até em países com uma economia mais estável do que a nossa, com muito menos demandas à flor da pele. Dado o quadro brasileiro, esse vai-e-vem é especialmente negativo. Até porque Dilma não é uma novata, que está se apresentando agora para a batalha. Ela já é a presidente da República. Chega a ser impressionante que amplos setores da sociedade considerem que Marina Silva é uma opção mais segura do que ela. E olhem que a candidata do PSB não chega a ser o exemplo acabado de coerência e de fidelidade a um pensamento.

Não fossem muitas outras coisas, isso bastaria para evidenciar as fragilidades do governo Dilma e a barafunda em que está metido o PT. Acompanho o partido desde o seu nascimento — fui um dos filiados, em priscas eras… Nunca o vi tão desarvorado e sem eixo. O risco de perder o poder está deixando a companheirada em desespero. Essa gente se tornou de tal sorte dependente do Estado que o risco de alternância de poder a impede de enxerga a realidade.

Convenham: tem seu lado divertido.

Por Reinaldo Azevedo

Marina: “PF perdeu autonomia no governo Dilma”

Por Marcela Mattos e Daniel Haidar, na VEJA.com:
A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, afirmou durante um “face to face” – conversa em vídeo na qual os usuários do Facebook enviam suas perguntas – que a Polícia Federal passa por um processo de “desconstrução” no governo Dilma Rousseff. “Milhares de agentes saíram da PF nos últimos anos em função de desajuste e da perda de autonomia do trabalho”, disse a presidenciável.
A declaração mira em um dos principais argumentos da candidata-presidente, segundo quem a PF tem total liberdade e, ao contrário de gestões anteriores, não empurra denúncias para “debaixo do tapete”. Marina continuou: “Vamos continuar trabalhando para que se  tenha a autonomia e isenção necessárias para o combate ao tráfico de drogas e de armas, a investigação dos casos de corrupção e ajudar a combater vários casos de crimes ambientais”.
Petrobras
Mais cedo, Marina Silva afirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso por capitanear um megaesquema de corrupção na estatal, era “funcionário de confiança” da presidente-candidata Dilma Rousseff. Ela citou o delator como exemplo da “governabilidade” do PT e do PSDB. 
“Não vou aceitar a lógica que está sendo imposta há 20 anos pelo PT e pelo PSDB, de que composições são feitas de forma pragmática, com base em distribuição de pedaços do Estado. A escolha do senhor Paulo Roberto Costa, que estava há doze anos como funcionário de confiança do governo de Dilma, é resultado dessa governabilidade que as pessoas estão reivindicando que não pode mudar”, afirmou a presidenciável em entrevista a jornalistas em um hotel de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.  
Marina reage com cada vez mais veemência contra críticas de Dilma. Desta vez, afirmou que não vai admitir que “fofocas e mentiras” pautem o debate de propostas. Depois de Dilma ensaiar uma resposta à promessa de reforma trabalhista feita por Marina, a pessebista reafirmou que conquistas dos trabalhadores, como 13º salário, férias e hora extra devem ser respeitadas. Dilma tinha afirmado mais cedo, em uma versão do discurso do medo que pontua sua campanha, que “décimo terceiro, férias e hora extra não se mudam nem que a vaca tussa”. Marina respondeu: “a defesa dos interesses dos trabalhadores é sagrada para nós”.
Marina também voltou a provocar Dilma, para que explique “por que colocou no seu governo 500 bilhões de reais para meia dúzia de empresários usando recursos do BNDES, que equivalem a 24 anos de Bolsa Família”.

Por Reinaldo Azevedo

Sarney ataca Marina. Eita candidata de sorte!

Marina Silva não pode reclamar de falta de sorte. E não estou tentando ser nem engraçado nem sinistro. Não me refiro à queda do avião, não, mas aos “inimigos” que começam a se apresentar. Convenham: nem num sonho bom um candidato à Presidência receberia um ataque feroz de José Sarney, o homem que não vai concorrer à reeleição no Amapá porque seria derrotado. Marina recebeu nesta quarta um presente divino.

Sarney subiu no palanque de Lobão Filho (PMDB), no Maranhão, que vai perder a eleição no primeiro turno para Flávio Dino, do PC do B, e esculhambou a candidata do PSB à Presidência. Leiam o que disse na noite de terça-feira:
“A dona Marina, com essa cara de santinha, mas [não tem] ninguém mais radical, mais raivosa, mais com vontade de ódio do que ela. Quando ela fala em diálogo, o que ela chama de diálogo é converter você”.

Vocês sabem como sempre digo tudo, mesmo correndo o risco de aborrecer, né? Pode até concordar com Sarney em certos aspectos, mas olhem quem está falando… Sim, é verdade, o seu nome vive sendo citado pela turma de Marina como símbolo do que se deve evitar em política. Mas me digam: a esta altura, que força política relevante e com um mínimo de seriedade, discordaria?

Receber essa crítica do velho coronel do Maranhão chega a ser uma láurea, uma condecoração. E ele seguiu adiante, animado pelos gritos de “guerreiro do povo brasileiro”, vindos de uma plateia rigidamente controlada:
“Ela [Marina] pensa que o mundo tem duas partes: uma condenada à salvação e outra à perdição”.

De fato, o mundo não está condenado a essas duas partes, mas o fato é que a política da família Sarney no Maranhão está condenada pela história e pelos números. Depois de cinquenta anos submetido às vontades do clã, o estado exibe os piores indicadores sociais do país — embora, nem de longe, enfrente as condições naturais mais adversas. O mal do Maranhão é humano. Não vem da natureza nem dos céus.

A partir de amanhã, Marina já pode exibir o seu galardão: Sarney não quer que ela seja presidente. É um trunfo eleitoral gigantesco.

Por Reinaldo Azevedo

“Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, mas estou aqui, fazendo política”

Escrevi na manhã desta terça, neste blog, que Dilma, ao partir para o esmagamento de Marina Silva, está mexendo com forças que não conhece. Volto ao tema agora e também tratarei do assunto na minha coluna na Folha, na sexta.

Marina, como vocês viram, ao negar que vá extinguir o Bolsa Família se eleita, evocou em um comício o tempo em que seus pais dividiam com oito filhos um ovo, um pouco de farinha e uns pedacinhos de cebola. A voz ficou embargada. Verdadeira ou mentirosa (creio que seja fato), a narrativa é eleitoralmente poderosa. A candidata do PSB vem de um povo de que Dilma só ouviu falar.

Nesta quarta, em conversa no Facebook, o “Face-do-Face”, a candidata do PSB à Presidência voltou a tocar no assunto. Ela se disse vítima de preconceito e afirmou: “Com minha origem social, tem que provar que é competente, que pensa, mas é isso aí…”

Notem: quando escrevi aquele texto, não fiz juízo de valor, não. Só adverti para a bobagem que o PT (do ponto de vista de seus interesses) está fazendo. Esse discurso de Marina tem poder. E não, leitores amigos, eu não simpatizo com esse tipo de apelo, seja na boca de Marina ou na de Lula, outro que fez muita praça ao longo da história de suas agruras de infância.

Sempre que Lula vinha com esse chororô, eu me lembrava na caricatura do pedinte-assaltante: “Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, mas estou, aqui, fazendo política…” Honestidade, decência e bons propósitos não são monopólios de classe social. Alguém nascido em berço de ouro pode tê-los. Outro, vindo de uma manjedoura, pode ser um salafrário. Não existe uma relação necessária entre uma coisa e outra.

Ocorre que o PT está dando um boi danado para Marina Silva. Acostumado a combater o “outro” de classe — que, segundo a estupidez lulo-petista, é encarnado pelo PSDB (curiosamente, não pelo PMDB, pelo PP ou por qualquer outra coisa…) —, não percebe quem é Marina Silva e mete os pés pelos pés.

Por Reinaldo Azevedo

CPI aprova convocação de ex-contadora de doleiro

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
A CPI mista da Petrobras aprovou nesta quarta-feira a convocação de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ela deve dar informações sobre o funcionamento do esquema criminoso operado com recursos públicos desviados pelo esquema do doleiro. Os parlamentares também aprovaram um requerimento que pede a cópia dos depoimentos prestados por ela à Polícia Federal e ao Ministério Público.

“Ouvir a contadora vai ser importante para que a gente possa confrontar com o depoimento de Alberto Youssef”, diz o relator da comissão, o deputado Marco Maia (PT-RS). Ainda não há data para o depoimento de Meire Poza. Por causa da proximidade das eleições, a ida dela à CPI pode ficar para depois do primeiro turno – dia 5 de outubro.

A VEJA, Meire Poza revelou como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro do doleiro. Ela também afirmou que parlamentares, como Luiz Argôlo (SD-BA) e André Vargas (PT-PR), foram beneficiados pelo esquema. Meire já compareceu ao Congresso para depor no processo de cassação de Argôlo. Na ocasião, ela confirmou as acusações contra o parlamentar.

O requerimento de convocação de Meire Poza foi aprovado ao fim da reunião em que os parlamentares tentaram, sem sucesso, ouvir Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e o delator do esquema de corrupção que funcionou por quase uma década na companhia.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma e os direitos trabalhistas: como confundir o distinto público

Às vezes, dá aquela coceirinha, aquela vontade de fazer campanha, só para desmontar certos discursos à boca da urna. Nesta quarta, em São Paulo, indagada por um empresário se mudaria as leis trabalhistas, Dilma reagiu naquele seu estilo que, os mais antigos vão concordar, lembra João Figueiredo, o último presidente do regime militar.

Respondeu a presidente-candidata: “Se essas mudanças precisam ser feitas para garantir que todas as alterações sejam absorvidas, eu acredito que sim. Agora vamos ter clareza disto: 13º, férias e horas extras, [não se muda] nem que a vaca tussa”.

Então tá. Daqui a pouco, o PT começará a atribuir a Marina a intenção de extinguir essas garantias, como já fez antes com Aécio.

E como desconstruir essa fala meio malandra? Ora, esses são os únicos “direitos trabalhistas”? Há outros! E a multa de 40% sobre o saldo do FGTS, por exemplo, que as empresas são obrigadas a pagar no caso de demissão imotivada? Dilma aceita extinguir?

Nesta terça, Marina se encontrou com empreendedores e falou que é preciso rever as leis trabalhistas, destacando — ela sabe onde pisa — que é preciso que se preservem os direitos que existem hoje.

Olhem aqui: Dilma, para não variar, com o seu “estilo Figueiredo”, está criando obscurantismo. Quando se fala em rever a CLT, o que se quer é pôr sob o abrigo da lei — de alguma lei — atividades profissionais que não têm como estar cobertas pela atual legislação.

Tome-se o caso, por exemplo, das múltiplas atividades profissionais que surgiram com o advento da Internet. Será que se encaixam no arcabouço legal vigente? A resposta é “não”. Atividades de caráter intelectual as mais diversas podem ser exercidas sem os vínculos empregatícios previstos na CLT. Não se trata, assim, de, como dizem sindicalistas, “precarizar” as condições de trabalho, mas de formalizá-las segundo as necessidades do mundo moderno.

Ocorre que os pterodáctilos do sindicalismo impedem que se faça um debate honesto a respeito. A fala de Dilma só colabora para criar a confusão, já que ninguém está sugerindo, que se saiba, extinguir 13º, férias ou horas extras.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma ensaia novo discurso do medo contra Marina: “Não mexo em 13º e férias”

Por Talita Fernandes, na VEJA.com:
Um dia depois de a candidata Marina Silva (PSB) afirmar que, se eleita, pretende fazer mudanças na legislação trabalhista do país, a presidente Dilma Rousseff (PT) já ensaiou nesta quarta-feira mais uma versão do discurso do medo que pontua sua campanha: “Décimo terceiro, férias e hora extra não se mudam nem que a vaca tussa”, disse, durante agenda em São Paulo.

Ontem, Marina apontou as leis trabalhistas como um dos entraves ao empreendedorismo e disse que sua equipe irá buscar mudanças – mas, já temerosa da interpretação de adversários, disse que seu objetivo é trazer melhorias tanto para empregadores quanto para trabalhadores, sem abrir mão dos ganhos da atual legislação.

Dilma reuniu-se com empresários acompanhada do ministro Guilherme Afif Domingos, da Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Também participaram do encontro o deputado Guilherme Campos (PSD), líder da frente parlamentar mista da pequena empresa e vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo.

Depois do encontro, a presidente se reuniu com professores da Unicamp, entre eles Rogério Cerqueira Leite, físico que criticou Marina Silva em artigos na imprensa. Na sequência, seguiu em carreata pelas ruas da cidade. Ao longo do percurso, um carro de som afirmava que Dilma é a presidente do Minha Casa Minha Vida, do ProUni e do Pronatec, algumas das principais bandeiras eleitorais da petista.

No palanque, Dilma fez críticas genéricas aos adversários. Embora sua campanha seja justamente a que lidera a artilharia pesada nesta corrida eleitoral, afirmou: “Tem muita mentira e ódio nessa eleição. Quando ouvirem mentiras, respondam com a verdade, que é uma só – o país mudou, e mudou para melhor.”

Por Reinaldo Azevedo

“Ninguém governa sem o PMDB”, diz vice de Marina. Ah, bom! Ou: De tomadas e nariz de porcos

Atenção para esta fala: “Ninguém governa sem o PMDB, mas não é preciso entregar o governo para o PMDB para ter governabilidade. Assim como não precisa entregar o governo ao PSDB se nós vamos ter quadros do PSDB governando. Ou seja, o governo tem um programa, esse é o nosso pilar de negociação, entendimento e escolha daqueles que terão funções. Por que eu, no governo, tenho que perguntar para Renan Calheiros quem devo indicar para ministérios ou para a Transpetro? Não que as indicações de partidos e lideranças sejam ruins. Mas tem que ter perfil”.

A afirmação é do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (PSB), em entrevista ao Estadão. Aos poucos, como se vê, o discurso da chamada banda dos “sonháticos” vai se tornando mais “realático”. O que vai acima, diga-se, seria endossado por qualquer partido. Afinal, ninguém admite que as indicações obedeçam a critérios puramente políticos. Sempre se vai alegar que o sujeito indicado é competente.

É claro que a fala de Albuquerque ainda aponta para aquela história de só governar com os melhores, mas há mais do que uma discreta inflexão no discurso. Quanto mais o poder se torna uma possibilidade palpável, mais próximos Marina e ele próprio vão se tornando da realidade. É evidente que ninguém tem de perguntar nada a Renan, mas, como sabe o candidato a vice, para que se tenha o necessário apoio do partido de Renan, é preciso que a escolha conte com o endosso da legenda. Afinal, Marina e seu parceiro sabem muito bem que de pouco adianta ter um peemedebista na equipe sem o… PMDB! A esse realismo se entregaram todos, e também se entregará Marina se for eleita.

É certo que o realismo exclui o surrealismo, né? Nomear, por exemplo, Edison Lobão para as Minas e Energia, um homem que não distinguiria uma tomada das antigas do nariz de um porco, não é realismo, mas só um agrado a Sarney. A propósito: creio que a tomada jabuticaba inventada no Brasil só tenha o propósito de distingui-la do nariz de um porco para evitar que Lobão se confunda.

E, sim, Beto Albuquerque voltou a abusar da nossa paciência ao afirmar que o caso do avião não é assunto do PSB. Pois é… Isso significa que, se a turma vencer a eleição, já começa com um jatinho no armário. Não é bom.

Quanto ao mais, saúdo a adesão do marinismo à realidade. Mas sem Lobão, por favor!

Por Reinaldo Azevedo

Fábrica bilionária da Foxconn empaca por falta de sócio brasileiro. Lá se foi a primeira promessa de Dilma…

Na VEJA.com:
A construção da fábrica de telas para celulares, TVs e computadores da taiwanesa Foxconn no Brasil empacou depois que a companhia desistiu de buscar um sócio brasileiro para o projeto. Na época do anúncio, em 2011, o governo informou que o investimento chegaria a 12 bilhões de dólares. A saída para o impasse seria aumentar para mais de 30% a participação acionária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas o banco não aceita ultrapassar este valor, que é o limite estabelecido em sua política para o BNDESPar, braço de participações acionárias da instituição. 

Além do apoio fundamental do BNDES, a equipe econômica do governo contava com a sociedade de um grande empresário brasileiro (chegou-se a falar em Eike Batista, antes da crise). Sem sócio, as negociações pararam e nem o governo acredita mais na concretização do megainvestimento.

Visita à China
A construção da fábrica de telas no país foi o primeiro grande anúncio do governo Dilma Rousseff, feito em fevereiro de 2011 durante visita à China. O então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, chegou se reunir com o fundador da Hon Hai (controladora da Foxconn), Terry Gou. A ideia, segundo o ministro, era construir um complexo industrial que empregaria até 100 mil pessoas no Estado de São Paulo.

O desenho do negócio apontava para uma primeira etapa com investimento de 4 bilhões de dólares, dos quais 1,2 bilhão de dólares seriam bancados pelo BNDES e 500 milhões de dólares ficariam por conta de Eike. Além de procurar mais sócios, o governo tentou convencer Terry Gou a entrar com capital sem contar a tecnologia. O Palácio do Planalto estava tão certo do negócio que Mercadante chegou a divulgar um cronograma. A companhia fabricaria telas para celulares e tablets entre 2011 e 2013 e passaria a fabricar telas para TVs a partir deste ano.

Atualmente, a empresa taiwanesa atualmente conta com três unidades no país, com montagem de celulares em Manaus e Indaiatuba e montagem de smartphones e fabrica notebooks, computadores e periféricos em Jundiaí.

Conjuntura
Mercadante, que é ministro-chefe da Casa Civil, foi questionado sobre os empecilhos que travaram as negociações para a construção da fábrica de telas da Foxconn no Brasil. A assessoria de imprensa da Casa Civil informou que a posição de Mercadante estaria contemplada na resposta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. “Em relação à construção de unidade de fabricação de telas, o investimento previsto não foi realizado até o momento devido à conjuntura internacional e pelo fato de a empresa não ter conseguido um sócio nacional.”

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação afirmou ainda ter informações de que a Foxconn estuda fazer novos investimentos e abrir novas unidades no Brasil. Os projetos, entretanto, não teriam relação com construção da fábrica de telas. Procurada para confirmar a informação, a companhia disse que não se pronunciaria.

BNDES
Alguns desses projetos aguardam aprovação de aportes do próprio BNDES. O banco confirmou que participou das negociações para a instalação da fábrica de telas, sem sucesso. “O banco continua em contato com a Foxconn e tem trabalhado para viabilizar investimentos no Brasil em setores de alto conteúdo tecnológico”, informou o banco por meio da assessoria.

Por Reinaldo Azevedo

Obra parada

Cerca de 2 000 pessoas protestaram hoje à tarde contra a paralisação das obras da hidrelétrica do Baixo Iguaçu, no Paraná. As obras estão paradas porque a licença de instalação foi suspensa pela Justiça, que deu ganho de causa a uma ação movida  por duas ONGs.

Desde a suspensão da licença, há três meses,, 1.200 trabalhadores foram demitidos. Restam 600, que deverão ir para a rua nos próximos dias.

A Neoenergia e a Copel, donas do empreendimento, tentam que o STJ reverta a decisão do TRF. O prazo inicial para a conclusão das obras era o final de 2016 e a usina teria capacidade para abastecer 1 milhão de pessoas.

Por Lauro Jardim

“Politicamente correto matou liberdade criativa”, diz Washington Olivetto

Washington Olivetto. Fonte: Folha

“Almas sensíveis” e vulgares chegaram ao poder e destilam toda a sua falta de senso de humor e seu autoritarismo sob o manto do politicamente correto que defende as “minorias”. A patrulha dessa turma é enorme, e asfixia nossas liberdades.

São pessoas que se julgam no direito inalienável de não se sentir ofendidas jamais, mesmo que isso represente uma censura aos demais. Venho alertando para isso há anos, e cheguei a brincar com Marcelo Tas, certa vez, que temia pelo futuro de sua profissão de humorista.

Dessa vez foi o respeitado publicitário Washington Olivetto quem endossou tal crítica, afirmando que o politicamente correto matou a liberdade criativa. Com amigos em comum, já tive a oportunidade de testemunhar a sagacidade e as tiradas ácidas do publicitário pessoalmente.

Pode se exceder eventualmente, se estimulado, mas faz parte do ofício: sua mente trabalha em alta velocidade o tempo todo e a metralhadora giratória pode ferir alguns alvos no processo. Melhor isso do que uma mordaça que nos privaria de sua inteligência. Diz ele:

Você tem de um lado o cara politicamente correto, que é cerceador e bem educadinho. E do outro o incorreto, que é mal educado e pseudo-divertido. Temos que buscar o que é politicamente saudável, que respeita a inteligência, mas com irreverência e bom humor. Há coisas que não são ofensivas, mas fazem pensar. 

Para Olivetto, o humor brasileiro vive “uma crise de vulgaridade”. “É um humor que tenta gargalhar, mas não sabe fazer sorrir”. Penso logo no Porta dos Fundos, de Porchat e Duvivier. Escrachado, para arrancar gargalhadas vulgares, mas pouco refinamento, pouca inteligência de fato, que fale ao intelecto, como defendia o filósofo Henry Bergson em seu livro sobre o riso e a comicidade.

Talvez seja pedir demais termos um P.G. Wodhouse por aqui, com seu insuperável mordomo Jeeves. O humor britânico é mais sofisticado do que o nosso. Mas poderíamos ao menos lutar para preservar a inteligência no humor. E para tanto se faz necessário enfrentar os dois grandes obstáculos: a ditadura “velada” do politicamente correto e a vulgaridade. Será possível salvar o humor no Brasil?

Rodrigo Constantino

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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