Datafolha e a propaganda inútil do PT: exatamente um mês depois do início do horário eleitoral, mesmo com um latifúndio, Dilma n

Publicado em 19/09/2014 06:34 e atualizado em 21/09/2014 10:51
por Reinaldo Azevedo (+ Augusto Nunes e Ricardo Setti), de veja.com

Datafolha e a propaganda inútil do PT: exatamente um mês depois do início do horário eleitoral, mesmo com um latifúndio, Dilma nem ganhou votos nem viu diminuir a sua rejeição; instituto também aponta empate técnico no segundo turno com Marina; Aécio melhora seu desempenho

A edição desta sexta da Folha traz a mais recente pesquisa presidencial feita pelo Datafolha. O instituto ouviu 5.340 pessoas nos dias 17 e 18 em 265 municípios. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos para mais ou para menos e está registrada no TSE sob o número BR 665/2014. Alguma divergência substancial em relação ao que registrou o Ibope na terça, com levantamentos feitos entre os dias 13 e 15? A resposta é negativa. E que fique claro: não estou comparando pesquisas de institutos diferentes, mas apenas partindo do princípio de que ambos espelham a realidade. Para números que apontam para o mesmo lugar, a mesma análise: Marina Silva, do PSB, mostra resistência impressionante ao massacre petista. Vamos ver. Todos os gráficos do Datafolha, abaixo, foram publicados na edição impressa da Folha. Vejam o primeiro turno.

Datafolha 19.09.2014

Se a eleição fosse hoje, segundo o Datafolha, a petista Dilma Rousseff teria 37% dos votos, contra 30% de Marina e 17% do tucano Aécio Neves. No Ibope de dois dias antes, esses números eram, respectivamente, 37%, 30% e 19%. Em ambos os institutos, 7% não sabem, e 6% dizem que votarão nulo ou em branco.

Primeiro turno do Ibope

Ibope-16.09-1º-TV-Globo
Quando se olha a curva do Datafolha, pode-se ter a impressão de que Dilma está numa ascensão meteórica, e Marina numa queda brutal. Pois é… Há um mês, quatro dias antes do início do horário eleitoral, a petista tinha 36%; agora, tem 37%. A peessebista tinha 21%; agora, 30%. Aécio tinha 20% e aparece com 17%. Podemos dizer isso de outro jeito: desde a queda do avião que conduzia Eduardo Campos, é agora que Dilma obtém a sua melhor marca: 37%. Acontece que a sua pior era 34% — a oscilação está na margem de erro. Marina, nesse período, tem agora o seu pior desempenho: 30% — mas o seu melhor era apenas 34%.

Segundo o Datafolha, Aécio pode ter recuperou eleitores que tinham migrado para Marina já no primeiro turno. Quando olhamos o desempenho por região, isso fica mais claro. Vejam.

Datafolha 19.09 região

Dilma conserva no Sudeste os mesmos 28% de duas pesquisas anteriores. Marina, no entanto, teve uma oscilação negativa de quatro pontos na região com o maior eleitorado: no dia 1º de setembro, tinha 37%; agora, está com 33%. Aécio foi de 18% para 20%. No Sul, a petista se mantém estacionada em 35%, mas a peessebista caiu 5 em duas semanas: de 30% para 25%. Já o tucano subiu 6 pontos: de 16% para 22%. No Nordeste, a candidata do PT segue estável, com 49%; a do PSB se mantém nos 32%, e o do PSDB variou de 5% para 8%. A Região Norte, com o menor eleitorado, é a que verifica as maiores mudanças em 15 dias: Dilma subiu de 38% para 49%; Marina oscilou de 32% para 28%, e Aécio caiu de 14% para 9%.

Segundo turno
É no segundo turno que se registram as maiores diferenças entre os dois institutos: de números, não de distância. Segundo o Datafolha, Marina e Dilma estão empatadas, com a peessebista na dianteira numérica em ambos: 46% a 44% no Datafolha e 43% a 40% no Ibope. Os dois institutos divergem mais na hipótese de a petista disputar a etapa final com os tucanos: 49% a 39% para ela no Datafolha e 44% a 37% no Ibope.

Datafolha 19.09 2º turno

Rejeição
Vejam a evolução da rejeição dos candidatos. Aqueles que não votam em Dilma de jeito nenhum continuam no mesmo patamar desde julho. O latifúndio que o PT detém no horário eleitoral não trouxe votos para Dilma até agora — afinal, a petista tinha 36% das intenções de voto antes de ele começar e está agora com 37% — e também não contribuiu para baixar a sua rejeição: era de 35% e está em 33% — variação dentro da margem de erro. Nesse quesito, Marina teve uma aparente má notícia: era rejeitada por 11% na pesquisa de 15 de agosto, e o índice saltou agora para 22%. Ocorre que ela tinha 21% dos votos e agora tem 30% — tornou-se mais conhecida e, pois, mais rejeitada.

Datafolha 19.09 rejeição

Conclusão
Na pesquisa Ibope, em uma semana, Dilma deu uma pequena murchada; no Datafolha, seguiu no mesmo lugar. Nos dois institutos, há uma recuperação de Aécio: no Ibope, há uma indicação de que ele pode tirar votos da petista; no Datafolha, a migração viria do eleitorado de Marina.

De todo modo, a pancadaria que o PT promoveu contra Marina, com lances explícitos de baixaria, não conseguiu tirá-la do jogo. Hoje, os números indicam que as candidatas do PT e do PSB disputarão o segundo turno. Até agora, o tempo gigantesco de que dispõe a presidente-candidata não pôde fazer nada por ela (olhem os gráficos; a propaganda começou no dia 19, exatamente há um mês): nem aumentou a sua votação nem diminuiu a sua rejeição. Qualquer um que dispute com a petista a etapa final terá, finalmente, tempo para confrontá-la.

Por Reinaldo Azevedo

Datafolha: No Paraná Richa, provavelmente, levaria no 1º turno; no segundo, venceria Requião por 51% a 36%

O Datafolha divulgou a pesquisa eleitoral no Paraná. Se a eleição fosse hoje, Beto Richa, do PSDB, poderia ser eleito no primeiro turno. Ele aparece com 44% dos votos, mesmo índice da semana passada, seguido por Roberto Requião (PMDB), que está com 30% — contra 28% na semana passada. A petista Gleisi Hoffmann tem apenas 10%. Os demais candidatos somam apenas 1%. Dizem que votarão em branco ou nulo 6%, e 9% afirmam não saber.

O Datafolha testou o cenário de segundo turno: Richa venceria Requião por 51% a 36%. Na semana passada, a diferença era de 20 pontos: 53% a 33%. O peemedebista segue sendo o mais rejeitado, com 25%, seguido pela petista, com 20%. Só 18% afirmam que não votariam no tucano de jeito nenhum.

Na disputa pelo Senado, Álvaro Dias mantém uma brutal vantagem sobre os segundos colocados: 59% contra 6% de Ricardo Gomyde (PCdoB) e Marcelo Almeida (PMDB).

A pesquisa foi realizada entre os dias 17 e 18 de setembro. Foram entrevistados 1.256 eleitores em 46 municípios do Estado. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-665/2014.

Richa manteve a liderança mesmo num momento complicado. Na semana passada, o governador enfrentou duas rebeliões numa mesma penitenciária, e agentes anunciaram uma greve. Tanto Requião como Gleisi tentaram atribuir os problemas à má gestão do governador.

Como vocês sabem, tendo a achar que esse tipo de exploração não surte o efeito desejado. Fica parecendo que os que recorrem a esse expediente acabam fazendo uma aliança objetiva com bandidos. Se petistas e peemedebistas do Paraná, no entanto, acham que isso é bom, que sigam adiante.

Por Reinaldo Azevedo

Datafolha no RS: Ana Amélia segue na liderança e derrotaria Tarso Genro no 2º turno

A senadora Ana Amélia, do PP, segue na frente na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul. Ela manteve o mesmo índice da semana passada: 37%. O governador Tarso Genro, do PT, oscilou um ponto para baixo e tem 27%. José Ivo Sartori (PMDB) oscilou dois pontos para cima e aparece com 13%. Os demais candidatos somam 3%. Brancos e nulos são 5%, e 14% dizem não saber.

Na simulação de segundo turno, tudo indica que a situação de Tarso Genro está piorando: há duas semanas, estava 10 pontos atrás de Ana Amélia: 49% a 39%; agora, 14 pontos os separam: 48% a 34%. Tarso segue sendo o mais rejeitado, com quase o dobro de Ana Amélia: 24% a 13%.

A pesquisa foi realizada nos dias 17 e 18 de setembro. Foram entrevistados 1.300 eleitores em 50 municípios do estado. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o protocolo BR-665/2014.

Senado
A coisa não anda fácil para o PT no Rio Grande do Sul. O partido dava como líquida e certa ao menos a eleição de Olívio Dutra, ex-governador, para o Senado. Mas isso também pode não acontecer. Lasier Martins, do PDT, com 28%, está tecnicamente empatado com ele, que tem 26%. Ocorre que é a primeira vez que Martins aparece numericamente na dianteira. Pedro Simon, do PMDB, que havia decidido se aposentar, assumiu o lugar de Beto Albuquerque — que se tornou candidato a vice na chapa de Marina — e está em terceiro, com 18%.

Por Reinaldo Azevedo

Ibope: No DF há o risco de o petista Agnelo nem disputar o 2º turno 

Pois é… A situação do PT no Distrito Federal é de tal sorte ruim que, pela primeira vez na disputa, há o risco efetivo de o atual governador, Agnelo Queiroz, não disputar nem mesmo o segundo turno. Por que é assim? Enquanto José Roberto Arruda, do PR, era candidato, tinha uma folgada liderança, seguido, bem atrás, por Agnelo. O candidato Rodrigo Rollemberg, do PSB, sempre ficava em terceiro lugar. Sim, nas simulações de segundo turno, Agnelo perderia para qualquer adversário, mas, ao menos, disputava o segundo lugar.

Segundo pesquisa Ibope divulgada nesta quinta, Rollemberg saltou para o primeiro lugar na disputa e marca 28%. Com Arruda fora da disputa, assumiu a candidatura da frente que o apoiava Jofran Frejat, que marca 21%, mesmo índice de Agnelo.

O Ibope ouviu 1.204 eleitores em todo o Distrito Federal nos dias 16 e 17 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-672/2014.

Tudo caminha, já escrevi aqui, para a eleição de Rollemberg. É o que aponta o levantamento sobre o segundo turno. Se ele disputasse com Agnelo, venceria por 53% a 24%; contra Frejat, levaria por 45% a 29%. Caso a etapa final seja disputada pelos candidatos do PR e do PT, o petista seria derrotado por 43% a 29%. Vale dizer: a esmagadora maioria do eleitorado prefere qualquer nome que não seja Agnelo.

A coisa é mesmo impressionante: Agnelo tem uma das mais altas rejeições do país: 45%, contra apenas 13% de Frejat e 6% de Rollemberg. Ah, sim: nada menos de 63% reprovam a gestão de Agnelo.

Por Reinaldo Azevedo

Minha coluna na Folha: “Dilma, ignorância e espanto”

Leiam trecho da minha coluna na Folha de hoje:
*
Ao combater Marina Silva com truculência, Dilma Rousseff mexe com forças cujo poder ignora. Consta que, na juventude, a presidente-candidata foi professora de marxismo. Huuummm…

Dada a sua inclinação para anacolutos, imagino que a tarefa dos alunos não fosse fácil. Até porque há dois Marx, né? O de “O 18 de Brumário” e “A Ideologia Alemã”, por exemplo, é brilhante, goste-se ou não do que lá vai. O de “O Capital”, ao qual Dilma se dedicava, é intragável e, já conversei com especialistas, às vezes, não faz sentido nem em alemão. Imagino o bruto traduzido para o português e depois filtrado pelo “dilmês castiço”. É bem possível que a luta armada só tenha sido tentada no Brasil por erro de tradução e de leitura.

O povo que aparece nos manuais de esquerda é o inventado pela taxidermia socialista. Não tem vísceras nem alma, só palha. Faltar-lhe-ia um conteúdo, a ser preenchido pelas utopias redentoras. É destituído de verdade e de história. Sua consciência possível, segundo essa visão, é a de classe, que lhe seria fornecida pelas vanguardas revolucionárias. A alternativa é a falsa consciência.

O que vai acima é uma caricatura realista de um partido socialista à moda antiga, como o PSTU, o PCO ou mesmo o PSOL, esses pterodáctilos que voejam na bondade do Fundo Partidário do “Estado burguês” que querem destruir. Lixo. O PT é outra coisa, bem mais pragmática, mas conserva a visão autoritária do que seja o povo.

Lula só representou um sopro de renovação nas esquerdas porque trazia um pouco de verdade à luta política. À época, eu tinha 16 anos e era da Convergência Socialista (origem do PSTU). Malhávamos sem dó aquele sindicalista porque o considerávamos reformista, despolitizado, cooptável, não revolucionário.
(…)
Íntegra aqui

Por Reinaldo Azevedo

Pnad aponta que há três anos o país não consegue reduzir a desigualdade

Na VEJA.com:
A redução da pobreza foi, ao longo dos últimos vinte anos, não só uma conquista da sociedade brasileira, mas também resultado da estabilidade econômica e de investimentos em educação e saúde feitos desde a década de 1990. Mas os limites desses esforços começam a aparecer. Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad) de 2013, divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, pelo terceiro ano consecutivo, o indicador que mede a desigualdade de renda, chamado Índice de Gini, não mostra melhora significativa.

O índice, que é usado mundialmente, leva em conta o número de pessoas em um domicílio e a renda de cada um, e mostra uma variação de zero a um, sendo que quanto mais próximo de um, maior é a desigualdade. O IBGE calculou em 2013 que o Brasil marcou 0,498 no indicador que leva em conta a renda de todo os membros de cada família. Em 2012, o resultado havia ficado em 0,496, enquanto em 2011, era de 0,499. A leve oscilação não permite ao órgão concluir que houve uma piora significativa na distribuição de renda no Brasil. Contudo, ela é clara em mostrar que os efeitos da desaceleração econômica já fazem com que a barreira entre ricos e pobres pare de ceder.

Tal piora é explicada não só pelo baixo crescimento da economia, mas também pela menor oferta de vagas de trabalho, ambas mostradas pelo IBGE por meio do levantamento das Contas Nacionais, que calcula o Produto Interno Bruto (PIB), e da própria Pnad, que mede a taxa de desocupação no país.

Segundo dados divulgados nesta quinta, a taxa de desemprego passou de 6,1% em 2012 para 6,5% em 2013. Percebe-se, portanto, uma situação em que a economia cresce pouco (o avanço em 2013 foi de 2,3%) e o mercado de trabalho sente o impacto. Diante isso, até mesmo as políticas de transferência de renda consolidadas no governo Lula mostram perda de vigor. Como seu impacto no PIB é limitado (de apenas 0,5%), tais mecanismos não são suficientes para estimular o crescimento em momentos de crise. Para 2014, a previsão é de que o PIB fique muito próximo de zero e que o mercado de trabalho avance, no mínimo, 30% menos que em 2013. Com isso, economistas esperam impacto mais significativo na medição da distribuição de renda para o ano que vem.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma: “Eu tenho muitos negros no segundo escalão”. Pois é… O PT faz de tudo para impedir que uma negra chegue ao primeiro…

A presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista no sábado, dia 13, em Belo Horizonte. Registre-se: não tenho a fala toda, só este trecho abaixo.

Pois é… A presidente que promoveu cotas nas universidades e no serviço público — o que, entendo, contraria a Constituição — admite que tem “muitos negros”, mas “no segundo escalão”. Negra mesmo, no primeiro, só a ministra da… Igualdade Racial!

Convenham: Dilma teria prestado um favor à causa se tivesse nomeado alguém louro e de olhos azuis para esse ministério e um negro para uma das pastas nobres do primeiro escalão, como Fazenda, Planejamento, Casa Civil, Banco Central, Saúde ou Educação.

A propósito: a campanha suja do PT contra Marina tenta impedir que chegue ao primeiro escalão uma… negra. E esta pode chegar não por meio de cotas, mas do voto livre dos brasileiros. A propósito: branco ou negro, em todas essas pastas, as pessoas têm de ser é competentes. Chegou a hora de os governos adotarem um regime de cotas especial: 100% das vagas têm de ser ocupadas por pessoas capazes, nem que elas sejam verdes ou roxas. O que lhes parece?

Por Reinaldo Azevedo

Algo me une a Marina…

Eita! Eu e Marina Silva temos ao menos uma coisa em comum, além da torcida para que Dilma perca a eleição — ainda que divirjamos sobre a melhor saída para o país: ambos somos alérgicos a gergelim. A sua lista de restrições é bem maior do que a minha, que inclui, além da sementinha maldita, apenas berinjela e pimenta verde. A dela é imensa, conforme registra a Folha:

(…)
Se, no passado, dividiu um ovo com os irmãos, hoje Marina já não pode comer nem clara nem gema.

Não bebe leite nem iogurte. Não come queijo, manteiga, doce de leite ou qualquer outro laticínio. Camarão, frutos do mar, carne de vaca, carne de porco, soja e derivados também estão excluídos de sua dieta. Nem mesmo gergelim é permitido.

O que sobra: peixe de rio, frango, feijão, arroz integral, alface (desde que sem tempero), mandioca, milho (sem ser de lata) e frutas.

Os alimentos só podem ser cozidos com água e sal.

Nada disso é por convicção natureba. Marina foi aprendendo a evitar muitos alimentos por ter graves alergias.

Em um compromisso de campanha, passava com aliados perto de uma barraquinha de venda de camarão quando o cheiro do crustáceo fechou sua glote. A candidata teve de abandonar imediatamente o local.

Essa, aliás, era uma semelhança que ela dividia com Eduardo Campos. Também alérgico, o pernambucano teve uma séria intoxicação após ingerir camarão.

Outra ocasião de campanha e outro mercado deram à candidata a oportunidade para uma “desforra” alimentar. Numa banca que vendia bijus, assessores a abasteceram de uma quantidade que foi devorada em velocidade assustadora.

Feito sem manteiga, o biscoito leva açúcar suficiente para suprir, se consumido em abundância, necessidades calóricas de emergência.

Retomo
O gergelim virou, como sabem, uma praga. Acrescenta-se essa coisa horrorosa a tudo quanto é prato. E o pior é o gergelim que a gente não vê: o óleo.

Caso Marina seja eleita, conto com ela para a minha cruzada: que as embalagens passem a especificar a presença de óleo de gergelim nos alimentos. Pode ser uma questão de vida ou morte.

Por Reinaldo Azevedo

Serra ou Suplicy? Cesar ou Romário? Senado ou circo de segunda?

Dois políticos disputam com chances a vaga para o Senado em São Paulo: Eduardo Suplicy, do PT, que pretende ficar lá por 32 anos — já está há 24! —, e José Serra, do PSDB. Em todas as pesquisas, o tucano aparece na dianteira, às vezes no limite da margem de erro. Empate? Não são apenas as minhas afinidades eletivas ou o meu gosto que se sentem provocados. Também o senso de justiça me convoca. Serra talvez seja o político em atividade com a maior folha de serviços prestados ao país. Se há coisa que até os adversários lhe reconhecem, é competência técnica. Seu trabalho na Saúde, mundialmente reconhecido, é gigantesco. A Constituição que temos lhe deve algumas de suas melhores disposições. A sua enorme folha de serviços está em toda parte e em vários setores. Não é difícil encontrá-la.

E Suplicy? Ao longo de seus 24 anos no Senado, tornou-se refém de uma ideia fixa: o tal programa Renda Mínima. E só. Qualquer um que se debruce sobre as suas disposições vai se dar conta do absurdo. Por que pessoas endinheiradas, que podem prover o próprio sustento, deveriam receber uma pensão fixa do Estado? A pergunta não tem resposta fora do exotismo teórico que, reconheço, não prospera só no Brasil.

A campanha eleitoral de Suplicy exibe, sem querer, a sua biografia oca no Senado: deve-se votar nele, dizem lá, porque é honesto. É mesmo? Desde quando a honestidade é, agora, um ativo que deva ser exibido como distinção? Ora, isso é apenas uma obrigação. Vinte e quatro anos! E não se pode apontar uma única lei, um único feito, uma única realização relevante que se devam à sua atuação. Não obstante, a narrativa de suas atitudes, digamos, folclóricas é extensíssima. Às vezes, são só irrelevâncias cômicas; às vezes, não, a exemplo de quando se grudou no terrorista italiano Cesare Battisti ou quando foi visitar sequestradores na cadeia.

O Rio
No Rio, as coisas caminham de mal a pior nesse particular. O ex-jogador Romário (PSB) — com uma ficha, para dizer pouco, polêmica — lidera a disputa, seguido por César Maia, do DEM. Pois é… Pode-se gostar muito, pouco ou nada de Maia, mas é inegável que é dono de um pensamento e que é capaz de entender o alcance da função de um Senador no terceiro estado mais populoso do Brasil. Qual é o saldo da atuação política do deputado Romário para merecer a ascensão ao Senado?

Qual é a sua militância política pregressa que justifique o posto? Ter sido preso duas vezes por não pagar pensão alimentícia? Ter conseguido o prodígio de ser réu — ou, ao menos, citado em 54 processos quando mal tinha feito 40 anos? Ter se envolvido em inúmeras confusões em condomínios, sendo condenado, numa delas, a pagar indenização milionária? Ter-se tornado uma celebridade em Brasília também em razão de suas festanças com música eletrônica, que infernizam a vida dos vizinhos?

É evidente que nada tenho contra o ex-jogador. No futebol, por razões óbvias, ele figura até na minha galeria de heróis. Mas tem condições de ser um dos três representantes do Rio no Senado? Com o devido respeito a seus eleitores, a coisa está mais para piada. Qualquer que seja o próximo presidente da República, crescerá enormemente a importância do Congresso. No que diz respeito a São Paulo e Rio, cabe a pergunta: esses dois estados estarão mais bem representados, respectivamente, com Suplicy e Romário ou com José Serra e Cesar Maia?

Apesar do esforço de muitos, o Senado ainda não é um circo de segunda. E faço aqui, já que pertenço à imprensa, um mea-culpa. Damos pouquíssima importância à eleição dos membros do Congresso. Ele só costuma nos interessar quando bandidos e cretinos se comportam como… bandidos e cretinos. Um Parlamento melhor, convenham, conseguiria melhorar até o Executivo.

Por Reinaldo Azevedo

Escócia diz “não” à separação; o risco em caso de vitória do “sim” estava bem longe do Reino (des)Unido

O patriotismo, disse Samuel Johnson, é o último refúgio de um canalha. E, a depender do caso, o nacionalismo pode ser o último refúgio da irracionalidade. Vamos lá. A Escócia, um dos pedaços de uma ilha chamada Grã-Bretanha, tem lá a sua cultura, os seus valores, as suas tradições — cantadas e exaltadas em prosa, verso, música e o que mais se queira — o “scotch”, por exemplo. Não havia e não há, prestem bem atenção!, uma única razão relevante para esse pedaço da ilha se despregar da Inglaterra e do País de Gales e dar adeus ao Reino Unido, que inclui a Irlanda do Norte. Fala-se ali, por acaso, um idioma próprio? Não! Há um inglês com sotaque particular, mas isso varia dentro de Londres — como varia o “paulistanês” (já um português local) nas várias áreas da capital paulista. Bem, aconteceu o melhor: o “não” à separação venceu o plebiscito. Enquanto produzo este comentário, conhece-se o resultado da votação em 26 dos 32 condados. O “sim” venceu em apenas quatro. A estimativa é que o placar final seja 55% a 45% contra a independência.

O “sim”, de todo modo, venceu em cidades importantes como Glasgow, a maior da Escócia, com 53%, em West Dunbartonshire (54%) e Dundee (57%). O “não” confirmou a vitória em suas áreas de resistência como East Lothian, Orkney e Shetland, mas também obteve a maioria em algumas em que havia a expectativa de que o “sim obtivesse a maioria: Falkirk, Inverclyde, Eilean Siar, Dumfries e Galloway, Clackmannanshire, Stirling, Renfrewshire, East Renfrewshire, Angus e Midlothian.

Se os separatistas tivessem sido bem-sucedidos, o Reino Unido perderia 32% do seu território, 8% da sua população e 9% do seu PIB. E então caberia a pergunta: “Pra quê?” Para nada! Ligada ao Reino Unido, a Escócia é parte de um país superdesenvolvido. Sozinha, conservaria suas virtudes, sem dúvida — não sei por quanto tempo —, mas teria de criar uma nova burocracia. Os problemas se multiplicariam. Que moeda adotaria? De saída, haveria uma fuga óbvia de investimentos. Mas vá falar com nacionalistas exaltados, orgulhosos de ser, afinal de contas, “escoceses”.

Nesse episódio, no entanto, o que menos tinha importância era saber se a Escócia iria ou não continuar como parte do Reino Unido. O risco maior estava nas consequências. Há ambições separatistas na Espanha (Catalunha e País Basco), na Itália (Lombardia e Tirol do Sul), na França (Córsega), na Bélgica (Flandres), na Alemanha (Bavária) e até na Dinamarca (Groenlândia). Mas podemos sair da Europa Ocidental: a Abcásia e a Ossétia do Sul se consideram independentes da Geórgia; Kosovo já não se diz parte da Sérvia, embora não seja membro da ONU; Nagorno Karaback, de maioria armênia, declarou sua independência do Azerbaijão, mas não foi reconhecido pelas Nações Unidas; a Transnistria, cuja existência, leitor, você talvez ignorasse, diz não pertencer mais à Moldávia, e há a República Turca do Chipre do Norte.

Em algumas dessas regiões, como Geórgia, Moldávia e Chipre, houve guerras. O terrorismo basco está desativado, mas eventos como esse da Escócia, se bem-sucedidos, poderiam reacender ânimos adormecidos. Pensemos um pouco na Ucrânia. Ainda que Vladimir Putin seja a mão que balança o berço da delinquência, ele sabe que prega em solo fértil. E há ambições separatistas em regiões muito mais explosivas do planeta, como a Caxemira (Índia), por exemplo.

Independente ou não, Escócia e Reino Unido acabariam se entendendo. O risco não estava ali, mas no que a separação desencadearia mundo afora.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma manda suspender divulgação de programa de governo por divergências com o PT; em 34 anos de história, partido nunca esteve tão confuso e desarvorado. É o medo de perder a bocona!

A candidata Dilma Rousseff iria divulgar por esses dias seu programa de governo, mas mandou suspender, informam Andreia Sadi e Natuza Nery na Folha. Por quê? Divergência com seus companheiros do PT. O partido quer que a candidata se comprometa com o fim do fator previdenciário, com a redução da jornada de trabalho, com a regulamentação da terceirização — criando dificuldades novas — e com a revisão da Lei da Anistia. Mas Dilma não quer nada disso porque sabe que:
a) o fim do fator previdenciário abre um rombo na previdência;
b) a redução da jornada só vai onerar ainda mais as empresas, elevando o custo Brasil;
c) criar embaraços novos à terceirização está na contramão da dinâmica do mercado de trabalho;
d) a revisão da Lei da Anistia, além de polêmica — voltará ao Supremo —, abre uma crise desnecessária com as Forças Armadas. Se o absurdo vier, raciocina com razão a presidente, que seja via Judiciário.

Assim, a presidente tem preferido programa nenhum a ter o que exibir, expondo-se a arrumar adversários novos. Vejam ali a pauta: a petista tem feito um esforço danado para mostrar que é fiscalmente responsável — e o fim do fator previdenciário demonstraria o contrário — e que pretende incentivar o espírito empreendedor no país: ora, a redução da jornada e o combate à terceirização apontariam na direção oposta. Finalmente, a presidente prega a união de todos os brasileiros para um futuro radioso, e a revisão da Lei da Anistia só provocaria turbulências sobre o passado.

O pior para Dilma (não necessariamente para o Brasil) é que, ao não sair nada — nem o que quer o PT nem o contrário —, é como se ela já tivesse feito as piores escolhas para os setores aos quais não quer desagradar. E por que é assim? Porque resta a desconfiança, não é? Afinal, se ela não fala e manda segurar o programa, é sinal também de que não descarta essa pauta.

Períodos eleitorais já são normalmente caracterizados por incertezas até em países com uma economia mais estável do que a nossa, com muito menos demandas à flor da pele. Dado o quadro brasileiro, esse vai e vem é especialmente negativo. Até porque Dilma não é uma novata, que está se apresentando agora para a batalha. Ela já é a presidente da República. Chega a ser impressionante que amplos setores da sociedade considerem que Marina Silva é uma opção mais segura do que ela. E olhem que a candidata do PSB não chega a ser o exemplo acabado de coerência e de fidelidade a um pensamento.

Não fossem muitas outras coisas, isso bastaria para evidenciar as fragilidades do governo Dilma e a barafunda em que está metido o PT. Acompanho o partido desde o seu nascimento — fui um dos filiados, em priscas eras… Nunca o vi tão desarvorado e sem eixo. O risco de perder o poder está deixando a companheirada em desespero. Essa gente se tornou de tal sorte dependente do Estado que o risco de alternância de poder a impede de enxergar a realidade.

Convenham: tem seu lado divertido.

Por Reinaldo Azevedo

1 Minuto com Augusto Nunes: Aquartelada em milhares de ‘cargos de confiança’, a multidão de militantes do PT luta contra a desativação iminente do programa Desemprego Zero para a Companheirada

Em sua coluna na Folha desta quarta-feira, o jornalista Fernando Rodrigues publicou uma constatação, de autoria ainda ignorada, que tem feito muito sucesso nas redes sociais: “Em 2002, eu achava que o PT estava despreparado para assumir o governo. Mas eu não sabia que o PT estaria agora tão despreparado para deixar o governo”. O parecer condensado em duas frases, endossa o colunista, é “uma avaliação tão cruel quanto verdadeira”. Já tem vaga assegurada nas boas antologias de definições definitivas.

Se Dilma Rousseff for derrotada, milhares de militantes do PT não vão apenas perder a eleição. Perderão também os cargos de confiança que garantem aos ocupantes o que é mais que um emprego. É um passaporte para expedientes magros e salários obesos, um salvo-conduto para desfrutar do feriadão a cada 15 dias, a certeza da vida mansa. Os pendurados nos cabides em poder do Partido dos Trabalhadores perderam o sono não com o destino do Bolsa Família ou do Fome Zero. O que confiscou o sossego da turma é a iminente desativação da mais bem sucedida pilantragem assistencialista forjada pelo lulopetismo: o programa Desemprego Zero para a Companheirada.

Incluído na lista das espécies extintas desde janeiro de 2003, o petista desempregado logo vai multiplicar-se por todo o país. Fernando Rodrigues prevê que o fenômeno se manifestará com especial intensidade na capital federal. “Em Brasília, é possível respirar um certo pânico no ar”, informou no mesmo artigo cujo título é um perfeito resumo da ópera: Haja Prozac. “Só aqui há mais de 20 mil cargos de confiança, todos ocupados pelo petismo e adjacências. Por baixo, serão mais de 40 mil desamparados. Voltarão a seus Estados para pedir trabalho na iniciativa privada ou em algum governo, prefeitura ou sindicato sob o comando do PT”.

A procura será dramaticamente maior que a oferta. Se o quadro desenhado pelas pesquisas eleitorais não sofrer mudanças radicais, o PT será demitido sumariamente de dois dos cinco governos estaduais que controla. Com a perda do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal, sobrarão o Piauí e o Acre. O desfecho da disputa na Bahia ainda é incerto. No Paraná, em São Paulo e no Rio de Janeiro, os índices anêmicos dos candidatos companheiros recomendam aos retirantes sem-contracheque que procurem sustento em outra freguesia.

“Em Harvard, a universidade oferece um serviço gratuito de atendimento psicológico a estudantes estrangeiros que passam um tempo por lá e depois têm de retornar a seus países”, lembra o colunista da Folha. “Dilma poderia pensar no assunto. Uma ‘bolsa psicólogo’ ajudaria a manter mais calmas as pessoas a seu lado”. É uma boa ideia. Outra é sugerir aos flagelados do Desemprego Zero que se dirijam ao Instituto Lula em busca de adjutórios. Ali há dinheiro de sobra.

Milhões de eleitores estão prontos para garantir o cumprimento da promessa

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Campanha hipócrita e mentirosa do PT ataca Marina e Aécio por terem “ricos” ao lado deles. Como se pessoas bem sucedidas não pudessem querer o bem do país. Agora, se os ricos forem ligados ao PT, magicamente se tornam “bons”

(Foto: Divulgação/Campanha)

A educadora Neca Setúbal, uma das coordenadoras da campanha, e o empresário Guilherme Leal, apoiador de Marina: sob a patrulha do lulopetismo  (Foto: Divulgação)

Tal como faziam os militares durante a ditadura, o PT pretende ter o monopólio do patriotismo e de desejar o bem do país. Rico está proibido de querer ajudar o Brasil — exceto, é claro, se o rico simpatizar com o PT

Haja hipocrisia e mentira!

A campanha à reeleição da presidente Dilma (PT) e ela própria estão disparando grosso fogo de artilharia sobre a adversária Marina Silva (PSB) por sua suposta associação com “banqueiros”, chegando à barbaridade — inteiramente mentirosa — de um de seus programas do horário eleitoral afirmar, pela boca de atores, que um Banco Central independente seria entregar os destinos do país aos bancos, o que incluiria até a política externa!!!!

Pois bem, nada como números para restabelecer certas verdades. Está tudo lá, registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

A campanha da “candidata dos banqueiros” recebeu de bancos e instituições financeiras, até o final de agosto, 4,5 milhões de reais em doações.

E quanto teria embolsado a campanha da brava e independente presidente que não se rendem aos famintos “donos do capital”? Bem, segundo o TSE, esses monstros tenebrosos doaram a Dima 9,5 milhões de reais — MAIS DO QUE O DOBRO DO QUE MARINA RECEBEU!!!

E passemos, agora, ao capítulo Neca Setúbal, assessora de Marina e, supostamente, “dona” do Banco Itaú.

Os jornalistas David Friedlander e Érica Fraga, da Folha de S. Paulo, prestaram um grande serviço à verdade e a um mínimo de lisura na campanha presidencial ao esclarecer, em detalhada reportagem na semana passada, quem é, o que faz e o que representa a educadora Maria Alice Setubal, a “Neca” Setubal, colaboradora da candidata do PSB à Presidência da República, objeto de cerrada, demagógica e mentirosa campanha do PT contra a ex-senadora.

A proximidade de Marina com Neca Setúbal, que é, sim, proprietária de ações do Banco Itaú, mas, como se verá, não mais do que isso, está levando os marqueteiros de Dilma a uma cerrada bateria de mentiras contra a ex-senadora, cuja proposta de tornar independente por lei o Banco Central — para que trabalhe tecnicamente, sem influência da politicagem — é atribuída a sua suposta ligação “com banqueiros”, como se a educadora fosse um deles. Neca, junto com o ex-deputado petista Maurício Rands, de Pernambuco, coordena o programa de governo do PSB.

(Ilustração: debatesculturais.com.br)

Hipocrisia: Dilma recebeu mais que o dobro que Marina Silva em doações, mas ataca a candidata do PSB como estando “nas mãos dos banqueiros” (Ilustração: debatesculturais.com.br)

Começa a reportagem dos dois jornalistas por contrariar uma bobagem que a própria Folha insistia em publicar e repetir — Neca seria “a herdeira do Banco Itaú”. Não, essa senhora de 63 anos, como um dos sete filhos do banqueiro Olavo Setubal, não apenas não é banqueira como sequer é“a herdeira” do Itaú: possui, sim, um percentual das ações controladoras do banco mas, diferentemente do que o próprio jornal informava, este percentual não é de 1,5%, mas de 0,5%.

A verdade dos fatos: os herdeiros do Itaú são muitos e, como demonstram Friedlander e Fraga, nem sequer a família Setubal tem o maior naco da holding Itaúsa, um dos grupos que controlam o Itaú-Unibanco, pois os descendentes do banqueiro Eudoro Vilela possuem 16,6% das ações, contra 11,3% dos descendentes de Olavo Setubal. Sem contar que não estão consideradas na reportagem as ações pertencentes aos quatro irmãos Moreira Salles, que eram os controladores do Unibanco até a fusão entre os dois colossos, ocorrida em 2008. Os Moreira Salles são, hoje, grandes acionistas do banco resultante.

(Foto: Ali Burafi/AFP)

Armínio Fraga é culpado de dois crimes graves, na visão do PT: além de ser rico, é filho de uma cidadã americana (Foto: Ali Burafi/AFP)

E mais: Neca é socióloga de formação, lecionou no colégio católico Santa Cruz, um dos mais renomados de São Paulo, e na Universidade Mackenzie, foi proprietária de uma escola de educação infantil e trabalha há anos com educação, cultura e projetos sociais. Não vive de dividendos provenientes de suas ações.

Só pisou na sede do banco uma única vez este ano, e foi para participar de uma reunião da Fundação Itaú, que cuida de projetos sociais e culturais do banco. Divorciada e vivendo um segundo relacionamento, ela tem três filhos, e nenhum deles integra os quadros do Itaú-Unibanco: dois trabalham na área financeira, mas em bancos concorrentes, e a filha é psicanalista.

Esclarecida quem é e o que faz Neca Setúbal — vale a pena ler a íntegra da matéria neste link, infelizmente não disponível para quem não assine a Folha ou o UOL –, vamos a algo fundamental deste texto: a postura hipócrita, safada e desonesta do PT, implícita na guerra contra Neca Setúbal e contra o grande empresário Guilherme Leal, um dos controladores da empresa de cosméticos Natura, também colaborador de Marina e seu ex-candidato a vice pelo Partido Verde em 2010. E, claro, a Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central na gestão FHC, ministro da Fazenda em caso de Aécio Neves chegar ao Planalto e um riquíssimo proprietário de empresa de gestão de recursos financeiros.

(Fotos: Clayton de Souza/AE :: Reuters :: Marisa Cauduro/Folhapress)

Marta Suplicy, Lawrence Pih e Guilherme Leal: os dois primeiros podem ser ricos e ajudar o PT, mas para o lulopetismo o último não pode, não, estar ao lado de Marina Silva (Fotos: Clayton de Souza/AE :: Reuters :: Marisa Cauduro/Folhapress)

Armínio ainda é réu do crime hediondo, para o lulopetismo, de ser filho de uma cidadã dos Estados Unidos.

A postura do PT é a seguinte: se alguém é rico, não pode de forma alguma querer o bem do Brasil, ter bons propósitos, desejar a melhoria das condições do povo brasileiro. Apesar de o próprio Lula adorar o convívio com os bem nascidos ou os que a vida beneficiou com fortunas, rico é anátema absoluto para o PT: são os petistas, junto com os pobres e os oprimidos, que detêm, com exclusividade, o monopólio de bem-querer ao país e mais, o monopólio do próprio patriotismo.

Fazem tal qual os militares golpistas de 1964, que se apoderaram do Hino Nacional, da bandeira verde-amarela e se auto-consideravam os donos dos sentimentos patrióticos mais nobres. Um ou outro segmento social, eventualmente, poderia compartilhar desses valores, mas seus “donos” verdadeiros, segundo eles próprios, eram os militares.

José Alencar: empresário e bilionário, o falecido vice-presidente de Lula era, sim, para o PT, um rico

José Alencar: empresário e bilionário, o falecido vice-presidente de Lula era, sim, para o PT, um rico “bom” (Foto: veja.abril.com.br)

O PT e os lulopetistas, da boca para fora, detestam os ricos — mas, NOTE-SE BEM, desde que os ricos não estejam ao lado deles! Sim, porque se um bem nascido tem o nome de solteira de Marta Teresa Smith de Vasconcellos, por exemplo (mais conhecida hoje como Marta Suplicy, senadora pelo PT de São Paulo e ministra da Cultura), com pai industrial rico, mãe pertencente à rica família Fracalanza, de tradicional indústria de prataria (seu avô materno era o dono da Metalúrgica Fracalanza), aí tudo bem.

Rico presta se é um Matarazzo Suplicy, como o ex-marido de Marta, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, rico pelo dois troncos familiares — o da mãe, Matarazzo, e o do pai, dono do que foi uma das grandes corretoras de valores do Brasil.

Rico, para o PT, é bom só se for como o multimilionário empresário Lawrence Pih, dono entre outras coisas do Moinho Pacífico, um dos maiores do setor trigo no Brasil, um dos primeiros empresários a financiar e a aderir ao PT, no qual exerceu cargos até finalmente desiludir-se com os despautérios do governo Dilma. Para não falar de José Alencar, o empresário bilionário do ramo têxtil que juntou-se a Lula como candidato a vice em 2002, foi reeleito em 2006 e faleceu em 2011.

Como era um “rico do PT”, a José Alencar também era concedida pelo lulopetismo, portanto, a honra de poder ser patriota, desejar o bem para o país e querer melhorar a vida dos mais pobres. Rico que apoia candidato de outra orientação ideológica, definitivamente, não está autorizado a isso.

(por Ricardo Setti)

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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2 comentários

  • Alexandre José de Almeida Gatti Curitiba - PR

    Pois é, Marina resiste ao massacre da Dilma, e a DILMA resiste ao massacre da imprensa....

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, em outra ocasião, citei a adoção do tripé que dá sustentação a política macroeconômica do governo (metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante).

    Há uma corrente que cita um tripé, que dê sustentação ao regime democrático: Judiciário Independente, Mídia de Massa Independente e Fontes de Financiamento Independentes.

    Quando foi lançado o livro “Assassinato de Reputações”, escrito pelo ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior, o foco foi uma das vertentes do sistema bolchevique petista.

    Após a leitura, nota-se que há uma forte tendência de assassinar não só reputações, mas um objetivo maior:

    ASSASSINAR A DEMOCRACIA ! !

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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